Dívida pública sobe 5% desde o início do ano e atinge recorde de 284,5 mil milhões

O endividamento do Estado aumentou 3,18% em maio face ao mesmo mês de 2024, marcando o quarto mês consecutivo de aumentos homólogos acima dos 3%.

A dívida pública aumentou 3,7 mil milhões em maio para um novo recorde de 284,5 mil milhões de euros. Desde o início do ano, o endividamento na ótima de Maastricht já cresceu 5,1%.

“Esta variação refletiu o aumento dos títulos de dívida (+3,5 mil milhões de euros), sobretudo de longo prazo, e dos certificados de aforro (+0,5 mil milhões de euros), que foi parcialmente compensado pela diminuição dos certificados do Tesouro (-0,2 mil milhões de euros) e dos empréstimos (-0,1 mil milhões de euros)”, assinala o Banco de Portugal na informação estatísticas divulgadas esta terça-feira.

Os dados traduzem um crescimento homólogo de 3,18% da dívida pública em maio. Foi o quarto mês consecutivo com uma evolução acima dos 3%, o que não acontecia desde julho de 2021.

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O valor absoluto da dívida pública tem vindo a aumentar desde dezembro. Olhando apenas para os primeiros cinco meses do ano, o endividamento aumentou 5,13% ou 13,89 mil milhões de euros.

O montante dos depósitos da administração pública também cresceu em maio. “Os ativos em depósitos das administrações públicas totalizaram 24,3 mil milhões de euros, o que corresponde a um aumento de 3,8 mil milhões de euros relativamente a abril. Deduzida desses depósitos, a dívida pública diminuiu 0,1 mil milhões de euros, para 260,3 mil milhões de euros“, assinala a nota estatística do Banco de Portugal.

A dívida do Estado tende a aumentar mais no primeiro semestre, quando o IGCP, a agência responsável pelo crédito público, concentra a maior parte das emissões. O IGCP informou esta segunda-feira que executou até final de maio quase metade (46,6%) do objetivo anual de emissão no plano de financiamento anual. Considerando apenas Obrigações de Tesouro, e incluindo o leilão de junho, a execução segue mais avançada com a emissão de 67% da meta anual de 20,5 mil milhões de euros.

A dívida das administrações públicas em percentagem do PIB situou-se nos 96,4% no final do primeiro trimestre, segundo os dados do Banco de Portugal.

O endividamento será pressionado nos próximos pelo incremento do investimento em defesa, acordado no seio da NATO. O ex-ministro das Finanças, João Leão, afirmou numa entrevista recente ao Jornal de Negócios que “Portugal vai deixar de conseguir reduzir a dívida pública”.

(Notícia atualizada às 11h47)

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Primeiro-ministro opõe-se à consulta pública de declaração única de rendimentos

  • Lusa
  • 1 Julho 2025

Entidade para a Transparência indica que estes requerimentos e o acesso às declarações de Luís Montenegro estão dependentes de apreciação pelo Tribunal Constitucional.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, submeteu pedidos de oposição à consulta pública das suas declarações de rendimentos, que está suspensa até uma decisão final do Tribunal Constitucional, informou esta terça-feira a Entidade para a Transparência (EpT).

Estes pedidos foram noticiados pelo Correio da Manhã e confirmados esta terça-feira à Lusa pela Entidade para a Transparência em resposta, por escrito, a pedidos de esclarecimento sobre o acesso às declarações únicas de rendimentos, património, interesses, incompatibilidades e impedimentos de Luís Montenegro.

A EpT explica que o teor destes requerimentos se encontra sob sigilo, confirmando apenas os pedidos de oposição à consulta pública por parte do primeiro-ministro e que estes requerimentos e o acesso às declarações de Luís Montenegro estão dependentes de apreciação pelo Tribunal Constitucional, não adiantando qualquer data para a resolução do processo.

“A decisão de alguns dos pedidos de oposição às declarações únicas apresentados pelo senhor primeiro-ministro está dependente da apreciação, pelo Tribunal Constitucional, da ação de impugnação das deliberações da Entidade para a Transparência, a qual possui, nos termos do n.º 3 do artigo 111.º da Lei de Organização, Funcionamento e Processo do Tribunal Constitucional, efeitos suspensivos”, lê-se na resposta.

A Entidade para a Transparência esclarece ainda que a legislação que regula o exercício de funções de cargos políticos prevê este tipo de pedidos, nomeadamente quando está em causa o “interesse de terceiros ou a salvaguarda da reserva da vida privada” e que até uma decisão final “o acesso aos elementos sobre os quais recaiu a oposição e a sua eventual publicitação ficam suspensos”.

Neste momento, acrescenta a EpT, as declarações que estão pendentes de uma decisão estão identificadas com um cadeado na área de acesso público da plataforma eletrónica da Entidade para a Transparência acompanhadas da mensagem: “Foi solicitado um pedido de oposição à consulta pública por parte do titular que, de momento, está em análise por parte da EpT. Por este motivo, a declaração não poderá ser consultada”.

No site da EpT, é possível verificar que Luís Montenegro opôs-se à consulta de todas as declarações já entregues, relativas aos cargos de primeiro-ministro do anterior Governo, os dois mandatos como presidente do PSD, conselheiro de Estado e deputado. Não foi ainda submetida a declaração de interesses relativa ao cargo de chefe do atual Executivo.

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Mercado de trabalho estável. Desemprego estaciona nos 6,3% em maio

A taxa de desemprego situou-se em 6,3% em maio, valor igual ao do mês anterior e inferior em 0,1 pontos percentuais ao verificado há um ano. Já a população empregada cresceu 2,6% em termos homólogos.

O mercado de trabalho português continua a dar sinais de estabilidade. De acordo com os dados divulgados esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de desemprego fixou-se em 6,3% em maio, valor idêntico ao do mês anterior e ligeiramente abaixo do registado há um ano. Já a população empregada aumentou em termos homólogos.

“A taxa de desemprego situou-se em 6,3%, valor igual ao do mês anterior, mas inferior em 0,1 pontos percentuais ao de três meses antes e ao do mesmo mês do ano anterior“, informa o gabinete de estatísticas, numa nota publicada esta manhã. No total, no quinto mês do ano, havia 348,9 mil pessoas desempregadas em Portugal.

Por outro lado, a taxa de emprego situou-se em 64,9% em maio, abaixo dos 69,5% verificados no mês anterior, mas acima dos 64,1% registados há um ano. Portugal contava, assim, com 5,2 milhões de pessoas empregadas em maio, menos 12,6 mil do que em abril, mas mais 131,8 mil do que no mesmo mês de 2024.

Com estas variações do emprego e do desemprego, a população ativa fixou-se quase 5,6 milhões de pessoas, no quinto mês do ano. Em causa está um recuo em cadeia de 0,2%, mas, em termos homólogos, verificou-se um reforço de 2,5%.

Já a população inativa aumentou 0,9% face a abril e recuou 0,9% face a maio de 2024, situando-se em quase 2,5 milhões de pessoas.

A taxa de subutilização do trabalho situou-se em 10,5%, valor inferior ao de abril de 2025 (0,1 pontos percentuais) e ao de fevereiro de 2025 e maio de 2024 (0,4 pontos percentuais em ambos)”, acrescenta o INE.

(Notícia atualizada às 11h29)

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Euribor sobe a três e a seis meses e desce a 12 meses

  • Lusa
  • 1 Julho 2025

Esta terça-feira, as Euribor subiram a três e a seis meses para 1,961% e 2,051%, respetivamente, enquanto no prazo mais longo a taxa caiu para 2,070%.

A Euribor subiu esta terça-feira a três e a seis meses em relação a segunda-feira e desceu ligeiramente no prazo mais longo de 12 meses. Com estas alterações, a taxa a três meses, que avançou para 1,961%, manteve-se abaixo das taxas a seis (2,051%) e a 12 meses (2,070%).

  • A taxa Euribor a seis meses, que passou em janeiro de 2024 a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, subiu, ao ser fixada em 2,051%, mais 0,002 pontos do que na segunda-feira.
  • No prazo de três meses, a taxa Euribor, que está abaixo de 2% desde 24 de junho, subiu para 1,961%, mais 0,017 pontos do que na segunda-feira.
  • No sentido oposto, a Euribor a 12 meses desceu para 2,070%, menos 0,002 pontos do que na segunda-feira.

Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a abril indicam que a Euribor a seis meses representava 37,61% do stock de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que as Euribor a 12 e a três meses representavam 32,46% e 25,60%, respetivamente.

Na última reunião de política monetária em 4 e 5 de junho, em Frankfurt, o Banco Central Europeu (BCE) desceu as taxas de juro em 0,25 pontos base, tendo a principal taxa diretora caído para 2%. Esta descida foi a oitava desde que o BCE iniciou este ciclo de cortes em junho de 2024 e, segundo os analistas, deverá ser a última deste ano. A próxima reunião de política monetária do BCE está marcada para 23 e 24 de julho em Frankfurt.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da Zona Euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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Maxfinance lança “caça ao tesouro” e esconde envelopes com dinheiro em campanha 

  • + M
  • 1 Julho 2025

A iniciativa "reforça o posicionamento da marca e o seu compromisso com uma comunicação leve, próxima e prática". Os cartões, da Fundação do Gil, estão carregados com valores entre 100 e 200 euros.

A Maxfinance vai esconder 15 envelopes com dinheiro, no âmbito da campanha “Maxfinance: Não Custa Nada!”. A ação, que contou com o apoio da agência Triber, arranca esta terça-feira e consiste numa caça ao tesouro em diversas cidades.

Os envelopes, que podem ser encontrados nas cidades de Aveiro, Braga, Coimbra, Évora, Faro, Funchal, Leiria, Lisboa, Ponta Delgada, Porto, Setúbal e Viseu, contêm cartões da Fundação do Gil carregados com valores entre os 100 e os 200 euros. De cada cartão entregue, 10% do valor do prémio reverte para a Fundação do Gil.

Para os descobrir, os seguidores devem estar atentos às stories e reels do Instagram oficial da Maxfinance, onde serão partilhados vídeos com pistas sobre os locais onde os envelopes estão escondidos.

A campanha é dinamizada em parceria com o influenciador @whereis_themoney, “conhecido pelas suas ações de procura e descoberta de dinheiro real em espaços públicos. Caberá a ele esconder os envelopes e garantir que a ação decorre de forma divertida, segura e justa”, refere a marca em nota de imprensa.

“A generalidade das pessoas considera que contratar e negociar um crédito é um processo complexo. No entanto, pode ser simples com a ajuda de um Intermediário de Crédito da Maxfinance. Com esta ação de ativação da marca pretendemos demonstrar que é possível poupar de uma forma simples, imediata e até surpreendente. Será uma experiência real, positiva e com impacto, que tem como objetivo transmitir a ideia que todos devem aproveitar todas as oportunidades para poupar. Neste caso, estamos a premiar alguns e a apoiar quem mais precisa, mas acreditamos que podemos ajudar muitos mais a melhorar a sua vida financeira”, diz Francisco Ferreira Lima, CEO da Maxfinance, citado em comunicado.

A iniciativa “reforça o posicionamento da marca e o seu compromisso com uma comunicação leve, próxima e prática” e surge na continuidade do mote “Não custa nada. Literalmente”, lançado em fevereiro numa campanha protagonizada por Inês Aires Pereira, que pretendia descomplicar a contratação e negociação de créditos.

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Estado arrecada menos 4% com imposto do jogo online no arranque do ano

  • Joana Abrantes Gomes
  • 1 Julho 2025

No primeiro trimestre deste ano, a receita do Imposto Especial de Jogo Online foi de 82,7 milhões. Associação explica que se deveu à queda de 13% no volume de apostas desportivas.

A receita do Imposto Especial de Jogo Online (IEJO) caiu 4% no primeiro trimestre deste ano, face ao período homólogo, e baixou 7%, face aos três meses anteriores, para 82,7 milhões de euros, de acordo com o mais recente relatório divulgado pelo Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos (SRIJ).

A Associação Portuguesa de Apostas e Jogos Online (APAJO), em comunicado, refere que esta quebra se deveu “à redução do volume de apostas desportivas“, que decresceu 13% em termos homólogos e 6% face ao trimestre anterior, e “das receitas brutas de casino“, que, apesar de terem crescido 6% em relação ao primeiro trimestre de 2024, caíram 8% em cadeia.

Entre janeiro e março, as receitas brutas desceram 11,9% face ao trimestre anterior, para 284,7 milhões de euros, a “maior queda percentual em relação a um trimestre anterior desde 2018”. No entanto, comparativamente ao período homólogo, verificou-se um aumento de 9,1%, devido à “margem nas apostas desportivas à cota”.

Esta margem, que se situou quase nos 23%, “bem acima da média”, está “sobretudo dependente dos resultados desportivos que nos primeiros três meses do ano terão sido mais desfavoráveis aos apostadores portugueses”, assinala a APAJO.

No domínio do desporto, as receitas brutas de jogo cresceram 14,3% face ao trimestre homólogo, para 114,9 milhões de euros, mas caíram quase 17% em relação aos três meses anteriores, sendo a maior quebra entre trimestres desde 2022.

Já as receitas nos casinos online, num total de 169,7 milhões de euros, subiram 5,9% face ao trimestre homólogo, mas recuaram 8,1% relativamente ao anterior. Segundo a APAJO, “desde 2021 que não se registava uma queda tão acentuada entre trimestres”.

Estes números resultam da análise ao relatório do primeiro trimestre de 2025 do SRIJ. Na opinião do presidente da APAJO, Ricardo Domingues, o primeiro trimestre foi “de desaceleração em alguns indicadores e até de contração noutros, algo que considera “natural” num “mercado que vai amadurecendo”. “A nossa preocupação principal continua em conseguir absorver a procura face à ameaça dos operadores ilegais”, sublinha.

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Consumidores já não compram o medo da inflação e antecipam economia da Zona Euro menos negativa

As expectativas dos consumidores para a inflação nos próximos 12 meses e a 3 anos voltaram a cair. Já as expectativas de crescimento económico para os próximos 12 meses tornaram-se menos negativas.

As mais recentes conclusões do ECB Consumer Expectations Survey de maio revelam uma tendência de estabilização das perspetivas económicas na Zona Euro, com os consumidores a demonstrarem maior confiança no futuro próximo.

Os dados, publicados esta terça-feira pelo Banco Central Europeu (BCE), mostram que as expectativas de inflação para os próximos anos continuam a diminuir, aproximando-se da meta oficial de 2%, enquanto as perspetivas para o crescimento económico se tornam menos pessimistas entre os consumidores da área do euro.

O inquérito mensal, que teve como amostra cerca de 19 mil consumidores adultos de 11 países da Zona Euro, incluindo Portugal, oferece uma radiografia das perceções e expectativas das famílias europeias sobre temas centrais da economia.

As expectativas medianas para a inflação nos próximos 12 meses diminuíram 0,3 pontos percentuais para 2,8%, aproximando-se da meta de estabilidade de preços.

Segundo os dados do inquérito, “as perceções medianas dos consumidores sobre a inflação nos 12 meses anteriores mantiveram-se inalteradas, enquanto as expectativas medianas para a inflação a um e três anos diminuíram, e as expectativas de inflação mediana para cinco anos à frente mantiveram-se inalteradas“.

Os números revelam uma convergência gradual das expectativas de inflação em direção ao objetivo do BCE. Em maio, a taxa mediana de inflação percebida nos 12 meses anteriores manteve-se inalterada nos 3,1% pelo quarto mês consecutivo, representando o valor mais baixo desde setembro de 2021. Esta estabilização contrasta com os picos inflacionários que marcaram os últimos anos.

Mais significativo ainda é o comportamento das expectativas futuras. As expectativas medianas para a inflação nos próximos 12 meses diminuíram 0,3 pontos percentuais para 2,8%, aproximando-se da meta de estabilidade de preços. A tendência mantém-se para horizontes temporais mais longos: “as expectativas para três anos também diminuíram, em 0,1 pontos percentuais, para 2,4%, enquanto as expectativas para a inflação cinco anos à frente mantiveram-se inalteradas nos 2,1% pelo sexto mês consecutivo”, lê-se no comunicado do banco central.

Estes dados revelam que os consumidores começam a internalizar a trajetória descendente da inflação, reforçando a credibilidade da política monetária do BCE, com a incerteza sobre as expectativas de inflação para os próximos 12 meses diminuiu em maio, invertendo o aumento observado em abril.

O inquérito revela também alterações significativas na formação das expectativas inflacionárias. “Embora a evolução geral das perceções e expectativas de inflação tenha permanecido relativamente alinhada entre os grupos de rendimento, ao longo do último ano e meio as perceções de inflação e as expectativas de curto prazo para os quintis de rendimento mais baixos foram, em média, ligeiramente superiores às dos quintis de rendimento mais elevados“, refere o BCE em comunicado.

Esta disparidade reflete os diferentes perfis de consumo e a maior sensibilidade dos agregados familiares de menores recursos às variações de preços de bens essenciais. Por sua vez, os inquiridos mais jovens (18-34 anos) continuaram a reportar perceções e expectativas de inflação mais baixas do que os inquiridos mais velhos (35-54 e 55-70 anos), embora esta diferença seja menor do que em anos anteriores.

Economia cresce e desemprego recua

O cenário económico mais amplo também apresenta sinais de melhoria. As expectativas de crescimento económico para os próximos 12 meses tornaram-se menos negativas, situando-se em -1,1% em maio face aos -1,9% de abril. Embora ainda em terreno negativo, esta evolução sugere um abrandamento das preocupações recessivas, com as perspetivas a recuarem para valores registados em janeiro.

No mercado laboral, “as expectativas para a taxa de desemprego nos próximos 12 meses diminuíram para 10,4%, face aos 10,5% de abril”. Os dados revelam que os consumidores continuam a esperar que a taxa de desemprego futura seja apenas ligeiramente superior à taxa atual percebida (9,9%), “implicando um mercado de trabalho amplamente estável”.

No setor imobiliário, as perspetivas mantêm-se estáveis. Os consumidores esperavam que o preço da sua casa aumentasse 3,2% nos próximos 12 meses, valor inalterado face a abril. Contudo, persistem disparidades por nível de rendimento: os agregados do quintil de rendimento mais baixo continuam a esperar um crescimento superior dos preços da habitação comparativamente aos do quintil mais elevado (3,5% e 3,1%, respetivamente).

A convergência das expectativas inflacionárias em direção à meta de 2% do BCE, combinada com perspetivas menos pessimistas para o crescimento e o emprego, aponta para que os consumidores começam a antecipar um cenário de maior estabilidade macroeconómica.

Já no crédito habitação, observa-se uma tendência descendente. “As expectativas para as taxas de juro hipotecárias 12 meses à frente diminuíram para 4,4%, face aos 4,5% de abril”. Também aqui se verificam diferenças significativas: os agregados familiares de menores rendimentos esperam as taxas de juro hipotecárias mais elevadas (4,9%), enquanto os de maiores rendimentos antecipam as taxas mais baixas (4,1%).

Paralelamente, “a percentagem líquida de agregados familiares que reportaram um aperto (relativamente aos que reportaram um alívio) no acesso ao crédito nos 12 meses anteriores diminuiu”, tendência que se mantém para as expectativas futuras.

No horizonte dos rendimentos familiares, observa-se uma ligeira melhoria, com os dados a mostrarem que “as expectativas de crescimento do rendimento nominal dos consumidores para os próximos 12 meses aumentaram para 1%, face aos 0,9% de abril”. Este aumento foi transversal a todos os grupos de rendimento, sugerindo uma perceção generalizada de melhoria das condições económicas.

Contudo, as intenções de consumo seguem na direção oposta. “O crescimento esperado do gasto nominal para os próximos 12 meses diminuiu para 3,5% em maio, face aos 3,7% de abril”. Esta diminuição foi prevalecente em todos os quintis de rendimento, exceto no grupo de rendimento mais baixo, possivelmente refletindo uma atitude mais cautelosa face ao futuro ou uma maior propensão para a poupança.

Os dados do ECB Consumer Expectations Survey de maio desenham um retrato de crescente estabilização das expectativas económicas na Zona Euro. A convergência das expectativas inflacionárias em direção à meta de 2% do BCE, combinada com perspetivas menos pessimistas para o crescimento e o emprego, aponta para que os consumidores começam a antecipar um cenário de maior estabilidade macroeconómica.

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Barraqueiro fica no Metro do Porto até março de 2027. Governo prolonga contrato até ao limite

  • ECO e Lusa
  • 1 Julho 2025

O contrato de subconcessão da operação e manutenção do Metro do Porto com a ViaPorto voltou a ser prorrogado, agora por 21 meses, até 31 de março de 2027.

O contrato de subconcessão da operação e manutenção do Metro do Porto com a ViaPorto foi prorrogado até março de 2027, estando a empresa autorizada a despender mais até 435 milhões de euros, segundo publicação em Diário da República.

O contrato com a empresa do grupo Barraqueiro, que terminava na segunda-feira, voltou a ser prorrogado, agora por 21 meses, até 31 de março de 2027.

“Fica a Metro do Porto, SA., Entidade Pública Reclassificada, autorizada a realizar despesa adicional ao contrato de ‘Subconcessão da operação e da manutenção do sistema de metro ligeiro da Área Metropolitana do Porto’, no montante máximo global de 435.136.036,34 euros, ao qual acresce o IVA à taxa legal em vigor, e que incluem a estimativa para a componente de revisão de preços, pelo prazo de 108 meses”, refere a portaria publicada na segunda-feira e assinada pelos secretários de Estado Adjunto e do Orçamento e da Mobilidade.

Inicialmente, o contrato celebrado por sete anos previa que a Metro do Porto pudesse realizar uma despesa até ao montante total de 311,1 milhões de euros.

Na portaria é descrito que o procedimento concursal inicial, lançado em 11 de janeiro de 2018, terminou a sua vigência em 31 de março de 2025, “existindo a possibilidade de renovação por um período máximo de dois anos”.

Posteriormente, o contrato foi prolongado com “reprogramação de encargos”, conforme se lê na portaria, ficando em vigor por um período de três meses, de 01 de abril de 2025 até 30 de junho de 2025.

“Cessando a vigência do contrato em 30 de junho de 2025, e não se encontrando, nessa data, concluído o processo de adjudicação da nova ‘Subconcessão da Operação e Manutenção do Sistema de Metro Ligeiro na Área Metropolitana do Porto’, ficará a Metro do Porto, SA. sem operador, inviabilizando o funcionamento deste sistema e, como tal, a prestação do serviço público de transporte de passageiros, com o consequente prejuízo para o interesse público. Nesses termos, há necessidade de prorrogar o referido contrato, até à entrada em operação da nova subconcessão, ou seja, por um período máximo de mais 21 meses”, acrescenta a tutela.

Em outubro do ano passado, a Unidade Técnica de Acompanhamento de Projetos (UTAP) do Ministério das Finanças constituiu uma equipa de projeto para preparar uma nova subconcessão do Metro do Porto.

Em causa está a “constituição de uma equipa de projeto para dar início ao estudo e à preparação de uma nova parceria para a subconcessão da operação e manutenção do sistema de metro ligeiro na Área Metropolitana do Porto”, refere o sumário de um despacho consultado pela Lusa em março.

Atualmente, a Metro do Porto conta com seis linhas em operação e 85 estações, espalhadas pelos concelhos do Porto, Vila Nova de Gaia, Matosinhos, Maia, Gondomar, Vila do Conde e Póvoa de Varzim.

Estão em construção a Linha Rosa (G), entre São Bento e Casa da Música (Porto), e a Linha Rubi (H), entre Santo Ovídio (Vila Nova de Gaia) e Casa da Música (Porto).

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Um terço das empresas B2B investe menos de 1% do orçamento em marketing

Empresas com presença internacional ou modelos mais digitalizados "tendem a investir percentualmente mais, mas mesmo entre estas, o esforço orçamental raramente ultrapassa os 7%".

Um terço (33%) das empresas B2B (business to business) admitem investir menos de 1% do seu orçamento total em marketing, o que revela uma “subvalorização preocupante da função de marketing, sobretudo em setores mais tradicionais ou com forte dependência comercial“.

Já mais de metade (56%) dizem investir entre 1% e 5%, o que confirma “um investimento prudente, mas em linha com benchmarks internacionais para o setor B2B”. Por outro lado, apenas 11% das empresas indicam investir mais de 10% do seu orçamento em marketing, “o que indica que estratégias mais ambiciosas e sustentadas ainda são exceção”.

As conclusões são do Estudo do Panorama do Marketing B2B em Portugal, da Martech Digital, que pretende traçar um retrato das práticas, investimentos e desafios enfrentados pelas equipas de marketing B2B em Portugal. O estudo baseou-se num inquérito online, distribuído entre abril e maio de 2025, tendo obtido 146 respostas de profissionais de marketing, vendas e direção.

Empresas com presença internacional ou modelos mais digitalizados “tendem a investir percentualmente mais, mas mesmo entre estas, o esforço orçamental raramente ultrapassa os 7%”, aponta também a análise, acrescentando que embora as empresas maiores possam apresentar valores absolutos mais elevados, “mostram frequentemente uma relação inversa entre dimensão e percentagem de investimento”.

A baixa alocação orçamental é um reflexo direto da visão ainda tática do marketing em muitas organizações, sendo encarado como centro de custos e não como gerador de valor“, lê-se no estudo.

Mas também a forma como o orçamento é distribuído revela a visão estratégica das empresas sobre o papel do marketing, com os dados a apontarem para uma “forte concentração em táticas orientadas à performance e geração de leads“.

A publicidade digital, onde se incluem Google Ads e LinkedIn Ads, responde de forma mais frequente (47%) pela maior fatia dos orçamentos dos inquiridos, o que reflete a “procura por retorno direto e mensurável”. Já o marketing de conteúdo e gestão de redes sociais é uma aposta feita por 44% das empresas, especialmente pela sua “capacidade de construir autoridade e educar o mercado em funis complexos”.

Os eventos, tanto presenciais como online, também continuam a absorver uma parcela relevante do orçamento em setores industriais e técnicos com 39% das empresas a indicarem investimento contínuo nestas ações. Já a tecnologia de marketing (MarTech) como automação e CRM, é mencionada por 36% dos inquiridos como área de investimento prioritário, “embora a sua implementação prática ainda enfrente desafios de integração e know-how”, sublinha o estudo.

Apesar da retórica de digitalização e inovação, a distribuição orçamental continua concentrada em canais tradicionais e performance imediata, deixando pouco espaço para inovação real, experimentação ou construção de ativos de longo prazo“, aponta-se no Estudo do Panorama do Marketing B2B em Portugal.

Quanto aos próximos 12 meses, a maioria das empresas revela uma postura cautelosa, sendo que pouco mais de metade (52%) planeia manter o seu orçamento de marketing inalterado. Mais ambiciosas, 34% dizem ter intenção de aumentar o investimento especialmente em áreas como automação, conteúdo e performance digital. Por outro lado, 14% das empresas admitem reduções orçamentais.

Questionados sobre onde pretendem reforçar o investimento, o marketing de conteúdo (47%) lidera as intenções, seguido de perto pela tecnologia de marketing (42%), com destaque para automação, CRM e analítica. Segue-se eventos e ativações presenciais (38%) e publicidade paga (36%) entre as respostas mais indicadas.

O investimento futuro aponta para um equilíbrio entre ações de curto prazo (performance) e construção de ativos duradouros (conteúdo, tecnologia). No entanto, o sucesso desta evolução dependerá da capacidade das empresas em integrar, medir e sustentar estas apostas ao longo do tempo“, lê-se no estudo da Martech Digital.

Para o próximo ano, 58% das empresas referem que o seu foco vai concentrar-se em “mais performance e eficiência”, enquanto 44% planeiam reforçar a notoriedade de marca e 41% indicam o alinhamento com vendas como prioridade operacional.

Em termos de barreiras que dificultem o desempenho do marketing B2B, a escassez de tempo e de recursos humanos é mesmo a mais apontada, recolhendo consenso junto de 61% dos inquiridos, que “reconhecem que a sobrecarga das equipas condiciona a execução eficaz das estratégias”.

A dificuldade em provar o ROI (retorno sobre o investimento) do marketing (54%), o alinhamento frágil com vendas e produto (49%), a falta de visão estratégica do marketing (47%), a falta de integração entre sistemas (46%), a má qualidade e dispersão dos dados (43%), o défice de competências digitais e analíticas (38%) ou a cultura organizacional centrada em vendas (35%) são as restantes dificuldades mais identificadas.

No que diz respeito a inovação tecnológica, 31% das empresas dizem querer investir em IA, “mas a maioria ainda não integrou esta tecnologia nas suas operações diárias”. 28% das empresas já adotaram a automação de marketing, mas “apenas uma parte significativa dessas faz uma utilização estruturada”.

O marketing BB está preso entre a promessa da inovação tecnológica e os bloqueios da realidade organizacional. A transformação digital exige mais do que ferramentas. Requer liderança, foco, integração e tempo para amadurecer. A evolução do marketing BB dependerá, cada vez mais, da capacidade das empresas de fazer coincidir ambição com execução, num equilíbrio entre inovação tecnológica e transformação organizacional profunda“, aponta ainda o estudo.

Já Ana Barros, CEO da Martech Digital, diz que o estudo “mostra que o marketing B2B em Portugal está num ponto de inflexão”. “A maturidade digital e estratégica ainda é desigual, mas começa a desenhar-se um caminho mais sólido rumo à integração entre tecnologia, conteúdo e performance. As empresas que conseguirem medir bem o retorno do marketing e provar internamente o seu valor, vão liderar o crescimento nos próximos anos”, acrescenta, citada em nota de imprensa.

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Falta de produtividade está a deixar União Europeia “para trás”, avalia Nobel da Economia

James A. Robinson questiona se o bloco comunitário quer “apenas a integração económica ou visa uma espécie de integração política mais profunda”, contestado a “falta de clareza" sobre o projeto.

James A. Robinson, que em outubro do ano passado foi distinguido com o prémio Nobel da Economia, a par de Daron Acemoglu e Simon Johnson, pelo trabalho desenvolvido para estudar o papel das instituições na prosperidade e na pobreza das nações, lamenta a “falta de clareza sobre o que é a União Europeia e [o seu] projeto coletivo”

“Onde é que isto vai parar? Qual o objetivo final da UE? Nem sequer sei a resposta a essa pergunta. Parece-me que seria bom perceber melhor quais são os seus objetivos. Será que é apenas a integração económica ou estará a visar uma espécie de integração política mais profunda? E, em caso positivo, que forma é que isso assume? Penso que isso não está suficientemente bem articulado”, referiu.

Durante uma intervenção na conferência anual da Associação Business Roundtable Portugal (BRP), no Porto, o coautor de livros influentes como “Porque falham as Nações” (2012) ou “O Equilíbrio do Poder” (2019) sublinhou que “há uma consciencialização de que a União Europeia está a ficar para trás” face aos competidores internacionais e que “isso tem a ver com a produtividade”.

Fazendo a distinção entre “instituições inclusivas e extrativas”, o economista e cientista político aludiu ao impacto que têm no desenvolvimento dos países, dando o exemplo das duas Coreias. Se “há 50 anos estavam muito próximas”, hoje o Sul é próspero enquanto o Norte está “estagnado” devido às instituições “muito diferentes (…) que empurram as pessoas numa direção ou noutra”.

“Foram países criados artificialmente. A divisão que focamos aqui não é capitalismo vs. comunismo. É o facto de um sistema ser extrativo [da riqueza], no sentido em que as instituições económicas favorecem uma elite”; e o outro ser inclusivo, com distribuição para a sociedade”, completou James A. Robinson durante a mesma intervenção na Casa da Música.

Por outro lado, o laureado com o prémio Nobel da Economia em 2024 deu ainda o exemplo dos países da América Latina, onde as instituições “fracas” fazem inclusive com que o processo democrático seja “desapontante” em relação às expectativas que tinham sido criadas há algumas décadas.

“Vejo países que conheço bem, como na América Latina, onde há um retrocesso da democracia. Quando ela chegou, prometeram-se mundos e fundos às pessoas. Pensaram que tudo ia mudar, que a sociedade ia ser revolucionada e os problemas iam desaparecer”, sustentou Robinson, que nas suas investigações tem demonstrado que as instituições inclusivas reforçam o Estado de Direito, a participação democrática e a proteção de direitos, sendo determinantes para o crescimento económico sustentável.

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(In)certeza no Setor Segurador

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  • 1 Julho 2025

Com o adensar de incertezas nos mercados, chegam avisos por parte do regulador europeu dos seguros que antecipa um futuro desafiante e aponta à inovação e resiliência do setor.

O regulador europeu para os seguros e fundos de pensões, European Insurance and Occupational Pensions Authority (“EIOPA”), divulgou no mês de junho o seu relatório anual e o relatório de sustentabilidade com um olhar sobre a evolução do mercado segurador em 2024. Mais do que uma análise retrospetiva ao desempenho e tendências do mercado, o interesse contido nestes documentos está na visão do regulador europeu sobre o futuro e quais os principais desafios que antecipa para um setor que se têm mostrado forte e resiliente em tempos de incerteza.

Aos dias de hoje, não será novidade referir que vivemos tempos de fragmentação geopolítica e, que isso por si, já acarreta desafios às empresas. Contudo, num mercado tão competitivo e supervisionado como o segurador, esse é só um dos muitos riscos a que as seguradoras e resseguradoras estão expostas, não podendo para além das ameaças financeiras e económicas, deixar de incluir as componentes estratégicas, regulatórias e operacionais do negócio no seu planeamento a curto e médio prazo.

Os relatórios destacam esse ecossistema de mudança e evolução levando o leitor a refletir no processo de transformação que está e irá ocorrer a breve trecho. Do lado económico, sublinham as previsões o baixo crescimento esperado, riscos de inflação e alta volatilidade nos índices de ações e de obrigações, podendo este cenário penalizar a rentabilidade quer dos produtos financeiros de capitalização, quer o valor dos fundos de pensões no imediato, não deixando de sublinhar o possível efeito de perda de valor dos ativos financeiros em carteira das entidades seguradoras e que servem de almofada financeira para fazer face às responsabilidades junto dos tomadores de seguros.

Pedro Alexandre, Manager EY, Assurance Financial Services

No que diz respeito à componente estratégia, a lista de temas não é menos extensa para as empresas de seguros – que o digam os gestores destas entidades ­- que lidam com o aumento de custos na área da saúde, desde medicamentos aos tratamentos médicos, seguido do ramo automóvel, onde os custos têm crescido não só mas também, por via do incremento de carros elétricos e híbridos disponíveis no mercado, e não esquecendo dos custos com catástrofes naturais e sismos, como realça os relatórios da EIOPA e, cuja temática têm sido alvo de debate em Portugal com a análise e avaliação da criação de um fundo sísmico, a título de exemplo. Como se isso não bastasse, podemos acrescentar questões demográficas que têm estado na agenda pública dado o envelhecimento acelerado verificado no continente europeu, não esquecendo a competitividade com a melhoria e diversificação crescente da oferta, e a natural luta por ganhos de quota no mercado nacional e internacional, que pode intensificar a tendência de consolidação dos principais grupos seguradores.

Na agenda de prioridades também encontramos os requisitos regulatórios e técnicos, que têm sofrido evoluções significativas para quem acompanha o mercado com vista a garantir a sustentabilidade das empresas do setor e garantias de capital para desenvolvimento de atividade. O cumprimento dos princípios de Solvência II, desenvolvido sob supervisão da EIOPA, impactam as empresas na tomada de decisão e gestão de risco, como reconhece o regulador europeu que aponta a simplificação como um ponto fulcral no seu plano de atividades com vista a reduzir ao essencial a carga de relatórios e informação divulgada.

Por último e não menos relevante, é o desenvolvimento operacional das empresas cuja preocupação é focada na formação de pessoas e na inovação tecnológica. Este último é fator essencial para aumento da competitividade e produtividade, num mercado onde a necessidade de digitalização dos processos é prioritária, mesmo que isso acarrete riscos como o de cibersegurança, dependência de terceiros e gestão de dados, temas estes endereçados no Digital Operational Resilience Act (“DORA”). O leque de possibilidades que, a disrupção tecnológica traz para o setor segurador é enorme, ainda para mais considerando o uso potencial da Inteligência Artificial para automatização, análise e avaliação do perfil de risco de cada cliente e personalizar a oferta às necessidades de cada um.

Num paradigma de incerta, a única coisa que a EIOPA dá como seguro é que o setor mantém-se com indicadores fortes e estáveis, e que se encontra financeiramente equipado para resistir à turbulência que se antecipa, conservar a sua credibilidade e o seu papel vital na economia europeia, de oferta de cobertura de risco às empresas e pessoas contra os imprevistos. Perante a garantia de cenários mais adversos e de maior esforço para as equipas de gestão das empresas seguradoras, o regulador deixa a promessa do reforço da sua ação na avaliação da preparação, planeamento e inovação dos agentes para garantir uma resposta proativa e célere aos contratempos.

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Explorer negoceia com a banca compra do fundo de promoção turística Discovery

  • ECO
  • 1 Julho 2025

BCP, CGD, Novobanco e Oitante recebem proposta da Explorer que inclui um desconto de 10% sobre o valor do Discovery, cujo valor líquido dos ativos está avaliado entre 800 e mil milhões de euros.

A sociedade de capital de risco Explorer Investments está a negociar com o BCP, a Caixa Geral de Depósitos, o Novobanco e a Oitante a compra do Discovery Portugal Real Estate Fund, avança o Jornal Económico (acesso pago). Segundo fontes conhecedoras do negócio, o valor líquido dos ativos deste fundo está entre os 800 milhões e os mil milhões de euros.

Em cima da mesa está uma proposta de compra que inclui um desconto de 10% sobre o valor do fundo, mas os bancos ainda não aceitaram a proposta da Explorer, porque nem todos estão de acordo com as condições. O acordo com a banca pretendido pela Explorer inclui ainda financiamento bancário, equity e dívida mezzanine no mercado.

A expectativa é que, se os bancos aceitarem as condições, a venda do Discovery seja fechada até ao fim do ano. Este fundo de promoção turística, cujo valor subiu 35% em sete anos, explora mais de 40 ativos hoteleiros em Portugal, incluindo o Six Senses Douro Valley, o Hotel da Praia Verde e o Eden Resort, no Algarve.

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