65% dos trabalhadores entram no mercado de trabalho com um contrato sem termo ou a termo certo

  • Servimedia
  • 23 Dezembro 2024

Antes da reforma laboral, 80% dos trabalhadores entravam no mercado de trabalho com um contrato temporário.

65% dos trabalhadores que entram atualmente no mercado de trabalho obtêm um contrato permanente ou sem termo, em comparação com os 80% que, antes da última reforma laboral, conseguiam um emprego com um contrato temporário.

É o que mostra o último relatório trimestral do Instituto de Talento e Inovação EY-Sagardoy, elaborado com a colaboração da Fedea, que analisa a evolução do mercado de trabalho e as tendências no domínio do emprego até ao terceiro trimestre de 2024.

A análise destaca o bom desempenho do emprego, a queda do desemprego e a melhoria da produtividade por hora trabalhada. Além disso, passa em revista as recentes normas laborais e a evolução da jurisprudência e aborda as tendências do capital humano para 2025, incluindo os desafios e as oportunidades em matéria de mobilidade internacional de talentos e as alterações à nova regulamentação em matéria de imigração.

Salienta também que o crescimento dos salários por trabalhador abrandou, mas acelerou por hora. A queda da taxa de emprego temporário está a moderar-se e o emprego descontínuo permanente está a crescer, dois anos e meio após a implementação da reforma laboral. O fosso entre o “desemprego efetivo” e o desemprego registado está a aumentar. A idade em que se obtém o primeiro emprego legal está a aumentar devido ao atraso na incorporação da população autóctone no mercado de trabalho.

A criação de emprego manteve o seu ritmo no terceiro trimestre de 2024, sobretudo para os trabalhadores por conta de outrem, o que compensou a redução do número de trabalhadores independentes. O aumento do emprego situou-se entre 0,3% de CVEC (Crescimento das Variações Sazonais e Cíclicas) trimestral das pessoas inscritas na Segurança Social e 1,0% dos postos de trabalho. Os números das inscrições de outubro e novembro antecipam uma ligeira retoma do emprego no quarto trimestre de 2024. Após o DANA, as inscrições cresceram menos do que o previsto em Valença.

O crescimento do emprego concentrou-se nos estrangeiros e nos espanhóis com menos de 25 anos de idade. A criação de emprego compensou a diminuição das horas trabalhadas por pessoa empregada, causada pelo aumento da população empregada que não trabalha e da taxa de tempo parcial. Prevê-se que as vagas atinjam 153.000 CVEC no terceiro trimestre, mais 4,3% do que no segundo trimestre. A taxa de desemprego baixou para 11,3% CVEC, apesar da resistência à descida do desemprego de longa duração.

Para Fátima Báñez, presidente do Instituto de Talento e Inovação EY-Sagardoy, “a agenda de Espanha em 2025 é a agenda do talento”, porque “atrair, reter e motivar o talento será fundamental para que as empresas continuem a crescer e a oferecer serviços de qualidade”. “O nosso mercado de trabalho enfrenta enormes desafios, como as elevadas taxas de desemprego e de rotatividade, bem como a necessidade de preencher vagas em todos os setores económicos com a educação e a formação de competências adequadas. Tudo isto num contexto de incerteza regulamentar e com a perspetiva de aumento dos custos laborais. O HCO é uma ferramenta essencial para enfrentar com mais informação a apaixonante tarefa da gestão de pessoas”.

O vice-presidente do Instituto EY-Sagardoy e presidente da Sagardoy Abogados, Iñigo Sagardoy, indicou que “a proteção dos direitos das pessoas e a garantia da igualdade no local de trabalho são essenciais para o progresso da sociedade”. “A isto junta-se a importância de responder com agilidade aos desafios da mobilidade global, com ferramentas tecnológicas que otimizem os recursos e simplifiquem os processos. A inteligência artificial já está a transformar a forma como gerimos o talento num mundo interligado. Só integrando estes elementos poderemos assegurar um progresso social e económico sólido e duradouro”.

Juan Pablo Riesgo, partner responsável pela EY Insights, concluiu que “o mundo do trabalho está a enfrentar novos desafios, como a digitalização, a robótica e as transições energética e demográfica. Tudo isto exigirá a atualização do quadro das relações laborais, a modernização das políticas ativas de emprego e a melhoria da formação, bem como uma aposta firme na atração de talentos.

TENDÊNCIAS DO CAPITAL HUMANO

Na secção Tendências do Capital Humano, esta edição centra-se no estudo de mobilidade global “EY 2024 Mobility Reimagined”, que destaca os desafios e as oportunidades na mobilidade internacional de talentos. Ao mesmo tempo, destaca a aprovação de uma modificação abrangente do regime de estrangeiros. Esta secção foi elaborada por Josefina Botero, Diretora do Departamento de Imigração Global da People Advisory Services; Sergi Cebrián, Partner in Integrated Mobile Talent da People Advisory Services; e Sergio López, Partner da People Advisory Services e Líder da área de Transformação.

De acordo com o estudo “EY 2024 Mobility Reimagined”, as organizações com programas de mobilidade evoluídos superam mais facilmente desafios como a escassez de talentos e a volatilidade económica, além de progredirem nos objetivos de sustentabilidade. A mobilidade está assim estabelecida como um motor de resiliência e crescimento empresarial.

Entre as conclusões está o facto de 75% das organizações terem dificuldade em recrutar pessoas com as competências necessárias e de os trabalhadores quererem carreiras mais flexíveis. Sobre este ponto, o inquérito refere que 87% dos trabalhadores a nível global querem trabalhar remotamente pelo menos dois dias por semana. As empresas e organizações estão à procura de mais talentos a nível global e 66% acreditam que a função de mobilidade irá expandir o seu âmbito nos próximos três anos para responder a novas exigências e desafios mais complexos.

Os resultados do inquérito revelam que 95% das organizações acreditam que o alinhamento da estratégia de mobilidade com a estratégia empresarial e de talento tem múltiplos benefícios; 89% das organizações acreditam que a função de mobilidade contribui para melhorar a resiliência do seu negócio; enquanto 80% das organizações acreditam que a função de mobilidade as ajuda a responder rapidamente aos desafios de ambientes em mudança.

Um dos aspetos mais salientes da mobilidade é o impacto da Inteligência Artificial. O relatório do EY-Sagardoy Institute conclui que a IA “está a transformar os processos de mobilidade internacional, permitindo que as empresas enfrentem os desafios de forma mais eficiente e eficaz. Uma das áreas mais proeminentes da aplicação da IA é a automatização da conformidade regulamentar. A gestão dos regulamentos legais e fiscais é um processo fastidioso e sujeito a erros humanos, mas com a IA é possível automatizar a recolha e a análise dos regulamentos locais para determinar o melhor visto, segurança social ou abordagem fiscal para uma mudança específica.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 23 de dezembro

  • ECO
  • 23 Dezembro 2024

Ao longo desta segunda-feira, 23 de dezembro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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A apostar em apps e influenciadores na Real Food, Pureza Morais Cabral, na primeira pessoa

Pureza Morais Cabral, diretora de marketing da Real Food, tem apostado na app e em influenciadores para comunicar a h3 e a Tomatino. Adora a natureza e em junho subiu ao pico do monte Kilimanjaro.

Como diretora de marketing da Real Food, dona da h3 e da Tomatino, Pureza Morais Cabral tem apostado numa estratégia bastante assente em influenciadores, que permite essencialmente atingir as gerações mais jovens, e na app dos restaurantes, que possibilita a angariação de clientes. No entanto, esta estratégia é diferente e adaptada a cada uma das marcas, que estão em diferentes fases de maturidade: enquanto o h3 é uma marca já conhecida, com bastantes restaurantes, a Tomatino está em processo de expansão, tendo só começado recentemente a comunicar.

No caso do h3, estando presente em “todos os grandes shoppings da zona de Lisboa além do Fórum Sintra”, a estratégia de expansão passa por ir para shoppings e cidades “um pouco mais pequenos mas cujo tráfego o justifique”, como Caldas da Rainha ou Torres Vedras.

Mas, enquanto marca que já tem 17 anos, 59 restaurantes (incluindo franchisados) e que “as pessoas conhecem”, o h3 tem “um posicionamento que é claro”, apostando todos os anos numa “grande campanha multimeios”. A última destas “grandes campanhas” — “Oferecer é de amigo”- – aconteceu em março deste ano, e contou com uma estratégia que englobou recurso a influenciadores, digital, outdoors, rádio, lojas e aplicação.

Foi uma campanha que funcionou muito bem, cumprimos todos os objetivos. Na verdade centrava-se muito na nossa aplicação, para aumentar a nossa base de dados da app, e funcionou muito bem, conseguimos angariar muitos clientes. No mês em que lançámos a campanha passámos da média de sete mil registos na app para 20 mil, sendo que desses 20 mil mais de metade mantiveram-se a usar ativamente a aplicação”, avança Pureza Morais Cabral.

Mais recentemente, a marca optou por fazer uma campanha em que apostou maioritariamente em marketing de influência, recorrendo a cinco influenciadores “não muito conhecidos” (da área de lifestyle e da área da restauração) e a oito micro influenciadores, tendo sido obtidos “resultados brutais“.

Até para mim foi inesperado, foi a primeira vez que fizemos uma campanha quase exclusivamente com influenciadores, e correu muito bem. Nem todos com o mesmo alcance, interações ou visualizações, mas foi muito bom, tanto que a francesinha, desde a semana em que foi lançada, é o menu que vende mais. Nós, quando lançamos hambúrgueres novos, normalmente estes são os mais vendidos na primeira semana mas depois caem para terceiro ou quarto lugar. Mas desde que a lançámos, em meados de novembro, a francesinha é o produto que mais vende em quase todas as lojas. Nunca nos tinha acontecido isto, é inédito.”

Percebemos que esta estratégia de influenciadores funciona, mas temos de ter algum cuidado porque são resultados muito imediatos. Este não pode ser o único meio de comunicação, de construção e de posicionamento da marca mas, de forma pontual e tática, tem funcionado bem para nós e iremos continuar a fazer pontualmente ações deste género. Provavelmente em vez de fazermos grandes campanhas, faremos mais campanhas mas com uma dimensão mais pequena“, conclui a diretora de marketing.

Já a Tomatino, atualmente com 28 restaurantes (incluindo franchisados) encontra-se em processo de expansão — num sentido de Norte (onde já tem várias lojas) para Sul — pelo que “ocupa mais tempo nos bastidores do que propriamente em termos de comunicação, uma vez que só recentemente é que se começou a fazer mais comunicação, sobretudo em social media“, diz a diretora de marketing do grupo Real Food, que integra ainda o Café3.

“Ainda estamos a trabalhar a marca e o seu posicionamento. Ou seja, é uma marca comercial, que já existia em shoppings, mas que ainda não tinha uma construção por trás. Estamos agora a começar a construir a marca, os valores, a missão, posicionamento… e portanto ao longo de 2025 vamos começar a ter uma marca mais musculada“, adianta.

O objetivo num futuro próximo passa por “semear a Tomatino” nos shoppings da grande área de Lisboa, acreditando-se que daqui a dois anos a marca já consiga ter presença em pelo menos metade dos shoppings da zona da capital, sendo que já está presente no Strada Outlet, Amoreiras Shopping e Alegro Alfragide. A partir daí a marca irá começar a ser mais conhecida, entrando num “ciclo virtuoso”, onde “as pessoas começam a conhecer e nós começamos a comunicar e a posicionar a marca”, explica a responsável de 55 anos.

Em termos de comunicação propriamente dita, a Tomatino tem apostado na comunicação na app e em CRM (customer relationship management,) como mensagens SMS. Desde há cerca de um mês, começou a criar conteúdos para as páginas de Facebook e Instagram.

Quando já tivermos mais massa crítica, mais lojas e mais visibilidade, então passaremos a fazer campanhas mais robustas“, adianta Pureza Morais Cabral, referindo que a marca fez também recentemente “alguma coisa com influenciadores”, no TikTok, o que “funcionou muito bem”.

“Para uma camada mais nova consideramos sempre o TikTok e a Tomatino é uma marca a que aderem bem. Consigo perceber que temos mais pessoas mais novas desde que começámos a comunicar um bocadinho mais no TikTok, portanto percebemos que esta pode ser uma estratégia. Mas ainda estamos a construi-la para não ser uma coisa desgarrada, nunca vou fazer comunicação avulsa, aleatória, sem uma estratégia por trás“, explica.

Na direção de marketing da Real Food, Pureza Morais Cabral lidera uma equipa composta por outras quatro pessoas, sendo que conta também com o apoio de um designer e um developer externos. Em termos de agências, trabalha com a Dentsu Creative (como agência de publicidade), Dentsu Media (agência de meios), NEI (agência de influenciadores) e M Public Relations (agência de relações públicas).

O início do percurso profissional de Pureza Morais Cabral começou a ser trilhado com um estágio na Unilever, mais concretamente no departamento de marketing de detergentes. No entanto, embora gostasse de estar do lado do cliente queria ter outras experiências, pelo que aproveitou para integrar a BBDO quando surgiu essa oportunidade.

Acabou por ficar na agência cerca de 18 anos, sendo que a sua “vida profissional de agência” foi “basicamente toda” feita em conjunto com nomes da publicidade como João Wengorovius ou Pedro Bidarra. Durante essa experiência trabalhou diferentes clientes como Auchan, BES e Novo Banco, Super Bock Group e “imensas marcas internacionais”.

Essa larga experiência “foi essencial” para a função que desempenha atualmente, isto porque agora tem o “outro lado da medalha” e “se não tivesse tido o lado de agência, provavelmente faria um trabalho menos criativo enquanto diretora de marketing” do que faz ao dia de hoje, diz.

Mantenho muito a costela criativa. Tudo o que nós pensamos, toda a estratégia, todos os posicionamentos, eu tento acrescentar sempre um lado um bocadinho mais criativo e desafiador que normalmente se vai perdendo nos departamentos de marketing por variadíssimas razões. Acontece muito estas máquinas do marketing estarem tão focadas nos objetivos e nos resultados, que se vai perdendo um pouco a parte mais emocional e criativa, e eu acho que acrescento essa parte todos os dias no meu trabalho e acho que isso faz a diferença“, explica.

Foi também enquanto esteve na BBDO que obteve muito do seu “pensamento estratégico”, que é “super útil na gestão do dia-a-dia e na relação com as agências”. “Para fazer o trabalho que estou a fazer hoje e da maneira que estou a fazer, foi essencial para mim ter trabalho tantos anos naquela agência e com aquelas pessoas”, acrescenta.

Depois cheguei a uma certa altura que achei que já tinha dado tudo o que tinha para dar e que precisava de aprender outras coisas, ter outros desafios e sair da zona de conforto“, diz, o que a levou a aceitar o convite de Albano Homem de Melo, que lhe propôs assumir a direção do departamento de marketing da Real Food (numa altura em que ainda era apenas h3 Portugal), onde iniciou funções em 2018 e se mantém até hoje.

“Completamente lisboeta, nascida e criada”, Pureza Morais Cabral vive em Lisboa, na zona da Avenida Infante Santo, com os dois filhos — de 18 e 15 anos — e um cão.

No seu tempo livre, até porque consegue “gerir bem o tempo”, faz desporto quase todos os dias, marcando presença no ginásio logo pelas 7h30. O final do dia é mais dedicado à família — entre ir a casa dos pais, jantar “com os miúdos” e, por vezes, “dar uma ajuda” ao filho mais novo nos estudos. Pelo menos uma vez por semana, há sempre lugar para um jantar com amigas ou outra atividade social, pois “tem de haver estímulos e é bom fazer algo que não seja só casa-trabalho“, refere.

Recentemente descobriu uma nova paixão, que passa pela prática de trekking, a qual já começou a fazer entretanto de uma forma mais profissional. Tanto que em junho subiu ao pico Uhuru, do monte Kilimanjaro, o ponto mais alto do continente africano, com uma altura de quase seis mil metros (5.895 metros), numa aventura com um grupo de 30 pessoas, muita neve, frio e vento, “mas lá chegámos, todos impecáveis”. “Foi uma experiência espetacular, muito gira e muito transformadora“, recorda.

Desde então continua a fazer trekking “de forma intensiva”, todos os fins de semana. A próxima grande aventura está marcada para março, estando marcada uma ida à Serra de Gredos, em Espanha, para fazer uma “escalada mais técnica” com o alpinista português João Garcia, numa atividade que “já está mais perto do alpinismo do do trekking”.

Este hobbie surge até tendo em conta a sua paixão pela natureza. Pureza Morais Cabral tenta, todos os fins de semana, não ficar em Lisboa. “Faz falta uma pessoa limpar a cabeça e em Lisboa isso é mais difícil. O meu objetivo é todos os fins de semana — se não os conseguir passar fora — pelo menos num dos dias fazer trekking, caminhadas, ir para a praia com o cão… tem de haver sempre algum contacto com a natureza, ajuda-me a equilibrar”, explica.

Na verdade, se não trabalhasse em marketing, Pureza Morais Cabral gostaria de ter uma profissão que lhe permitisse estar perto da natureza. Eventualmente ter “uma espécie de alojamento local, que fosse no campo, mais virado para os desportos de natureza, e em que conseguisse também fazer uns almoços e jantares simpáticos, era por aí, certamente”, refere.

A ideia passaria então por conseguir conjugar a natureza com ter “pessoas à volta”, conhecendo outras pessoas e realidades. “Acho sempre giro quando se conhecem outras pessoas e aqui em Portugal é fácil, há sempre imensos estrangeiros, mete-se conversa, conhecem-se outras pessoas e realidades, e acho que isso é muito enriquecedor. O ideal seria misturar a natureza e as pessoas”.

Tanto que um desafio que está sempre presente num âmbito mais profissional passa por conseguir colocar a ideia em prática. “É uma coisa que estou sempre a pensar que vai acontecer, portanto o desafio é pôr as coisas a acontecer. Pressupõe arriscar um bocado e ter de conjugar várias coisas, e portanto o desafio para mim é arrancar com um projeto deste género”, avança.

em termos mais pessoais, Pureza Morais Cabral elege como grande desafio “conseguir estar equilibrada”, ou seja, conseguir ter um equilíbrio entre o lado profissional, o pessoal e o familiar, bem como “ter os filhos encaminhados e felizes”.

De resto, “acho que há um desafio grande de uma pessoa estar bem com o resto do mundo, que acho que é cada vez mais difícil. As pessoas não estão bem com o mundo, portanto o meu desafio é também conseguir continuar bem com o mundo e com as pessoas à minha volta e, no fim do dia, ser feliz”, conclui.

Pureza Morais Cabral em discurso direto

1 – Que campanhas gostava de ter feito/aprovado? Porquê?

Todas as do Economist pela inteligência e sentido de humor. As do Got Milk?, pela estética e simplicidade. As mais antigas da Nike pela inspiração e insights de consumidor certeiros.

2 – Qual é a decisão mais difícil para um marketeer?

Acho que o facto de ter que estar sempre a tomar decisões faz com que o processo se simplifique. Eventualmente ter que abdicar duma ideia/campanha que gosto, mas que não responde ao brief ou à necessidade da marca.

3 – No (seu) top of mind está sempre?

O cliente. Atual e potencial.

4 – O briefing ideal deve…

Inspirador e ter insight de consumidor forte. Curto de preferência.

5 – E a agência ideal é aquela que…

Conhece o cliente e, ainda mais importante, conhece os clientes do cliente. Faz muito bem o pequeno e o grande. Pensa fora da caixa quando é preciso e dentro da caixa também.

6 – Em publicidade é mais importante jogar pelo seguro ou arriscar?

O seguro morreu de velho. Sem risco não há evolução, inovação.

7 – O que faria se tivesse um orçamento ilimitado?

O mesmo que faço com um orçamento limitado: boa comunicação com retorno (uma é consequência da outra). Investiria mais em estratégias eficazes de captação e retenção de clientes.

8 – A publicidade em Portugal, numa frase?

Com pouca graça. Parece que perdemos a capacidade de rir de nós próprios.

9 – Construção de marca é?

Como construir uma casa: com bases sólidas pode-se sempre acrescentar mais andares.

10 – Que profissão teria, se não trabalhasse em marketing?

Qualquer uma que me permitisse estar perto da natureza. É o que mais sinto falta no meu dia-a-dia.

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Innventures prepara novo fundo de investimento em tecnológicas com até 20 milhões

O braço de capital de risco da empresa portuguesa está a negociar com mais investidores ‘corporate’ e individuais para pôr no mercado mais um veículo de financiamento de startups em 2025.

A consultora tecnológica Innowave prepara-se para lançar um fundo de investimento em capital de risco com 15 milhões a 20 milhões de euros no próximo ano. Depois de vender duas das seis empresas que tem no portefólio, nos últimos três meses, o braço de investimento da empresa portuguesa – Innventures – está a cimentar as bases do que será o novo veículo de capitalização de startups em Portugal.

Este será o segundo mecanismo de apoio à inovação, que se chamará Fundo 1 e se segue ao Fundo 0 lançado em 2023 com um investimento de um milhão de euros por parte da casa-mãe. Se correr bem, a Innventures admite criar o Fundo 2 já em mercado, de investidores institucionais tradicionais.

“Nesta fase, ainda vamos levantar junto do nosso ecossistema. VC [venture capitalists], corporate também, ou outros investidores que têm negócios de tecnologia, do nosso círculo de confiança, e que fazem os seus investimentos a partir daí”, esclareceu ao ECO o CEO da Innowave, Tiago Mendes Gonçalves.

Os trabalhos de operacionalização do fundo estão a decorrer, pelo que ainda não há nomes de parceiros oficiais. O alvo são deep tech com ambição global (estratégia de internacionalização), até porque a consultora tem escritórios em mais quatro países e negócios na Alemanha, em Singapura e na Suíça, onde em 2026 também pondera entrar com entidade legal e equipas de gestão próprias.

Questionado sobre as expectativas para o mercado norte-americano, que já representa 20% do volume de negócios da empresa, Tiago Mendes Gonçalves mostrou-se otimista perante a troca de cadeiras na Casa Branca. Na opinião do gestor português, o regresso de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos poderá trazer um ímpeto económico importante para a faturação das empresas. De facto, antecipa que a Innowave – que tem escritório em Virgínia – cresça para perto dos 40% em três anos. “Os Estados Unidos têm uma dinâmica económica brutal”, reforçou ao ECO.

Venda de participação na GoSupply e Vigie

Dois anos depois da aquisição da portuguesa Cycloid, a empresa vai priorizar o crescimento orgânico e ajudar as startups no portefólio a angariar financiamento para fazer novos exits (saídas). Desde setembro, venderam duas tecnológicas: a GoSupply (sistema de gestão de risco da cadeia de abastecimento) e a Vigie Solutions (plataforma digital para cuidados de saúde). “Para a empresa indiana Akademe estamos a começar a procurar investidores para uma ronda pré-seed [inicial], essencialmente indianos”, acrescentou ao ECO Tiago Mendes Gonçalves.

“A Innventures é uma sociedade autónoma [da Innowave]. Já fazíamos parte deste trabalho [de investimento], mas como é um negócio muito específico e requer governance e uma equipa de gestão decidimos criar esta unidade. Assim não se mistura com os acionistas da Innowave”, esclareceu o responsável pela consultora tecnológica a propósito da mudança.

O trabalho da Innventures assenta em três pilares, além do financiamento e participação (equity): apoio da equipa e dos assessores/conselheiros do advisory board no desenvolvimento do negócio da empresa numa componente de produto e estratégia de entrada no mercado (go-to-market) e acesso à rede da Innowave (clientes, 500 colaboradores em Portugal, EUA, Bélgica, Reino Unido e Índia e mesmo ex-clientes e ex-trabalhadores).

À boleia de um ano focado no investimento, em 2023 a Innowave não conseguiu cumpriu a previsão de receitas de 32 milhões de euros, mas espera fechar este ano com uma faturação de 26 milhões de euros, o que representa um crescimento de 13% em termos homólogos. Em causa está uma quebra no setor das telecomunicações, no qual tinha 80% do negócio e passou a ter apenas 55%, que está a ser compensada pela aposta na indústria seguradora.

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Burger King, Mcdonald’s e Telepizza, as 3 principais marcas de restaurantes para consumo online em Espanha

  • Servimedia
  • 23 Dezembro 2024

Burger King, McDonald's e Telepizza lideram o ranking como as três marcas de restaurantes com maior utilização de plataformas digitais no setor do delivery.

De acordo com o mais recente estudo “Wrapped Digital 2024” realizado pela GfK DAM, a empresa oficial de medição de audiências digitais em Espanha, que analisa os 10 sítios Web, redes sociais, sites de delivery, bancos e viagens mais populares do ano.

O relatório fornece um retrato da navegação na Internet e da utilização de aplicações pela sociedade espanhola em 2024 e posicionou o delivery como uma opção de consumo fundamental para os utilizadores. Neste setor, a Telepizza está posicionada no top 3 das cadeias de restaurantes como a única marca de pizzas, com uma média de 1.649.318 utilizadores únicos que fizeram encomendas através da aplicação e da Web no período entre janeiro e outubro deste ano.

A marca líder de pizzas em Espanha também registou um aumento significativo de cerca de 12% em relação ao ano anterior, demonstrando que continua a fidelizar e a atrair consumidores que encomendam as suas pizzas a partir de casa.

De acordo com o relatório, o consumo de delivery está cada vez mais ligado a grandes eventos, como os desportivos. Este ano, por exemplo, o Campeonato Europeu de Futebol impulsionou as visitas às plataformas de entrega de comida, com picos significativos durante os jogos, até 200% durante a final Espanha-Inglaterra. Algumas marcas, como a Telepizza, estiveram ligadas a esta tendência, lançando experiências gastronómicas exclusivas para os consumidores nestas datas.

Entretanto, os hambúrgueres continuam a ser outra das atrações gastronómicas nas encomendas online dos espanhóis. O Burger King lidera o ranking de entregas com uma média de 5.081.410 utilizadores únicos em 2024, embora tenha diminuído 8,5% em comparação com os dados do ano anterior. É seguido pelo McDonald’s com mais de 4.494.402 utilizadores únicos, que, neste caso, registou um crescimento de 14,5% em relação aos números detetados em 2023.

O estudo inclui também Just Eat, Glovo e Uber Eats como plataformas de entrega, com mais de 3,6 milhões, 3,4 milhões e 2,5 milhões de utilizadores únicos, respetivamente. Outras marcas como a Domino’s Pizzas também aparecem no ranking, mas diminuíram o seu número de utilizadores únicos em 8,8% em relação ao ano anterior. Nas duas últimas posições está a KFC com mais de 1,2 milhões de utilizadores únicos, seguida da Foster’s Hollywood com mais de 750.000.

O medidor oficial de audiências digitais também revelou outras tendências digitais e hábitos de navegação dos espanhóis. Neste contexto, verifica-se uma consolidação da utilização das redes sociais, com uma descida do X; um avanço na democratização da utilização da inteligência artificial; um aumento da proeminência dos neobancos; e um crescimento do consumo de plataformas de viagens, entre outras inclinações e comportamentos de utilização digital.

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Revolução quântica. O que é e quando chegará, no podcast À Prova de Futuro

Yasser Omar, presidente do Instituto Português Quântico, e Rui Semide, CEO da Entangled Space, explicam o que são as tecnologias quânticas e que impacto poderão ter no futuro.

As tecnologias quânticas usam as propriedade da física quântica para desenvolver computadores capazes de resolver em cinco minutos um problema matemático que um supercomputador levaria mais do que a idade do universo. Permitem ainda criar comunicações com um nível de privacidade muito superior ou sensores muito mais precisos, revolucionado áreas como a medicina, a logística ou a alta finança.

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Neste episódio do À Prova de Futuro, um podcast do ECO apoiado pelo Meo Empresas, conversámos com Yasser Omar, presidente do Instituto Quântico Português, doutorado em computação quântica pela Universidade de Oxford e professor do Instituto Superior Técnico.

Na rubrica “Gestor sem medo” falámos com Rui Semide, CEO da Entangled Space, uma startup portuguesa que está a desenvolver um sistema de segurança digital com base em tecnologias quânticas e que recebeu recentemente o prémio Born from Knowledge da Agência Nacional de Inovação.

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Abanca concentra negócio no ex-Eurobic e fecha sucursal

Espanhóis continuam a 'digerir' aquisição do banco português no verão passado. Vão passar toda a atividade para o Eurobic e fechar a sucursal, mantendo a marca Abanca. Processo durará um ano.

O Abanca continua a ‘digerir’ a aquisição do Eurobic. Os espanhóis preparam-se para concentrar todo negócio bancário em Portugal no banco que adquiriram a Isabel dos Santos e outros angolanos no verão passado, por cerca de 350 milhões de euros. Com isso, a sucursal vai ser encerrada, mas a marca é para manter.

O banco com sede em Santiago de Compostela, na Galiza, tem em andamento um processo de cisão transfronteiriça no âmbito do qual vai separar a atividade em Portugal da casa-mãe galega e transferir toda a carteira de crédito e de depósitos (ativos e passivos), incluindo trabalhadores, que já tinha por cá para a estrutura do que era o Eurobic — sua filial desde que fechou a compra em julho.

No final deste processo, que só deverá estar concluído dentro de mais ou menos de um ano, o Abanca emergirá como sétimo maior banco no mercado português, atrás dos ‘Big-5’ e do Crédito Agrícola, contando com mais de 300 mil clientes e 20 mil milhões de euros em volume de negócios.

Por seu turno, depois de ‘esvaziada’, a sucursal com a qual o Abanca opera atualmente em Portugal (e que havia comprado o negócio do Deutsche Bank em 2016) será para fechar a seguir, estando tudo dependente de aprovação das autoridades dos dois lados da fronteira, nomeadamente o Governo espanhol e o Banco de Portugal. Antes disso, o processo ainda vai ser ratificado pelas assembleias-gerais dos dois bancos no início do próximo ano.

Fonte oficial do banco explicou ao ECO que a consolidação dos negócios em Portugal visa “reforçar a sua posição competitiva no setor financeiro português” e esclareceu que “os colaboradores da sucursal do Abanca vão manter todas as condições de trabalho que têm atualmente, de acordo com o quadro legal em vigor, não estando previsto que esta operação tenha qualquer impacto nos colaboradores das duas entidades”.

O Eurobic tinha mais de 1.400 trabalhadores no final do ano passado e no Abanca em Portugal trabalham quase 400.

"Os colaboradores da sucursal do Abanca vão manter todas as condições de trabalho que têm atualmente, de acordo com o quadro legal em vigor, não estando previsto que esta operação tenha qualquer impacto nos colaboradores das duas entidades.”

Abanca

Fonte oficial

De fora deste processo de cisão ficam os negócios da Sogevinus (que tem as marcas de vinho do Porto Calem, Velhotes, Kopke, Barros, entre outras) e ainda outra empresa, a Laborvantage – Investimentos Imobiliários, que se manterão no perímetro do grupo de Juan Carlos Escotet.

O Abanca registou lucros de quase mil milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, mais do que duplicando em comparação com o mesmo período de 2023, aproveitando o ambiente de taxas de juro elevadas que tem puxado pelos resultados de todo o setor.

O banco galego já pôde contar com o contributo do Eurobic, que apurou lucros de 71,3 milhões de euros entre janeiro e setembro, abaixo, ainda assim, do resultado obtido há um ano.

Desde janeiro de 2020 que se mantinha a indefinição na estrutura acionista do Eurobic, após ter rebentado o caso Luanda Leaks em janeiro de 2020, que forçou Isabel dos Santos a sair do banco português.

A empresária angolana detinha uma participação de 42,5% do Eurobic que se encontrava arrestada pelas autoridades na sequência do mega processo que enfrenta em Luanda, sendo que 37,5% estavam na posse de Fernando Teles, enquanto o restante capital pertencia a outros acionistas angolanos como Luís Cortez dos Santos, Manuel Pinheiro Fernandes e Sebastião Lavrador (cada um com 5%).

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Do IRS ao IVA, famílias vão pagar menos impostos em 2025. Saiba quanto vai poupar

Haverá um novo alívio no IRS com a atualização dos escalões e aumento da dedução das rendas de habitação. IVA da luz terá nova baixa e acabam as portagens em sete autoestradas do interior e Algarve.

O ano novo traz um novo presente para as famílias portuguesas. Haverá um alívio adicional no IRS através da atualização dos escalões em 4,6% e do aumento do mínimo de existência, que mantém, assim, o salário mínimo isento. O ganho anual com a descida deste imposto pode superar os 600 euros. Além disso, o teto para a dedução das rendas de habitação própria e permanente sobe de 600 para 700 euros.

O IVA da eletricidade vai baixar da taxa máxima, de 23%, para a mínima, de 6%, nos primeiros 200 a 300 kWh por mês para potências contratadas até 6,90 kVA, o que dará uma poupança mensal entre os 1,5 euros e os 3,82 euros por mês. E vão acabar as portagens em sete autoestradas ex-SCUT (sem custo para o utilizador) do interior e Algarve. Apesar desta benesse, as taxas nas restantes vias terão um agravamento de 2,21%.

Quanto ao IRS, o imposto que incide sobre rendimentos de trabalho dependente e pensões, mantêm-se os atuais nove escalões e as taxas que já tinham sido reduzidas, este ano, por proposta do PS e aprovadas em coligação negativa com o Chega.

Descida do IRS e alargamento das isenções para os jovens

Mas as famílias vão poder beneficiar de uma nova descida no imposto a liquidar em 2026 relativo aos ganhos do próximo ano, por via da atualização dos patamares de tributação em 4,6%. Na prática, rendimentos brutos anuais até 8.057 euros deixam de pagar IRS. Trata-se de uma atualização significativa de 354,34 euros (4,6%) face aos 7.703 euros atualmente isentos.

O mínimo de existência, isto é, o valor até ao qual o rendimento não é tributável, vai acompanhar o salário mínimo, que em 2025 sobe 50 euros para 870 euros. Assim, aquele indexante passa dos atuais 11.480 euros para 12.180 euros, o que significa que a retribuição mínima mensal garantida vai continuar isenta de imposto.

A dedução específica, ou seja, o valor que abate ao rendimento para apurar a matéria tributável, vai subir dos atuais 4.350,24 para 4.462,15 euros à boleia do aumento em 2,6% do Indexante de Apoios Sociais (IAS), que passa para 522,5 euros. São mais 111,91 euros limpos de imposto. A regra de atualização, inscrita no Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), dita que aquele indicador deve corresponder a 8,54 vezes o IAS, o que dá os tais 4.462,15 euros. O incremento da dedução específica representa um brinde no IRS para trabalhadores por conta de outrem e pensionistas que pode chegar aos 79 euros.

Com estas alterações, trabalhadores e pensionistas vão pagar menos imposto em 2026. A poupança anual pode ultrapassar os 300 euros para um trabalhador solteiro e sem filhos e os 600 euros no caso de um casal dois titulares e sem dependentes, segundo as simulações da consultora Ilya para o ECO. No caso de um pensionista solteiro ou casado dois titulares, o alívio na carteira pode superar os 370 euros.

Para além disso, o teto das deduções das despesas com rendas de habitação própria e permanente vai subir dos atuais 600 euros para os 700 euros. Esta medida foi aprovada pelo Parlamento este ano por proposta do PS e entra em vigor a 1 de janeiro de 2025.

Como o Executivo quer fazer refletir a redução do imposto já nos rendimentos do próximo ano, vai baixar novamente as tabelas de retenção na fonte, que funciona como uma espécie de adiantamento mensal ao Estado do IRS a liquidar em 2026. Assim, a partir de janeiro de 2025, trabalhadores e pensionistas vão descontar menos para o Fisco.

O novo IRS Jovem alarga o regime de isenção total ou parcial de cinco para dez anos para trabalhadores até aos 35 anos que iniciem a vida ativa. Neste novo modelo, cai a exigência de ter uma licenciatura e sobe o limite máximo do rendimento até ao qual se aplica o desconto fiscal. A isenção, entre 100% e 25%, passa então a abranger rendimentos brutos anuais até 55 vezes o Indexante de Apoios Sociais (IAS), que vai subir 2,6% para 522,5 euros, o que corresponde a 28.737,5 euros anuais ou a um salário bruto mensal de cerca de 2.000 euros. Este patamar vai no limiar imediatamente acima do sexto escalão do IRS.

No primeiro ano do IRS Jovem, a isenção é de 100%, depois baixa 75%, entre o segundo e quarto anos, 50% entre o quinto e o sétimo anos, e 25% de isenção, entre o oitavo e 10.º anos de atividade. Esta medida vai dar um benefício anual máximo que pode ir até cerca de 2.700 euros, no sexto e sétimo anos do regime, no caso de um salário bruto mensal de 2.000 euros, em comparação com o atual modelo, segundo as simulações da EY para o ECO.

Luz mais barata e comida para bebés com IVA reduzido

A fatura da luz também vai baixar a partir de 1 de janeiro de 2025. O Parlamento viabilizou uma proposta do PS, à revelia de PSD e CDS, os partidos que suportam o Governo da Aliança Democrática (AD), que reduz da taxa máxima, de 23%, para a mínima, de 6%, a tributação sobre os primeiros 200 a 300 kWh por mês para potências contratadas até 6,90 kVA.

Excluindo as componentes fixas da fatura (como a tarifa de acesso às redes, por exemplo), famílias e pequenos negócios com potência contratada até um máximo de 6,90 kVA verão duplicar, de 100 para 200 kWh, a quantidade de energia elétrica que poderão consumir por mês com apenas 6% de IVA. No caso das famílias numerosas, como cinco ou mais pessoas, este consumo mensal passa de 150 para 300 kWh. A toda a eletricidade consumida que exceda estes limites continuar a será tributada à taxa máxima, de 23%.

Este alargamento para o dobro da eletricidade com menos imposto cobrado deverá abranger 3,4 milhões de consumidores, em vez das 300 mil famílias que estavam a ser beneficiadas até então, segundo estimativas do PS. Esta medida vai custar aos cofres do Estado 110 milhões de euros, em perda de receita, segundo o relatório do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025).

Simulações realizadas pelo ComparaJá indicam que a redução deste imposto sobre os primeiros 200 a 300 kWh de eletricidade pode gerar uma poupança mensal que oscila entre cerca de 1,50 euros e 3,82 euros. Para o consumo típico de um casal sem filhos, que paga em média de 26,60 euros de luz, a redução expectável com a aplicação desta medida é de 1,48 euros por mês. Já um casal com filhos, que gasta tipicamente cerca de 74 euros mensais com eletricidade, o alívio na carteira será de 2,55 euros. Por fim, uma família numerosa, com quatro filhos, com uma fatura mensal de 163,70 euros deverá conseguir um ganho de 3,82 euros.

Durante o debate do Orçamento do Estado para 2025 na especialidade, o Parlamento deu luz verde a uma proposta de alteração da Iniciativa Liberal (IL) que reduz para a taxa mínima, de 6%, o IVA da alimentação para lactentes e crianças “de pouca idade”. PSD e CDS tinham chumbado o projeto numa primeira votação, mas depois mudaram de posição e a medida acabou por ser aprovada por unanimidade.

Os bilhetes das touradas também vão ficar mais baratos. Por proposta de PSD e CDS, os deputados aprovaram a redução do IVA aplicada aos espetáculos tauromáquicos da taxa máxima, de 23%, para a mínima, de 6%. A proposta de alteração passou com os votos favoráveis dos proponentes, do Chega e a abstenção do PS. As restantes bancadas rejeitaram a descida do imposto.

Fim das portagens de sete autoestradas do interior e Algarve

Viajar em sete autoestradas do interior e do Algarve vai pesar menos nos bolsos dos condutores. Por proposta do PS e contra a vontade do Executivo Luís Montenegro, o Parlamento aprovou a eliminação das portagens em antigas vias sem custo para o utilizador (ex-SCUT): A4 – Transmontana e Túnel do Marão; A13 e A13-1 – Pinhal Interior; A22 – Algarve; A23 – Beira Interior; A24 – Interior Norte; A25 – Beiras Litoral e Alta; e A28 – Litoral Norte, nos troços entre Esposende e Antas, e entre Neiva e Darque. O Governo estima uma despesa de 180 milhões de euros em perda de receita com esta medida.

Apesar desta benesse, o preço das portagens das restantes autoestradas do país vão ter um agravamento de 2,21%. O valor é apurado pela inflação, sem habitação, de outubro, para o continente, que se fixou em 2,11%, a que se soma 0,1% de compensação às concessionárias, que resulta do acordo alcançado em 2022 como contrapartida pelo travão a uma subida de cerca de 10% das taxas em 2023.

A taxa de inflação homóloga de outubro, sem habitação, é o indicador que serve de referência à atualização anual das taxas de portagem. Por lei, as concessionárias de autoestradas têm de entregar ao Governo, até 15 de novembro, a sua proposta para a revisão das portagens para entrar em vigor a 1 de janeiro do ano seguinte, tendo o Estado 30 dias para se pronunciar.

Em 2020 e 2021, o indicador que serve de referência a esta atualização de preços foi negativo. Por isso, as taxas de portagem ficaram inalteradas, enquanto em 2022 a evolução do IPC ditou uma subida de 1,83%. No ano passado, e face a um cenário de subida de cerca de 10%, o Governo decidiu intervir e determinar um teto de 4,% para o aumento das taxas, estabelecendo um acordo com as concessionárias.

Este entendimento previu que acima do aumento de 4,9%, 2,8% seriam responsabilidade do Estado e o remanescente suportado pelas concessionárias. Para além disso, foi acordada uma compensação, segundo a qual, as operadoras poderiam acrescentar ao aumento determinado pela inflação um adicional de 0,1% nos quatro anos seguintes, ou seja, até 2027.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 23 Dezembro 2024

O INE publica as estatísticas do Índice de Preços da Habitação e as Contas Nacionais Trimestrais por Setor Institucional. Já os combustíveis vão subir.

Esta segunda-feira, o INE publica as estatísticas do Índice de Preços da Habitação e as Contas Nacionais Trimestrais por Setor Institucional, ambas referentes ao terceiro trimestre de 2024. A marcar o dia está ainda a greve dos trabalhadores da SPdH/Menzies (antiga Groundforce) e o aumento dos preços dos combustíveis.

Quanto sobem os preços das casas?

O Instituto Nacional de Estatística (INE) publica esta segunda-feira as estatísticas do Índice de Preços da Habitação referentes ao terceiro trimestre de 2024. No segundo trimestre, os preços das casas em Portugal subiram 7,8%, em termos homólogos, retomando uma aceleração do ritmo de crescimento após um trimestre de abrandamento. Entre abril e junho de 2024 foram transacionadas 37.125 habitações, no valor total de 7,9 mil milhões de euros, o que representa um aumento, face ao mesmo período do ano anterior, de 10,4% e 14,1%.

Combustíveis aumentam em vésperas do Natal

Os preços dos combustíveis vão voltar a subir esta semana. O gasóleo, o combustível mais utilizado em Portugal, deverá subir 1,5 cêntimos e a gasolina meio cêntimo. Quando for abastecer, deverá passar a pagar 1,611 euros por litro de gasóleo simples e 1,718 euros por litro de gasolina simples 95, tendo em conta os valores médios praticados nas bombas à segunda-feira.

INE revela excedente orçamental

O INE vai revelar ainda qual o excedente orçamental de Portugal no terceiro trimestre. No segundo trimestre, o saldo foi de 1.754 milhões de euros, o que corresponde a 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB), contribuindo para um excedente de 1,2% do PIB na primeira metade do ano. Na ótica de caixa, as contas públicas registaram um défice de 2.731 milhões de euros até junho. No ajustamento entre as duas óticas destaca-se a transferência dos ativos e das responsabilidades detidas pelo Fundo de Pensões do Pessoal da Caixa Geral de Depósitos para a Caixa Geral de Aposentações, que teve um impacto negativo de 3.018 milhões de euros na passagem de contabilidade pública a contabilidade nacional.

E qual é a taxa de poupança das famílias?

Nas Contas Nacionais Trimestrais por Setor Institucional referentes ao terceiro trimestre do ano, o INE divulgará ainda a taxa de poupança das famílias. No segundo trimestre, a poupança das famílias atingiu os 9,8%, mais 0,6 pontos percentuais que no trimestre anterior. Desde o segundo trimestre de 2023 que a taxa de poupança das famílias, medida em percentagem do seu rendimento disponível, está a recuperar, encontrando-se atualmente no valor mais elevado desde o quarto trimestre de 2021.

Trabalhadores da antiga Groundforce em greve

Desde a meia noite de dia 22 até dia 26 de dezembro, os trabalhadores da SPdH/Menzies (antiga Groundforce) vão estar em greve, podendo afetar o funcionamento dos aeroportos. Na origem da paralisação estão reivindicações sobre melhores condições salariais e de trabalho, nomeadamente a falta de transportes, que faz com que os trabalhadores se desloquem para o trabalho horas antes do início do respetivo turno.

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Faltam políticas públicas e incentivos à descarbonização do setor dos transportes

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  • 23 Dezembro 2024

Combustíveis de origem renovável, como HVO e biometano, são soluções já disponíveis para a transição energética, mas é preciso regular a sua integração.

É um dos setores mais complexos para descarbonizar e, em simultâneo, o campeão das emissões de gases com efeitos de estufa (GEE), mas oferece igualmente oportunidades que, defende Duarte Cordeiro, “é preciso explorar”. Na opinião do ex-Ministro do Ambiente e atual consultor, que participou na Talk que se seguiu à apresentação do primeiro Relatório de Sustentabilidade do Grupo Paulo Duarte (GPD), esta sexta-feira no Estúdio do ECO, em Lisboa, tecnologia e falta de políticas públicas são desafios que, no setor dos transportes, podem transformar-se em vantagens competitivas.

O ex-governante recorda que este setor contribui com 28% dos GEE na Europa, com o transporte de mercadorias a representar um quarto desta pegada carbónica, tendo ultrapassado o setor energético que se encontra atualmente numa fase mais avançada de descarbonização. As boas notícias são, no entanto, as conclusões de um estudo do International Road Transport Union (IRU) que revelam que a eficiência contribuirá para 51% do caminho de redução de emissões do setor, enquanto a substituição tecnológica representará 49% deste percurso. “Reduzir custos operacionais e obter ganhos do ponto de vista carbónico são metas que podem ser rapidamente atingidas e criar, até, oportunidades, mas é preciso tecnologia e políticas públicas de apoio e incentivo à transformação”, aponta Duarte Cordeiro.

"Não são precisas políticas públicas para avançar, mas sim uma definição de políticas internas nas empresas do setor, orientadas para estas matérias”

Gustavo Paulo Duarte, CEO do Grupo Paulo Duarte

Apoios que, na perspetiva dos empresários António e Gustavo Paulo Duarte, respetivamente Diretor-geral e CEO do GPD, que participaram igualmente nesta Talk, “não existem no setor dos transportes”. Os administradores recordam que 77% das mercadorias são transportadas por via rodoviária, pelo que “não se percebe esta falta de estratégia dos sucessivos governos portugueses”.

Gustavo Paulo Duarte, CEO do Grupo Paulo Duarte

Apesar disso, acreditam que há medidas que são fáceis de tomar, com a ajuda da tecnologia. “Não são precisas políticas públicas para avançar, mas sim uma definição de políticas internas nas empresas do setor, orientadas para estas matérias”, defende Gustavo Paulo Duarte. Do lado da empresa que representa, o CEO garante que a missão passa por corresponder à expectativa de clientes e restantes stakeholders, contribuindo para os esforços de descarbonização de forma economicamente sustentável.

A crescente exigência do mercado levou o GPD a avançar, em 2024, com o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade e com a Unidade de Estratégia de Sustentabilidade, que será “um modelo diferenciador na empresa”, reforça António Paulo Duarte. O momento coincidiu ainda com a deslocação da sede da empresa para a região da OTA, “uma mudança estratégica”, assegura o diretor-geral.

A nova localização, identificada como o ‘quilómetro zero’ do negócio da transportadora, permitirá poupar um milhão de quilómetros na pegada carbónica anual do Grupo cujas 2.000 viaturas percorrem, em média, 54 milhões de quilómetros a cada doze meses. “É mais um pequeno passo rumo à transição energética, num negócio em que a gestão tem de ser muito eficiente”, revela o responsável que acrescenta: “neste setor, com margens pequenas, tudo conta para tornar o negócio mais eficiente e sustentável”.

Reduzir 50% das emissões até 2050 é meta do setor

O setor dos transportes tem como meta reduzir 50% das emissões até 2050 e, na opinião de Duarte Cordeiro, há várias tecnologias que podem dar resposta a estas necessidades – a introdução do elétrico, a evolução nos combustíveis, ou a compensação e captura de carbono são alguns exemplos. Nestes últimos, o ex-governante lembra que já existem experiências “muito interessantes” de captura de carbono em camião, em países como os EUA ou a Suíça. “O carbono é matéria-prima para alguns setores pelo que capturar permite potenciar a economia circular”, salienta, reforçando que o tema da eficiência predomina no setor e “é uma oportunidade para ganhos rápidos”. Potenciar a introdução de mais tecnologias, com apoio de políticas públicas também contribuirá, na sua opinião, para acelerar este caminho e dinamizar as atividades de compensação de carbono.

Duarte Cordeiro, ex-Ministro do Ambiente e atual consultor

Não apenas a tecnologia, mas toda a capacidade de inovação das empresas “serão igualmente elementos-chave para uma descarbonização mais rápida”, acredita Duarte Cordeiro. “O GPD é um exemplo de inovação e materializou recentemente essa preocupação ao adquirir uma empresa de software para explorar estes temas e também para apostar em projetos de captura de carbono”, reforça.

“O trabalho em parceria com as universidades é uma constante no GPD”, complementa António Paulo Duarte. A definição do quilómetro zero da empresa, exemplifica, resultou de uma parceria com o ISEL, bem como a introdução do projeto eco-drive – no qual a transportadora foi pioneira em 2015 – que surgiu do trabalho de um estagiário da FCT.

A propósito destas parcerias, Duarte Cordeiro congratula-se e sublinha a importância da criação de laboratórios colaborativos em vários setores, que aproximaram muito as universidades das empresas. “É importante manter esta dinâmica, que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) ajudou através das Agendas Mobilizadoras”, afirma, acrescentando que Portugal tem uma oportunidade de fixar em território nacional alguns setores industriais que podem ser fabricantes com relevo neste setor como, por exemplo, combustíveis e automóveis. “O país pode beneficiar, mas precisa de mais Investigação & Desenvolvimento (I&D)”, conclui.

Assista à conversa completa aqui:

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Regime de Cibersegurança deve ser mais claro e alinhado com princípios europeus

  • Lusa
  • 23 Dezembro 2024

Diretora executiva da APDC, Sandra Fazenda Almeida, defende que o novo diploma, a NIS2, deve ser "mais claro" e "alinhado com princípios europeus".

A prorrogação da consulta pública do novo regime de cibersegurança (NIS2) foi uma decisão bem recebida pela diretora executiva da APDC, Sandra Fazenda Almeida, e, em entrevista à Lusa, defende que o novo diploma deve ser “mais claro” e “alinhado com princípios europeus”.

O novo regime jurídico de cibersegurança, que transpõe a diretiva NIS2 [Network and Information Security], alarga o conjunto de entidades abrangidas, priorizando, por um lado, a generalização da prevenção dos riscos de cibersegurança, mas graduando a exigência regulatória em função da dimensão da entidade e da importância da sua atividade, bem como privilegiando a proporcionalidade das medidas aplicáveis.

Antes de terminar o prazo para a transposição da NIS2, em 25 de setembro, a APDC tinha entregado ao Governo a sua posição – um ‘position paper’ –, pedindo que se tivesse em consideração a consulta pública e a harmonização europeia. Entretanto, quando a consulta pública foi prolongada até 31 de dezembro, “ficámos bastante felizes“, diz Sandra Fazenda Almeida, salientando que a entidade está ainda a ultimar a recolha de contributos dos seus associados.

Entre as preocupações já manifestadas estão “os prazos de entrada em vigor” do diploma, diz, dando o exemplo de que há artigos que entram em vigor 30 dias após a publicação do decreto-lei e depois há outros que têm um prazo de 18 meses.

Acontece “que a aplicabilidade de muitas destas obrigações depende de regulamentação que ainda não foi publicada, o que vai criar, na verdade, alguma dificuldade prática se não for publicada antes de terminar o prazo de implementação”, refere a diretora executiva. “Uma das questões que vamos propor é que os prazos só comecem a contar após a publicação da regulamentação necessária”, sublinha.

Outra das preocupações assenta no processo de autoidentificação que está previsto neste regime jurídico da cibersegurança. “Achamos que o princípio está ótimo”, na ótica de “melhorar a proatividade das empresas, de facilitar o trabalho do CNCS [Centro Nacional de Cibersegurança] naquilo que é a sua atividade”, considera.

“É uma obrigação que é imposta a certas entidades que têm de avaliar e têm de declarar por iniciativa própria se se classificam como entidade essencial ou como uma entidade importante”, até porque as entidades essenciais têm “mais obrigações neste contexto que as importantes”, enquadra a responsável. “Achamos que era importante clarificar qual é o papel destas entidades e do CNCS no processo de autoidentificação, que ficasse bastante claro quais são os prazos ajustados, os mecanismos alternativos para submissão dos dados sensíveis que as empresas vão ter de pôr”, defende.

Outro dos pontos é que as empresas consideram “a obrigatoriedade de registo de gamas IP excessiva e impraticável”, elenca.

Relativamente à notificação de vulnerabilidades, o artigo 38 do diploma diz que “as entidades essenciais, importantes e públicas devem comunicar, sem demora injustificada, ao CERT.PT qualquer vulnerabilidade identificada nas suas redes e sistemas de informação, produtos ou serviços de tecnologias da informação ou comunicação”.

Ora, “a obrigatoriedade de notificar qualquer vulnerabilidade vai gerar um volume excessivo de relatórios e muitos de baixo impacto e a diretiva apenas prevê comunicações voluntárias e não obrigatórias para vulnerabilidades”, salienta a diretora executiva da APDC. “E no contexto do nosso [diploma] tem obrigatoriedade“, prossegue, recordando que a APDC, no seu ‘position paper’, já tinha pedido que não se fosse “para além daquilo que estava na diretiva“.

Em suma, “que não fossemos mais exigentes”, até porque o reforço na área da cibersegurança “vai acarretar mais custos”, além de ser preciso ter “em conta a escassez de talento” nesta área no mercado, aponta.

Relativamente à gestão da reputação das marcas e das empresas, a APDC considera que os prazos de 24 horas para notificação de incidentes “sejam consistentes com a diretiva NIS2”.

As notificações “só devem ser obrigatórias após a publicação das instruções do CNCS, até porque tem que se gerir os danos reputacionais e a burocracia de fazer notificações que possam não ser necessárias”, diz.

Um outro aspeto transversal tem a ver com o facto de “já termos atualmente entidades certificadas por normas como a ISO271001 [padrão e a referência Internacional para a gestão da Segurança da informação] que deviam estar dispensadas de auditorias adicionais para evitar redundâncias e custos para as empresas”.

Para Sandra Fazenda Almeida, o novo regime jurídico de cibersegurança deve ser “mais claro” para haver menos margem de erro, de outras interpretações, e “alinhado com princípios europeus”.

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Filomena Manjata é a nova reguladora dos seguros em Angola

Com a saída de Elmer Serrão para a liderança da Comissão do Mercado de Capitais, a ARSEG, regulador dos seguros em Angola, tem nova administração.

A gestora Filomena Manjata, até agora administradora com o pelouro técnico da ARSEG – Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros, vai presidir ao conselho de administração deste organismo responsável pelos seguros em Angola.

Novo e reconduzidos membros da administração da ARSEG: Adelmiro Gonçalves, a agora presidente Filomena Manjata e Jesus Manuel Teixeira.

Substitui no cargo Elmer Serrão, que regressa à Comissão do Mercado de Capitais agora como presidente do conselho de administração.

Filomena Manjata é licenciada em Contabilidade e Administração, pela Universidade Católica de Angola (UCAN) e tem mestrado em administração de negócios pelas universidades católicas do Porto, Luanda, e Rio de janeiro. Iniciou o seu percurso profissional como assistente de contabilidade do banco comercial do Huambo e logo a seguir ingressou aos quadros do Banco BIC. É ainda Professora Assistente da Faculdade de economia da Universidade Metodista Angola.

Jesus Manuel Teixeira continua como administrador executivo, função para a qual foi nomeado em 2022.

Adelmiro Gonçalves, até agora diretor jurídico da ARSEG, é o novo administrador, também com funções executivas.

A Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros – ARSEG é o órgão especializado que exerce a regulação, supervisão, fiscalização e o acompanhamento da atividade seguradora, resseguradora, de fundo de pensões e de mediação de seguros e resseguros em Angola.

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