⛽ Combustíveis disparam na segunda-feira com conflito no Médio Oriente. Gasóleo sobe oito cêntimos e gasolina três

A partir de segunda-feira, quando for abastecer, deverá passar a pagar 1,615 euros por litro de gasóleo simples e 1,723 euros por litro de gasolina simples 95.

Na próxima semana os combustíveis vão subir significativamente, sobretudo o gasóleo — por isso, se puder, não espere pela segunda-feira para atestar o automóvel.

O gasóleo, o combustível mais utilizado em Portugal, deverá subir oito cêntimos a partir de segunda-feira, e a gasolina deverá ter um agravamento de três cêntimos, avançou ao ECO fonte do mercado. A escalada do conflito no Médio Oriente está a alimentar receios de perturbações no abastecimento e o barril de brent já ultrapassou os 77 dólares esta semana. É preciso recuar a 24 de julho de 2023 para encontrar uma subida mais expressiva do diesel (8,4 cêntimos) e a 24 de março deste ano no caso da gasolina (3,7 cêntimos).

Assim, quando for abastecer, deverá passar a pagar 1,615 euros por litro de gasóleo simples e 1,723 euros por litro de gasolina simples 95, tendo em conta os valores médios praticados nas bombas à segunda-feira, divulgados pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG).

Apesar das subidas, e caso se confirmem estes valores, desde o início do ano os preços do diesel desceram 1,8 cêntimos e os da gasolina 5,3 cêntimos.

Os valores podem ainda sofrer alterações para ter em conta o fecho das cotações do petróleo brent esta sexta-feira e o comportamento do mercado cambial. Mas também porque os preços finais resultam da média dos valores praticados por todas as gasolineiras. Além disso, os preços cobrados ao consumidor final podem variar consoante o posto de abastecimento.

Esta semana, o gasóleo subiu 1,7 cêntimos e a gasolina 1,4 cêntimos, subidas superiores às expectativas do mercado, que apontavam para valorizações de 1,5 cêntimos e um cêntimo, respetivamente.

powered by Advanced iFrame free. Get the Pro version on CodeCanyon.

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

Entretanto, os contratos futuros do brent, que servem de referência para o mercado europeu, estão esta sexta-feira a descer 0,46%, para 76,81 dólares por barril, mas caminham para a terceira semana de ganhos, pois a escalada das hostilidades no Médio Oriente continuou a alimentar receios de interrupções no fornecimento regional. Esta semana, o ganho esperado é de 4%.

Os ataques entre Israel e Irão persistem. Telavive ordenou a intensificação dos ataques contra alvos estratégicos e governamentais em Teerão, após um míssil iraniano ter atingido uma ala vazia de grande hospital em Israel. Os olhos estão postos na Casa Branca, enquanto o Presidente Donald Trump pondera o envolvimento direto dos EUA no conflito. A decisão deverá ser tomada dentro de duas semanas. Apesar dos riscos elevados, os relatórios indicaram que o Irão está a manter as exportações de crude, carregando 2,2 milhões de barris por dia até agora esta semana — o nível mais elevado em cinco semanas.

Os preços do petróleo subiram também fruto de uma queda mais acentuada do que o esperado nos stocks de crude dos EUA no início da semana, com os dados do governo a mostrarem o maior declínio semanal num ano.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Importações da UE vindas do Mercosul dispararam 50% numa década

  • Joana Abrantes Gomes
  • 20 Junho 2025

As importações do bloco comunitário provenientes dos quatro países sul-americanos envolvem principalmente produtos agrícolas, vegetais e minerais. UE exporta, sobretudo, produtos farmacêuticos.

As importações da União Europeia (UE) provenientes dos países do Mercosul registaram um crescimento homólogo de 4,2% em 2024, para 56 mil milhões de euros, ano em que os dois blocos concluíram as negociações de um acordo comercial, que vinha a ser negociado há 25 anos. Já as exportações do bloco comunitário para o bloco sul-americano totalizaram 55,2 mil milhões de euros, menos 1,3% do que em 2023.

Os dados, divulgados esta sexta-feira pelo Eurostat, mostram que as importações da UE aumentaram 50,3%, ou 18,8 mil milhões de euros, na última década. As exportações, por sua vez, tiveram um crescimento menor no mesmo período: de 25,1%, ou 11,1 mil milhões de euros.

Fonte: Eurostat

Segundo o gabinete estatístico europeu, o Brasil foi o maior parceiro comercial do Mercosul no ano passado, com uma quota-parte no comércio total da UE (importações e exportações) de 89,5 mil milhões de euros, sendo seguido, a larga distância, pela Argentina (16,4 mil milhões de euros).

A maioria das importações provenientes dos quatro países sul-americanos foram bens primários (81,3% do total), ao passo que a UE exportou, sobretudo, bens manufaturados, que equivalem a 86,6% do total das exportações dos 27 Estados europeus para a Argentina, o Brasil, o Paraguai e o Uruguai.

Importações que explicam as resistências ao acordo, nomeadamente dos agricultores franceses. Receiam que este promova uma concorrência desleal entre os dois blocos. Por isso exigem que sejam adotadas cláusulas-espelho para que as exportações de bens e serviços provenientes da América Latina sigam as mesmas regras e regulamentos a que estão sujeitos os produtos europeus exportados. A exportação de carne bovina é ilustrativa das preocupações dos agricultores europeus, porque a criação de bovinos em países como o Brasil ou Argentina não respeitam as mesmas normas sanitárias e ambientais que na Europa, sendo estes animais criados com custos laborais mais baixos o que, por sua vez, torna o produto final mais barato.

No que toca aos produtos mais importados pela UE, em termos de valor, o petróleo e produtos e materiais conexos (12,1 mil milhões de euros) lideram, seguindo-se os alimentos para animais (7,1 mil milhões de euros), o café, o chá, o cacau e as especiarias (5,2 mil milhões de euros), os minérios metálicos e sucata metálica (4,9 mil milhões de euros) e as sementes oleaginosas e frutos oleaginosos (3,7 mil milhões de euros).

Já os produtos mais exportados da União Europeia para o Mercosul foram os medicamentos e produtos farmacêuticos (6,8 mil milhões de euros); as máquinas e equipamentos industriais gerais (5,4 mil milhões de euros); os veículos rodoviários (4,8 mil milhões de euros); as máquinas especializadas para determinadas indústrias (3,4 mil milhões de euros); e as máquinas, aparelhos e dispositivos elétricos (3,0 mil milhões de euros).

Depois do acordo político alcançado em 2019, as longas negociações entre a UE e o Mercado Comum do Sul foram finalmente concluídas em dezembro do ano passado. Falta apenas ratificar o acordo de comércio livre entre os dois blocos, estando agora a decisão nas mãos dos 27 Estados-membros e do Conselho Europeu, com o Parlamento Europeu a ter de dar a luz verde final para a adoção efetiva do acordo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Ministros das Finanças da UE aprovam financiamento recorde do BEI de 100 mil milhões este ano

  • Lusa
  • 20 Junho 2025

O novo teto de financiamento do BEI para 2025 resulta de uma revisão intermédia do plano operacional da instituição e inclui uma fatia de 3,5% do total do financiamento destinado à segurança e defesa.

Os ministros das Finanças da União Europeia (UE) aprovaram um teto de financiamento recorde do Banco Europeu de Investimento (BEI), de 100 mil milhões de euros neste ano, alocando 3,5% à segurança e defesa europeia.

“Os acionistas do Banco Europeu de Investimento – Grupo BEI -, os Estados-membros da UE, aprovaram um teto de financiamento recorde de 100 mil milhões de euros para este ano e novos programas para reforçar a competitividade, a liderança tecnológica e a segurança da Europa”, indicou a instituição em comunicado.

Reunidos no Luxemburgo na sua reunião regular do mês, os ministros das Finanças da UE, que compõem o Conselho de Governadores do BEI, confirmaram a aprovação dos Conselhos de Administração do BEI e do Fundo Europeu de Investimento para este aumento do financiamento destinado à segurança e defesa, redes de energia e a um novo programa para impulsionar a liderança tecnológica da Europa.

Citada no comunicado, a presidente do grupo BEI, Nadia Calviño, sublinhou o “apoio unânime dos acionistas, os 27 Estados-membros, às propostas para financiamento recorde da defesa, segurança energética e liderança tecnológica”.

Segundo a responsável espanhola, isto “mostra o papel crucial do grupo BEI no apoio às prioridades estratégicas da Europa”.

O novo teto de financiamento do grupo BEI para 2025 resulta de uma revisão intermédia do plano operacional da instituição e inclui uma fatia de 3,5% do total do financiamento destinado à segurança e defesa europeias, um financiamento recorde superior a 11 mil milhões de euros para redes de eletricidade e armazenamento na Europa e ainda apoio reforçado à inovação tecnológica e industrial da UE.

Foi também aprovado que o ministro das Finanças checo, Zbynek Stanjura, assuma a presidência do Conselho de Governadores por um ano e que a nova presidente do Comité de Auditoria seja Katja Pluto, substituindo no cargo o português Nuno Gracias Fernandes.

O BEI é a instituição de empréstimo a longo prazo da UE, propriedade dos seus Estados-membros. Enquanto banco da UE, financia investimentos em prioridades centrais como a ação climática, digitalização, segurança e defesa, coesão, agricultura e bioeconomia, infraestruturas sociais, União dos Mercados de Capitais e o fortalecimento do papel da Europa.

Em 2024, o grupo BEI assinou quase 89 mil milhões de euros em novos financiamentos para mais de 900 projetos de alto impacto, mobilizando mais de 100 mil milhões de euros em investimento para a segurança energética da Europa e cerca de 110 mil milhões de euros em capital de crescimento para ‘startups’ e empresas inovadoras.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Investimento nos Certificados de Aforro abranda com juros em queda

Famílias aplicaram mais 475 milhões de euros nos Certificados de Aforro em maio em termos líquidos, o montante mais baixo em quatro meses.

O investimento nos Certificados de Aforro abrandou em maio perante a descida da remuneração oferecida por estes títulos de poupança do Estado.

Estes certificados captaram 475,2 milhões de euros no mês passado em termos de subscrições líquidas de resgates, montante que fica abaixo dos valores registados nos três meses anterior. Em abril, tinham atraído 541,6 milhões, de acordo com os dados divulgados esta sexta-feira pelo Banco de Portugal.

Isto acontece numa altura em que a remuneração dos Certificados de Aforro está a perder brilho por conta da descida da Euribor a 3 meses. Em abril, deixaram de render o teto máximo de 2,5% em abril. Em maio as novas subscrições feitas nesse mês viram a taxa de remuneração base cair para 2,216%. E continua a cair.

Ainda assim, as aplicações nos Certificados de Aforro continuam a engordar para níveis históricos: as famílias portuguesas tinham perto de 37,5 mil milhões de euros investidos nestes certificados.

Certificados de Aforro captam menos em maio

Fonte: Banco de Portugal

Já os Certificados do Tesouro registaram subscrições líquidas negativas de 172 milhões de euros em maio. Há 43 meses que sai mais dinheiro do que entra nestes certificados onde, ainda assim, estavam aplicados 8,97 mil milhões no final do mês passado.

Tudo somado, as famílias confiavam ao Estado 46,47 mil milhões de euros através das poupanças que estavam aplicadas tanto nos Certificados de Aforro como nos Certificados do Tesouro no final do mês passado, segundo os dados do supervisor.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo quer fim da exceção para brasileiros e timorenses que entram no país como turistas e pedem autorizações de residência

  • ECO
  • 20 Junho 2025

Lei vai ser alterada para que brasileiros e timorenses só possam aceder à autorização de residência se entrarem em Portugal com visto para obtenção de autorização de residência ou visto de trabalho.

O Governo vai alterar o regime que permite a cidadãos brasileiros e timorenses que entrem em Portugal como turistas, e, por isso, sem necessidade de visto, poderem pedir uma autorização de residência no país. O objetivo, segundo o Expresso (acesso pago), é que só possam aceder à autorização de residência se entrarem em Portugal com visto para obtenção de autorização de residência ou visto de trabalho.

O Executivo de Luís Montenegro teme que esta facilidade prevista em acordos bilaterais com o Brasil e Timor-Leste possa vir a tornar-se uma espécie de “manifestação de interesse light”. Ainda ninguém teve acesso a este regime, porque a regulamentação da lei não está concluída, mas a entrada de vários milhares de processos na Justiça para obrigar a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) a analisar os pedidos fez soar alarmes.

Contudo, estas alterações não implicam a suspensão do acordo CPLP nem mudanças nos vistos ou nas autorizações de residência CPLP precedidas de vistos consulares. O Governo tenciona agir apenas sobre pedidos realizados em território nacional, que não têm por base quaisquer vistos ou vistos de turismo. Os cidadãos brasileiros e timorenses vão continuar a poder viajar para Portugal sem visto, apenas não poderão iniciar um pedido de regularização.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Intenções de voto em Gouveia e Melo caem com subida de Marques Mendes

  • ECO
  • 20 Junho 2025

No barómetro da Intercampus de junho, o almirante reúne 27,3% das intenções de voto, enquanto as do social-democrata cresceram 4,6 pontos percentuais face a março, para 18,5%. Seguro tem 11%.

As intenções de voto em Henrique Gouveia e Melo para as eleições presidenciais do próximo ano caíram depois de o militar na reserva ter confirmado e apresentado a sua candidatura, segundo mostra o barómetro da Intercampus de junho para o Correio da Manhã, a CMTV e o Jornal de Negócios. Apesar de se manter como o preferido para suceder a Marcelo Rebelo de Sousa, o ex-chefe do Estado-Maior da Armada reúne 27,3% das intenções de voto, menos 8,3 pontos percentuais em relação ao barómetro de março. Luís Marques Mendes, por sua vez, ganhou terreno, ao crescer de 13,9% para 18,5% entre as duas sondagens.

António José Seguro, por seu lado, parece ter beneficiado do anúncio da sua candidatura ao Palácio de Belém, ao reunir 11% das intenções de voto, deixando-o à frente do líder do Chega, André Ventura — que tem sido incentivado por militantes para avançar, mas ainda não o fez –, embora numa situação de empate técnico. Segue-se Mariana Mortágua, que parece não ter sido prejudicada com o desastre do Bloco de Esquerda nas legislativas antecipadas de 18 de maio e tem mais uma décima do que António Sampaio da Nóvoa. Há, porém, uma elevada percentagem de inquiridos que não sabe quem escolher (23,2%).

Num cenário de segunda volta, a distância entre Gouveia e Melo e Marques Mendes também encurtou: o almirante surge com 41,1% das intenções de voto, menos 10,5 pontos percentuais face a março, enquanto as intenções de voto no antigo líder do PSD subiram 6,9 pontos, para 35,4%. Nas mesmas circunstâncias, António José Seguro apresenta 32,3% das intenções de voto contra o militar e 30% contra o candidato social-democrata.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

FMI alerta que Zona Euro está em risco de entrar em estagnação se não adotar reformas profundas

Apesar da resiliência, o Fundo Monetário Internacional refere que a área do euro tropeça em barreiras internas, investimento anémico e uma fragmentação que mina a ambição de crescer.

A economia da Zona Euro está numa encruzilhada. Apesar da resiliência demonstrada, com desemprego em mínimos históricos e inflação controlada, o Fundo Monetário Internacional (FMI) alerta que sem medidas decisivas, sem reformas, a área do euro caminha para a estagnação económica.

No mais recente relatório sobre a região, o FMI mantém a projeção de um crescimento modesto de apenas 0,8% para 2025 revelado anteriormente o World Economic Outlook de abril, num cenário onde as tensões comerciais, os desafios geopolíticos e a fraca produtividade ameaçam comprometer o futuro económico do bloco.

O FMI nota que a economia da Zona Euro “continua resiliente, com o desemprego em níveis historicamente baixos, inflação geral próxima da meta e um sistema financeiro estável”, mas salienta que o cenário de aparente estabilidade esconde fragilidades estruturais profundas.

Os analistas do FMI estimam que as barreiras remanescentes dentro do mercado único são equivalentes, em média, a uma tarifa de 44% sobre bens e 110% sobre serviços.

O Fundo refere que os riscos para o crescimento económico são predominantemente negativos. “A incerteza da política comercial, uma maior escalada tarifária ou tensões geopolíticas poderiam pesar mais do que o esperado sobre a procura e o crescimento”, alertam os técnicos da instituição liderada por Kristalina Georgieva.

O relatório identifica vários fatores que contribuem para este cenário desafiante: “Tensões comerciais, aumento da procura por gastos com defesa e a necessidade de garantir a segurança energética — tudo isso enquanto lidam com uma produtividade abaixo do ideal, envelhecimento populacional acelerado e fraco crescimento no médio prazo”, destacam os analistas.

Aprofundar o mercado único adotar ajustes orçamentais

Para o FMI, a solução mais eficaz para os problemas estruturais da Europa passa por uma ação decisiva ao nível da União Europeia, com especial foco no aprofundamento do mercado único. “Aprofundar o mercado único da União Europeia é a principal ferramenta disponível para os decisores políticos aumentarem o investimento, a inovação e a produtividade”, defende o Fundo.

A análise do FMI revela que as barreiras remanescentes dentro do mercado único são equivalentes, em média, a uma tarifa de 44% sobre bens e 110% sobre serviços. A eliminação destas barreiras poderia impulsionar significativamente o crescimento económico do bloco. É neste sentido que relatório destaca quatro prioridades fundamentais para completar o mercado único:

  • Reduzir a fragmentação regulatória.
  • Avançar com a União dos Mercados de Capitais (UMC) para facilitar uma canalização mais eficiente da poupança para o capital de risco das empresas.
  • Aumentar a mobilidade laboral intra-União Europeia.
  • Integrar o mercado energético da União Europeia.

Simulações do FMI sugerem que a implementação destas medidas poderia aumentar o PIB potencial da região da União Europeia em cerca de 3% ao longo de uma década, beneficiando todos os países membros.

O FMI recomenda que todas as economias da Zona Euro, excluindo a Alemanha, melhorem o seu saldo estrutural primário para um excedente de 1,4% do PIB até 2030.

O FMI é também claro quanto à necessidade de ajustes orçamentais significativos, especialmente para os países com elevada dívida pública. “Para os países com dívida elevada e espaço orçamental limitado, são necessários ajustamentos orçamentais significativos para mitigar os riscos, enquanto os países com espaço orçamental podem adiar o ajustamento orçamental”, afirmam os técnicos.

O FMI recomenda que todas as economias da Zona Euro, excluindo a Alemanha, melhorem o seu saldo estrutural primário para um excedente de 1,4% do PIB até 2030. Isto exigiria “uma redução cumulativa adicional do défice de cerca de dois pontos percentuais no período 2024-2030, em comparação com o cenário de base”, estimam o Fundo.

Esta consolidação orçamental torna-se ainda mais desafiante face às crescentes pressões de despesa. O FMI estima que as pressões resultantes do aumento dos juros, do envelhecimento da população, da transição climática e da segurança energética e defesa “atingirão 4,4% do PIB por ano nas economias europeias até 2050”.

A utilização de cláusulas de salvaguarda para apoiar o aumento das despesas de defesa dos Estados-membros deve limitar-se à fase inicial.

Fundo Monetário Internacional

Relatório de 19 de junho do FMI sobre a declaração final dos serviços do FMI sobre a missão de 2025 relativa às políticas comuns para os países membros

Um ponto particularmente relevante do relatório refere-se ao aumento das despesas com defesa, tema que ganhou urgência no atual contexto geopolítico europeu. O FMI reconhece a necessidade destes investimentos, mas adverte quanto à sua implementação.

“A utilização de cláusulas de salvaguarda para apoiar o aumento das despesas de defesa dos Estados-membros deve limitar-se à fase inicial”, alerta o FMI. O Fundo insta Bruxelas e os Estados-membros a analisarem continuamente o impacto destes gastos na sustentabilidade da dívida pública e a “desenvolverem planos para colocar a dívida numa trajetória estável ou decrescente a médio prazo”.

Esta recomendação surge num momento em que vários países europeus, incluindo Portugal, procuram aumentar significativamente os seus orçamentos de defesa, recorrendo às cláusulas de salvaguarda previstas no Pacto de Estabilidade e Crescimento.

Política monetária com portas abertas para a neutralidade

No campo da política monetária, o FMI considera que, com a inflação a aproximar-se da meta e o hiato do produto ligeiramente negativo, “uma postura de política monetária próxima da neutralidade é justificada”.

“Mantendo a taxa de política em 2% ajudará a manter a inflação em torno da meta na segunda metade de 2025 e além”, recomenda o Fundo. Esta posição alinha-se com as expectativas dos analistas de mercado, que preveem que o BCE mantenha a taxa de juro dos depósitos em 2% até ao início de 2028, após uma última redução em junho.

O FMI reconhece, no entanto, que “as perspetivas são altamente incertas, e o caminho da política pode precisar de ser ajustado com base nos dados recebidos ou nos desenvolvimentos”. Esta abordagem cautelosa reflete as preocupações com possíveis choques inflacionários ou deflacionários num ambiente económico volátil.

O FMI recomenda que as autoridades “estejam prontas para enfrentar potencial stress de liquidez, incluindo a preparação de um quadro para a provisão de assistência de liquidez de emergência às instituições financeiras não bancárias.

A avaliação do setor financeiro europeu pelo FMI é globalmente positiva, mas com importantes ressalvas. “O sistema bancário geralmente parece adequadamente capitalizado e líquido, mas as autoridades devem monitorizar de perto as vulnerabilidades do crescente setor das instituições financeiras não bancárias (NBFI)“, alerta o relatório.

Embora os riscos de estabilidade financeira ligados ao anterior aperto monetário estejam a diminuir, o FMI identifica novos riscos sistémicos, “particularmente da volatilidade do mercado devido a tarifas mais elevadas e exposições dos bancos às NBFI”.

O Fundo recomenda que as autoridades “estejam prontas para enfrentar potencial stress de liquidez, incluindo a preparação de um quadro para a provisão de assistência de liquidez de emergência às NBFI, juntamente com uma supervisão mais próxima”.

Os analistas do FMI consideram que “o orçamento da União Europeia tenha de aumentar pelo menos 50%, se os programas existentes forem para ser mantidos”.

Um tema recorrente no relatório do FMI é a necessidade de maior coordenação ao nível europeu para enfrentar os desafios comuns. “Esforços coordenados ao nível da União Europeia e investimentos direcionados podem ajudar a enfrentar desafios partilhados de forma rentável, apoiando os Estados-membros na gestão dos trade-offs orçamentais”, defendem os analistas.

Para apoiar investimentos em áreas prioritárias como inovação, transição energética e defesa coletiva, o FMI considera que “o orçamento da União Europeia tenha de aumentar pelo menos 50%, se os programas existentes forem para ser mantidos”.

O relatório sublinha que “investimentos coordenados que melhor internalizem externalidades positivas transfronteiriças e minimizem esforços nacionais duplicados gerarão poupanças orçamentais líquidas para os Estados-membros”.

Na área da transição energética, por exemplo, o FMI estima que “uma melhor coordenação e planeamento ao nível da UE pode reduzir os custos de investimento em 7%”.

O relatório do FMI representa um alerta para os decisores políticos europeus: sem ações decisivas e coordenadas, a Zona Euro arrisca-se a entrar num período prolongado de baixo crescimento. As recomendações do Fundo apontam para um caminho exigente que visa aprofundar o mercado único, garantir a sustentabilidade orçamental, manter a estabilidade monetária e financeira, e reforçar a coordenação europeia.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

“Para cisões artificiais criadas por fins políticos e demagógicos não contem comigo”, diz bastonário dos advogados

O Bastonário da Ordem dos Advogados, João Massano, encerrou a 8ª edição da Advocatus Summit. Na sua intervenção referiu que o seu Conselho Geral enfrenta muitos desafios relativamente à advocacia.

“A primeira garantia que deixo aqui – e que também foi outro dos ataques de que fui alvo – é que comigo não há separação entre advocacias. Não há separação entre a prática societária e o apoio judiciário, nem entre a prática individual e a prática societária, ou qualquer outra distinção que queiram fazer”. O bastonário da Ordem dos Advogados, João Massano, encerrou a 8ª edição da Advocatus Summit. Na sua intervenção referiu que o seu Conselho Geral enfrenta muitos desafios relativamente à advocacia, e que é necessário tomar muitas decisões que impactarão a classe.

“Para cisões artificiais criadas por fins políticos e demagógicos não contem comigo. Não as farei. Sempre defendi, e continuarei a defender, que todos somos Advogados, independentemente da área de prática e das diferenças que, não nego, existem. Por isso, serei o Bastonário (como já disse várias vezes) de todos e não apenas de uma parte da classe, muito menos contra outra parte da mesma classe”, disse o bastonário.

Referindo- se à Inteligência Artificial, disse ainda que a mesma “levanta-nos diversos problemas. Ainda esta semana, no âmbito da procuradoria ilícita, interrogava-me sobre a possibilidade de haver procuradoria ilícita praticada, por exemplo, pelo ChatGPT – o que é, de facto, uma questão. Não vamos estar a ‘processar’ o ChatGPT, mas não deixa de ser curioso o risco que daí advém, ainda para mais sabendo nós da evolução vertiginosa que está a acontecer com estas plataformas. Muito especificamente, falo de uma ferramenta da Google que me foi apresentada esta semana e que me deixou francamente – por um lado – maravilhado com o tempo que me permite poupar, pois é capaz de redigir articulados com um grau muito satisfatório. Naturalmente exige programação, e aí está a grande vantagem desta plataforma. Uma das coisas que nos têm sido vendidas – a nós, Advogados – é que um bom escritório de Advocacia que queira sobreviver no futuro precisa de ter a Inteligência Artificial ao seu lado, a funcionar da forma mais correta e eficaz possível, e… um engenheiro informático”.

Veja aqui o vídeo na íntegra:

powered by Advanced iFrame free. Get the Pro version on CodeCanyon.

O bastonário da Ordem dos Advogados disse ainda que “a advocacia e o seu Bastonário estiveram, nos últimos cinco ou seis anos, numa posição quase de líder da oposição. E isso prejudicou-nos imenso. Basta ver o que está à nossa volta. A nossa classe foi claramente prejudicada por termos estado de costas voltadas para o Ministério da Justiça. Pelo menos, já há fotografias do Bastonário com a Ministra da Justiça — o que já é uma vantagem. Já andamos nas redes sociais. Mas espero que, para além do folclore das redes sociais, consigamos alcançar mudanças concretas na prática da profissão. É por isso que vou lutar”.

 

“A descredibilização da Justiça não serve à sociedade. Só serve a quem quer explorar brechas, desinformação e fake news para fazer passar uma mensagem e minar as instituições. Por mais que se goste ou não da Procuradora-Geral da República, do Bastonário da Ordem dos Advogados ou da Ministra da Justiça, precisamos de uma Justiça forte e credível. Só essa serve toda a gente”, disse ainda o advogado João Massano. “Só essa permite a convivência social de que tanto precisamos”.

E sugeriu que é necessário “partir a reforma da Justiça em pedaços mais pequenos, para que pelo menos alguma coisa se faça.
E não passemos o tempo apenas a falar em reformas”.

A Advocatus Summit realizou-se nos dias 29 e 30 de maio. Naquela que já é a sua 8ª edição, este ano o evento realizou-se no Auditório da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

Durante duas manhãs, reunimos alguns dos principais nomes da advocacia de negócios em Portugal para debater os grandes temas que moldam a prática jurídica: Fiscalidade, governance e compliance, investimento em Portugal, Cibersegurança e IA, Concorrência e direitos do consumidor, Agribusiness, smart cities e o papel do advogado em projetos cross-border.

O principal evento que liga a advocacia aos agentes empresariais e da economia é uma iniciativa ECO e ADVOCATUS que conta com o apoio de: Abreu Advogados, CMS Portugal, CS’Associados, Deloitte Legal, EY Law, Morais Leitão, Pérez-Llorca, PLMJ, PRA – Raposo, Sá Miranda & Associados, Proença de Carvalho, PwC Portugal, Sérvulo & Associados, SRS Legal, TELLES e Vieira de Almeida.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Hoje nas notícias: Eleições presidenciais, imigração e Lone Star

  • ECO
  • 20 Junho 2025

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Luís Marques Mendes encurta a distância para Henrique Gouveia e Melo nas intenções de voto do barómetro da Intercampus para as eleições presidenciais. O Governo quer pôr fim à exceção legislativa que permite que cidadãos brasileiros e timorenses que entram como turistas no país possam pedir autorizações de residência. Conheça estas e outras notícias em destaque na imprensa nacional esta sexta-feira.

Sondagem: Gouveia e Melo afunda com subida de Marques Mendes

O barómetro da Intercampus de junho para o Correio da Manhã, a CMTV e o Jornal de Negócios mostra que as intenções de voto em Henrique Gouveia e Melo nas eleições presidenciais caíram depois de o militar na reserva ter confirmado e apresentado a candidatura. Embora se mantenha como o preferido para suceder a Marcelo Rebelo de Sousa, o ex-chefe da Armada tem 27,3% das intenções de voto, menos 8,3 pontos percentuais face ao barómetro de março. Luís Marques Mendes, por sua vez, ganhou terreno, ao crescer de 13,9% para 18,5% entre as duas sondagens. Mesmo num cenário de segunda volta entre Gouveia e Melo e Marques Mendes, a distância reduziu: o militar surge com 41,1% das intenções de voto, menos 10,5 pontos percentuais em relação a março, enquanto o antigo líder do PSD subiu 6,9 pontos, para 35,4%.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago)

Governo quer fim da exceção para brasileiros e timorenses

O Governo vai alterar o regime que permite a cidadãos brasileiros e timorenses que entrem em Portugal como turistas, e por isso sem necessidade de visto, poderem pedir uma autorização de residência no país, de modo a que só possam aceder à autorização de residência se entrarem em Portugal com visto para obtenção de autorização de residência ou visto de trabalho. O Executivo de Luís Montenegro teme que esta facilidade prevista em acordos bilaterais possa vir a tornar-se uma espécie de “manifestação de interesse light”. Ainda ninguém teve acesso a este regime, porque a regulamentação da lei não está concluída, mas a entrada de vários milhares de processos na Justiça para obrigar a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) a analisar os pedidos fez soar alarmes.

Leia a notícia completa no Expresso (acesso pago)

Lone Star ganhou 1,7 milhões de euros por dia com o Novobanco

Entre a entrada no capital, em outubro de 2017, com uma injeção de 1.000 milhões de euros, e o anúncio do acordo para a venda ao BPCE, em 13 de junho, em que recebeu cerca de 1.000 milhões de dividendos e vendeu a participação de 75%, a Lone Star teve um ganho diário de 1,7 milhões de euros com o Novobanco. Como o acordo prevê que a tomada de controlo pelo grupo francês só ocorra em 2026, o fundo norte-americano pode vir ainda engordar o seu encaixe total com a aposta que fez no antigo BES.

Leia a notícia completa no Expresso (acesso pago)

“Procuramos sinergias de receitas, alavancado a experiência do BPCE”, diz CEO

O CEO do Banque Populaire – Caisse d’Épargne (BPCE) assinala que a aquisição do Novobanco irá “reforçar” a presença do grupo francês na Europa e “está perfeitamente alinhada” com a sua ambição de crescer. “O nosso plano estratégico, divulgado há um ano, previa o nosso crescimento em três círculos: França, Europa e o resto do mundo. A dimensão e a solidez do Novobanco, que é o quarto maior banco comercial português, com uma quota de mercado de 9% em clientes particulares e de 14% em clientes empresariais, estão em linha com esta ambição”, aponta Nicolas Namias, em declarações ao Jornal Económico. Não tendo uma rede bancária de retalho em Portugal, não poderá contar com sinergias pelo lado dos custos. “Em vez disso, procuramos obter sinergias de receitas, alavancando a vasta experiência do BPCE”, refere.

Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso pago)

Baixas de curta duração estão a custar seis dias de salário aos doentes

Entrar de baixa logo após uma autodeclaração de doença (ADD) está a gerar uma perda de seis dias de salário para o doente. Este período equivale aos três dias de faltas justificadas ao trabalho com a ADD, que não são pagas, a par com os primeiros três dias do certificado de incapacidade temporária (CIT), que também não são pagos pela Segurança Social. Embora o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social garanta que há uma exceção legal para que o trabalhador seja abrangido apenas por um período de espera de três dias até à atribuição do subsídio de doença, a realidade é outra, o que pode ter que ver com dificuldades no cruzamento da informação.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

+M

“São muitos os humoristas que investem o seu tempo a justificar que é só uma piada” por “medo de serem cancelados”

As fronteiras do humor são tema de discussão em Portugal e no Brasil. A advogada Ana Rita Duarte de Campos e o produtor Hugo Nóbrega são unanimes: os limites são os da liberdade de expressão.

“Também tenho uma opinião sobre a interpretação do hino e deste processo judicial, mas, como fiz alguns investimentos recentemente, neste momento receio não ter liquidez suficiente para dá-la. Fica para outra vez”. A frase com que Ricardo Araújo Pereira termina a crónica “Os Anjos acham que nós somos anjinhos”, no Expresso, resume o caso que fez as delícias das redes sociais na última semana. Apesar de na génese estar uma piada, e de os episódios em tribunal terem provocado certamente muitas gargalhadas durante os últimos dias, a humorista Joana Marques está a responder no âmbito de um processo em os Anjos lhe exigem uma indemnização superior a um milhão de euros, na sequência de um vídeo que mostrava partes da atuação da dupla constituída por Nelson e Sérgio Rosado, antes de uma prova do MotoGP em Portimão, a cantar o hino, intervalada com reações do júri do programa “Ídolos”. O caso remonta a 2022. Numa primeira fase, que aconteceu em 2024, terá sido tentado um acordo em audiência preliminar, que não foi alcançado.

Um humorista pode ser condenado a uma pena de prisão por uma piada? Um sketch pode causar mais de um milhão de euros de danos aos visados?

Os limites do humor estão em discussão também no Brasil, país onde o humorista Leo Lins foi este mês de junho condenado a oito anos e três meses de prisão e ao pagamento de uma multa de 1,4 milhões de reais (cerca de 220 mil euros), por piadas ditas no YouTube, também em 2022. Neste caso, a sentença terá identificado 13 discursos preconceituosos e discriminatórios contra nordestinos, idosos, homossexuais, portadores de VIH, negros, obesos, judeus, evangélicos, indígenas e portadores de deficiência.

O produtor Hugo Nóbrega, que a título de exemplo traz por estes dias a Portugal o “Céu da Língua”, espetáculo de Gregório Duvivier, distingue os temas. “No caso da Joana Marques, estamos a discutir, quanto a mim, o direito das pessoas mencionadas numa peça humorística de pedirem indemnização por danos à reputação, e não os limites do humor”, aponta.

Hugo Nóbrega, fundador da H2N

“Problemas técnicos são infelizmente comuns em eventos que não foram pensados para atuações, como é o caso da MotoGP. Penso que a maioria dos ouvintes entendeu que o acontecimento não se deveu a má preparação dos Anjos. E quem está na área musical, como agente ou contratante, consegue discernir sobre isso e não colocar a responsabilidade na falta de talento ou profissionalismo dos Anjos. Portanto, custa-me aceitar a ideia de que após este momento, existiram cancelamentos na área profissional devido a este episódio”, descreve. “Conseguimos entender que os Anjos considerem que o conteúdo foi altamente manipulado, de forma a que a narrativa tivesse mais graça. Mas creio que a responsabilidade pelos danos causados à reputação da banda deve ser analisada em relação ao evento e à organização do mesmo e não às peças humorísticas sobre o mesmo”, defende o fundador da H2N.

Hugo Nóbrega diz não acreditar numa condenação e defende que Joana Marques, ao não apagar o vídeo, apenas quis mostrar que o conteúdo humorístico não deve ser retirado porque alguém se sente ofendido. “É um tema bastante sensível, para mais entre colegas do setor artístico, onde é normal que entendam que tem de existir uma empatia e uma não ofensa entre pares. E a Joana Marques, enquanto humorista não se vê nessa necessidade de posição empática, por achar quanto a mim, que o riso deve ser transgressor e que cabe também a quem assiste conseguir relevar. O risco muitas vezes é este”, resume.

“As consequências são totalmente diferentes como vemos no caso do Leo Lins. À luz da Justiça brasileira, pode estar em causa a propaganda de conteúdos racistas e xenófobos, considerados crime, mesmo num contexto de palco e de espetáculo. A decisão pode vir a ser revertida no recurso, acredito que sim, mas há que tem em conta que no Brasil temas de ordem racial são claramente red flags, como um não assunto de comédia, dada a história tão recente de opressor e oprimido”, enquadra.

No caso da Joana Marques, por seu turno, falamos de direito cível e de danos reputacionais, na opinião de Hugo Nóbrega “muito difíceis de relacionar”, até porque “há ali no momento uma falha técnica que torna todo o momento estranho no mínimo para quem assiste”. Ora, “e é aí que normalmente o humorista entra, com o seu olhar cómico, acutilante, mas dentro dum conteúdo relativo ao acontecimento em si, que todos admitimos que é bastante editado e manipulado, mas que quanto a mim não tem uma base de ofensa gratuita aos visados, mas sim ao contexto daquele momento”, distingue o produtor.

No Brasil, quem defendeu o humorista no que concerne à sua liberdade de expressão, foi altamente cancelado e “obrigado” a retratar-se. Em Portugal, a nova série “Ruído”, criada pelo Bruno Nogueira, leva-nos para um mundo onde o riso foi proibido. São muitos os humoristas que investem o seu tempo a justificar, primeiro, que é só uma piada, e segundo a explicarem a própria piada, com medo de serem cancelados, pela má interpretação da mesma.

Hugo Nóbrega

Fundador da H2N

Ana Rita Duarte de Campos, sócia contratada da Abreu Advogados e especialista em Direito Penal, esclarece que uma sentença idêntica à de Leo Lins não podia acontecer em Portugal. “Esta sentença tem que ver, sobretudo, com a aplicação de normas penais recentes cujo alcance, sobretudo fora do Brasil, penso que ninguém anteciparia”, defende a especialista.

“Muito já foi dito no espaço público e eu concordo que o humor, enquanto arte, goste-se mais ou menos do humorista ou da piada concretos, encerra uma dimensão hiperbólica, de redução ao absurdo e de crítica e, muitas vezes, de condenação de atitudes através da sua aparente emulação. Digo aparente porque quem não perceber isto não percebe o que é o humor, enquanto expressão artística”, comenta a advogada. “Isto não foi tido em linha de conta pela decisão proferida, que assentou na qualificação dos crimes pela circunstância de terem ocorrido no contexto artístico e não apenas pelo facto de terem sido difundidos em plataformas de streaming (tendo o Tribunal, em momento anterior do processo, determinado que o vídeo em questão fosse retirado)”, prossegue. Mais, “desconsiderar as características do discurso humorístico é fazer equivaler pensamento a ação penal, e esse caminho também é muito perigoso. Basta ler o “1984”, de Orwell que, também por esta razão, está cada vez mais atual”, aponta.

Ana Rita Duarte de Campos acrescenta outro ponto. “É ainda de notar que a apropriação estadual de determinados bens jurídicos individuais, sob o manto das tarefas do Estado, pode levar a resultados perniciosos e o exemplo está à vista, na escalada que vai de crimes de injúria, para crimes de racismo que, de repente, permitem que o Ministério Público Federal se transforme em polícia de costumes e que a multiplicação das “injúrias”, por via da teoria do concurso de crimes dê amparo à pena única e à multa absurdas em que Leo Lins foi condenado”.

Ana Rita Duarte de Campos, sócia contratada da Abreu Advogados e especialista em Direito Penal

O ​ contexto do Brasil, em que estamos a assistir a um processo crime vindo do Estado, é ainda diferente de Portugal, onde alguns casos que levaram a acusações ficaram na esfera do processo cível, reforça Hugo Nóbrega.

Contudo, é um tema que preocupa bastante os humoristas, sejam ou não a favor desta condenação. “No Brasil, quem defendeu o humorista no que concerne à sua liberdade de expressão, foi altamente cancelado e “obrigado” a retratar-se. Em Portugal, a nova série “Ruído”, criada pelo Bruno Nogueira, leva-nos para um mundo onde o riso foi proibido. São muitos os humoristas que investem o seu tempo a justificar, primeiro, que é só uma piada, e segundo a explicarem a própria piada, com medo de serem cancelados, pela má interpretação da mesma”, constata o produtor.

Recentemente em Lisboa, assistimos a um humorista claramente transgressor como Ricky Gervais, a fazer um disclosure no final do show, alertando de que isto é um show, não a sua opinião real. Para muitos, este prólogo foi altamente estranho, para outros altamente importante — ambos riram dessas piadas durante o espetáculo”, acrescenta como exemplo.

Hugo Nóbrega diz não ser propriamente fã do género dark , embora reconheça que humoristas com carreiras nesta área de comédia, como Jimmy Carr (UK) ou o fenómeno recente Anthony Jeselnyk (USA) têm uma legião de fãs, “que riem de piadas moralmente inaceitáveis, completamente transgressoras de qualquer limite, mas que são surpreendidos na atuação pelo que é dito, pela forma como é entregue o texto, num contexto de espetáculo, que pagaram para assistir”.

Também polémico, acrescenta, é o recente foco em crowd work — onde o fenómeno aclamado no TikTok Matt Rife (19M seguidores) tem o seu mais recente especial na Netflix, só a interagir e a fazer troça do público, que pagou um bilhete sabendo que pode calhar a qualquer um ser gozado de forma hostil.

No seu caso, enquanto programador e produtor de festivais de comédia com artistas nacionais e internacionais, Hugo Nóbrega opta por trazer o que define como um humor afiado, inteligente e atual, fugindo a um género mais brejeiro. Sendo a programação algo de pessoal e subjetivo, o produtor diz-se “feliz por ter optado por declinar certos artistas, por entender que a proposta base vinha dum mau princípio, de ofensa pura, e não de rir, sem conteúdo bem preparado — apesar de ser polémico e ter público” e, por outro lado, “por ter trabalhado com grandes nomes do humor nacional e internacional, que tendo um humor transgressor, conseguem ter um olhar que nos surpreende pela forma como a piada é entregue”.

A Porta dos Fundos, com quem trabalha há cerca de 10 anos, tem um histórico de frequentemente bater no opressor e não no oprimido. “Em algumas polémicas eles retrataram-se, em outras não, por entenderem que de forma alguma o teriam de fazer. Mas ao terem sido alvo dum atentado em 2019 na sua sede por parte de grupos que se consideraram ofendidos, nomeadamente em assuntos de religião e de homossexualidade, ficou bem patente o risco e o medo que existe à volta do humor e que num mundo extremado como o de hoje, tende a piorar”, conclui.

O humor, enquanto arte, goste-se mais ou menos do humorista ou da piada concretos, encerra uma dimensão hiperbólica, de redução ao absurdo e de crítica e, muitas vezes, de condenação de atitudes através da sua aparente emulação. Digo aparente porque quem não perceber isto não percebe o que é o humor, enquanto expressão artística.

Ana Rita Duarte de Campos

sócia contratada da Abreu Advogados e especialista em Direito Penal

Tal como o produtor, Ana Rita Duarte de Campos vê os limites do humor como os da liberdade de expressão. “Mesmo considerando as especificidades do discurso humorístico, é possível que alguém se sinta ofendido por uma determinada piada. Isso pode dar origem a um processo-crime ou a uma ação de indemnização que, na esmagadora maioria dos casos, não levam, em Portugal, a decisões condenatórias”, aponta.

Tal acontece porque, ao contrário do Brasil, “não só não abdicamos de considerar o discurso artístico especial, bem como, para além da questão da liberdade de expressão, protegemos a liberdade de criação artística”.

“É preocupante ver um país como o Brasil, onde a expressão artística (humor, literatura, música) tiveram um papel fundamental no combate à ditadura, num país que é e sempre foi um portento artístico, o legislador penal ser mais severo relativamente aos factos que possam (tendo relevância criminal) ocorrer na esfera artística. E isto é um lamentável retrocesso jurídico, histórico e cultural”, conclui a especialista em Direito Penal.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Fitch avalia subir rating do Novobanco após venda ao BPCE

Depois da Moody's agora é a Fitch que anunciam que se a aquisição do Novobanco pelo Groupe BPCE for concluída com sucesso é possível que o rating venha a subir.

A Fitch vai avaliar uma possível subida do rating do Novobanco agora que foi adquirido pelos franceses do BPCE, porque vai beneficiar da integração de um grupo internacional.

Num comunicado ao mercado, a instituição liderada por Mark Bourke anunciou que a Fitch colocou as notações de risco de incumprimento longo e curto prazo em Rating Watch Positive. Atualmente são de BBB e F2, respetivamente

“Esta ação de notação financeira reflete “a perspetiva da Fitch de que o Novobanco, caso seja adquirido pelo Groupe BPCE”, que tem uma notação A com perspetiva Estável, “beneficiará muito provavelmente do apoio do acionista, com notação financeira superior”, lê-se no comunicado publicado esta sexta-feira a CMVM.

“Após a conclusão da aquisição, a Fitch baseará provavelmente” as notações de risco de incumprimento do Novobanco “no apoio do acionista e atribuirá um Shareholder Support Rating (SSR)”. A Fitch prevê reanalisar o Rating Watch Positive aquando da conclusão da transação, acrescenta a mesma nota.

Já a Moody’s optou, a 17 deste mês, por reafirmou as notações financeiras do Novobanco, incluindo a notação da dívida sénior unsecured em Baa1 com outlook positivo. Mas a integração no segundo maior grupo bancário francês, que agrega instituições como o Banque Populaire, Caisse d’Epargne, Natixis, entre outros, poderá no futuro ditar uma subida do rating.

A Moody’s refere também que “uma subida da notação financeira dos depósitos a longo prazo e da dívida sénior unsecured poderá ser motivada por uma melhoria do seu BCA ajustado. O BCA ajustado do banco poderá ser revisto em alta: (1) se a aquisição do banco pelo Groupe BPCE for concluída com sucesso; ou (2) se as melhorias recentes no seu perfil de crédito e no ambiente operacional dos bancos portugueses se mantiverem nos próximos 12 a 18 meses”.

A Moody’s atribui ao BPCE uma notação financeira da dívida de longo prazo de A1, com outlook estável.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Arábia Saudita reforça o seu compromisso para com o turismo com números recorde, projetos emblemáticos e experiências únicas

  • Servimedia
  • 20 Junho 2025

O país, um dos destinos turísticos de mais rápido crescimento no mundo, expande a sua conectividade internacional e lança um roteiro para os próximos 50 anos.

A Arábia Saudita está a consolidar a sua posição como o principal motor do crescimento do turismo no Médio Oriente e um dos líderes mundiais. De acordo com o Barómetro Mundial do Turismo da ONU, o país registou um crescimento de 69% nas chegadas internacionais em 2024, em comparação com 2019, colocando-o entre os países com maior recuperação e dinamismo do turismo.

Num contexto global de recuperação quase total – com 1,4 mil milhões de chegadas internacionais – a Arábia Saudita destaca-se como uma história de sucesso, impulsionando não só o volume de visitantes, mas também a transformação do seu setor turístico.

Neste contexto, a Arábia Saudita reativou e simplificou, a partir de 10 de junho de 2025, a concessão de vistos eletrónicos para turistas de países elegíveis, reforçando a sua atratividade como destino para viajantes internacionais. Ao mesmo tempo, o país está a promover campanhas específicas destinadas a públicos-chave como os espanhóis, destacando o seu património cultural, a sua natureza diversificada, a sua hospitalidade e as suas novas opções de lazer.

A implantação do turismo no país é também apoiada pelo desenvolvimento de destinos emblemáticos que refletem um compromisso com a sustentabilidade, a inovação e a cultura. Entre eles está NEOM, uma região futurista no noroeste que acolhe projetos como The Line, Trojena e Sindalah. Junto ao Mar Vermelho, o Red Sea Project aposta no turismo regenerativo com resorts de luxo integrados num ambiente natural protegido. No interior do país, Qiddiya, perto de Riade, está a emergir como a nova capital do entretenimento e do desporto, enquanto Diriyah está a emergir como um destino cultural de referência. AlUla, com o seu património nabateu, as suas paisagens desérticas e o seu programa cultural e artístico de renome internacional, também se destaca.

Para além desta oferta, há novas experiências pensadas para o viajante que procura propostas únicas. Este verão, a Arábia Saudita oferece desde o Campeonato do Mundo de Esports em Riade – que reunirá mais de 2.000 jogadores com prémios até 70 milhões de dólares – até aos espetáculos e concertos do festival Jeddah Season na costa do Mar Vermelho. Estas propostas refletem uma nova forma de entender o turismo na Arábia Saudita, que combina experiências de aventura e de luxo com uma oferta que integra modernidade, raízes culturais e contacto com a natureza.

TURISMO

Como parte do seu roteiro para o futuro do setor, a Arábia Saudita lançou a TOURISE, uma plataforma internacional impulsionada pelo Ministério do Turismo e pela Autoridade de Turismo Saudita, que realizará a sua primeira reunião de 11 a 13 de novembro de 2025 em Riade.

O seu objetivo é definir a direção do turismo saudita nos próximos 50 anos, através de uma abordagem colaborativa que reúne representantes institucionais, investidores, empresas de tecnologia e especialistas em sustentabilidade. O TOURISE incluirá também atividades digitais, publicações estratégicas e grupos de trabalho permanentes, proporcionando um ponto de encontro global para antecipar tendências, promover a inovação e consolidar parcerias, tudo no âmbito da Visão 2030.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.