LALIGA obtém uma decisão da justiça argentina que bloqueia a Magis TV e obriga a Google a desativá-la nos smartphones

  • Servimedia
  • 24 Setembro 2024

A justiça argentina emitiu uma decisão que bloqueou o que algumas fontes consideram ser o maior fornecedor ilegal de IPTV da América Latina, a Magis TV.

A decisão significa que a Google terá de impedir a utilização da Magis TV no sistema operativo Android. A ordem tem relevância jurídica, pois a aplicação desse critério em outros países pode ser um duro golpe na luta contra a fraude audiovisual.

De acordo com informações do 2PlayBook, a LALIGA “colaborou no processo, fornecendo relatórios técnicos aos tribunais”, e recorda que “luta contra a fraude audiovisual há muitos anos, consciente de que representa uma perda anual de 600 a 700 milhões de euros para os nossos clubes”.

Para a Magis TV, esta decisão significa que todos os domínios serão bloqueados, mesmo que os endereços Web onde estavam alojados sejam alterados. Uma medida que terá efeitos retroativos para todos os utilizadores que já tenham descarregado a aplicação antes da entrada em vigor da decisão. A este respeito, Javier Tebas esclareceu ao mesmo meio de comunicação que “o Android tinha esses mecanismos de segurança para o fazer, e a LALIGA já o tinha solicitado em numerosas ocasiões, mas agora não terá outra alternativa senão executá-lo devido a esta decisão”.

Com essa decisão na Argentina, 675 sites e 14 aplicativos de streaming foram retirados do ar, e houve cinco prisões de pessoas localizadas na Argentina e no Brasil acusadas de violar a Lei de Propriedade Intelectual. As pessoas detidas podem ser condenadas a penas de até seis anos de prisão. Além disso, graças a esta operação, denominada “Operação 404”, foi possível obter a desqualificação de outras plataformas que cometiam fraudes audiovisuais, como a Mospy TV e a Federico TV.

Javier Tebas também falou esta manhã no Fórum Nueva Economía sobre esta decisão e sobre os problemas que os efeitos da fraude audiovisual representam para o ecossistema do futebol. A este respeito, o presidente da associação patronal referiu que “temos de estar atentos à fraude audiovisual. É o principal desafio para a indústria do desporto e é ainda mais importante do que as novas competições, uma vez que estas são a curto prazo. Se esta dinâmica não se alterar dentro de 2-3 anos, haverá uma enorme quebra nas receitas audiovisuais”. Tebas advertiu ainda que, devido ao atual nível de pirataria, a contribuição que a associação patronal faz para o CDS, de 200 milhões para atletas de elite e eventos desportivos internacionais, “seria reduzida para metade”, com o risco de desaparecimento de clubes e uma queda nos salários dos jogadores de outras categorias.

De acordo com os dados da LALIGA, a pirataria causa perdas aos clubes entre 600 e 700 milhões de euros por ano. Além disso, de acordo com vários estudos internacionais, como o publicado pela empresa de sondagens YouGov, a que Tebas se referiu no seu discurso desta manhã, só em Espanha, 40% da população admite piratear conteúdos audiovisuais. “As grandes empresas tecnológicas devem deixar de colaborar com a pirataria”, afirmou o diretor da LALIGA.

A este respeito, Tebas referiu nas últimas semanas que “se a Google colaborasse, poderia eliminar 80% da pirataria”. É por isso que a decisão na Argentina, que indica que a empresa tecnológica também deve atuar, desativando aplicações no sistema operativo Android, é uma mudança significativa em relação a decisões anteriores noutros países. Neste contexto, Tebas, na sua intervenção desta manhã, salientou também que, em Espanha, “no verão de 2023, denunciámos 140 aplicações piratas à Google, que foram retiradas da loja, mas que continuaram nos telemóveis. Nos 15 dias seguintes a estas denúncias, só em Espanha havia 800.000 descargas piratas em Android, 230.000 em iOS, e no mundo havia 8.000.000 milhões de descargas que ainda estão nos dispositivos”.

A nível nacional, houve recentemente decisões judiciais no domínio da fraude audiovisual, como a proferida em Madrid, que condenou dois vendedores de descodificadores adulterados a seis meses de prisão e a uma multa de 540 euros. Outro caso de destaque foi o de Málaga, onde um operador foi condenado a meio ano de prisão e a uma sanção pecuniária de 1080 euros, para além de uma indemnização por responsabilidade civil de 15.000 euros à LALIGA, Mediapro e Telecomunicaciones Públicas Andaluzas. Por último, em Barcelona, um tribunal penal condenou igualmente um vendedor de descodificadores modificados para cometer fraude a uma multa de 1350 euros e a um ano de prisão.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

“Os antigos CMO serão os novos CEO”, defende diretora do IPAM Lisboa

Marta Bicho, diretora do IPAM Lisboa, analisa a evolução da carreira dos profissionais de marketing. "Muitas das funções de um marketer estão ainda por ser descobertas", acredita.

O Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM) analisou a carreira de 1171 ex-alunos. Com uma participação equilibrada entre géneros, os dados mostram que 94% dos alumni trabalham em Portugal, sendo que 39.4% estão em Lisboa e 33.7% no Porto. Dos 6,1% que trabalham fora do país, 66,7% estão na Europa, com Espanha e Reino Unidos como os destinos europeus mais significativos.

Em relação à progressão na carreira, 13,5% dos ex-alunos analisados assumem atualmente o cargo de diretor-geral, 11,3% de gestor comercial e 8,7% de gestor de marketing, sendo que manufacturing (21,1% no 1º emprego/24,1% emprego atual), services (15,1% no 1º emprego 20,8% no emprego atual) e retail (14,9% no 1º emprego/9,9% no emprego atual) os três setores de atividade que encabem o ranking de colocações destes profissionais.

Os resultados deste estudo mostram a relevância de um profissional formado em marketing e como as competências na área de marketing são de banda larga e necessárias de forma transversal a todas as organizações”, comenta Marta Bicho, diretora do IPAM Lisboa. “Por exemplo, o estudo vem reforçar que as competências de um marketer são necessárias em setores diversificados, que podem ir desde áreas relacionadas com serviços até ao retalho”, destaca ao +M.

Em relação à evolução da carreira, Marta Bicho realça que muitas das funções de um marketer estão ainda por ser descobertas, uma vez que dependem também da evolução da tecnologia. “O marketing holístico tem quatro pilares: marketing interno, marketing relacional, marketing integrado e marketing de performance. Dentro de cada um destes pilares pode identificar-se um conjunto de conhecimentos que serão necessários, como por exemplo o marketing de performance pode estar relacionado com performance de estratégias digitais (receitas) ou marketing socialmente responsável ou ainda valor de marca, e que se podem traduzir em diferentes carreiras e funções”, começa por descrever a responsável. Em sua opinião, “a carreira de um marketer tenderá a evoluir para um conjunto de funções que serão mais transversais às organizações, que integram um conjunto de competências mais amplas, assim como diferentes conhecimentos em simultâneo, tais como financeiros, tecnológicos, estatístico, relacionais, entre outros”.

“Com esta versatilidade e flexibilidade, um profissional de marketing não se deve definir só como marketer”, acredita. “Em termos de carreira, a evolução será significativa não só em termos da interação na horizontal nas várias estruturas organizacionais, assim como no aumento dos cargos de liderança destas profissionais, confirmando a tendência de que o marketing lidera os negócios”, antecipa a diretora do IPAM Lisboa.

O fim do cargo de CMO em algumas grandes companhias de escala global não parece incomodar Marta Bicho. “A probabilidade da descontinuidade da função de CMO é que seja uma tendência, tendo em conta que as funções do marketing estão cada vez mais impregnadas de forma transversal nas várias áreas das organizações, assumindo um papel cada vez mais relevante”, justifica.

“Se olharmos para a história das competências de um profissional de marketing, rapidamente nos apercebemos que as mesmas têm evoluído de uma forma vertiginosa, sendo cada vez mais importantes para as organizações, nomeadamente com o crescimento do digital”, prossegue Marta Bicho, dando como exemplo as novas profissões de análise de dados, big data, inteligência artificial mais ligadas à tecnologia que, quando aliadas em competências de marketing, “trazem uma mais-valia para as organizações”.

Penso que é um reposicionamento da função do CMO e do marketing, mas não será isso uma das valências do marketing? Analisar, encontrar melhores soluções, e adaptar-se às necessidades e circunstâncias do mercado, o que naturalmente se traduz nas estruturas organizacionais”, questiona. “Diria que é uma boa tendência para os profissionais de marketing, que poderão criar valor nas várias áreas da organização, mas sob outros formatos/funções e possivelmente de um ponto de vista mais estratégico”. “Os antigos CMO serão os novos CEO”, defende.

O estudo analisou dados de 1171 ex-alunos inscritos no LinkedIn, abrangendo os alumni de Aveiro, Lisboa e Porto. Realizado entre março e setembro de 2023, apresentou uma divisão quase equitativa de participação entre os géneros, com as mulheres a representarem 53,5% da amostra.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

“Queremos que as pessoas se moldem à cultura da empresa, mas as pessoas são o que são”. Ouça o podcast “Trinta e oito vírgula quatro”

Os portugueses trabalham, em média, 38,4 anos. É esse o valor que dá título a este podcast, que se debruça, em entrevistas quinzenais, sobre os temas mais quentes do mundo do trabalho.

powered by Advanced iFrame free. Get the Pro version on CodeCanyon.

As entrevistas de emprego servem, sim, para perceber se o candidato se encaixa na função a preencher, mas não são só. Neste episódio do podcast “Trinta e oito vírgula quatro”, Marco Tairum, CEO da Keller Williams Portugal, vem contar-nos o quão importante é ir além da experiência ou das habilitações dos candidatos, nos processos de recrutamento, garantindo que o tempo investido a conhecer o candidato dá frutos no futuro.

Também neste episódio, a professora Ana Sabino, do ISPA, dá dicas práticas para preparar o candidato se preparar para uma entrevista de emprego, presencial ou virtual.

O “Trinta e oito vírgula quatro” é um podcast de entrevistas quinzenais sobre as tendências que estão a fazer mexer o mercado de trabalho.

Estamos a viver mais, mas, à boleia, também estamos a trabalhar durante mais tempo. Numa década, a duração média estimada da vida de trabalho dos portugueses cresceu dois anos para 38,4. É esse o valor que dá título a este podcast e torna obrigatória a pergunta: afinal, se empenhamos tanto do nosso tempo a trabalhar, como podemos fazê-lo melhor?

Neste mês de setembro vamos explorar essa questão do ponto de vista do recrutamento e da construção de equipas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Despesa pública aumenta 4% ao ano desde 1995

Despesa pública representou, em média, 45,9% do PIB entre 1995 e 2023. No entanto, perfil alterou-se e passou a ser marcado sobretudo pelo reforço da importância relativa das prestações sociais.

A despesa do Estado cresceu a um ritmo médio anual de 4% entre 1995 e 2023, passando de 38 mil milhões de euros para 113,4 mil milhões de euros, de acordo com dados divulgados na segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). No entanto, o seu perfil alterou-se ao longo dos últimos 28 anos.

Os dados do organismo de estatística nacional indicam que a despesa pública representou, em média, neste período, 45,9% do Produto Interno Bruto (PIB), tendo apenas superado a barreira dos 50% do PIB entre 2009 e 2014.

No entanto, a estrutura da despesa alterou-se ao longo dos anos, passando a estar “marcada sobretudo pelo reforço da importância relativa das prestações sociais, mais que compensando o decréscimo no peso das remunerações dos empregados no total da despesa pública“.

De acordo com dados do INE, em 1995, estas duas rubricas explicavam 58,2% da despesa do Estado, com as “remunerações dos empregados a dominarem marginalmente”, mas em 2023 respondiam por dois terços do total da despesa. Contudo, apresenta contribuições individuais desiguais: 24,6% das remunerações dos empregados e 41,4% das prestações sociais.

Fonte: Instituto Nacional de Estatística.

Do lado da receita, destaca-se o peso da receita fiscal, incluindo as contribuições sociais, que variou entre 80% (em 2012) e 86,5% (em 2023). O INE explica que entre 1995 e 2023 os impostos sobre a produção e as importações constituíram a principal fonte de receita do Estado, com um contributo anual médio de 34% do total de receita, seguindo-se as contribuições sociais (em média, 27,5% da receita total) e os impostos correntes sobre o rendimento e o património (22,4%). Em percentagem do PIB, a receita representa em média 41,5%.

O retrato traçado pelo INE recorda também que a Administração Central apresenta “sempre saldos negativos, embora com tendência decrescente desde 2010, com a exceção em 2020 devido ao impacto da pandemia”, sendo o principal contributo para os défices orçamentais no total das Administrações Públicas.

“Apenas em 2023 o saldo positivo dos Fundos de Segurança Social e em 2019, conjuntamente com o saldo da Administração Regional e Local, foram suficientes para que as AP [Administrações Públicas] apresentassem uma capacidade de financiamento“, refere o INE. O Estado registou um excedente orçamental de 1,2% do PIB em 2023 e de 0,1% em 2019.

O organismo de estatística realça ainda que no caso dos fundos de Segurança Social, entre os 29 exercícios orçamentais em análise, apenas há registo de dois anos de saldo deficitário: 1995 e 2001. Nas contas do INE, desde 2015, que o saldo dos fundos da Segurança Social em contabilidade nacional tem superado os mil milhões de euros, atingindo mesmo os 5,5 mil milhões em 2023. Já o saldo da Administração Regional e Local apresentou valores deficitários entre 2000 e 2011, superavitários entre 2012 e 2019 e novamente deficitários a partir de 2020.

Fonte: Instituto Nacional de Estatística

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Crédito Agrícola vende 93 milhões em crédito malparado

Grupo liderado por Licínio Pina tem assistido a um agravamento da qualidade da carteira de empréstimos devido à subida das taxas de juro.

O Crédito Agrícola acabou de colocar à venda uma carteira de malparado no valor de 93 milhões de euros, com a maioria pertencente a pequenas e médias empresas (PME), de acordo com as informações recolhidas pelo ECO junto de fontes do mercado.

Em causa está um portefólio de operações secured, isto é, contratos com garantia, sendo que 65% correspondem a non performing loans (PNL) de PME, segundo as mesmas fontes.

“O processo de consulta ao mercado em curso, que se espera concluir ainda em 2024, enquadra-se na execução planeada da estratégia de redução de exposição a NPL e deverá ser acompanhada de outras medidas complementares”, confirmou fonte oficial do banco ao final do dia.

O grupo liderado por Licínio Pina tem assistido a uma ligeira deterioração da sua carteira de ativos nos últimos trimestres, marcados pelo nível restritivo das taxas de juro que tem pressionado famílias e empresas. O rácio de NPL atingiu os 6,5% em junho, mais 0,3 pontos percentuais em comparação com o final do ano passado, mais do dobro média nacional que se situava abaixo dos 3% no primeiro trimestre.

Em termos absolutos tratou-se de um aumento de 36,4 milhões de euros para 765,3 milhões, sendo que mais de metade (410,5 milhões) corresponde a NPL de PME — a carteira que está agora no mercado representa aproximadamente 12% do stock de NPL. Já as imparidades de NPL acumuladas ascendiam a 293,3 milhões no final de junho, o que resultava num nível de cobertura de NPL por imparidades de 38,3% no mesmo período.

A Caixa Central do Crédito Agrícola integra uma rede de cerca de sete dezenas de caixas regionais espalhadas por todo o país, com mais de 600 agências.

Outros bancos como BCP, Novobanco, Santander, BPI e Banco Montepio também têm estado ativos no mercado de malparado este ano.

(Notícia atualizada às 12h03 do dia 25 de setembro com reação oficial do Crédito Agrícola)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

IRC ajuda a encher cofres públicos e a conquistar excedente no primeiro semestre

Contas públicas registaram excedente orçamental de 1,2% do PIB na primeira metade do ano, impulsionadas pela evolução no segundo trimestre. Comportamento da economia foi revisto em alta.

A receita arrecadada pelo Estado com o Imposto de Rendimento de Pessoas Coletivas (IRC) deu um impulso extra ao Estado para alcançar um excedente orçamental de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) na primeira metade do ano. Após um défice nos primeiros três meses do ano, entre abril e junho as contas públicas, em contabilidade nacional, inverteram a tendência e superaram mesmo o saldo positivo alcançado no período homólogo de 2023, ano em que registaram o maior excedente da história económica portuguesa.

Os dados divulgados na segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) revelaram um excedente orçamental de 2,5% no segundo trimestre do ano, correspondente a 1.754 milhões de euros, contribuindo para o saldo positivo nos primeiros seis meses do ano e que compara com os 1,1% registados em igual período de 2023.

No mesmo dia em que o INE avançou com números que dão força à expetativa do Governo de um saldo positivo de 761 milhões de euros na totalidade de 2024, correspondente a 0,3% do PIB, reviu também em alta de uma décima a previsão de crescimento da economia no segundo trimestre, para 1,6% em termos homólogos e 0,2% em cadeia.

A influenciar a evolução do saldo orçamental esteve o crescimento da receita com rendimentos e património, que cresceu 16,2% no segundo trimestre, correspondendo a 6.598,8 milhões de euros, ou 9,3% do PIB. O INE destaca que no primeiro semestre de 2024 foi efetuado um ajustamento relativo à prorrogação de prazo, até 15 de julho, para entrega e respetivo pagamento da declaração modelo 22 do IRC relativa ao exercício de 2023, com “um impacto positivo de 3.199 milhões de euros no saldo do segundo trimestre de 2024”, mas alerta que “terá o efeito contrário no trimestre seguinte“.

Os dados, em contabilidade pública, apontam também para um crescimento de 12% da receita corrente, com os impostos sobre a produção e importação, as contribuições sociais, as vendas e a outra receita corrente a subirem 8%, 10,0%, 8,2% e 39,4%, respetivamente.

Já a despesa cresceu 7,5%, devido ao aumento dos encargos com prestações sociais (9,5%), das despesas com pessoal (7,6%), dos encargos com juros (3,0%), do consumo intermédio (3,8%) e da outra despesa corrente (29,4%). Por outro lado, os subsídios pagos diminuíram 22,8% depois de terem aumentado “significativamente no trimestre anterior”.

Paralelamente, devido à incorporação de nova informação na base das contas nacionais, o INE reviu em alta o crescimento do PIB de 6,8% para 7% em 2022 e de 2,3% para 2,5% em 2023. A melhoria do comportamento da economia fez-se sentir também na evolução do rácio da dívida pública. A revisão em baixa pelo Banco de Portugal de 1,2 pontos percentuais face à anterior estimativa, leva a dívida para 97,9% do PIB em 2023, o que significa uma redução de 13,3 pontos percentuais face a 2022.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Montenegro e Pedro Nuno extremam posições sobre Orçamento do Estado para segurar eleitorado

Tanto no cenário de acordo para viabilizar o OE como noutro em que Governo e PS não se entendem, havendo o risco de crise política, analistas veem os líderes a tentar justificar-se perante eleitores.

Trincheiras cavadas, muros desfeitos. E, agora, o “nervosismo” no âmbito das negociações para o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) volta a forçar o braço de ferro entre o primeiro-ministro e o secretário-geral do PS num atirar de culpas para ver quem se livra da responsabilidade de um chumbo da proposta orçamental e de uma crise política, segurando assim o seu eleitorado em caso de eleições antecipadas. A análise é dos politólogos consultados pelo ECO.

Por outro lado, se houver um acordo para a viabilização do OE, Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos têm de se justificar perante os seus eleitores. Mostrando-se sempre combativos, ainda que, no final, acabem por firmar um pacto, consideram os especialistas Marina Costa Lobo, Paula Espírito Santo e José Adelino Maltez.

Mas o que perturbou a espuma dos dias nestes últimos dois dias? Timings para a marcação de reuniões; a condição imposta por Pedro Nuno Santos de tornar previamente público esse encontro, o que Luís Montenegro rejeitou; e ainda os encontros “discretos” desta segunda-feira com André Ventura e Rui Rocha. Resultado: em vez de ter recebido o líder do PS a 18 de setembro, o chefe do Governo só irá reunir-se com Pedro Nuno Santos na próxima sexta-feira, dia 27. Quatro dias depois de Montenegro já ter recebido, em S. Bento, os presidentes do Chega e da Iniciativa Liberal.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, em Lisboa, 11 de setembro de 2024. ANTÓNIO COTRIM/LUSAANTÓNIO COTRIM/LUSA

A troca de comunicados iniciada no domingo à noite e que se prolongou esta segunda-feira escancarou o “nervosismo” dos dois lados, nota Marina Costa Lobo, doutorada em Ciência Política e investigadora principal do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL). “Há uma sucessão de casos e episódios que demonstram algum nervosismo de parte a parte. Nenhum quer o namoro, mas precisam dele porque nenhum quer eleições”, conclui a politóloga.

Depois de uma primeira nota do PS a informar que estava disponível para reunir no passado dia 18, o gabinete do primeiro-ministro reagiu: “A reunião chegou a estar agendada para o passado dia 18, tendo o primeiro-ministro reiterado disponibilidade para manter a reunião, não obstante ter cancelado todos os outros compromissos na agenda durante esta semana, devido ao foco necessário para acompanhar a situação dos incêndios. No entanto, o Secretário-Geral do Partido Socialista desmarcou essa reunião”, segundo o comunicado do gabinete do primeiro-ministro, emitido no domingo à noite.

Na mesma missiva, o Governo criticou a “indisponibilidade recorrente do secretário-geral do PS” para reunir, revelando que está desde 4 de setembro a tentar agendar um encontro.

Esta explicação visa terminar com especulações e esclarecer devidamente os portugueses que se interrogam acerca do impasse em que se encontra o diálogo entre o Governo e o principal partido da oposição.

Luís Montenegro

Primeiro-ministro

No final da mesma nota, Luís Montenegro fez questão ainda de sublinhar que “esta explicação visa terminar com especulações e esclarecer devidamente os portugueses que se interrogam acerca do impasse em que se encontra o diálogo entre o Governo e o principal partido da oposição, esperando que ele se ultrapasse o mais cedo que for possível.

No contra-ataque, o gabinete do PS desmentiu o primeiro-ministro, revelando que foi “o Governo que recuou na marcação da reunião quando o PS exigiu que da mesma fosse dada conhecimento público prévio”. “O PS não está disponível para continuar a alimentar estas discussões infantis e estéreis de gestão de agendas na praça pública, quando os portugueses se debatem diariamente com problemas graves que continuam por resolver. Era nisso que um Governo adulto e responsável deveria estar concentrado neste momento”, rematou.

Para Marina Costa Lobo, “a pressão do Presidente para forçar a um acordo entre os líderes” também tem sido determinante para este “nervosismo”. “Marcelo Rebelo de Sousa convocou eleições em 2022, aquando da não aprovação de um orçamento do Governo do PS. O resultado foi que os portugueses castigaram” sobretudo quem ficou com o ónus de “ter contribuído mais para a instabilidade, nomeadamente o BE e o PCP”, aponta. A investigadora considera que “esse castigo eleitoral está presente na cabeça dos líderes que tentam “ficar bem na fotografia” e eximir-se de responsabilidades, seja numa eventual eleição, seja num acordo à direita, que é preciso legitimar, culpando o PS por falta de vontade negocial”.

O PS não está disponível para continuar a alimentar estas discussões infantis e estéreis de gestão de agendas na praça pública, quando os portugueses se debatem diariamente com problemas graves que continuam por resolver.

Pedro Nuno Santos

Secretário-geral do PS

Mais do que “um choque de personalidades”, Paula Espírito Santo considera que as “posições muito reativas de um lado e do outro” são demonstrativas de “um difícil equilíbrio de forças na Assembleia da República”. “Trata-se, sobretudo, de uma estratégia para dar a ideia de força aos seus eleitores. O PS precisa dessa prova de vida e o primeiro-ministro, com as rédeas do Executivo, não pode deixar de ter uma posição de preponderância”, analisa a investigadora do Instituto de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP).

Por esse motivo, Luís Montenegro “não está disposto a ceder a argumentos como o do PS, que queria que a reunião fosse previamente anunciada”, sublinha. Por outro lado, “o Governo tem tido, desde o início, uma posição de pouca humildade, embora tenha sempre defendido a abertura para o diálogo, mas depois não há concretização”, ressalva.

Para José Adelino Maltez, trata-se de “um jogo quase infantil”. “Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos sabem o que querem, mas não dizem e depois fazem estas demonstrações de picardia para despertar a atenção do seu eleitorado”, sustenta o especialista doutorado em Ciência Política.

Maltez olha para “este jogo ou esta estratégia” como um teste ao seu eleitorado. “Governo e PS fazem sondagens internas e sabem para que lado pendem os eleitores e, com base nessa informação, vão desenhando táticas diferentes”, salienta.

Apesar do braço de ferro entre Montenegro e Pedro Nuno Santos, ambos continuam a reiterar total disponibilidade para negociar o OE2025. O primeiro-ministro e líder do PSD reiterou esta segunda-feira à noite, no conselho nacional social-democrata, que “o PSD e Governo estarão sempre de portas abertas” para negociar.

Já no final do discurso deu respaldo às pressões do Presidente da República: “Parece-me absolutamente incontornável que a interpretação do interesse nacional e do interesse coletivo deve conduzir mesmo à aprovação do OE para 2025. E, exprimo, em jeito de conclusão, um pensamento que o Presidente tem deixado muito claro à sociedade portuguesa. Estamos confiantes na aprovação do OE porque estamos conscientes que os duodécimos não são solução”.

O filme dos últimos dois dias

  • Domingo, dia 22, 19h43: O gabinete do PS emite uma nota repudiando as declarações do ministro da Presidência e argumentando que o partido e o Governo ainda não se reuniram, no âmbito das negociações para o Orçamento do Estado, porque “as agendas de ambos não permitiram ainda esse agendamento”. “Uma reunião marcada para a semana passada foi cancelada pelo Governo, depois do PS ter exigido que da mesma fosse dado conhecimento público prévio. O PS aguarda a disponibilidade para reunir com o Governo e, nesse quadro, apresentar as suas propostas e leitura do quadro orçamental partilhado pelo Governo, tal como combinado na última reunião entre as delegações do PS e do Governo”, lê-se na mesma missiva.
  • Domingo, dia 22, 19h55: O gabinete do primeiro-ministro envia um comunicado de imprensa, informando que o Governo está a ter dificuldades em marcar uma reunião com Pedro Nuno Santos, desde 4 de setembro. “Até agora isso não aconteceu devido à indisponibilidade recorrente do secretário-geral do PS”, de acordo com a mesma nota. Na mesma missiva, é revelado que “a reunião chegou a estar agendada para o passado dia 18 […]. No entanto, o secretário-geral do PS desmarcou essa reunião”. O gabinete de Luís Montenegro indicou ainda que Pedro Nuno Santos mostrou apenas disponibilidade para reunir a partir do dia 27, 23 dias depois do pedido de reunião da iniciativa do primeiro-ministro”.
  • Domingo, dia 22, 21h04: Em reação, o secretário-geral do PS torna pública uma nova nota, lamentado “o comunicado incompreensível e inaceitável enviado pelo primeiro-ministro relativamente ao processo negocial do Orçamento do Estado para 2025”. “Trata-se de uma provocação e é uma atitude difícil de entender no quadro de boa-fé negocial e do sentido de Estado que se exige de todos os intervenientes”, lê-se na mesma missiva. O PS desmente o Executivo e insiste que foi o Governo que recuou na marcação da reunião” de 18 de setembro, “quando o PS exigiu que da mesma fosse dada conhecimento público prévio”. Entretanto, “o PS propôs a data de 27 de setembro na passada sexta-feira, tendo o Governo aceitado a data e proposto o horário das 15 horas, que o PS aceitou”, segundo a nota.
  • Segunda-feira, dia 23, 9h-10h: O primeiro-ministro recebe os líderes da IL, Rui Rocha, e do Chega, na residência oficial, em S. Bento, no âmbito das negociações para o Orçamento do Estado para 2025. Estes encontros “discretos” não foram previamente anunciados pelo Executivo.
  • Segunda-feira, dia 23, 12h35: O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, avisa que se não houver Orçamento do Estado “há uma crise política e económica”, mas não desfaz o tabu sobre se dissolve o Parlamento e convoca eleições antecipadas caso a proposta orçamental seja rejeitada. O Chefe de Estado destacou que “qualquer solução que não seja passar o Orçamento é má” e que, ao contrário de Espanha, o Executivo não é maioritário, o que dificulta governar com duodécimos. Ainda assim, disse que continua “fisgado” que vai haver Orçamento.
  • Segunda-feira, dia 23, 15h06: Depois de terem sido noticiadas as reuniões de Luís Montenegro com os líderes do Chega e da IL, o gabinete do primeiro-ministro emite um comunicado, esclarecendo que “não há reuniões secretas na Residência Oficial do primeiro-ministro”. “Há encontros com entidades e personalidades de várias áreas, incluindo líderes políticos, sobre temas de interesse nacional, que ocorrem muitas vezes com discrição e sem a presença da comunicação social”, lê-se na mesma nota.
  • Segunda-feira, dia 23, 17h: Assim que tomou conhecimento das reuniões “discretas” que o primeiro-ministro teve com os presidentes do Chega e da IL, Pedro Nuno Santos acusou o Governo de não ter “uma vontade séria” para negociar o OE, apesar de manter que o partido continua a ter “a mesma disponibilidade” para viabilizar o Orçamento do Estado. Para o líder dos socialistas, “a conclusão que se pode retirar de um conjunto de declarações e ações do Governo é que o Governo não está interessado em negociar nem em criar um bom ambiente negocial”. “Toda a ação do Governo parece indiciar a vontade de provocar umas eleições antecipadas”, atirou.
  • Segunda-feira, dia 23, 17h36: À margem de uma conferência de imprensa sobre incêndios, Luís Montenegro desvalorizou a polémica em torno de tais encontros, referindo que as reuniões em S. Bento, sem conhecimento prévios dos jornalistas, “é um traço de normalidade e de maturidade democrática que tem tradição na democracia portuguesa há varias décadas e que se deve manter”. E voltou a garantir que “o Governo vai esgotar de forma paciente, de forma empenhada, de forma aberta, de forma dialogante todas as possibilidades para que, na Assembleia da República, a proposta não seja inviabilizada”. “Tudo o que pudermos fazer para dialogar com os partidos políticos, fá-lo-emos, nos formatos que forem mais adequados em cada ocasião”, acrescentou.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo e enfermeiros chegam a acordo sobre “valorização” da carreira. Inclui mexidas nas tabelas salariais

  • Lusa
  • 23 Setembro 2024

Na prática, esta valorização representa um aumento remuneratório de cerca de 300 euros (24%) em 1 de janeiro de 2027, sem prejuízo dos aumentos anuais aplicáveis à Função Pública, calcula o Governo.

O Ministério da Saúde e a plataforma de cinco sindicatos de enfermeiros chegaram esta segunda-feira a acordo nas negociações sobre várias matérias relativas à valorização da carreira, incluindo as tabelas salariais.

“É um acordo negocial muito mais robusto do que propriamente o índice remuneratório. Não estamos só a falar de salários, mas também da valorização ao nível da profissão” de enfermagem, adiantou à Lusa o presidente do Sindicato dos Enfermeiros (SE).

O acordo alcançado na reunião que decorreu com o SE, o Sindicato Independente de Todos os Enfermeiros Unidos (SITEU), o Sindicato Nacional dos Enfermeiros (SNE), o Sindicato Independente Profissionais Enfermagem (SIPENF) e o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (SINDEPOR) foi também confirmado pelo Ministério da Saúde.

Segundo Pedro Costa, na sequência desse acordo de compromisso entre as duas partes, o Governo vai avançar agora com um decreto-lei “em que um conjunto de reivindicações que já tinham sido entregues ao Ministério no dia 20 vai ser aprovado”.

O dirigente sindical adiantou que, ao nível salarial, fica consagrada uma valorização de seis posições na Tabela Remuneratória Única (TRU) para enfermeiros e sete posições na TRU para enfermeiros especialistas e gestores. Na prática, dois níveis remuneratórios, que eram a exigência dos sindicatos à entrada para as negociações, equivalem a oito posições na TRU.

Além disso, segundo Pedro Costa, ficaram acordadas outras matérias, entre as quais o risco e o desgaste rápido da profissão e dias de férias iguais para enfermeiros com contratos individuais de trabalho e com contratos em funções públicas.

“Assinámos um protocolo para no dia 15 de janeiro [de 2025] voltarmos a sentar-nos para negociar estas matérias, mas vai sair agora um decreto-lei onde tudo isso vai ser vertido“, avançou o presidente do SE.

Primeira tranche com efeitos a 1 de novembro

Entretanto, o Governo já veio confirmar que o acordo consiste num acréscimo equivalente a seis níveis remuneratórios até 2027. “Na prática, esta valorização representa um aumento remuneratório de cerca de 300 euros (cerca de 24%) em 1 de janeiro de 2027, sem prejuízo dos aumentos remuneratórios anuais aplicáveis à Administração Pública”, resume.

O aumento será faseado e a primeira tranche equivale a cerca de 50% do total, tendo efeitos já a 1 de novembro de 2024, acrescenta a nota conjunta dos Ministérios da Saúde e das Finanças.

No mesmo comunicado, o Executivo reclama que “a tabela remuneratória dos enfermeiros não era objeto de valorização desde 2009, tendo o atual Governo conseguido uma solução em menos de seis meses”

(Notícia atualizada às 21h25 com comunicado do Governo)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Proteção Civil avisa população para risco de cheias, derrocadas e queda de árvores

  • Lusa
  • 23 Setembro 2024

Nas zonas recentemente atingidas por incêndios, que queimaram vegetação e cobriram o solo de cinzas, a ANEPC salienta o risco de deslizamentos, derrocadas e contaminação de fontes de água potável.

A Proteção Civil avisou esta segunda-feira a população para o risco de cheias, derrocadas, deslizamentos e queda de estruturas e árvores devido à previsão para quarta e quinta-feira de chuva e vento fortes nas regiões do Norte e Centro.

No aviso à população, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) recomenda a “adoção de comportamentos adequados”, como a desobstrução de sistemas de escoamento das águas pluviais, a correta fixação de estruturas soltas, como andaimes e painéis, e a condução defensiva nas estradas, reduzindo a velocidade e tendo “especial cuidado na circulação e permanência junto de áreas arborizadas”.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) colocou os distritos de Viseu, Porto, Vila Real, Viana do Castelo, Aveiro, Coimbra e Braga sob aviso amarelo entre as 09:00 de quarta-feira e as 00:00 de quinta-feira devido à previsão de chuva por vezes forte, com o vento a soprar igualmente forte, com rajadas até 70 a 90 quilómetros por hora nas regiões Norte e Centro.

O aviso amarelo é emitido pelo IPMA sempre que existe uma situação de risco para determinadas atividades dependentes da situação meteorológica.

Face às previsões, a ANEPC alerta para a possibilidade de inundações em zonas urbanas devido à acumulação da água da chuva por obstrução dos sistemas de escoamento e de cheias “potenciadas pelo transbordo do leito de alguns cursos de água, rios e ribeiras”, bem como para o desprendimento de estruturas móveis ou mal fixadas e para o arrastamento de objetos soltos para as estradas.

Em particular nas zonas recentemente atingidas por incêndios florestais, que queimaram vegetação e cobriram o solo de cinzas, a ANEPC salienta o risco de deslizamentos, derrocadas e contaminação de fontes de água potável.

Nas suas recomendações, a Proteção Civil lista também a “retirada de inertes e objetos que possam ser arrastados ou criem obstáculos ao livre escoamento das águas” e o “não atravessar zonas inundadas” para “precaver o arrastamento de pessoas ou viaturas para buracos no pavimento ou caixas de esgoto abertas”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Desempregados inscritos nos centros de emprego subiram 6,1% em agosto

  • Lusa
  • 23 Setembro 2024

No fim de agosto havia um total de 313.421 pessoas registadas nos serviços de emprego em Portugal. IEFP contabiliza quase 5 mil casais com ambos os elementos no desemprego.

O número de desempregados inscritos nos centros de emprego subiu 6,1% em agosto face a igual mês de 2023 e 2,7% face a julho, para 313.421 pessoas, segundo os dados divulgados hoje pelo IEFP.

“No fim do mês de agosto de 2024, estavam registados, nos Serviços de Emprego do Continente e Regiões Autónomas, 313.421 indivíduos desempregados, número que representa 69,5% de um total de 450.656 pedidos de emprego”, lê-se se na nota divulgada pelo IEFP.

São mais 18.060 pessoas inscritas nos centros de desemprego face a agosto de 2023. Para este aumento, “contribuíram os inscritos há menos de 12 meses (+16.335), os que procuram um novo emprego (+17.063) e os adultos (+15.245)”, explica o instituto. Já na comparação em cadeia, trata-se de mais 8.282 pessoas.

No que toca aos grupos profissionais com maior expressão, face ao período homólogo, observou-se um acréscimo em todos, com destaque para os “Operadores de instalações e máquinas e trabalhadores da montagem” (+11,1%) e “Trabalhadores qualificados da indústria, construção e artífices” (+9,1%) e “Trabalhadores não qualificados” (+8,6%).

À semelhança do mês anterior, a nível regional, o desemprego registado aumentou em todas as regiões em agosto, face ao período homólogo, com exceção dos Açores e da Madeira, que recuou 11,9% e 10,1%, respetivamente. O valor mais acentuado de aumento do desemprego foi registado na região de Lisboa e Vale do Tejo (+8,2%).

Por outro lado, na comparação em cadeia, manteve-se a tendência de crescimento, “à exceção da região do Algarve onde se registou uma diminuição do desemprego (-4%)”, indica o IEFP.

No final de agosto, as ofertas de emprego por satisfazer atingiram os 12.190 nos Serviços de Emprego de todo o país, o que corresponde a uma diminuição das ofertas em ficheiro na análise anual (-3.844; -24%), mas a um ligeiro aumento face ao mês anterior (+12; +0,1%).

Casais com ambos desempregados aumentam 5,5% em agosto

Por outro lado, o número de casais com ambos os elementos desempregados aumentou 5,5% em agosto face ao período homólogo e 4% face a julho, para os 4.919 segundo os dados do IEFP.

“Do total de desempregados casados ou em união de facto, 9.838 (7,9%) têm também registo de que o seu cônjuge está igualmente inscrito como desempregado no Serviço de Emprego, totalizando 4.919 casais desempregados, em agosto de 2024, o que representa +5,5%, quando comparado com o período homólogo do ano anterior”, adianta o relatório do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) divulgado hoje.

Este valor está a subir desde junho, ou seja, há três meses consecutivos.

Já na comparação em cadeia, o número de casais em que ambos os cônjuges estão desempregados subiu 4%, depois de estar a cair desde maio.

Há vários anos que os casais nesta situação de duplo desemprego têm direito a uma majoração de 10% do valor da prestação de subsídio de desemprego, quando tenham dependentes a cargo.

O IEFP divulgou também que o número de desempregados registados nos Serviços de Emprego do Continente no final de agosto foi de 302.487, o que representa uma subida de 6,8% face a agosto de 2023 e um aumento de 2,9% face julho.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

João Epifânio de saída da Altice

O gestor histórico da PT e Altice cessou funções na comissão executiva da Altice Portugal, e vai ser substituído Luís Mestre, um quadro superior da companhia.

João Epifânio, gestor histórico da PT e em funções na comissão executiva da Altice há cerca de sete anos, cessou funções e vai ser substituído por Luís Mestre, um quadro superior da companhia, apurou o ECO. A decisão já foi comunicada internamente.

A saída de João Epifânio já era dada como provável há meses, mas não são conhecidas oficialmente as razões que levaram à demissão. Sabe-se, sim, que Luís Mestre estava na equipa de Epifânio. Com mais 20 de experiência no setor das telecomunicações, está na empresa desde 2002, onde foi responsável pela Direção de Gestão de Produtos e Serviços B2C e mais recentemente Diretor do Segmento B2C.

Ana Figueiredo, a CEO da Altice Portugal que sucedeu a Alexandre Fonseca, fez as primeiras mudanças na equipa executiva precisamente há um ano. Em setembro de 2023, saiu Alexandre Matos, que era administrador financeiro da Altice Portugal desde o final de 2017 e, para o lugar foi Gonçalo Camolino, que fica responsável pelas áreas financeira, de planeamento estratégico e controlo de gestão, compras e património. Além disso, João Teixeira, administrador tecnológico, também foi substituído por José Pedro Nascimento, que passou a ter sob responsabilidade as áreas de engenharia e operações de rede, tecnologias da informação, cibersegurança e privacidade e transformação digital. Nesse momento, a CEO criou o cargo de Chief Legal Officer, ocupado por Sofia Aguiar. Já este ano, em janeiro, entrou Madalena Albuquerque para liderar os recursos humanos.

Assim, neste momento, a comissão executiva da Altice Portugal é liderada por Ana Figueiredo, e tem mais sete gestores, quase todos quadros da própria Altice. Gonçalo Camolino, José Pedro Nascimento, Sofia Aguiar, Nuno Nunes, Alexander Freese, Madalena Albuquerque e Luís Mestre.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Greenvolt agrava prejuízos em 143% no primeiro semestre, para 19 milhões de euros

Empresa liderada por João Manso Neto justifica o resultado com os baixos preços da pool de eletricidade no Reino Unido e com o investimento em curso no segmento de projetos de larga escala.

O grupo Greenvolt registou um resultado líquido negativo em 19 milhões de euros de janeiro a junho, divulgou a empresa em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

“Os resultados deste período estão em linha com as expectativas, uma vez que refletem a fase de investimento do grupo”, lê-se no comunicado. A Greenvolt indica que o resultado foi influenciado pelos baixos preços da pool de eletricidade no Reino Unido, onde a energética portuguesa tem vários ativos de biomassa, e pelo investimento em curso no segmento de projetos de larga escala, no qual não ocorreram novas transações de rotação de ativos durante o semestre.

No trimestre anterior, a Greenvolt apresentou um prejuízo de 2,7 milhões de euros, abaixo dos 300 mil euros de lucro obtidos no mesmo período do ano transato. No período homólogo, o resultado líquido foi revisto para 7,8 milhões de euros, pelo que os prejuízos se agravaram em 143,4% neste período.

O segmento de biomassa registou um EBITDA de 20,7 milhões de euros, refletindo um decréscimo de 15% em relação ao ano anterior, devido aos preços mais baixos da eletricidade no Reino Unido, parcialmente compensados por uma maior injeção de energia na rede.

Na biomassa, a central de Tilbury apresenta, aliás, ” bons resultados operacionais”, considera a empresa, apontando um aumento “contínuo” da produção de energia. Apesar de “desafios decorrentes de algumas paragens nas centrais portuguesas”, a operação manteve-se com parâmetros estáveis, indica a Greenvolt.

No segmento de projetos de larga escala, o EBITDA caiu 48,5% para 10,6 milhões de euros, embora os rendimentos operacionais tenham disparado 169,9% para os 60,5 milhões de euros. Neste segmento, o último trimestre ficou marcado pela venda de 19 projetos solares em Itália à Nuveen Infrastructure.

Em paralelo, os rendimentos operacionais da geração distribuída subiram 39,8% para 46,5 milhões de euros, enquanto o EBITDA baixou para -5,7 milhões de euros. “O grupo está confiante de que todo o segmento terá um EBITDA positivo em 2024”, sublinha o comunicado.

Melhores resultados e mais aquisições em 2024

Recentemente, em entrevista ao ECO, o CEO do grupo, João Manso Neto, reiterou o objetivo de obter, até ao final de 2024, “uma melhoria substancial dos resultados“. No entanto, ressalvou que essa subida significativa não teria lugar já neste trimestre. Isto porque, de acordo com o modelo de negócio, o segundo trimestre não é forte em vendas de ativos, explicou.

A Greenvolt está confiante na sua direção estratégica e prevê melhores resultados em 2024 em comparação com 2023. O Grupo continua concentrado na expansão do seu portfólio de projetos de energias renováveis, no reforço da sua posição no mercado e na criação de valor a longo prazo para os seus stakeholders“, reafirma a empresa no comunicado desta segunda-feira.

Na folha de resultados, a Greenvolt afirma que a intenção de adquirir a totalidade do capital social da Kent Renewable Energy, que explora uma central de biomassa no Reino Unido, deverá ficar concluída no quarto trimestre de 2024, dependendo das condições habituais e das aprovações regulamentares. No segmento de grande escala, estão atualmente em curso cinco outras iniciativas de venda, três das quais deverão ser assinadas durante o ano.

KKR mantém a participação

No comunicado enviado à CMVM, a Greenvolt dá também uma atualização em relação à participação detida pelo fundo americano KKR, que avançou com uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre a empresa de energia. Esta posição mantém-se nos 83,62%, a mesma fatia que foi divulgada na última apresentação de resultados.

“Esta alteração da estrutura de capital reforçou a situação financeira do Grupo e robustecerá as suas capacidades estratégicas, oferecendo um forte apoio e novas oportunidades de investimento”, lê-se no documento.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.