“Investir nas pessoas traz benefícios e vantagem competitiva”

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  • 24 Março 2025

Cândida Morais, Chief Finance Officer & Events da Great Place To Work® Portugal, reflete sobre os 25 anos da organização, a evolução do mercado e a importância de colocar as pessoas no centro.

A Great Place To Work® Portugal celebra 25 anos a distinguir as melhores empresas para trabalhar, num momento que vai além da celebração e serve de impulso para o futuro. Desde a evolução da certificação até às novas exigências dos colaboradores, Cândida Morais, Chief Finance Officer & Events, reflete sobre o impacto da organização no tecido empresarial português e a importância de colocar as pessoas no centro das estratégias empresariais.

Aproxima-se mais uma edição dos Best Workplaces™, mas esta é especial, pois marca as bodas de prata da Great Place To Work® em Portugal. Parabéns!

Muito obrigada! E que bela trajetória, acompanhamos todos os grandes desafios destes 25 anos, ao lado e dando suporte a todas as nossas empresas GREATERs, hoje uma grande comunidade. Muitas empresas, hoje certificadas, ainda não existiam quando começamos. Alguns de nossos colaboradores hoje, nem tinham nascido. Somos o retrato dos valores pelos quais as empresas Great Place To Work® são reconhecidas, diferentes gerações que se complementam e aprendem juntas, inovação, equidade, inclusão. Muito mudou, mas nossos valores permanecem e hoje, perante um cenário mundial tão difícil, ainda são mais firmes e amplificados. Precisamos de mais empresas com os mesmos valores, na verdade, precisamos que o mundo se alinhe nestes valores. Assim, temos muito a celebrar. É um momento que queremos assinalar, mas, mais do que fazer uma retrospetiva, queremos que o nosso passado sirva de alavanca para o futuro.

Olhando um pouco para o passado, que mudanças tiveram mais impacto para a Great Place To Work®?

Destaco, sem sombra de dúvida, a criação e o desenvolvimento da nossa plataforma própria, Emprising™, que veio simplificar e melhorar a experiência das empresas. Por um lado, estas conseguem agora analisar de forma rápida e intuitiva os resultados dos questionários dos colaboradores, facilitando a implementação de medidas para mitigar oportunidades de melhoria identificadas. Por outro lado, a plataforma centraliza, num único acesso, toda a informação necessária para a jornada de reconhecimento. Além disso, permite monitorizar resultados, obter benchmarks, analisar dados por diferentes grupos, adicionar perguntas personalizadas ou NPS, entre outras funcionalidades.

Cândida Morais, Chief Finance Officer & Events da Great Place To Work® Portugal

E o processo de reconhecimento mudou?

Os critérios, para ser um dos Melhores Lugares Para Trabalhar, mantêm-se essencialmente os mesmos. Ouvimos os colaboradores através do questionário do nosso modelo, já integrado na plataforma Emprising™, e auditamos as políticas e práticas de gestão de pessoas. No entanto, hoje a perceção dos colaboradores tem um peso ainda mais significativo.

A nossa experiência mostrou-nos que não basta oferecer um amplo pacote de benefícios se estes não forem percebidos no dia a dia. Se os colaboradores percecionam um ambiente onde não existe confiança na liderança, onde se sentem sobrecarregados e ansiosos com a próxima solicitação, isso compromete toda a experiência. Foi também com base numa necessidade do mercado que surgiu a Certificação Great Place To Work®.

Uma necessidade?

Sim, podemos dizer que sim. Ao longo destes 25 anos, assistimos a um número crescente de empresas genuinamente empenhadas em criar um bom local de trabalho. Com mais organizações a colocar os colaboradores no centro das suas prioridades, criámos globalmente a Certificação para distinguir aquelas que realmente fazem a diferença.

É fácil perceber este movimento positivo, que nos ajuda a cumprir a nossa missão todos os dias: “Ajudar todas as organizações a serem um excelente lugar para trabalhar, para todos.” Quando começámos, existiam apenas 10 Best Workplaces™ (Melhores Lugares Para Trabalhar); hoje distinguimos 50 Empresas. Só em 2024, mais de 250 empresas em Portugal, com 10 ou mais colaboradores, participaram no programa e mais de 200 obtiveram a Certificação. Além disso, no ano passado, lançámos as distinções Best Workplaces™ IT e Wellbeing.

Enfim, até convenceram os mais céticos de que cuidar das pessoas não é um custo, mas sim um investimento.

Ainda não convencemos todos! Ainda… Mas os nossos estudos provam que investir nas pessoas traz benefícios e vantagem competitiva para as organizações.

Os nossos estudos em Portugal provam e as estatísticas comprovam que as empresas com culturas organizacionais focadas nas suas pessoas, quando comparadas com as médias dos mercados em que atuam, registam um crescimento financeiro 17% superior, 3x mais retenção de talento e colaboradores 2x mais propensos a recomendar a empresa. Além disso, equipas mais motivadas impulsionam a produtividade, tornando as empresas 2x mais eficientes. Estes fatores não só reduzem os custos de recrutamento, como também fortalecem o engagement interno e a competitividade no mercado.

Outro benefício é o acesso à comunidade Great Place To Work®. Muitas empresas que recebem o selo GPTW são posteriormente contactadas por mais fornecedores ou potenciais clientes, que reconhecem no nosso selo um sinónimo de ética e boas práticas na gestão de pessoas, fatores essenciais para estabelecer parcerias estratégicas. Desta forma, não há muito o que “convencer”, pois, quem vê nossa lista de empresas Certificadas e seus impactos no mercado, sabem que fazer parte desta comunidade só trará benefícios a todos, colaboradores e organizações.

"As empresas com as culturas organizacionais mais focadas nas suas pessoas, registam um crescimento financeiro 17% superior, 3x mais retenção de talento e colaboradores 2x mais propensos a recomendar a empresa

Cândida Morais, Chief Finance Officer & Events da Great Place To Work® Portugal

Nos últimos anos, assistimos também a um aumento do número de distinções e prémios relacionados com o ambiente de trabalho. Como vê essa evolução?

Há 25 anos, fomos os pioneiros em Portugal neste tipo de estudos, sendo o primeiro afiliado da Great Place To Work® a operar na Europa. Desde o início, o nosso compromisso foi dar voz àqueles que realmente importam: os colaboradores. Continuamos a evoluir para garantir que a experiência deles está no centro de tudo o que fazemos.

Isto é o que nos diferencia. Não somos nós que atribuímos o prémio, são os colaboradores, pois a sua perceção está na base da distinção. A Great Place To Work® é apenas a porta-voz. Nosso lema FOR ALL é realmente para todos! Significa que atendemos desde empresas com 10 colaboradores, muitas iniciando suas jornadas, como start-ups, e até multinacionais, presentes em mais de 150 países, com milhões de colaboradores. Esta amplitude, com os mesmos valores, metodologia e tecnologia aplicada é inigualável. Adicionalmente avaliamos tecnicamente as políticas e práticas das empresas, assim somos um verdadeiro repositório das melhores práticas do mercado.

Tendo como base o nosso questionário Trust Index™, testado e validado há mais de 30 anos em empresas de mais de 100 países, nos permite ter uma base de dados de longevidade e qualidade, proporcionando às organizações aceder a um benchmark robusto, único no mercado.

Como tem evoluído essa perceção dos colaboradores? Estão hoje mais exigentes?

Ser um bom lugar para trabalhar continua a significar um ambiente onde os colaboradores confiam em quem lidera, têm orgulho no que fazem e gostam com quem trabalham, independentemente do cargo ou função. O que mudou foi a forma de construir esse ambiente.

Se, no passado, um salário acima da média e um pacote de benefícios diferenciador eram suficientes, hoje os colaboradores valorizam cada vez mais fatores como o desenvolvimento pessoal e profissional, a conciliação entre vida pessoal e profissional e o equilíbrio entre trabalho e bem-estar. Já não estão dispostos a abdicar do seu tempo pessoal em prol de uma empresa.
Estas mudanças tornam fundamental ouvir continuamente os colaboradores. Ajustar e adaptar os ambientes de trabalho a novas perspetivas e experiências é o que distingue as organizações de sucesso.

Na GPTW, também evoluímos. O nosso questionário padrão passou a avaliar temas como inovação, employer branding e confiança na liderança, sempre com o objetivo de fortalecer a cultura organizacional das empresas.

Falou há pouco sobre liderança. Como esta deve ser entendida?

A liderança molda a experiência dos colaboradores e, ao medir e melhorar continuamente essa experiência, transforma-se numa vantagem competitiva. São os líderes que dão o pontapé de saída para a missão, visão e valores da empresa e, mais do que discursos, são os seus comportamentos que servem de exemplo.

A liderança é responsável direta pelo sucesso do seu Employer Branding, pois este depende diretamente da experiência que seus colaboradores tem no dia a dia.

Os líderes atuais destacam-se pela proximidade e acessibilidade. O processo de decisão é hoje mais partilhado, e as empresas adotam estruturas mais horizontais. No entanto, apesar de vivermos na era da comunicação digital, a comunicação interna, seja horizontal ou vertical, ainda é um desafio para muitas empresas. Adaptar a forma como se comunica é essencial para garantir alinhamento e engagement.

E o futuro? Como vê os próximos 25 anos?

Todos aprendemos que nossos projetos têm de ser adaptados todos os dias. A realidade, seja por força de mudanças climáticas, geo-políticas ou de inovações tecnológicas, nos colocam à prova diariamente.

Neste mesmo momento, algo está acontecendo que pode mudar trajetórias. No entanto, nossa única certeza é que o ser humano estará presente, ou na criação, na programação ou ainda como usuário. O centro sempre será “as pessoas” e é nelas que temos que focar nossas estratégias, se quisermos ter organizações fortes e competitivas, que possam enfrentar todos estes desafios.

Assim, nossa tarefa será continuar a apoiar as empresas na criação de excelentes locais de trabalho, para que cada vez mais colaboradores possam viver essa experiência. O nosso suporte será cada vez mais tecnológico, com a evolução contínua da plataforma Emprising™, ajustando-se às necessidades do mercado. Já temos em nossos laboratórios de tecnologia inovações a serem implementadas a curto prazo.

Além disso, reforçaremos os nossos serviços de consultoria personalizada, expandindo a oferta de produtos voltados para a liderança.

Já as empresas enfrentam desafios emergentes, como a integração da inteligência artificial e a gestão de equipas multiculturais e distribuídas geograficamente. A chave para o sucesso será encontrar um equilíbrio entre tecnologia, diversidade e bem-estar. E para isso a Great Place To Work® sempre estará presente.

E no futuro mais próximo? O que podemos esperar da edição dos 25 anos da GPTW em Portugal?

Para além do bolo… O que mais nos orgulha é termos ouvido o maior número de colaboradores de sempre em Portugal. Em 2024, mais de 80.000 colaboradores participaram no processo que identificou os 50 Melhores Lugares Para Trabalhar, que serão reconhecidos a 26 de março.

Este número não é apenas estatístico, prova que os colaboradores confiam em nós e no nosso processo de escuta, sentindo-se à vontade para dar a sua opinião sincera e genuína.

Sobre esta edição, posso adiantar que será melhor que a de 2024 e com certeza será melhorada para a edição de 2026. É o que estamos fazendo de ano para ano e na verdade, o clima passou de cerimónia e desde 2023 é de pura festa, com boa música, boa comida, muitas risadas e as melhores empresas… não as “Best”!

Já se tornou um momento marcante no calendário das organizações reconhecidas e com certeza, elas servirão de inspiração para aquelas que ainda não fazem parte da nossa comunidade, mas que farão em breve!

Acompanhe a transmissão do evento de revelação dos Melhores Lugares Para Trabalhar em Portugal, dia 26 de Março a partir das 19h, clique aqui.

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SHEIN poupa aproximadamente um milhão de metros cúbicos de água através do seu programa Clean by Design

  • Servimedia
  • 24 Março 2025

Desenvolve vários programas de poupança de água e colabora com empresas especializadas no sentido de otimizar a gestão da água, em conformidade com a sua estratégia de sustentabilidade, evoluSHEIN.

A SHEIN informou que poupou cerca de um milhão de metros cúbicos de água através do seu programa Clean by Design.

Um dos projetos-chave deste compromisso, segundo a empresa, é o programa Clean by Design, uma iniciativa centrada na melhoria do desempenho ambiental dos seus fornecedores, otimizando os processos para reduzir a utilização de energia, água, produtos químicos e produção de resíduos durante o fabrico. Até 2023, este programa foi implementado em várias instalações de fornecedores da empresa, contribuindo para uma poupança estimada de um milhão de metros cúbicos de água.

Entre os resultados notáveis, os fornecedores das cidades de Zhaoqing, Foshan e Zhongshan conseguiram reduzir o seu consumo de água em 19,7%, 18,2% e 12,6%, respetivamente. Estas melhorias foram possíveis graças à modernização das máquinas, à otimização dos sistemas de refrigeração e à aplicação de controlos mais rigorosos sobre as fugas e as emissões. Paralelamente, a SHEIN incorporou tecnologias inovadoras de poupança de água, como a impressão Cool Transfer Denim e a impressão digital por transferência térmica, um método que não gera desperdício de água.

A tecnologia Cool Transfer Denim, para além de eliminar os produtos químicos agressivos, como o cloro ou a soda cáustica, habitualmente utilizados na produção tradicional de ganga, permitiu à empresa reduzir o consumo de água em mais de 19 500 metros cúbicos desde 2022. Este processo foi verificado pelo Bureau Veritas em outubro de 2023, que certifica uma redução de 70,5% na utilização de água em comparação com os métodos tradicionais de fabrico de ganga.

A técnica de impressão por transferência térmica digital é um método de impressão sem desperdício de água, também verificado pelo Bureau Veritas, que poupou mais de 290 000 metros cúbicos de água só em 2023. Esta tecnologia consiste em imprimir as tintas num papel de transferência térmica e depois transferi-las para o tecido para criar o desenho. Sendo um processo completamente seco, enquadra-se perfeitamente no modelo de produção de pequenos lotes da SHEIN, ajudando a reduzir o desperdício de inventário e a conservar os recursos desde o início do processo.

Alessandra Bonito Oliva, Diretora de Comunicação da SHEIN em Espanha, afirmou: “Graças à inovação e à colaboração com parceiros especializados, continuamos a avançar para um consumo de água mais eficiente desde a origem do processo de fabrico. Em linha com a nossa estratégia de sustentabilidade, evoluSHEIN, continuaremos a implementar iniciativas e soluções inovadoras para reduzir o consumo de água em toda a nossa cadeia de valor”.

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Governo PS pagou 55 milhões por posição de Neeleman na TAP sem “cálculos objetivos”, diz IGF

Direção-Geral do Tesouro e Finanças também afirma que "não realizou nem teve acesso a quaisquer estudos para a fundamentação dos 55 milhões de euros pagos à Atlantic Gateway".

A Inspeção-Geral de Finanças formou a convicção de que os 55 milhões pagos pelo Estado em 2020 para recomprar a participação de David Neeleman na TAP SGPS “não estaria suportado em cálculos objetivos”, resultando apenas de uma “via negocial”. A Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF) diz que “não realizou nem teve acesso a quaisquer estudos para a fundamentação” do valor.

A auditoria da Inspeção-Geral de Finanças (IGF) às contas da TAP levou ao agendamento de várias audições na Comissão de Economia e Obras Públicas, incluindo do inspetor-geral, António Ferreira dos Santos. Considerando que não ficaram completamente esclarecidas as dúvidas, até pelas limitações de tempo, os deputados do PSD remeteram novas questões à entidade de auditoria das Finanças.

As perguntas incidem, sobretudo, sobre o valor pago pelo Estado a David Neeleman para este vender a sua participação de 22,5% na TAP SGPS e prestações acessórias correspondentes, em 2020, era Pedro Nuno Santos ministro das Infraestruturas e João Leão ministro das Finanças.

"Não foram questionados os membros do Governo que assinaram o diploma atenta a convicção de que o valor de 55 milhões de euros não estaria suportado em cálculos objetivos, antes teria decorrido de um processo negocial que ponderou vários aspetos, tal como indicado no preâmbulo do Decreto-Lei em causa.”

Inspeção-Geral de Finanças

Na auditoria, a IGF não questiona o suporte legal – o Decreto-Lei n.º 39-B/2020 –, mas assinala que “não foram facultados os pressupostos inerentes ao cálculo do respetivo valor”. Na resposta aos deputados ao PSD, a IGF vai mais longe.

Questionada porque não foram contactados os governantes acima referidos para a auditoria, a entidade justifica a decisão com “a convicção de que o valor de 55 milhões de euros não estaria suportado em cálculos objetivos, antes teria decorrido de um processo negocial que ponderou vários aspetos, tal como indicado no preâmbulo do Decreto-Lei em causa”.

Os deputados perguntam também porque não foi questionada a Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF). “A Parpública, acionista direta até essa aquisição, não nos disponibilizou qualquer informação que permitisse conhecer os cálculos subjacentes ao pagamento. (…) Considerou-se que, para além do diploma legal que mencionava um processo negocial, não existiria outra informação que suportasse objetivamente o valor de compra da participação em causa“, justifica a entidade liderada por António Ferreira dos Santos.

Os deputados social-democratas enviaram também perguntas para a DGTF, que respondeu que “não realizou nem teve acesso a quaisquer estudos para a fundamentação de 55 milhões de euros pagos à Atlantic Gateway“, pela participação acionista de David Neeleman.

A DGTF informa também que, com base nas últimas contas fechadas da TAP quando se concretizou a aquisição à Atlantic Gateway, em outubro de 2020, referentes ao exercício de 2019, o valor contabilístico (ativo deduzido do passivo) da TAP SGPS era negativo em 578,8 milhões de euros.

O PSD também questionou ainda o Ministério das Finanças sobre a existência de informação de suporte ao negócio, que respondeu que “não foram encontrados estudos”.

A IGF afirma que o Decreto-Lei n.º 39-B/2020 “refere que a contrapartida a pagar pelo Estado foi atingida por via negocial, indicando os elementos de ponderação que terão sido tidos em conta, o que parece confirmar a ausência de cálculos objetivos para o valor de aquisição encontrado de 55 milhões“.

O que foi ponderado para chegar ao valor? Segundo o preâmbulo do diploma, os elementos foram os direitos da Atlantic Gateway em caso de incumprimento do acordo parassocial por parte do Estado, o valor potencial de uma litigância associada aos direitos de saída da Atlantic Gateway e o valor estimado a ser aportado à TAP com a eliminação destas contingências e com a assunção pelo Estado de uma posição maioritária.

Em junho de 2023, Pedro Nuno Santos afirmou no Parlamento que o valor tinha sido encontrado através de uma negociação entre as duas partes e que resultou de um “ponto de encontro”.

“Não pagámos zero a Neeleman como desejávamos, mas pagámos menos do que pediu“, disse.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 24 de março

  • ECO
  • 24 Março 2025

Ao longo desta segunda-feira, 24 de março, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Quebra nos despedimentos e precariedade faz cair novas inscrições no IEFP em cadeia

Ao longo de fevereiro, inscreveram-se no IEFP no continente quase 47 mil desempregados. São menos 12.606 do que no arranque do ano. Recuo de contratos a prazo terminados e dos despedimentos explicam.

O número de desempregados que se inscreveram no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) ao longo de fevereiro recuou de modo significativo (mais de 21%), face ao que tinha sido registado durante o primeiro mês de 2025. As novas inscrições por fim de trabalho não permanente, e na sequência de despedimento, foram das que mais baixaram, calcula o ECO.

No total, e de acordo com os dados disponibilizados pelo IEFP, 46.667 indivíduos inscreveram-se nos centros de emprego do continente ao longo do mês de fevereiro. É um número muito próximo do registado há um ano (a variação homóloga é de apenas -0,03%), mas é, por outro lado, consideravelmente mais baixo do que o verificado no início de 2024.

Em concreto, depois de um disparo das novas inscrições no arranque do ano, em fevereiro verificou-se uma quebra em cadeia de 21,3%. Tal significa que se inscreveram nos centros do IEFP do continente menos 12.606 pessoas ao longo desse mês do que tinha sido observado durante o mês de janeiro.

Ora, de acordo com as contas do ECO, mais de metade dessa diminuição ficou a dever-se ao recuo do número de inscrições causadas pelo fim de contratos de trabalho não permanentes.

Em concreto, em janeiro, mais de 27 mil pessoas tinham feito a sua inscrição no IEFP após terem visto os seus vínculos a prazo terminarem. Já em fevereiro, o número que pessoas que chegaram ao IEFP por essa razão passou para cerca de 20 mil. Contas feitas, houve um recuo de 7.739 novas inscrições motivadas pelo fim de trabalho não permanente.

Outra das explicações para a diminuição do novo desemprego em fevereiro foi a quebra dos despedimentos. Em janeiro, mais de oito mil pessoas inscreveram-se no IEFP após terem sido despedidas. Já em fevereiro, cerca de sete mil pessoas estiveram nessa situação.

Entre o primeiro e o segundo mês de 2025, houve menos 1.704 inscrições no IEFP depois de o trabalhador ser despedido.

Fim de trabalho não permanente é o principal motivo de inscrições no IEFP

Fonte: IEFP

Os demais motivos de inscrição também registaram reduções em fevereiro, mas menos acentuadas, como mostra o gráfico acima. Por exemplo, houve menos 587 pessoas a inscreverem-se no IEFP depois de se terem despedido e menos 632 após despedimentos por mútuo acordo.

Importa explicar que estas inscrições ocorreram ao longo do mês, pelo que não se pode dizer que todas as pessoas estejam ainda desempregadas. Por outro lado, os totais referidos não abrangem todos os desempregados, uma vez que nem todos se inscrevem no IEFP nos meses referidos.

É de destacar que, no final de fevereiro, havia 338.735 desempregados inscritos no IEFP, mais 2,3% do que há um ano, mas menos 3% do que no mês anterior.

Esse recuo em cadeia veio interromper uma série de subidas consecutivas do desemprego registado (como mostra o gráfico acima), ainda que os economistas entendam que o mercado de trabalho português continua a dar sinais de estabilidade e resiliência.

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“A sustentabilidade não é apenas um compromisso, mas um eixo estruturante da nossa visão de futuro”

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  • 24 Março 2025

Ramiro Matos, Presidente do Conselho de Administração da Águas de Santarém, destaca como a empresa está a integrar energias renováveis e digitalização para um futuro mais sustentável.

A sustentabilidade dos recursos hídricos é um dos desafios mais urgentes da atualidade, exigindo inovação, eficiência e um compromisso sólido com práticas ambientalmente responsáveis. No próximo dia 16 de abril, a Conferência ESG e o Futuro da Água reunirá especialistas para debater soluções colaborativas que alinhem as metas de sustentabilidade global com a realidade do setor hídrico. A Águas de Santarém, que apoia esta iniciativa, tem estado na linha da frente da inovação, promovendo soluções que garantem a eficiência hídrica e energética. Ramiro Matos, Presidente do Conselho de Administração da Águas de Santarém, partilha a sua visão sobre os principais desafios e avanços na gestão sustentável da água.

No próximo dia 16 de abril realiza-se a Conferência ESG e o Futuro da Água com o apoio da Águas de Santarém. Quer partilhar connosco a sua expectativa acerca desta conferência e que questões interessa sobretudo abordar?

A Conferência ESG e o Futuro da Água será uma oportunidade fundamental para debater um dos temas mais críticos da atualidade: a gestão sustentável dos recursos hídricos. Acredito que esta iniciativa, organizada pelo ECO e a Águas de Santarém, permitirá não só refletir sobre os desafios do setor, mas também promover soluções inovadoras para garantir a resiliência hídrica no contexto das alterações climáticas.

Pessoalmente, considero essencial abordar questões como a eficiência no uso da água, a digitalização dos serviços hídricos, a relação entre transição energética e gestão da água, e o avanço da economia circular. Além disso, espero que o evento seja um espaço de partilha de boas práticas e estratégias para uma gestão mais sustentável e inovadora deste recurso vital, quando este tema está na ordem do dia com a apresentação do Programa “Água que Une” e assim deve continuar, não só pela extrema importância que reveste, mas também porque não se espera que possa sair da prioridade da ação dos estados no futuro.

Quais considera serem os principais desafios que as empresas de gestão de recursos hídricos enfrentam atualmente em Portugal no que toca à inovação e eficiência?

As empresas de gestão de recursos hídricos em Portugal enfrentam desafios estruturais e operacionais, entre os quais destaco: A eficiência hídrica e energética – Reduzir perdas de água na rede e otimizar o consumo de energia, promovendo um sistema mais sustentável; A resiliência às alterações climáticas – Adaptar-se a períodos de seca prolongada e eventos climáticos extremos, garantindo um abastecimento fiável; A digitalização e monitorização em tempo real – Implementar smart metering para deteção de fugas e otimização da distribuição; A economia circular e reutilização da água – Integrar soluções que permitam a reutilização de águas residuais tratadas para fins agrícolas ou industriais e promover ações de sensibilização para que os utilizadores possam implementar, também soluções de reaproveitamento doméstico; e a sustentabilidade financeira – equilibrar investimentos em inovação e infraestruturas sem comprometer a acessibilidade da água para os consumidores.

Ramiro Matos, Presidente do Conselho de Administração da Águas de Santarém

A relação entre a gestão sustentável da água e a transição energética é um dos temas do evento. Como é que a Águas de Santarém está a integrar energias renováveis ou soluções mais eficientes para reduzir o consumo energético na gestão da água?

A Águas de Santarém tem vindo a apostar fortemente na redução da sua pegada energética, alinhando a gestão da água com a transição energética. Entre as iniciativas implementadas, destaco: Uma frota automóvel que conta já com 58% de viaturas elétricas; o autoconsumo com energias renováveis, com a instalação de painéis fotovoltaicos nas infraestruturas de captação e tratamento, reduzindo a dependência da rede elétrica e estando em estudo a implementação de uma Comunidade de Energia Renovável (CER) em conjunto com o Município; a monitorização e eficiência energética, com a conclusão de um grande investimento na instalação de Zonas de Monitorização e Controlo (ZMC) e um sistema global de Telegestão, em vista à otimização do funcionamento das estações elevatórias, depósitos e estações de tratamento; um estudo em curso para aproveitamento dos recursos dos equipamentos e infraestruturas e renovação dos mesmos, para redução de consumos energéticos e autoprodução.

O evento abordará o avanço da economia circular em Portugal. Que iniciativas a Águas de Santarém tem desenvolvido para reutilização de água, redução de desperdício ou outras práticas circulares no setor?

A economia circular é um eixo central da estratégia da Águas de Santarém, com projetos focados na reutilização e na minimização do desperdício de água. Algumas das principais iniciativas incluem, no campo da reutilização de águas residuais tratadas o desenvolvimento de parcerias com indústria e agricultura para utilização de águas tratadas pelas ETAR e o desenvolvimento de estudo para rega de jardins públicos municipais com a mesma água. No campo da redução de perdas na rede, nos últimos 5 anos temos realizado um grande investimento na modernização das infraestruturas e em sistemas de deteção precoce de fugas, desde ações de fiscalização constantes com equipamentos próprios e em prestação de serviços, a utilização de tecnologia avançada com deteção de fugas com recurso a satélites e a implementação de ZMC’s, Telegestão e Data Loggers na rede cuja informação está integrada e agregada na aplicação Baseform que permite uma monitorização da rede em tempo real e a emissão de relatórios diários para uma intervenção rápida, mediante a informação de pressão e caudais do dia anterior. Este software está também a agregar todas as ocorrências de roturas, com georreferenciação e, com recurso a inteligência artificial, a produzir relatórios que permitem priorizar os investimentos estruturais de acordo com a sua maior urgência e custo. Ao nível das perdas temos hoje um número de cerca de 18% de perdas reais que contrasta com as perdas medidas em 2019, de cerca de 35%.

Paralelamente temos investido em campanhas de sensibilização para a necessidade de combate ao desperdício de água e eliminação de plásticos, tendo como principais destinatários crianças e jovens, com o apoio das escolas e Município. Acreditamos que as gerações mais novas são os nossos principais embaixadores nesta luta contra o desperdício.

O novo site da Águas de Santarém introduz funcionalidades inovadoras, como a celebração de contratos através de reconhecimento facial. De que forma esta aposta na digitalização contribui para a redução da pegada ecológica?

A digitalização dos serviços da Águas de Santarém não é apenas uma questão de eficiência operacional, mas também um passo fundamental para a sustentabilidade ambiental. Com a introdução de funcionalidades como a celebração de contratos via reconhecimento facial, conseguimos eliminar o consumo desnecessário de papel, reduzindo a pegada ecológica dos processos administrativos. Esta medida, para além de aumentar o conforto dos nossos clientes, pretende reduzir deslocações presenciais, evitando emissões de CO₂ associadas a transportes. Tem ainda como virtude a de acelerar processos e aumentar a eficiência, otimizando o tempo e os recursos da empresa e dos clientes. Também reforçamos a segurança e acessibilidade, garantindo que os serviços digitais são rápidos, intuitivos e confiáveis, tendo existido nos últimos anos um reforço considerável do investimento na área da cibersegurança. Esta aposta na digitalização alinha-se com as melhores práticas ESG, reforçando o compromisso da Águas de Santarém com a inovação e a sustentabilidade.

Quais são os próximos passos da Águas de Santarém para consolidar o seu compromisso com a sustentabilidade nos próximos anos?

A Águas de Santarém está comprometida em continuar a investir em inovação e sustentabilidade, com um plano estratégico assente em três pilares principais: A Gestão eficiente e sustentável da água, com uma maior redução das perdas, expansão dos projetos de reutilização de águas residuais para usos urbanos e industriais e o reforço da redundância e resiliência hídrica face às alterações climáticas. O segundo pilar é do da transição energética e digitalização, que pretendemos atingir com a expansão dos sistemas de energia renovável para tornar as operações mais autónomas e sustentáveis. Também queremos continuar a reforçar a utilização da inteligência artificial na gestão da rede, otimizando o consumo energético e a distribuição da água.

O terceiro pilar é o da promoção da economia circular, com aumento da valorização das lamas das ETARs e de outros resíduos da operação, o desenvolvimento de novas parcerias industriais para maximizar o reaproveitamento da água e outros subprodutos e a continuidade de implementação de projetos educativos e de sensibilização ambiental, promovendo o consumo responsável de água. A sustentabilidade não é apenas um compromisso para a Águas de Santarém, mas sim um eixo estruturante da nossa visão de futuro. Continuaremos a investir em soluções que garantam uma gestão eficiente, inovadora e ambientalmente responsável dos recursos hídricos.

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5 coisas que vão marcar o dia

Banco de Portugal divulga endividamento do setor não financeiro e na Zona Euro é conhecido o PMI de março. Destaque ainda para a subida do preço da gasolina.

No dia em que o Banco de Portugal divulga os dados sobre o endividamento da economia no arranque do ano, é conhecido o PMI da Zona Euro em março. Lá fora, o Conselho da Agricultura e das Pescas da União Europeia reúne-se.

BdP divulga Endividamento da economia

O Banco de Portugal divulga os dados relativos ao endividamento da economia de janeiro. Em 2024, o endividamento do setor não financeiro – isto é Administrações Públicas, empresas e particulares – aumentou 17 mil milhões de euros, para 814,1 mil milhões de euros. Deste total, 454,6 mil milhões de euros respeitavam ao setor privado (empresas privadas e particulares) e 359,4 mil milhões de euros ao setor público (administrações públicas e empresas públicas).

Como evoluir atividade empresarial na Zona Euro?

São divulgados dados sobre a atividade empresarial na Zona Euro em março, medido pelos inquéritos preliminares do Índice de Gestores de Compras (PMI) composto pelo Hamburg Commercial Bank (HCOB) e compilado pela S&P Global. O PMI dos países do euro em fevereiro manteve-se em 50,2 pontos, após a recuperação para território positivo em janeiro, um valor próximo daquele que separa o crescimento da contração (50 pontos).

Gasolina sobe 2,5 cêntimos. Preço do diesel não mexe

Os preços dos combustíveis terão comportamentos distintos esta semana. A gasolina deverá subir esta segunda-feira 2,5 cêntimos, enquanto o gasóleo, o combustível mais utilizado em Portugal, não deverá sofrer alterações, avançou ao ECO fonte do mercado. Quando for abastecer, continuará a pagar 1,584 euros por litro de gasóleo simples e passará a pagar 1,715 euros por litro de gasolina simples 95, tendo em conta os valores médios praticados nas bombas à segunda-feira, divulgados pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG).

Ministros da Agricultura e Pescas reunidos em Bruxelas

O Conselho da Agricultura e Pescas da União Europeia irá reunir-se em Bruxelas para um debate público de orientação sobre a comunicação “Visão para a Agricultura e o Setor Alimentar”, publicada pela Comissão Europeia em fevereiro. Da agenda faz também parte “um almoço ministerial informal sobre o futuro da política comum das pescas”.

Fintech em destaque

A formação financeira vai estar em destaque na conferência anual organizada pelo IAPMEI e do Turismo de Portugal. Dedicada ao tema “Fintech para Empresas: Soluções para Crescer com Eficiência”, o encontro tem como objetivo explorar as últimas tendências e inovações no setor fintech, destacando como estas tecnologias podem beneficiar as empresas que operam no mercado.

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Dividendos: Seis empresas do PSI pagam acima de 5%

As cotadas da bolsa portuguesa vão aumentar os dividendos pagos aos acionistas. Remuneração média é de 4,87%, com a Nos a apresentar a maior rentabilidade, com um dividend yield de quase 10%.

As cotadas da bolsa portuguesa vão voltar a aumentar a sua remuneração acionista. Apesar dos resultados terem recuado para 4,22 mil milhões de euros em 2024, depois de terem superado a fasquia dos cinco mil milhões um ano antes, o valor distribuído em dividendos vai subir para um novo recorde. Perto de metade das empresas que já anunciou a sua política acionista apresenta uma taxa de rentabilidade acima de 5%

As empresas do índice de referência PSI anunciaram que vão propor o pagamento de 2,9 mil milhões de euros em dividendos, relativos ao exercício de 2024, segundo os valores divulgados pelas empresas na apresentação de resultados anuais e de acordo com os cálculos do ECO. Trata-se de um novo máximo, com as empresas a manterem a tendência de crescimento da remuneração registada desde 2021, depois de dois anos em que as empresas reduziram os dividendos devido à pandemia da covid-19.

Contas feitas, as cotadas da bolsa vão entregar 68,4% dos lucros de 2024 aos acionistas sob a forma de dividendos. Os valores não incluem a Ibersol, a única do PSI que ainda não apresentou as contas do ano passado, e a Altri, que não adiantou se vai propor em assembleia-geral o pagamento de dividendo.

Entre as cotadas do PSI, várias cotadas destacam-se por poderem oferecer dividend yields acima de 5%, revelando políticas de remuneração acionista atrativas.

João Queiroz

Head of trading do Banco Carregosa

A rendibilidade média dos dividendos destas 13 companhias que já anunciaram o valor que pretendem pagar aos acionistas é de 4,87% (ilíquido de impostos), num ranking que é liderado pela Nos, com uma taxa próxima dos 10%.

“Entre as cotadas do PSI, várias cotadas destacam-se por poderem oferecer dividend yields acima de 5%, revelando políticas de remuneração acionista atrativas”, explica João Queiroz, head of trading do Banco Carregosa.

O analista realça que a Nos distribui perto de 100% dos seus lucros, “enquanto a Navigator e a REN distribuem entre 50% e 100% dos lucros. BCP, CTT, Navigator e Sonae combinam esses dividendos elevados com earning yields superiores a 10%. Também a Mota-Engil surge com um dividend yield acima dos 5%, reforçando o grupo de empresas com maior atratividade neste domínio”, sintetiza.

A operadora de telecomunicações, que apresentou “os melhores resultados de sempre”, tendo lucrado 273,1 milhões de euros, um crescimento superior a 50%, se contabilizados os efeitos “não recorrentes”, propôs pagar 40 cêntimos em dividendos: um dividendo ordinário de 35 cêntimos e um dividendo extraordinário de 5 cêntimos por ação. À semelhança do ano passado, a Nos apresenta o retorno de dividendo mais elevado da bolsa, com uma taxa de 9,29%, tendo por base a cotação da empresa na última sexta-feira. Considerando a cotação da empresa no final de 2024 (3,33 euros), o dividend yield é de 10,51%.

Na lista dos dividendos mais rentáveis segue-se a Navigator. A papeleira controlada pela Semapa propôs um dividendo de 24,606 cêntimos, uma remuneração 17% superior aos 21,091 cêntimos pagos relativamente ao exercício de 2023. Este dividendo apresenta uma rentabilidade de 7,57% face ao preço atual da ação. A empresa, que fechou o último ano com um lucro de 287 milhões de euros, vai distribuir 175 milhões pelos acionistas, o que equivale a um “payout” de 61%.

A EDP oferece a taxa de rentabilidade de 6,45%, a terceira mais elevada da bolsa. A elétrica, que viu os lucros baixarem para 801 milhões de euros, arrastados pelos prejuízos superiores a 550 milhões da EDP renováveis, subiu o dividendo para 20 cêntimos por ação.

REN e Sonae surgem com dividend yields de 5,8%, reforçando a sua posição na lista das empresas mais amigas dos investidores, com ambas a melhorarem os seus dividendos.

O BCP, que ascendeu no ano passado a uma das cotadas com maiores lucros da bolsa (906,4 milhões de euros), vai pagar um dividendo de cerca de três cêntimos por ação, uma remuneração que implica uma taxa de retorno de 5,47%. Além da distribuição de um dividendo em dinheiro, o banco vai ainda avançar, em breve, com um plano de recompra de ações no valor de 200 milhões de euros.

A Galp Energia é outra das cotadas do PSI que tem em curso um programa de compra de ações da própria empresa. Pretende investir até 250 milhões de euros.

Também os CTT lançaram, no ano passado, um programa de recompra de ações no valor de 25 milhões, propondo-se comprar até 8,5 milhões de ações da empresa de correios, representativas de 6,14% do capital. O plano ainda está a decorrer.

Estes programas são uma maneira alternativa de a empresa remunerar os acionistas, já que a recompra de ações tende a ser positiva para o preço das ações. Desta forma, a yield gerada pela recompra das ações tende a ser semelhante à distribuição de dividendos, mas tem vantagem de não pagar impostos”, explica Henrique Tomé. O analista da XTB acrescenta que “esta é também uma estratégia utilizada pelas empresas para captar o interesse dos investidores, principalmente em momentos em que a conjuntura económica apresenta valores mais elevados de incerteza”.

João Queiroz realça que, “embora os dados específicos sobre programas de recompra de ações em Portugal sejam limitados, é possível observar uma tendência global de aumento destes programas como o exemplo de​ oportunidade de investimento em que a recompra de ações pode indicar que a empresa considera as suas ações subvalorizadas, oferecendo potencial de valorização para os investidores”.

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Mais de 500 milhões dos dividendos da bolsa voam para a China e Angola

Cotadas da bolsa vão entregar 2,9 mil milhões em dividendos aos acionistas relativos aos lucros de 2024. Cheque mais chorudo é pago pela EDP, com a chinesa China Three Gorges a receber 179 milhões.

2024 ficou marcado pela quebra da rentabilidade das cotadas do PSI. Apesar da descida dos lucros, a maioria das empresas anunciou a intenção de aumentar a sua remuneração acionista, propondo entregar mais de dois terços dos resultados registados no exercício aos investidores. Do bolo total que vai ser distribuído, mais de 500 milhões voam para a China e para Angola. Já as maiores famílias da bolsa em Portugal vão receber cerca de 530 milhões.

Depois de no ano passado terem distribuído mais de 2,6 mil milhões em dividendos, 13 das 15 empresas cotadas do PSI [a Ibersol ainda não apresentou resultados e a Altri não indicou a intenção de propor a distribuição de dividendos relativos ao exercício de 2024] preparam-se para reembolsar aos seus acionistas 2,9 mil milhões de euros dos lucros arrecadados no último ano. Trata-se do valor mais elevado de sempre e é o quarto recorde consecutivo. Depois de um corte na remuneração paga aos investidores nos anos da pandemia, as cotadas retomaram em força a distribuição de dividendos, com a maioria das empresas empenhada em manter uma política de pagamento de dividendos crescente.

A EDP continua a ser a que distribui o maior bolo dos dividendos na bolsa de Lisboa. Apesar de ter baixado os lucros de 952 para 801 milhões de euros, a elétrica não só manteve como aumentou o valor do dividendo que vai distribuir pelos acionistas. A empresa liderada por Miguel Stilwell de Andrade vai pagar um dividendo bruto de 0,2 euros por ação, mais 3% que os 0,195 euros distribuídos no ano passado. A China Three Gorges é a maior beneficiária deste dividendo, arrecadando 179 milhões de euros pela sua posição de 21,4% no capital da empresa portuguesa.

EDP apresenta rebranding da marca - 02JUN22
O CEO da EDP e da EDPR, Miguel Stilwell de Andrade, anunciou um aumento do dividendo anual da elétrica, apesar da quebra dos lucros.Hugo Amaral/ECO

Contabilizando os 95,6 milhões de euros que a Fosun vai receber pelas suas participações no BCP (90,8 milhões) e na REN, através da Fidelidade, na qual controla 85% do capital; os 26 milhões a que a State Grid of China tem direito pela sua posição de 25% na REN; e os 14,9 milhões que a parceira chinesa da Mota-Engil, a China Communications Construction Company, vai receber da construtora portuguesa, rumam à China perto de 316 milhões de euros em dividendos.

A China é há vários anos a geografia que recebe a maior fatia dos dividendos pagos no exterior pelas cotadas nacionais, devido às posições de relevo detidas por empresas controladas pelo Estado chinês em cotadas do setor da energia (EDP e REN).

Participações de empresas chinesas no capital da EDP, REN e Mota-Engil rendem mais de 300 milhões em dividendos referentes ao exercício de 2024.

 

Outra geografia que vai amealhar uma importante fatia dos dividendos que deverão começar a ser distribuídos pelas cotadas portuguesas a partir de abril e maio é Angola. A Sonangol é o segundo maior acionista do BCP, com uma participação de 19,49%, e será uma das beneficiadas pela política acionista do banco. A entidade, que fechou 2024 com um lucro recorde de 906,4 milhões de euros, quer entregar 75% do seu resultado líquido anual. Relativamente ao exercício de 2024, o banco vai entregar metade dos lucros através do pagamento de um dividendo e vai ainda avançar com um programa de recompra de ações no valor de 200 milhões.

A petrolífera angolana irá, assim, receber um cheque de 88,4 milhões do BCP. Há posição angolana no BCP, há ainda que acrescentar a participação na Galp, através da Esperanza Holding, que detém 45% da Amorim Energia, maior acionista da Galp com 36,69% do capital, assim como os 26,075% da ZOPT na Nos, uma posição imputada a sociedades detidas por Isabel dos Santos. Contas feitas, cabe a estas posições angolanas no capital destas três cotadas receber 219 milhões de euros.

Para a América do Norte vão cerca de 158 milhões dos dividendos do PSI. Com 6,85% do capital da EDP e 3% na EDP Renováveis, a BlackRock vai receber perto de 60 milhões, enquanto o fundo de pensões Canada Pension Plan Investment Board tem direito a 45,5 milhões da EDP. Há ainda outras posições de fundos de investimento no capital dos CTT e Galp que elevam o valor do cheque que irá rumar ao outro lado do Atlântico.

Em Espanha ficam cerca de 83 milhões, arrecadados por investimentos que vão desde a posição da família Masaveu, através do Oppidum, na EDP, à participação da dona da Mayoral, através da Global Portfolio Investments, nos CTT, e outras participações na Sonae e REN.

O maior fundo soberano do mundo, o Norges Bank, que no final de 2024 era acionista de 10 empresas portuguesas (BCP, Corticeira Amorim, CTT, EDP e EDP Renováveis, Galp Energia, Jerónimo Martins, Nos, REN e Sonae) vai receber uma fatia dos dividendos destas cotadas. No entanto, uma vez que apenas são conhecidas as participações acima de 5% no capital das empresas, desconhece-se quanto é que o fundo irá levar para casa. A única posição revelada – de 5,63% – é na EDP. Um investimento que vai render mais de 47 milhões em dividendos.

Maiores famílias recebem 530 milhões

As famílias portuguesas, que controlam algumas das maiores empresas da bolsa, como a Jerónimo Martins, a Galp ou a Nos e a Sonae, vão encaixar mais de 536 milhões de euros pelas suas participações nas sociedades que detêm.

A família Soares dos Santos, que controla 56,14% da Jerónimo Martins, vai receber um envelope no valor de 208,4 milhões de euros, menos 23 milhões que o valor recebido o ano passado, fruto da descida de dividendo anunciada pela empresa. A dona dos supermercados Pingo Doce revelou uma quebra dos lucros de 20% para 599 milhões e anunciou que iria baixar o dividendo de 65,5 cêntimos, para 59 cêntimos, distribuindo assim 370,8 milhões em dividendos.

Cláudia Azevedo, CEO da Sonae, destacou conjunto de resultados “memorável”.

Já a família Azevedo, que detém a Sonae e é a maior acionista da Nos, através de uma participação de 37,37% controlada pela Sonaecom na operadora, revelou um conjunto de resultados “memorável” na Sonae, enquanto a Nos apresentou resultados recorde, com ambas as empresas a anunciarem melhorias na sua remuneração acionista. Tudo somado, a família Azevedo vai receber perto de 140 milhões de euros pelas suas participações.

Os Amorim também vão ver o valor do seu património “engordar” com os dividendos. As posições na Galp — família Amorim controla 55% da Amorim Energia, que por sua vez tem 33,34% do capital da petrolífera — e na Corticeira Amorim vão render 124,7 milhões de euros em dividendos à família Amorim.

A família Queiroz Pereira (Semapa e Navigator) vai ganhar perto de 42 milhões, enquanto a família Mota tem direito a receber 18,4 milhões pela sua posição na construtora da família e o empresário Manuel Champalimaud, acionista dos CTT, leva para casa mais de 3,3 milhões da empresa de correios.

O Estado português também vai receber alguns dos dividendos pagos na bolsa. A posição da Parpública na Galp vai render 38,5 milhões aos cofres públicos.

“Demonstrar confiança” com aumento da remuneração

As cotadas portuguesas têm vindo a aumentar a sua remuneração acionista, seja através do pagamento de dividendos em dinheiro, seja através de alguns planos de recompra de ações.

A decisão de aumentar a remuneração acionista, mesmo com estagnação nos resultados, pode ser interpretada como sinal de confiança, com as empresas a pretenderem demonstrar confiança na sua estabilidade financeira e na capacidade de gerar lucros futuros, mantendo ou aumentando os dividendos para reforçar a confiança dos investidores.

João Queiroz

Head of trading do Banco Carregosa

João Queiroz, head o trading do Banco Carregosa, destaca que a decisão de aumentar a remuneração acionista, mesmo com estagnação nos resultados, pode ser interpretada “como sinal de confiança, com as empresas a pretenderem demonstrar confiança na sua estabilidade financeira e na capacidade de gerar lucros futuros, mantendo ou aumentando os dividendos para reforçar a confiança dos investidores”.

O mesmo responsável realça que melhores dividendos podem “tornar as ações mais atrativas, especialmente para investidores que buscam rendimentos estáveis, contribuindo para a valorização das ações.​ No entanto, é crucial acompanhar para observar que esta política seja sustentável e não comprometa a saúde financeira a longo prazo”, remata.

Henrique Tomé, analista da XTB Portugal, nota que “Portugal atravessa, atualmente, um bom momento económico e espera-se que a Europa também possa começar a dar sinais de recuperação no longo prazo. Desta forma, as expectativas futuras para as empresas continuam positivas“.

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Conciliação e corresponsabilidade em Espanha, progressos e desafios no caminho para a igualdade

  • Servimedia
  • 24 Março 2025

23 de março é o Dia Nacional da Conciliação da vida pessoal, familiar e profissional e da corresponsabilidade na assunção das responsabilidades familiares.

O grau de progresso em termos de equilíbrio entre a vida profissional e a vida privada determina a maturidade do mercado de trabalho e a igualdade num país. Em Espanha, esta é uma tarefa pendente que, embora tenha havido progressos significativos nos últimos anos, ainda representa um desafio crucial para a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres. Este aspeto torna-se mais interessante no âmbito do Dia Nacional do Equilíbrio Trabalho-Vida e da Corresponsabilidade, que é comemorado a cada 23 de março desde 2018.

Em Espanha, mais de 507 000 pessoas trabalham a tempo parcial para cuidar de membros da família ou devido a outras obrigações pessoais, de acordo com os dados do Inquérito às Forças de Trabalho (EPA) para o quarto trimestre de 2024. Destes, 91% são mulheres (mais de 465.000).

O facto de nove em cada dez pessoas que trabalham a tempo parcial em Espanha para conciliar a vida profissional com a vida pessoal serem mulheres revela um fenómeno estrutural na configuração do mercado de trabalho, marcando um longo caminho a percorrer em termos de corresponsabilidade e conciliação. Os peritos e as organizações sindicais concordam que a conciliação entre a vida profissional e a vida privada deve ir além da aplicação de medidas isoladas e envolver uma estratégia e uma cultura de recursos humanos a longo prazo nas organizações.

A ASEMPLEO, a associação patronal das empresas de trabalho temporário (ETT) em Espanha, apela a “uma abordagem responsável desta situação e à implementação de medidas concretas” para promover a igualdade. O presidente da associação, Andreu Cruañas, propõe “criar um cenário em que a conciliação entre a vida profissional e a vida familiar gere oportunidades equivalentes para homens e mulheres, promovendo um quadro regulamentar e uma cultura que garanta, por um lado, que a escolha voluntária de mulheres e homens não penalize o seu desenvolvimento profissional ou as suas opções de reforma. Por outro lado, as políticas salariais não devem enviesar estas escolhas em detrimento das mulheres.

Por seu lado, a Confederação Sindical Independente Fetico está convencida de que a Espanha deve fazer um esforço para progredir em termos de corresponsabilidade e cita os dados do Instituto da Mulher, que mostram que 44,5% das mulheres realizam sozinhas as tarefas domésticas, contra 9,6% dos homens.

Para o secretário-geral da Fetico, Antonio Pérez, “a corresponsabilidade deve ser um tema central no diálogo social e na negociação coletiva. A representação sindical nas empresas é uma arma muito poderosa, que conhece a realidade dos seus trabalhadores, e pode negociar e implementar políticas que ajudem a promover a corresponsabilidade”.

A confederação alerta ainda para o facto de, nos últimos anos, a dificuldade em estabelecer planos de igualdade ter dificultado a possibilidade de avançar e debater o equilíbrio entre a vida profissional e familiar e a sua importância na distribuição de papéis.

Apesar dos desafios subjacentes nesta área, a Espanha tem demonstrado progressos nos seus níveis de equilíbrio entre a vida profissional e pessoal e de corresponsabilidade, como demonstra o facto de estar em décimo lugar no Índice de Equilíbrio Trabalho-Vida 2024, realizado pela Remote e que abrange um total de 40 países. Assim, a Espanha situa-se acima dos Países Baixos, do Reino Unido, da França, de Portugal e da Suécia, entre outros países.

EMPRESAS DE REFERÊNCIA

Algumas empresas, como a IKEA, apostaram no equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, onde as pessoas trabalham continuamente e conhecem os seus horários com quatro meses de antecedência, bem como as férias anuais e os fins-de-semana livres.

Além disso, a empresa implementou uma política segundo a qual os funcionários têm dois dias de folga por semana e mais do dobro dos fins-de-semana de folga indicados no acordo coletivo de trabalho. Estas medidas vêm juntar-se à flexibilidade de repartir as férias fora do verão, contribuindo assim para melhorar a capacidade de conciliação entre a vida profissional e a vida familiar.

Os exemplos estendem-se também à área da tecnologia, onde o teletrabalho e a flexibilidade se tornaram uma parte fundamental das empresas deste setor. O caso da T-Systems Iberia destaca-se pela sua política de teletrabalho voluntário, “em que cada colaborador pode trabalhar em regime de teletrabalho até três dias por semana, com a possibilidade de trabalhar mais dias em casos excecionais. A empresa também implementa eficazmente medidas de desconexão digital e tem uma comissão para garantir a correta aplicação destas políticas”, afirma Caroline Morales, Vice-Presidente de Pessoas da T-Systems Iberia.

Na indústria farmacêutica, a BeiGene é uma empresa centrada na investigação do cancro que está consciente “da importância de os seus colaboradores encontrarem um equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, especialmente num setor tão exigente como o da saúde e da indústria farmacêutica”.

Desde as suas origens, a empresa tem implementado várias medidas para facilitar o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal e promover o seu bem-estar, tais como “horários de trabalho flexíveis, que lhes permitem gerir melhor o seu dia de trabalho e adaptá-lo às suas necessidades pessoais; bem como o teletrabalho a 100%, benefícios de saúde mental e física, apoio à mobilidade interna ou, ainda, licenças pagas mais extensas do que as estabelecidas pelo acordo coletivo”, salientam.

Relativamente a esta última, a BeiGene destaca não só casos como o nascimento e a prestação de cuidados a um filho, a morte de um membro da família ou de um parente próximo, mas também o aborto, os tratamentos de fertilidade falhados ou o cancelamento da adoção, tendo mesmo sido estabelecida uma licença remunerada em caso de morte de um animal de estimação.

INOVAR EM RH

Para avançar no caminho da igualdade, os especialistas concordam que será necessário abordar os recursos humanos de uma forma diferente. “É essencial combinar medidas de prevenção da discriminação com uma gestão inteligente do capital humano através de políticas de compensação e de organização do trabalho, entendidas como um imperativo ético de desenvolvimento social”, explica Andreu Cruañas.

A isto junta-se a posição sindical, que promove negociações ativas e eficazes em que se consegue a aceitação da licença de conciliação, com ênfase no coletivo masculino e que “as próprias empresas promovam a distribuição equitativa de tarefas para atenuar os papéis de género”, salienta Antonio Pérez.

Algumas empresas estão a avançar nesta dinâmica, e “adotámos modelos híbridos e flexíveis, oferecendo horários de trabalho adaptados às necessidades individuais, o que aumentou a satisfação e a fidelização dos talentos. No entanto, é necessário continuar a melhorar a implementação de políticas de trabalho flexíveis, que em muitos casos são comprometidas por enquadramentos legais e regulamentares que devem ser adaptados às novas realidades laborais”, acrescenta Caroline Morales, da T-Systems Iberia.

Ou, como explica a BeiGene, “o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional é um pilar fundamental para o bem-estar e a motivação das nossas equipas. Sabemos que um ambiente de trabalho que respeita e promove o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional não só contribui para a satisfação dos nossos colaboradores, como também tem um impacto positivo na sua produtividade e no seu compromisso com a empresa. Influencia o bem-estar e a motivação, conseguindo um maior empenho e retenção de talentos, uma vez que se sentem valorizados e comprometidos com a empresa, uma redução do stress e uma melhoria da saúde mental, que se reflete na qualidade de vida. Tudo isto resulta num aumento da produtividade”.

Existem também certificações que estão a ajudar as empresas a uniformizar os seus modelos de conciliação, como a Fundação Másfamilia, que distingue os avanços em matéria de corresponsabilidade e conciliação e já reconheceu empresas como a DKV, Orange, Grupo Eulen, Urbaser e Caixabank, entre outras.

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Empresas podem aderir ao novo IVA de caixa alargado aos dois milhões de faturação em outubro

Regime, que permite entregar o imposto ao Estado só quando os clientes pagam a fatura, alarga o acesso a PME com faturação anual até aos dois milhões de euros. Neste momento, o limite é 500 mil euros.

As micro empresas que esperem faturar, este ano, até dois milhões de euros vão poder aderir já, durante o mês de outubro, ao novo IVA de caixa, que permite entregar o imposto ao Estado só quando recebem do cliente, segundo o decreto-lei publicado esta segunda-feira em Diário da República e a que o ECO teve acesso.

Neste momento, o limite para beneficiar deste instrumento está nos 500 mil euros de volume de negócios. A medida começa a contar a partir de 2026, sendo que as empresas terão de pagar o IVA ao Estado ao fim de um ano, mesmo que não recebam do cliente.

O diploma produz efeitos a 1 de julho de 2025, o que significa que, nessa data, as empresas que estariam excluídas de usufruir da medida, por excederem os 500 mil euros de volume de negócios, passam a poder subscrever o novo regime através do portal das Finanças, de acordo com o mesmo diploma do Executivo de Luís Montenegro, que teve origem numa proposta de autorização legislativa aprovada pelo Parlamento.

“Entendendo o Governo estarem reunidas as condições para se proceder ao alargamento do âmbito do regime do IVA de caixa, o regime passa a abranger os sujeitos passivos de IVA com um volume de negócios anual não superior a 2.000.000 euros”, segundo o diploma publicado esta segunda-feira em Diário da República.

“Proporciona-se dessa forma aos sujeitos passivos de IVA que cumpram as condições de acesso ao regime, a possibilidade de exercer essa opção, abrindo o regime a um número significativo de agentes económicos, que se insiram nos ramos empresariais e profissionais, contribuindo dessa forma para melhorar a sua gestão financeira”, de acordo com o mesmo decreto-lei.

As empresas interessadas podem aderir, através do portal das Finanças, durante o mês de outubro, com efeitos a partir de 2026. As que estariam excluídas, a 1 de julho de 2025, por terem ultrapassado o teto de 500 mil euros também passam a estar abrangidas, segundo o decreto-lei. Independentemente deste mecanismo, ao fim de 12 meses da emissão do recibo, a empresa tem de entregar o IVA ao Estado, mesmo que o cliente não pague a fatura.

O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, defendeu, em julho do ano passado, durante a apresentação do programa Acelerar a Economia’, que a medida irá permitir “a mais empresas aderir” ao regime, permitindo, segundo o governante, “uma tesouraria mais flexível e mais eficiente”.

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Passe Verde Ferroviário demora até 20 dias a ser entregue

Aumento da procura "gerou pressão nas equipas ao longo de todo o território". Governo espera que tempo de entrega seja reduzido ao longo das próximas semanas.

A elevada procura do Passe Verde Ferroviário, título para o comboio com a validade de 30 dias consecutivos e o custo mensal de 20 euros, gerou constrangimentos, situando-se atualmente o prazo máximo de entrega nos 20 dias, com o Governo a esperar que se reduza “ao longo das próximas semanas”.

“O lançamento do passe ferroviário verde traduziu-se num crescimento significativo do número de pedidos de cartão, um aumento de cerca de 663% do número médio de pedidos de cartões por mês entre o último trimestre e o restante ano. Ainda que o aumento do número de pedido de cartões tenha sido antecipado pela CP, este aumento gerou pressão nas equipas ao longo de todo o território, tendo os prazos de entrega sido dilatados no momento de pico até um máximo de 25 dias“, admite o Ministério da Habitação e Infraestruturas.

As informações são avançadas pelo Ministério liderado por Miguel Pinto Luz em resposta a questões do grupo parlamentar do PS, entre as quais quais as medidas que o Executivo pondera tomar para que a emissão do passe ocorra num espaço mais curto de tempo ou de forma imediata.

A tutela garante que “ao dia de hoje o prazo máximo de entrega situa-se nos 20 dias e com tendência a ser reduzido ao longo das próximas semanas“.

Detalha ainda, perante a questão sobre se a CP iria disponibilizar máquinas automáticas no Algarve, que “foram introduzidas medidas mitigadoras adicionais, incluindo no Algarve onde foi instalado um novo posto emissor que permitiu reduzir os tempos de entrega para 8 dias”.

O Ministério adianta ainda que está atualmente em curso pela CP o desenvolvimento de novos canais digitais website e app, “que permitirão no futuro novas formas de venda e agendamento de viagens do Passe Ferroviário Verde”.

“A digitalização e simplificação dos sistemas de bilhética é uma estratégia fundamental da CP para servir os passageiros em todas as regiões e contextos”, aponta.

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