Tecnológica do Porto abre escritórios em mais sete países para duplicar vendas

A Sisqual, criadora de software para gerir e otimizar a força de trabalho, vai instalar equipas na Alemanha, França, Itália, Países Baixos, Turquia, México e Colômbia.

A tecnológica Sisqual vai investir 3,5 milhões de euros para abrir sete escritórios na Alemanha, França, Itália, Países Baixos, Turquia, México e Colômbia. Calculando ter mais de mil clientes, a empresa do Porto tem atualmente presença direta em dez geografias, emprega 130 pessoas e gera um volume de negócios a rondar os dez milhões de euros.

“Pretendemos alcançar os 20 milhões de euros de faturação com a expansão para estas novas localizações”, contabiliza o CEO da Sisqual. Em declarações ao ECO, Frederico Magalhães aponta que este plano vai obrigar a contratar 20 pessoas, além de outros dez funcionários em regime remoto para a parte tecnológica de software.

Fundada em 1992, a empresa desenvolveu uma ferramenta de gestão de mão-de-obra e produtividade direcionada para os mercados da saúde, retalho e serviços. Frederico Magalhães explica que a Workforce Management se destina a empresas que trabalhem quase todos os dias do ano, como hotéis, hospitais, transportes ou supermercados.

Com escritórios em Portugal, Brasil, Espanha, Reino Unido, Arábia Saudita e Polónia, este software já é usado em mais de 600 hospitais de quatro países (Portugal, Brasil, Arábia Saudita e Espanha). Entre os “clientes de peso” estão o Serviço Nacional de Saúde (SNS), Cortefiel, Galp, Leroy Merlin, Cimpor, Altice, Pine Cliffs, Sheraton, Mercadona ou o grupo Sonae (Continente, Wells, Zippy, Worten e Sport Zone).

“Todos os hospitais académicos em Portugal são nossos clientes, e temos grupos de saúde privados”, sublinha Frederico Magalhães, que foi professor de robótica na Cranfield University. O líder da tecnológica aponta que saúde e retalho alimentar pesam 80% no volume de negócios, com os clientes portugueses e brasileiros a valerem 80% da faturação.

Frederico Magalhães, CEO da Sisqual Sisqual

No ano passado, a nortenha Sisqual vendeu o software Workforce Management à dona alemã da Makro, que está presente em 24 países do Velho Continente. “A nossa tecnologia é usada nos milhares de supermercados do Grupo Metro AG pela Europa fora “, refere o empreendedor de 65 anos.

“O que nós fazemos é dimensionar e gerir a forma de trabalho”, explica. Frederico Magalhães dá o exemplo dos hipermercados, com equipas grandes e dispersas, em que o sistema apura quantas caixas de pagamento devem estar a funcionar a cada hora do dia e a cada dia da semana, assim como o número ideal de trabalhadores em determinada secção.

“Agarramos no histórico dos talões – quantos mais anos [tivermos] melhor – e é a Sisqual que diz ao hipermercado quantas pessoas vão entrar na porta a cada 30 minutos e onde se vão dirigir”, acrescenta o gestor. “Com esses dados temos de dimensionar cada uma das secções e distribuímos as tarefas pelos trabalhadores”, completa. E com esta ferramenta, os salários são processados automaticamente, tendo em conta horas extras, compensações e faltas.

Agarramos no histórico dos talões – quantos mais anos [tivermos] melhor – e é a Sisqual que diz ao hipermercado quantas pessoas vão entrar na porta a cada 30 minutos e onde se vão dirigir.

Frederico Magalhães

CEO da Sisqual

 

Sublinha, por outro lado, a capacidade de gerir os horários dos trabalhadores, que podem deixar notas através de uma aplicação, tendo em conta as suas “necessidades pessoais”. “Temos sempre isso em conta quando geramos os horários”, relata o líder da tecnológica portuense, formado em Engenharia Mecânica e doutorado em Robótica na Cranfield University.

A solução pode custar aos clientes da Sisqual entre um a quatro euros por trabalhador, sendo que a média é de 2,5 euros. “O valor depende sempre do número de funcionalidades que os clientes têm acesso”, explica Frederico Magalhães, acrescentando que a solução “dificilmente” compensa para as empresas com menos de uma centena de trabalhadores.

Antes de criar este sistema “inovador” para gerir e otimizar a força de trabalho, começou em 1992 por recolher dados fabris, que permitiam às empresas acompanhar a produção em tempo real. No entanto, percebeu que os clientes estavam mais interessados em recolher dados das pessoas, como faltas, horas extraordinárias e compensações.

Consciente desta lacuna e a pedido dos clientes, Frederico Magalhães transformou a Siqual numa empresa de gestão da força de trabalho. E em 2003 criou a primeira solução Workforce Management para as lojas do Gato Preto e para a Cruz Vermelha Portuguesa.

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“Libertar a energia americana”. Plano de Trump trava transição, mas pode ser oportunidade para Europa e China

A ordem executiva “Libertar a Energia Americana” coloca vários travões às energias renováveis, carros elétricos e legislação ambiental, ao mesmo tempo que promove os combustíveis fósseis e mineração.

Libertar a Energia Americana”. É este o título de uma das ordens executivas emitidas pela Casa Branca no primeiro dia de Donald Trump como presidente. Os especialistas em energia e ambiente consultados pelo ECO/Capital Verde destacam o impacto no clima e apontam para uma possível desaceleração na implementação dos projetos de renováveis, ao mesmo tempo que duvidam que as recentes decisões tenham o condão, tal como é almejado por Donald Trump, de baixar os preços da energia no país. Apesar das consequências negativas, pode ser uma oportunidade para a Europa e para a China.

“Regulações com motivações ideológicas impediram o desenvolvimento destes recursos [energéticos e naturais], limitando a geração de eletricidade fiável e acessível, reduzindo a criação de emprego e ditando custos de energia elevados para os cidadãos”, lê-se na introdução da ordem executiva, que promete “restaurar a prosperidade americana“. Os conteúdos da ordem “Libertar a Energia Americana” são reforçados por uma ordem completar, a “Declarar uma Emergência Energética Nacional“, onde são criticadas as políticas energéticas anteriores e considerada a capacidade de produção dos Estados Unidos desadequada face às “necessidades da nação”, além de apontada uma consequente pressão nos preços.

Os especialistas em energia e ambiente consultados pelo ECO/Capital Verde afirmam que as medidas avançadas são desapontantes mas que não surpreendem. O diretor e Economista Sénior da Allianz Global Investors, Greg Meier, em respostas assinadas com David Lee, o especialista no setor da Energia dos Estados Unidos da mesma casa de investimento, assumem que as ordens libertadas estão “relativamente em linha como a retórica anterior e com aquilo que o mercado esperava“.

Os mesmos consideram que “as consequências climáticas das ordens do presidente Trump são mais óbvias do que os efeitos que estas terão nos preços da energia”. “Estamos céticos de que o presidente Trump consiga atingir o seu objetivo de reduzir os preços da energia nos Estados Unidos em 50%“, assumem. Por exemplo, a aplicação de tarifas sobre matérias-primas energéticas provenientes do Canadá e do México contraria esse desígnio, comentam. E, em 2020, quando os preços do petróleo desceram a níveis negativos, o custo da energia nos Estados Unidos desceu “apenas” 19%, relatam, ao mesmo tempo que notam que estas políticas podem, na verdade, fazer aumentar os preços do petróleo.

Investimento em renováveis com travão

Um ponto que merece destaque na ordem executiva é o de “Terminar o Novo Pacto Verde”. Nele, está previsto que todas as agências devem suspender imediatamente o pagamento de fundos garantidos através do Inflation Reduction Act de 2022 ou do Infrastructure Investment and Jobs Act, incluindo, mas não apenas, os fundos dirigidos a postos de carregamento de veículos elétricos. De acordo com o Financial Times, Trump está a travar a aplicação de mais de 300 mil milhões de dólares na transição verde. Todas as agências devem rever os seus processos, políticas e programas para conceder apoios, contratos ou outros, de acordo com as orientações de proteção dos recursos endógenos.

Os responsáveis das agências têm 90 dias para reportar à direção do Gabinete de Gestão e Orçamento (OMB, na sigla em inglês) assim como ao Conselho Económico Nacional (NEC, também em inglês) as conclusões desta revisão, incluindo recomendações para reforçar o alinhamento com a ordem executiva. Estará nas mãos da direção do OMB e do assistente do presidente para a Política Económica determinar se os pagamentos são consistentes com as novas recomendações.

Sobre esta opção, “não há nenhuma lógica económica, é mesmo irracional“, considera João Galamba, ex-secretário de Estado da Energia e consultor nesta área, olhando sobretudo ao afastamento de uma fonte de energia madura como a eólica, que o presidente atacou num discurso recente, ainda antes de tomar posse. O mesmo sublinha que o IRA pôs em marcha um conjunto de investimentos que não travaram o papel dos Estados Unidos como superpotência do gás natural e do petróleo.

Angela Lucas, consultora do Centro para Negócios Responsáveis da Universidade Católica, considera que “vai ser um grande desafio perceber se os Estados Unidos vão realmente abandonar por completo esses projetos“, uma vez que estes estão muitos desenvolvidos, e outros em desenvolvimento, e podem gerar um conflito interno no partido Republicano tendo em conta a presença forte desta indústria em Estados republicanos. “Acredito que pelo menos no caso dos projetos mais assentes haja um lobbying forte e que não exista um abandono total” e os próprios Estados podem assumir uma postura mais vanguardista e autónoma, indica. Francisco Ferreira, presidente da Zero, assume que a administração pode inclusivamente deparar-se com processos na justiça por parte de alguns promotores de projetos de energia renovável.

China e Europa podem agarrar oportunidade. Mas também há ameaças

Filipe Duarte Santos, presidente do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável, corrobora que não parece existir “nenhuma razão objetiva para tentar travar o desenvolvimento das energias renováveis”, e prevê inclusivamente que “vai haver uma resistência” a esse travão, sobretudo à boleia da China que, apesar de ser o maior emissor de gases com efeito de estufa no mundo, “tem investido muito em energias renováveis e vai continuar a fazê-lo”. “A China é o ‘grande opositor’ na boca de Trump”, assinala Angela Lucas, ao mesmo tempo que alerta que, desta forma, Trump abre “ainda mais” o caminho a China para se afirmar nas indústrias da transição energética, um comboio em que a China “já está muito à frente” e que os Estados Unidos podem perder. “Apesar de a China ser o vilão das COP [Conferências do Clima das Nações Unidas], continua a bater todos os recordes em renováveis”, assinala ainda Galamba. O mesmo prevê que a Europa acabe por reforçar a sua colaboração com este país, que pode preencher o vazio criado pelos Estados Unidos na indústria renovável. “É incontornável”.

Além disso, abre-se a “oportunidade” de o Velho Continente receber os fundos para a transição que fiquem disponíveis com a retirada dos Estados Unidos deste panorama, avalia o ex-secretário de Estado. “Será mais que tudo um tema de rapidez, de timings”, acrescenta Angela Lucas pois, apesar de reconhecer que “cada vez mais há argumento para o abandono do fóssil”, assume que pode existir uma desaceleração face à posição dos Estados Unidos. “O papel da Europa é crítico para si própria” e “pode definhar” avisa. Filipe Duarte Santos não descarta que uma retração neste tipo de investimento nos Estados Unidos possa ter um “efeito de contágio” noutros países ocidentais. Alerta, por exemplo, que o Heartland Institute, um think tank que nega as alterações climáticas e faz lobby pela indústria fóssil, tem vindo a unir-se com partidos de extrema direita na Europa, tal como foi noticiado pelo The Guardian. “A Europa tem de estar consciente do que se está a passar e tomar as decisões necessárias” defende.

Carro elétricoLusa

Em paralelo com as energias renováveis, os veículos elétricos são também particularmente atacados ao longo da ordem executiva, que pretende eliminar o “mandato dos veículos elétricos” e “promover a verdadeira escolha do consumidor”, removendo por exemplo barreiras regulatórias para veículos a motor. Quer ainda terminar, “onde apropriado”, isenções relacionadas com emissões “que funcionam de forma a limitar as vendas de veículos movidos a gasolina”, ao mesmo tempo que considera eliminar os “subsídios injustos” e outras “distorções de mercado” que favorecem os elétricos.

Neste capítulo, a mensagem é confusa, sobretudo dada a crescente proximidade entre o presidente Donald Trump e o CEO da Tesla, Elon Musk. Angela Lucas acredita que esta relação pode também acabar por travar, na prática, uma execução mais radical destas políticas.

Gás, petróleo e minerais críticos ganham nova força

Mas não serão apenas os fundos para a transição verde, lançados pela administração de Joe Biden, que serão revistos. O texto prevê uma “revisão imediata” de todas as ações de agências que potencialmente pressionam o desenvolvimento de recursos de energia domésticos. O mesmo texto enumera os recursos que merecem “particular atenção”: petróleo, gás natural, carvão, hídricas, biocombustíveis, minerais críticos e energia nuclear, deixando de fora a energia eólica, solar e novas fontes como o hidrogénio verde. São dados 30 dias aos responsáveis de cada agência nacional para desenvolverem e começarem a implementar planos de ação, no sentido de “suspender, rever ou rescindir” todas as ações que entrem em conflito com esta política.

Numa ótica de “proteger a segurança nacional”, o texto avança várias determinações no sentido de acelerar a aprovação de projetos de gás natural liquefeito. No que toca à mineração, vão ser reavaliados os terrenos que, de momento, não permitem esta atividade, e o urânio vai ser considerado para entrar na lista de minerais críticos. Em paralelo, vai ser analisado que projetos estrangeiros desta área usufruem de apoios noutros estados e estarão a “restringir” o comércio nos Estados Unidos. “O secretário do Comércio deverá avaliar as implicações em termos de segurança nacional da dependência de minerais por parte da nação e o potencial para ações comerciais”, lê-se na ordem executiva.

O membro sénior do Bruegel, Georg Zachman, destaca como “principal aspeto” da ordem executiva o facto de “forçar diferentes autoridades a aliviar constrangimentos” a projetos de petróleo e gás. O alcance desta orientação ainda é difícil de avaliar, considera. Uma teoria, contudo, é que Trump pretende com isto ameaçar os mercados de petróleo globais com o aumento potencial da produção de petróleo, o que pode levar os países da Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP) a “abrir as torneiras”. Isto teria o efeito de descer os preços de petróleo a nível mundial a ajudaria Trump a reduzir a inflação, ao mesmo tempo que afetaria negativamente países como a Rússia e o Irão.

Em paralelo, “a aposta adicional no setor do gás não me parece que vá ter grande impacto”, afirma Galamba, balançando que o número de autorizações para exploração e exportação atuais já “são mais que suficientes” para aumentar a oferta de gás natural, apesar de Biden ter, anteriormente, banido a emissão de novas licenças de exploração. Concretizar o que está previsto já seria muito significativo. É questionável se há procura para esse volume todo“, afirma. Este tipo de investimentos “são muito avultados” e requerem “compradores firmes” e, embora a Europa esteja numa fase especialmente necessitada em relação ao gás, a previsão de mais longo prazo é que estas necessidades sejam decrescentes, complementa.

Na mesma linha, Francisco Ferreira, presidente da organização ambiental Zero, assinala que não é certa a disponibilidade por parte das empresas petrolíferas para fazer novos investimentos, já que, mais tarde, podem enfrentar resistência de uma próxima administração, e estes precisam de um período significativo para serem amortizados e rentabilizarem, ao passo que as próprias instalações demoram tempo a erguer-se.

Clima em cheque

A maior das consequências, acredita Alice Khouri, responsável do departamento Legal da energética Helexia, é “ter uma das maiores economias mundiais, e maiores poluidores também (o segundo maior responsável por emissões de gases de efeito estufa a nível mundial), a oficialmente deixar de considerar as metas e limites que o Acordo de Paris”, o que considera “muito perigoso” em termos do objetivo de conter e reverter as alterações climáticas. “Sem a cooperação e o financiamento de todos os países, especialmente de um país com tanto impacto financeiro mundial e emissor de GHG, será mais difícil fazer progressos”, lamenta. Ainda assim, Angela Lucas ressalva que a descarbonização “pode-se atrasar mas não vai morrer o caminho rumo à transição energética, porque os EUA saem do acordo de Paris”.

O membro sénior do Bruegel vê dois grandes riscos para a transição energética, que decorrem das novas políticas norte-americanas. Por um lado, preços mais baixos do petróleo podem reduzir a competitividade de tecnologias de baixo carbono, atrasando o respetivo desenvolvimento. Por outro lado, a aposta no fóssil dita que os consumidores continuarão a usar produtos com base em energia fóssil, tanto os domésticos (do aquecimento até carros a combustão) como os industriais, o que vai tornar “muito complicado descarbonizar, até para o próximo presidente”.

Francisco Ferreira fala num “retrocesso enorme”, com a saída do Acordo de Paris, e relembra a responsabilidade histórica dos Estados Unidos ao nível das emissões de gases com efeito de estufa, que “devia ser assumida devidamente”. Esta posição dos Estados Unidos poderá, inclusivamente, servir de “desculpa” para outros países decidirem não atuar no quadro do Acordo de Paris, prevê. Em paralelo, e apesar de considerar expectável a saída do Acordo de Paris, o presidente da Zero que “é na mudança de direção em relação à legislação ambiental que se nota uma agressividade maior”, assim como na declaração de emergência energética.

"Infelizmente, serão as consequências das alterações climáticas a traduzir-se economicamente e a obrigar a um retrocesso [destas novas políticas].”

Francisco Ferreira

Presidente da Zero

A ordem executiva exibe ainda uma lista das ações presidenciais e regulatórias que devem ser revogadas ou revistas. Entre elas, encontram-se várias referentes às alterações climáticas. É desmantelado o grupo de trabalho para o Custo Social dos Gases com Efeito de Estufa, sendo descartados quaisquer documentos e recomendações feitas pelo mesmo, para efeitos de políticas governamentais. Entre os documentos que deixam de ser considerados está o Relatório de Monitorização e Medição dos Gases com Efeito de Estufa, que se integrava na Estratégia Nacional para Avançar numa Medição, Monitorização e Sistema de Informação Integrados dos Gases com Efeito de Estufa nos Estados Unidos.

Uma ordem que já conta décadas, remontando a 1977 e assinada pelo presidente Jimmy Carter, e que se debruça sobre a proteção ambiental nos processos de licenciamento, é desde já revogada, com o objetivo de um “licenciamento eficiente”. Neste capítulo, os responsáveis de todas as agências relacionadas “devem encetar todos os esforços possíveis para eliminar todos os atrasos nos processos de licenciamento”. A administração quer facilitar o licenciamento e construção de infraestrutura de transporte de energia e outra infraestrutura crítica, com destaque para gasodutos. As agências “não podem usar metodologias que são arbitrárias ou motivadas ideologicamente”, lê-se ainda.

Fazendo um balanço geral, a conclusão não é positiva. As políticas da nova administração norte-americana têm “resultados negativos para todos mas também para os Estados Unidos, a longo prazo. Torna-se difícil perceber em que medida podem existir resultados positivos”, pontua João Galamba. E Francisco Ferreira remata: “Infelizmente, serão as consequências das alterações climáticas a traduzir-se economicamente e a obrigar a um retrocesso [destas novas políticas]”.

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“Hay Nestea”, a nova campanha da Nestea em Espanha

  • Servimedia
  • 29 Janeiro 2025

A marca lança uma nova campanha de comunicação nacional, com a participação do streamer AuronPlay.

Nestea apresentou ‘Hay Nestea’, a sua nova campanha de comunicação nacional com a qual pretende reforçar “a ligação emocional com os seus seguidores e celebrar os momentos quotidianos em que está presente”.

A empresa define-a como “uma campanha de espírito jovem, num tom fresco e descontraído, com a qual reafirma o seu compromisso de continuar a acompanhar os seus seguidores no seu dia a dia”. Foi desenvolvida pela agência criativa Smäll e realizada pela jovem realizadora Laura Sisteró para a produtora agosto.

Segundo a empresa, a peça é inspirada na vida de alguns colegas de apartamento e usa o humor para ilustrar o desespero dos amantes da bebida quando ouvem um boato de que “não existe Nestea”. Tudo muda quando descobrem que “há Nestea”, desencadeando uma celebração ruidosa que chega até aos ouvidos do streamer AuronPlay, que também participa na peça.

A peça principal de 60 segundos – com versões adaptadas de 40, 20 e 15 segundos – será transmitida a nível nacional através da televisão e das plataformas de TV conectadas (CTV), bem como dos meios digitais e dos perfis de redes sociais da Nestea em Espanha. A campanha será também reforçada com ações de outdoor (OOH) e de ponto de venda, procurando estabelecer uma ligação com os seus fiéis seguidores, que – tal como na peça – não conseguem imaginar o seu dia a dia sem a sua bebida favorita.

Nestea chegou a Espanha em 1993. Atualmente, Nestea está disponível em bares, restaurantes e supermercados de todo o país nos sabores Nestea Limão, Nestea Limão sem Açúcar, Nestea Chá Verde Maracujá, Nestea Manga-Abacaxi e Nestea Pêssego nos formatos de lata de 33cl, garrafa PET de 0,5 e 1,5L e garrafa de vidro de 33cl.

Em 1 de janeiro de 2025, a Damm assumiu o fabrico, a comercialização e a distribuição de Nestea para os mercados de Espanha, Andorra e Gibraltar, produzindo toda a gama de sabores e formatos de Nestea para os canais de Alimentação e Hotelaria, com os mesmos padrões de qualidade e o mesmo perfil organolético.

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Portugal arrisca segundo ano de quebra na produção industrial

Economistas admitem nova quebra na produção industrial na reta final do ano passado. Cenário não é exclusivo de Portugal e verifica-se também na Zona Euro.

Portugal poderá ter sofrido uma quebra na produção industrial no final de 2024, mantendo a tendência registada em 2023, de acordo com os economistas consultados pelo ECO. Depois de um primeiro semestre com um desempenho mais favorável, começou a perder gás devido à volatilidade energética e à procura de bens de consumo duradouros dos principais parceiros comerciais do país.

O Índice de Produção Industrial caiu 2,2% em novembro, em termos homólogos, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). Contudo, esta evolução é influenciada pela energia, já que descontando esta área a queda foi de 0,8%.

A produção industrial em 2024 teve um bom primeiro semestre, mas sofreu uma desaceleração significativa na segunda metade do ano. Novembro de 2024 foi mais fraco do que o mesmo período de 2023, indicando uma possível contração da indústria“, assinala Paulo Rosa, economista sénior do Banco Carregosa.

Fonte: Instituto Nacional de Estatística

O economista destaca que o custo da energia mais elevado penalizou a produção industrial, muito dependente de eletricidade e combustíveis. “O preço da eletricidade no mercado Ibérico (OMIE Espanha e OMIP Portugal) subiu acentuadamente no último trimestre do ano passado. Houve uma menor procura por bens de consumo, afetando sobretudo os bens de consumo duradouros. Alguma incerteza económica no final do ano impactou o investimento e o consumo“, aponta.

No entanto, considera que fatores como a política monetária mais acomodatícia do BCE, que já reduziu as taxas de juro em 100 pontos base, podem ajudar. “Ainda assim, a recuperação do consumo interno e as condições do comércio externo serão decisivas para determinar se a queda se confirmará ou se haverá uma recuperação no início de 2025”, aponta.

Os dados do INE revelam que o agrupamento dos bens de consumo duradouros caiu 6,4% em novembro em termos homólogos, o dos bens de consumo não duradouros 2,3% e o da energia 10,2%.

De acordo com dados do Eurostat, a queda da produção industrial não é exclusiva de Portugal. Na Zona Euro recuou 1,9% face ao mesmo mês de 2023. A liderar as quebras estiveram a Croácia (-6,6%), Irlanda (-5,6%) e Áustria (-5,0%), enquanto as maiores subidas se registaram em Malta (13,5%), Bélgica (8,7%) e Grécia (4,8%).

Fonte: Eurostat

O bastonário da Ordem dos Economistas, António Mendonça, assinala que poderá voltar a verificar-se uma quebra que resulta da dinâmica económica dos países do euro. “Podemos ver com apreensão o que se esta a passar na economia, muito resultado do que se passa na Europa, sobretudo na Alemanha“, refere, salientando que “face à indefinição que se regista é natural que o investimento se retraia”.

Neste sentido, o diretor do gabinete de estudos do Fórum para a Competitividade, Pedro Braz Texeira, considera que “a indústria portuguesa está fraca, como o está também na generalidade da Zona Euro“.

“A atividade industrial está, de algum modo, associado às exportações, que estão débeis e também voláteis. Esta parte da economia tem estado pouco dinâmica, mas o restante, sobretudo serviços e procura interna, têm compensado, pelo que a economia portuguesa está com um crescimento próximo do potencial. O problema não é tanto conjuntural, mas sobretudo estrutural“, argumenta.

Para o economista é mesmo possível que para o conjunto do ano não se registe uma quebra ou que esta seja diminuta. “Em relação ao valor de dezembro de 2024, o facto de ter havido uma queda mensal em dezembro de 2023 até ajuda a que não haja diminuição homóloga naquele mês”, disse.

Contudo, Paulo Rosa recorda que, em 2023, o índice da produção industrial portuguesa esteve mais estável, mas geralmente abaixo de 100 na maior parte do ano, com uma recuperação no final. Já em 2024, observou-se um crescimento inicial mais robusto, com um máximo de 103,6 em março, mas a recuperação não foi sustentada, levando a uma queda no final do ano, para 96,8.

O economista do Banco Carregosa explica que “a variação no setor de bens de investimento sugere alterações nas expectativas de longo prazo das indústrias” e “o impacto de políticas monetárias e condições económicas globais pode ter sido mais acentuado em 2024“.

“A indústria portuguesa enfrenta alguns desafios significativos, com custos elevados, menor procura e encerramento de fábricas, refletindo uma economia em desaceleração. Esta fragilidade torna a economia mais vulnerável a fatores internos e externos, colocando em risco a sustentabilidade do setor e dificultando o crescimento económico em 2025, caso as condições não melhorem”, refere.

Por seu lado, Pedro Braz Teixeira destaca que as perspetivas para os principais mercados de exportação portuguesa “não são famosas, para além dos riscos protecionistas, pelo que é difícil estar muito otimista”, mas “em termos estruturais, a União Europeia (UE) deverá reforçar a tendência de reindustrialização, pelo que Portugal poderá aproveitar este movimento, se fizer o trabalho de casa, em especial na atração de Investimento Direto Estrangeiro (IDE)”.

“Os encerramentos são, geralmente, uma má notícia, embora também existam casos em que o fecho de fábricas com baixa produtividade liberta recursos para utilizações mais produtivas, sobretudo no caso dos trabalhadores qualificados, hoje especialmente escassos”, indica o economista.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 29 Janeiro 2025

Em dia de audição ao secretário de Estado do Tesouro e Finanças, o salário mínimo também vai a Parlamento. Já os mercados americanos esperam a decisão da Reserva Federal.

No dia em que o secretário de Estado do Tesouro e Finanças vai ser ouvido pelos deputados no âmbito da insolvência da Inapa, Marcelo Rebelo de Sousa marcou reunião do Conselho de Estado para analisar a União Europeia com a participação do ex-presidente do Banco Central Europeu. O Banco de Portugal divulga dados sobre os empréstimos e depósitos feitos pelos portugueses e a diretiva europeia que estabelece “salários mínimos adequados” vai ser debatida em Parlamento. Lá fora, a Reserva Federal norte-americana vai revelar a sua decisão quanto às taxas de juro.

Inapa leva secretário de Estado do Tesouro e Finanças ao Parlamento

O secretário de Estado do Tesouro e Finanças, João Silva Lopes, vai ser ouvido na Assembleia da República numa audição parlamentar no âmbito da insolvência da Inapa. O requerimento lançado pelo Grupo Parlamentar do Chega indica que pretende perceber as políticas de gestão que levaram a filial à insolvência, de que forma a Parpública – maior acionista da Inapa – acompanhou todo o processo, “os motivos pelos quais a Parpública não comunicou, de imediato, ao Ministério das Finanças as dificuldades de tesouraria de curto prazo da Inapa Deutschland GMBH; as implicações da insolvência desta entidade para o Estado e para os contribuintes portugueses”, lê-se no documento.

Fed vai cortar as taxas de juro?

A Reserva Federal (Fed) dos Estados Unidos vai revelar a sua decisão quanto à mexida nas taxas de juro, com o fim da primeira reunião de dois dias do ano. Os especialistas esperam que a Fed faça uma pausa na redução das suas taxas de juro, apesar de o presidente norte-americano, Donald Trump, já se ter pronunciado a favor de uma nova descida. O ciclo de cortes dos juros diretores iniciou-se em setembro do ano passado e culminou com três descidas até ao final de 2024. O mercado além de aguardar pela decisão do Fed também está de olhos postos nas resultados financeiros, a serem divulgados no mesmo dia, pela Meta, Microsoft e Tesla.

Diretiva Europeia para salários mínimos em Plenário

A diretiva europeia que estabelece “salários mínimos adequados” para todo o bloco comunitário que altera o Código do Trabalho e a Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas será discutida em plenário na Assembleia da República. A nova lei espera ajudar a garantir condições de trabalho e vida dignas para os trabalhadores da União Europeia.

Banco de Portugal e INE divulgam dados

O Banco de Portugal (BdP) vai divulgar os dados sobre os empréstimos e depósitos relativos a dezembro de 2024. Já o Instituto Nacional de Estatística (INE) publica estimativa rápida do comércio internacional no quarto trimestre do ano e as estimativas mensais de emprego e desemprego de dezembro.

Marcelo Rebelo de Sousa recebe Mario Draghi em Conselho de Estado

O ex-presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi participará no Conselho de Estado marcado para as 16h00 pelo Presidente da República. A reunião abordará as perspetivas e os desafios do futuro da União Europeia com o responsável por um relatório que fez um diagnóstico à economia do espaço comunitário e traçou soluções para ultrapassar obstáculos.

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Lei dos solos entra em vigor… a prestações

A lei dos solos entra em vigor esta quarta-feira, mas há propostas de alteração do PS que vão ser agora negociadas com o Governo. O resultado da negociação parlamentar será incluído posteriormente.

A lei dos solos entra em vigor esta quarta-feira, mas já se sabe que será alterada no Parlamento, em sede de comissão na especialidade, mudanças que serão introduzidas posteriormente na lei. Neste hiato temporal, os promotores poderão aproveitar para realizar operações urbanísticas antes de serem negociadas as mudanças legislativas que serão negociadas entre o Governo e o PS. Entre os especialistas ouvidos pelo ECO, uns antecipam uma “onda de operações”, mas outros consideram que “os momentos de instabilidade ou de incerteza legislativa tendem a contrair os operadores económicos”.

O Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial, vulgarizado como lei dos solos, conseguiu escapar a uma revogação proposta pelo BE, PCP, Livre e PAN, porque o Governo aceitou acolher as propostas de alteração sugeridas pelo Partido Socialista. Mas não é certo quanto tempo este processo vai levar.

“Em geral, não há um prazo fixo para a conclusão da negociação destas alterações na especialidade, pois depende da complexidade do decreto-lei, do número de propostas de alteração e da urgência do assunto”, sublinhou Ana Borges. A associada sénior do departamento de Direito Imobiliário e Urbanismo da Antas da Cunha Ecija reconhece que não há nada na lei que impeça que haja várias operações antes que as alterações a ser negociadas entrem em vigor, mas considera que não há tempo útil para os promotores terem “uma situação jurídica dita ‘protegida’”.

“Da parte dos particulares, pode existir o “desejo” de aproveitar rapidamente este contexto da legislação. Contudo, como a mesma irá sofrer as alterações, já propostas/antecipadas pelo PS e aceites pelo PSD, muito provavelmente os autarcas – dependendo naturalmente do município e da parcela rústica que temos como objeto de apreciação – irão ponderar os pedidos e eventuais propostas que podem levar a apreciação da câmara para posterior submissão à Assembleia Municipal respetiva”, defende Ana Borges. “Por outro lado, o promotor/particular terá de ter especial atenção às necessidades de infraestruturação para poder construir posteriormente, bem como ao facto da exigência prévia de delimitação de uma Unidade e Execução”, acrescenta.

“Enquanto o Dec. Lei 117/2024 não for alterado na especialidade, abre-se uma janela de oportunidade para a realização de operações urbanísticas de acordo com os critérios já estabelecidos, o que motivará uma onda de operações”, diz taxativo Luís Couto, sócio fundador da SPCB Legal.

Enquanto o Dec. Lei 117/2024 não for alterado na especialidade, abre-se uma janela de oportunidade para a realização de operações urbanísticas de acordo com os critérios já estabelecidos, o que motivar uma onda de operações.

Luís Couto

Sócio fundador da SPCB Legal

Paulo de Jesus Correia, managing partner da Santiago Mediano, reconhece que o aproveitamento “é possível”, mas “o desconforto que isso iria gerar nas administrações municipais poderia ser muito contraproducente para novos projetos”. Além disso, o advogado recorda que é sabido como “o legislador vai regular a vacacio legis, ou seja, o momento da entrada em vigor das alterações, mas por razões legais mas também pela complexidade prática da instrução e submissão destes processos, não há grande margem para aproveitamento desta janela em que vai vigorar o regime original”.

“Os momentos de instabilidade ou de incerteza legislativa tendem a contrair os operadores económicos, que procurem estabilidade e previsibilidade nos seus investimentos”, acrescenta Bruno Sampaio. O associado sénior da Paxlegal reconhece contudo que “é natural que os promotores ou proprietários se antecipem na expectativa de evitarem restrições ou limitações que venham a ser aprovadas na especialidade, o que pode levar a um aumento operações nesta fase inicial”.

Os especialistas jurídicos ouvidos, apesar de aplaudirem o esforço de garantir transparência e fiscalização eficaz, alertam para o aumento da burocracia. “É crucial para evitar desvios ou abusos, como casos que têm vindo a público e têm gerado uma descrença neste tipo de medidas, por serem associadas a um aproveitamento económico ilícito para alguns agentes”, diz Bruno Sampaio. As suspeitas que recaem sobre Hernâni Dias apenas adensam o clima de suspeição.

O antigo autarca de Bragança, que estava a ser investigado pela Procuradoria Europeia e era suspeito de ter recebido contrapartidas, acabou por se demitir de secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território quando a estas suspeitas se somou a notícia de que criou duas empresas que podem vir a beneficiar com a nova lei dos solos, sendo que era o secretário de Estado do Ministério da Coesão encarregue destas alterações.

É crucial para evitar desvios ou abusos, como casos que têm vindo a público e têm gerado uma descrença neste tipo de medidas, por serem associadas a um aproveitamento económico ilícito para alguns agentes.

Bruno Sampaio

Associado sénior da Paxlegal

A passagem de um solo rústico a urbano é decidia pelo autarca da região em causa, mas também pela assembleia municipal. Um passo que o Executivo considera ser garante de independência na decisão. Ainda assim, uma das propostas de alteração do PS tem por objetivo introduzir “mais um nível de avaliação e escrutínio, com parecer da CCDR nos projetos em solo que não seja exclusivamente público”. E eliminar a possibilidade de a mudança ser “fundamentada num parecer técnico de uma entidade contratada com competência técnica” e ser assegurada apenas com um parecer técnico dos serviços municipais.

“Este tipo de instrumentos, na prática, representa riscos de burocracia acrescida que podem atrasar ainda mais a aprovação de novos projetos, principalmente quando contendam com instrumentos de gestão territorial”, frisa Bruno Sampaio.

“Temos dúvidas sobre a introdução de nova burocracia e de novos pareceres como elemento deste processo. Esta nova alocação de solos corre o risco de acabar encalhada na administração pública que tem uma dificuldade extrema em tomar decisões em tempo útil”, corrobora Paulo de Jesus Correia.

Esta nova alocação de solos corre o risco de acabar encalhada na administração pública que tem uma dificuldade extrema em tomar decisões em tempo útil.

Paulo de Jesus Correia

Managing partner da Santiago Mediano e Associados

A grande alteração do diploma é, contudo, a substituição do conceito a preços moderados por preços controlados ou arrendamento acessível. Todos os especialistas são unânimes em reconhecer que a solução proposta pelo PS é a “mais eficiente na contenção dos preços da habitação”, porque tem em conta os custos dos promotores e os rendimentos dos cidadãos.

A definição de habitação a custos controlados está estabelecida por Portaria. Essa definição é realizada por recurso a vários critérios objetivos como a área bruta, custos de construção e coeficientes regionais. O conceito de valor moderado recorre a critérios de mercados, designadamente a “mediania de preço de venda por metro quadrado”, o que, além de determinar custo final dos imóveis mais altos, face a inflação do mercado, introduz alguma subjetividade da sua determinação”, explica Luís Couto.

“A habitação a custos controlados possui custos de construção e preços de venda que são determinados por portaria, muitas vezes acompanhados de apoios públicos e/ou benefícios fiscais. Parece-me ser uma forma de fixação de preço mais certa e acessível que o recurso à fixação do valor por m2 com base na mediana nacional, limitado a 125% da mediana do concelho, até um máximo de 225% da mediana nacional”, corrobora Ana Borges.

A habitação a custos controlados possui custos de construção e preços de venda que são determinados por portaria, muitas vezes acompanhados de apoios públicos e/ou benefícios fiscais, parece-me ser uma forma de fixação de preço mais certa e acessível.

Ana Borges

Associada sénior do departamento de Direito Imobiliário e Urbanismo da Antas da Cunha Ecija

Na mesa das negociações está ainda a introdução de um limite temporal à lei de três anos, para traduzir o caráter excecional do diploma, que podem ser prorrogados depois de avaliados os efeitos da lei. Mas também a obrigatoriedade de que as obras sejam feitas no máximo em três anos e não cinco como está prevista na redação atual. E, se for necessário prorrogar, o prazo seja até quatro anos e meio.

O PS quer ainda assegurar a “contiguidade” e evitar o desordenamento do território. O Governo entendia que era difícil definir o que é contiguidade de um solo urbano. “Na casa ao lado, do outro lado da rua, a 100 metros?”, questionava Castro Almeida no Parlamento. A opção foi retirar o termo e usar “um conceito mais urbanístico: assegurar a consolidação da aglomeração urbana, com coerência”. Ou seja, “evitar a pulverização”.

Mas o PS quer a expressão de volta e quer ainda que a reconversão seja apenas possível quando o solo seja destinado a habitação ou “usos complementares” e não à construção de infraestruturas “conexas à finalidade habitacional”. Castro Almeida explicou que nesta categoria caberia a farmácia, a lavandaria ou a mercearia.

“Os dois partidos, PS e PSD, curiosamente têm razão nas suas posições, o que não deixa de ser curioso”, avalia Paulo de Jesus Correia. “É verdade, como diz o PS, que as alterações preconizadas pelo Governo, em teoria descuram temas de urbanismo e facilitam processos menos claros. Mas foram as medidas que durante anos procuraram fazer um micro controlo da construção que nos conduziram à situação dramática em que nos encontramos. Simplesmente não é possível a um casal de classe media comprar casa ou viver na sua cidade. Temos de decidir e priorizar o que queremos”, conclui.

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IA, inovação e (muito) menos burocracia. O roteiro de Bruxelas para aumentar a competitividade europeia

Quatro meses depois de Draghi apelar que a UE recupere o terreno face aos EUA e a China, Bruxelas apresenta hoje o roteiro de 30 medidas. Menos burocracia e mais inovação são os principais pilares.

Mais inovação e (muito) menos burocracia. Estas serão as linhas orientadoras dos 30 pontos do roteiro da Comissão Europeia para mitigar a perda de competitividade do bloco europeu face aos restantes mercados. A Bússola para a Competitividade — apelidada de Estrela Polar da União Europeia (UE) — inspirada no relatório de Mário Draghi, será apresentada esta quarta-feira pela presidente Ursula von der Leyen e o vice-presidente e comissário para a Prosperidade e Estratégia Industrial, Stéphane Séjourné, em Bruxelas, após a reunião do colégio de comissários.

“A tónica será colocada no aumento da produtividade, colmatando o défice de inovação. Trata-se de um plano conjunto para a descarbonização e a competitividade, para ultrapassar a escassez de competências e de mão-de-obra e reduzir a burocracia”, explicou Von der Leyen, em Davos, na semana passada, sublinhando que o roteiro vai procurar “tornar o crescimento [na UE] mais rápido, mais limpo e mais equitativo, assegurando que todos os europeus possam beneficiar da evolução tecnológica”.

O corte na burocracia será um elemento chave do roteiro. O objetivo será “simplificar e acelerar”, reduzindo de forma “sem precedentes” os processos administrativos para as empresas, tal como consta de um documento a que a Reuters teve acesso.

A iniciativa não é nova. Há 10 anos, a Comissão de Jean-Claude Juncker já tinha sido alertada para a necessidade de avançar com uma reforma semelhante, depois de um grupo de trabalho liderado pelo alemão Edmund Stoiber ter concluído que regras mais flexíveis permitiram poupar 41 mil milhões de euros por ano ao bloco europeu. As reformas ficaram por fazer — e na verdade, os problemas até se adensaram — e uma década mais tarde surge Mario Draghi a lançar os mesmos apelos.

[A recuperação de competitividade] deve incluir a simplificação e a eliminação de sobreposições e incoerências em toda a cadeia legislativa, com prioridade para os setores económicos em que a Europa está particularmente exposta à concorrência internacional”, alertou o antigo primeiro-ministro italiano, na apresentação do relatório, em setembro passado.

Em termos comparativos, o também antigo governador do Banco Central Europeu referiu a título de exemplo que, em 2019, a União Europeia aprovou cerca de 13 mil atos legislativos, enquanto os EUA aprovaram três mil e outras duas mil resoluções, no mesmo período. “Este facto faz-nos pensar: será que podemos fazer um pouco menos e ser um pouco mais concentrados?”, questionou.

A Presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen (à direita), e o antigo primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, participam numa conferência de imprensa conjunta para apresentar o relatório final sobre o futuro da competitividade da UE, em Bruxelas,EPA/OLIVIER HOSLET

 

Mas há Estados-membros que querem ir mais longe. França, por exemplo, pediu a Bruxelas, na semana passada, uma “pausa maciça” no que toca à implementação de novas regulamentações e ainda o adiamento por, pelo menos, dois anos da entrada em vigor da Diretiva de Reporte Corporativo de Sustentabilidade (CSRD), as novas regras de reporte ambiental para as empresas. Este último pedido também foi subscrito pela Alemanha.

O apelo foi ignorado, mas espera-se que a simplificação de processos da Bússula para a Competitividade adote as “medidas necessárias” para reduzir as obrigações regulatórias em cerca de 25% para todas as empresas privadas e em 35% para as PME, segundo um rascunho consultado pelo Euractiv.

Ademais, incidirá também sobre as regras ambientais. Von der Leyen e Séjourné deverão dar a conhecer as primeiras linhas do Omnibus, uma proposta do executivo cujo principal objetivo é reformar a taxonomia da UE, o CSRD e a Diretiva sobre o due dilligence de sustentabilidade das empresas (CSDDD). Certo, é que os objetivos climáticos deverão permanecer intocáveis.

E de forma a reduzir a abrangência das regras, a Comissão Europeia deverá propor também uma nova definição de pequenas empresas de média capitalização, que deverá permitir que até 31 mil empresas entre os 27 Estados-membros beneficiem de uma simplificação regulamentar adaptada, tal como as PME.

UE como “continente da AI”

A inteligência artificial (IA) é o tema quente da semana. Não só por causa do surgimento imprevisto e impressionante da chinesa DeepSeek mas também porque o regresso de Donald Trump à Casa Branca, na semana passada, como 47º presidente dos Estados Unidos, veio acompanhado de um anúncio de um investimento de 500 mil milhões de dólares para a construção de centros de dados para impulsionar o desenvolvimento de IA no país.

Tanto a China como os EUA já se colocaram a postos para dominar esta tecnologia a nível mundial. E agora, a União Europeia terá que reunir esforços para se colocar nesta corrida. O objetivo será fundar o “Continente IA”, como se lê no rascunho da estratégia, criando as primeiras “mega-fábricas de IA” de sempre para aumentar a capacidade de computação da Europa e torná-la acessível a empresas em fase de arranque, investigadores e indústria para formar, desenvolver e melhorar os seus modelos de IA.

Mas não só. Aos olhos de Bruxelas, a IA entra no jogo como um elemento que visa aumentar a eficiência e impulsionar a produção de mais energias renováveis e reforçar o posicionamento do bloco no setor aerospacial, medicina e biotecnologia.

A Europa tem de estar na vanguarda da inovação em setores tecnológicos que serão importantes para a economia de amanhã, como a inteligência artificial, as matérias-primas críticas, as biotecnologias, energias limpas, robótica, tecnologias espaciais e outras.

Rascunho da Bússula para a Competitividade da Comissão Europeia

Assim, o executivo europeu pretende desenvolver planos de ação para avaliar as atuais capacidades de fabrico de medicamentos essenciais nos 27 Estados-membros e, subsequentemente, identificar formas de os aumentar, com vista a reduzir a dependência excessiva de fornecedores de países terceiros — como aconteceu durante a pandemia — e reforçar a segurança económica do bloco. Para isso, serão removidas obstáculos à criação de empresas inovadoras em grande escala, cita a Reuters o documento obtido em Bruxelas.

A Bússola para a Competitividade chega com atraso — também porque Ursula von der Leyen esteve a recuperar de uma pneumonia durante duas semanas, em janeiro — mas Bruxelas mantém-se confiante de que conseguirá, nos cinco anos que se seguem, causar impactos significativos. E estará focada em medi-los e avaliar os resultados periodicamente.

Para coordenar melhor os objetivos europeus, a Comissão deverá propor um novo instrumento de coordenação da competitividade que se centrará em marcos nacionais definidos por cada Estado-membro, desde que estes respeitem o roteiro. O objetivo do executivo comunitário é melhorar a coordenação de políticas nacionais e da UE pois, aos olhos da presidente von der Leyen, a união será um elemento determinante da execução desta estratégia.

“A competitividade não é uma responsabilidade exclusiva da UE. As instituições da UE, os governos nacionais e também as autoridades regionais têm de estar à altura do desafio, trabalhando num esforço conjunto e elevando o empenhamento e a cooperação a um novo nível”, lê-se no rascunho do roteiro.

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Chinesa DeepSeek expõe ainda mais o atraso de uma Europa sem ‘challenger’ à altura na IA

Apesar da baixa adesão das empresas dos dois lados do Atlântico, o aparecimento de um modelo de IA chinês mais barato faz aumentar a pressão sobre a Europa, ainda sem um 'challenger' à altura.

O surgimento de um concorrente chinês aos grandes modelos de linguagem norte-americanos renovou os receios de que a Europa esteja a ficar definitivamente para trás na inovação em inteligência artificial (IA). Essas preocupações são exacerbadas pela baixa adesão das empresas europeias, incluindo as portuguesas, à IA, atrasando melhorias que a tecnologia promete vir a ter na eficiência das organizações.

A startup chinesa DeepSeek ganhou fama mundial esta semana ao provocar um grande tombo nas bolsas, principalmente em Wall Street, onde fez a fabricante de chips Nvidia perder quase 600 mil milhões de dólares em valor de mercado na segunda-feira. Em causa está o facto de a DeepSeek ter disponibilizado dois modelos de IA que produzem resultados semelhantes a modelos como os da OpenAI, criadora do ChatGPT, com um custo significativamente menor.

Perante estes avanços tecnológicos, subiram de tom as dúvidas quanto às centenas de milhares de milhões de dólares que algumas empresas americanas têm estado a investir nesta área. O tema não é novo, principalmente à luz das baixas taxas de adesão das empresas nos EUA, onde menos de 4% das empresas usavam IA no final de 2023 para produzir bens e oferecer serviços, segundo um inquérito oficial.

O cenário é semelhante noutras geografias, embora as estatísticas não sejam diretamente comparáveis. Dados do Eurostat relativos a 2024, divulgados em janeiro, mostram que apenas 13,5% das empresas da União Europeia com mais de dez trabalhadores usavam IA nas suas operações no ano passado.

A situação é ainda pior em Portugal, onde a percentagem ronda os 8,6%.

Segundo Manuel Levi, consultor, data scientist e especialista em IA, não é por falta de modelos inovadores “que as empresas não estão a avançar” na tecnologia. “Nós não temos que dar modelos muito melhores do que aqueles que já temos para ter um impacto muito grande nessas empresas. Essas empresas não estão ainda é a fazer uso desses modelos”, aponta Manuel Levi.

Para o especialista, os modelos atuais já permitiriam gerar eficiências nas empresas se fossem adotados. Soluções assentes em IA podem já hoje executar tarefas básicas como propor respostas a emails de clientes, mas “a maior parte das vezes isso não é feito só porque não é feito”. Assim, “não é por terem um modelo muito melhor” que as empresas “vão tirar melhor partido dele”.

“As empresas precisam é de começar a aplicar esses modelos, melhores ou piores, e muitas vezes um modelo muito melhor não é necessário para resolver o problema”, acrescenta Manuel Levi, exemplificando: “Ninguém precisa de um Ferrari se não faz uso do seu Renault Clio.”

Nós não temos que dar modelos muito melhores do que aqueles que já temos para ter um impacto muito grande nessas empresas. Essas empresas não estão ainda é a fazer uso desses modelos.

Manuel Levi

Consultor e especialista em IA

Por sua vez, Ivo Bernardo, data scientist e cofundador da empresa de software DareData, compara a adoção de IA pelas empresas à própria transição digital em curso: “Este processo de adoção é lento, mas quando vier em força, uma empresa morre se não evoluir na transformação digital”, sublinha.

Para o responsável, “à medida que mais empresas forem adotando” estas tecnologias, outras empresas se seguirão, aliciadas por poupanças que, no caso de alguns projetos implementados pela DareData, “reduzem custos numa ordem de grandeza significativa”: “Um processo de 100 mil euros por mês passa a custar 20 ou 30 mil euros. É brutal a diferença”, afirma.

Desse ponto de vista, modelos como os da DeepSeek — batizados de V3 e R1 — poderão acelerar a adesão pelos negócios se realmente forem mais baratos: “À medida que o preço vai sendo um fator não diferenciador, mais empresas vão começar a adotar este tipo de mecanismos”, acredita Ivo Bernardo.

Todavia, permanecem receios do ponto de vista da proteção de dados, como ficou evidente pela queixa formalizada na terça-feira contra a DeepSeek por uma organização internacional de defesa do consumidor, da qual a portuguesa DECOProteste faz parte, acusando a startup chinesa de enviar dados dos europeus para a China sem as “salvaguardas” legalmente exigidas, em suposta violação do Regulamento Geral da Proteção de Dados (RGPD).

A Euroconsumers denunciou ainda ao regulador italiano da proteção de dados que a política de privacidade da DeepSeek estipula que os dados são armazenados em servidores situados em território chinês. Mas os riscos colocam-se da mesma forma às empresas e aos cidadãos quando está em causa o uso de qualquer outro modelo, incluindo os norte-americanos.

A DeepSeek ganhou notoriedade mundial esta semana graças ao seu modelo de IA com baixo custo de desenvolvimentoHugo Amaral/ECO

O triunfo do open-source

Estes dois especialistas ouvidos pelo ECO não duvidam de que foi possível que uma empresa chinesa relativamente obscura tenha desenvolvido modelos que rivalizam com os americanos com custos de desenvolvimento significativamente inferiores, trabalhando, por exemplo, com soluções já disponíveis em código aberto (open source).

No entanto, Manuel Levi alerta que não se trata de uma vantagem exclusiva desta empresa chinesa. “A OpenAI tem acesso a esses mesmos modelos e sabe como é que eles estão construídos”, nota. Tal como as empresas europeias. Isso traduz-se numa “vitória do open source“, sublinha Ivo Bernardo, em contraponto com os avanços da OpenAI, que disponibiliza “modelos fechados”, acrescenta.

Mas mais do que as capacidades dos modelos, foi a rápida democratização da tecnologia da DeepSeek nos últimos dias que mais surpreendeu estes especialistas, com a aplicação móvel da empresa a alcançar o topo do pódio das mais descarregadas na segunda-feira na sua categoria, destronando o ChatGPT. Um feito que resulta também da curiosidade natural, alavancada numa forte atenção mediática.

Seja como for, a coexistência de modelos avançados desenvolvidos nos EUA e na China coloca ainda mais pressão sobre a Europa, onde uma pequena startup francesa chamada Mistral continua sem se conseguir afirmar ao mesmo nível das concorrentes. Na UE, a discussão sobre IA continua muito dominada pela regulamentação.

“Acho que os factos demonstram que estamos a fazer alguma coisa incorreta. Não significa que a regulamentação não seja necessária, mas estamos a dar demasiado foco à regulamentação e não a como vamos ser um grande player” em IA, diz o cofundador da DareData.

“Vemos uma luta entre duas esferas económicas, EUA e China, a anos-luz do que conseguimos desenvolver na Europa — por alguma razão é. Passámos muito tempo a discutir se deveríamos regulamentar ou não, mas não estamos preocupados em deixar as empresas aplicarem livremente estes modelos nos negócios, na vida e nas sociedades”, critica Ivo Bernardo.

Vemos uma luta entre duas esferas económicas, EUA e China, a anos-luz do que conseguimos desenvolver na Europa.

Ivo Bernardo

Cofundador da DareData

Manuel Levi também considera que “a Europa está a dar um tiro no pé” com a quantidade de regulamentação que tem implementado, “que, embora seja bem-intencionada, vai levar a sérios problemas, principalmente a longo prazo”, vaticina.

“O efeito que a IA vai ter nas empresas é um efeito cumulativo. Uma empresa que comece a utilizar agora vai poder utilizar mais e mais e alavancar. Como é exponencial, é preciso ver a mudança a acontecer nos primeiros passos”, refere o especialista, diagnosticando outras causas do problema, como, por exemplo, a dificuldade em levantar capital em comparação com outros mercados.

Mas a visão de que a Europa tem demasiada regulamentação não é unânime. Questionado sobre o que esta competição EUA-China diz sobre o estado da Europa, Adolfo Mesquita Nunes, advogado, especialista em regulamentação de IA e sócio da sociedade de advogados Pérez-Llorca, atira: “Dar a China como um exemplo de liberdade e inovação é risível.” “Na China só se inova o que o Partido [Comunista Chinês] achar que se inova. O empreendedorismo está sujeito às regras que o partido impõe”, argumenta.

Adolfo Mesquita Nunes recorda que os modelos da DeepSeek recusam-se a responder sobre temas sensíveis para o regime, como os acontecimentos em Tiananmen em 1989, o que aumenta ainda mais “a necessidade de haver regras”. “A ideia de que a IA pode continuar sem qualquer tipo de regulamentação que mitigue os riscos quando algo corre mal, ou que define a responsabilidade quando algo corre mal, é ingénua. E a UE não é a única a ter normas sobre o assunto, incluindo alguns Estados nos EUA”, repara.

Isso não significa, para este especialista, “que não seja justo reconhecer que a Europa nos últimos anos se concentrou mais na regulamentação e menos na competitividade”. Mas, mesmo assim, “tendemos a comparar os EUA com a China e com a Europa enquanto blocos económicos esquecendo que a Europa são mais de duas dezenas de países, mais de duas dezenas de parlamentos, centenas de atos eleitorais, e de legitimidades democráticas que, necessariamente, tornam o processo decisório muito mais complexo do que o da China e dos EUA por razões evidentes”, explica.

"A ideia de que a IA pode continuar sem qualquer tipo de regulamentação que mitigue os riscos quando algo corre mal, ou que define a responsabilidade quando algo corre mal, é ingénua.”

Adolfo Mesquita Nunes

Advogado, sócio da Pérez-Llorca

Com mais um modelo amplamente disponível no mercado — desta vez chinês e aparentemente mais barato –, ficam mais claras as virtudes da tecnologia, mas também os riscos, incluindo o eventual atraso do continente europeu.

Mas de nada vale ter recursos se depois não chegam à economia real. E, no que toca ao ChatGPT versus DeepSeek, “são dois modelos que levam exatamente ao mesmo sítio”. Afinal, como diz Ivo Bernardo, “com o Ferrari consegue-se circular a 140 Km/h, mas com o Clio pode-se ir a 120” sem perder a estabilidade.

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DeepSeek deixa 400 milhões dos fundos nacionais sob pressão

Empresas como a Alphabet, Apple e Microsoft fazem parte das apostas dos fundos nacionais. A Nvidia, que perdeu perto de 600 mil milhões de dólares numa sessão, também é presença nas carteiras.

O sell-off que roubou um bilião de dólares às empresas de Inteligência Artificial também vai ter impacto nos fundos de investimento em Portugal. Empresas como a Alphabet, Amazon, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla, as chamadas sete magníficas, estão entre as apostas de grandes fundos nacionais, sobretudo os que investem em ações mundiais e norte-americanas. Os dados mais recentes mostram que têm mais de 400 milhões investidos nas “big tech” que estão a ser penalizadas pelo fenómeno DeepSeek.

A Alphabet, Apple e Microsoft são as “big tech” preferidas dos gestores de fundos nacionais nos EUA. Mas, não são as únicas. Empresas como a Nvidia, Facebook, Amazon, Tesla, ou a Oracle, que também foi fortemente castigada pela ameaça chinesa ao domínio norte-americano na inteligência artificial (IA), estão entre as apostas dos gestores nacionais.

Contabilizando as participações, os fundos nacionais tinham mais de 416 milhões investidos nestas empresas, de acordo com os dados levantados pelo ECO nas carteiras dos fundos mobiliários geridos por entidades nacionais no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, relativos ao final de setembro.

Microsoft, acionista da OpenAI, e Apple são as empresas com maiores investimentos, acima de 118 e 116 milhões de dólares, respetivamente. Com perto de 110 milhões de investimento dos fundos surge ainda a Alphabet. Já a Nvidia, que protagonizou esta segunda-feira a maior perda de valor diário de uma empresa na história do mercado de capitais, ao perder cerca de 590 mil milhões de dólares de capitalização bolsista num dia, apenas capta cerca de 22 milhões dos fundos nacionais, sendo preterida face a outras gigantes de Wall Street.

Além das 7 magníficas, que foram penalizadas pelo surgimento de um modelo de IA low cost lançado pela chinesa DeepSeek, também a Oracle, outra empresa fortemente castigada pelo sell-off na IA, surge em várias carteiras de fundos, nomeadamente da GNB e da IMGA.

Entre as gestoras de ativos, a Caixa Gestão de Ativos, a maior gestora nacional com 6,9 mil milhões de ativos, apresenta o maior volume de investimento nestas empresas, com cerca de 270 milhões aplicados nestas empresas. Só o Caixa Ações Líderes Globais, o maior fundo nacional, com 2,3 mil milhões de euros sob gestão, tem 262 milhões investidos na Alphabet, Apple e Microsoft.

A Casa de Investimentos, através do seu PPR Save & Grow, e a IMGA seguem-se na lista das gestoras com maior exposição às big tech norte-americanas, com uma exposição superior a 33 e 30 milhões de euros respetivamente, segundo os números mais recentes das carteiras divulgados no site da CMVM.

Além da exposição a empresas ligadas à IA nos EUA, os fundos nacionais também sentiram o impacto da crise nas tecnológicas através da sua exposição à empresa de semicondutores ASML, onde têm investidos mais de 12 milhões de euros.

As “big tech” ligadas ao setor da IA sofreram fortes quedas em bolsa esta segunda-feira, arrastadas pelo sucesso do modelo apresentado pela DeepSeek, que superou o ChatGPT, colocando dúvidas sobre as avaliações das chamadas 7 magníficas, com a Nvidia a ser a mais castigada, após dois anos de subidas estratosféricas no mercado acionista.

Queda de ações castiga fortunas

O travão nas ações de IA castigou também as maiores fortunas do mundo, com os 500 mais ricos a verem o seu património encolher em mais de 108 mil milhões de dólares. Jensen Huang foi um dos milionários que liderou as perdas, com o cofundador da Nvidia a ver o valor da sua fortuna encolher 20,1 mil milhões de dólares, o que representa uma queda de 20%, arrastado pelo tombo das ações da Nvidia.

Sam Altman, CEO da OpenAI, dona do ChatGPT, reconheceu o valor da solução lançada por DeepSeek, qualificando-a como “impressionante”. Já o Presidente dos EUA disse que esta nova plataforma deve ser uma chamada de atenção para o setor.

O sell-off registado no arranque desta semana surge num período dourado para as tecnológicas, que vinham a acumular sucessivos máximos nos últimos dois anos. Na semana passada, o setor voltou a patrocinar novos recordes nas bolsas, depois de o Presidente Donald Trump ter anunciado um plano do setor privado, com um envelope para investir 500 mil milhões de dólares em infraestruturas de IA através de uma joint venture conhecida como Stargate.

Na semana passada, a Meta anunciou que vai investir mais de 65 mil milhões de dólares este ano no desenvolvimento de IA. Já Sam Altman, CEO da OpenAI, disse no ano passado que a indústria da IA ​​vai necessitar de biliões de dólares em investimentos para apoiar o desenvolvimento de chips muito procurados, necessários para alimentar os centros de dados de eletricidade que gerem os modelos complexos do setor.

Contudo, o modelo lançado pela DeepSeek veio lançar dúvidas sobre a necessidade destes investimentos, tendo desenvolvido a sua solução de IA com menos de seis milhões de dólares, e precipitou um sell-off no setor.

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Seguradora britânica Hiscox vai entrar diretamente em Portugal

A seguradora dos riscos especiais e das pessoas de elevado património vai estar diretamente no mercado português, onde já tem uma base com 500 pessoas. O ex-AIG Emérico Gonçalves será a cara.

A centenária seguradora britânica Hiscox, conhecida por realizar seguros originais e pela especialização em clientes de alto valor, vai em breve entrar diretamente em Portugal. Nos próximos dias, a empresa entrará em contacto com os seus atuais parceiros – corretores e mediadores – para dar conta do seu plano para o país que também passa pelo lançamento de produtos atualizados.

Para o cargo de diretor comercial, a Hiscox contratou Emérico Gonçalves, que estava há 21 anos na seguradora AIG em Portugal. Terá a responsabilidade de “impulsionar e reforçar as relações com os corretores portugueses”. “Estamos empenhados em continuar a oferecer produtos inovadores e especificamente adaptados às necessidades dos clientes, para além do já reconhecido nível de serviço”, comentou Emérico Gonçalves.

“Não podemos iniciar esta nova fase sem expressar o nosso sincero agradecimento à Innovarisk. Esta estreita parceria de mais de uma década, em que distribuíram os nossos produtos de seguros, tem sido fundamental para o nosso crescimento em Portugal”, afirma David Heras, Diretor Geral da Hiscox Portugal e Espanha.

A Innovarisk, referida por Heras, mediadora agente de subscrição liderada por Gonçalo Baptista, representou a Hiscox em Portugal nos últimos 13 anos, período em que a seguradora se estabeleceu no mercado português com destaque em seguros de Arte e Casas de Alto Valor, tendo também introduzido os seguros especializados de Responsabilidade Civil Profissional, D&O e Cyber Risk para empresas e profissionais. No entanto, a entrada no mercado português deu-se em 2005, trabalhando diretamente com corretores de seguros.

A decisão de impulsionar o crescimento no mercado português insere-se – segundo a Hiscox – “num ambicioso plano de investimento e desenvolvimento no mercado” acrescentando ser um passo que “reafirma a sua presença num país”.

A Hiscox já emprega mais de 500 pessoas em Portugal onde se baseou em 2015 e, a partir do edifício Atrium Saldanha, em Lisboa, presta serviço e apoio a vários escritórios da Hiscox na Europa e no Grupo Hiscox.

Segundo a seguradora, a operação em Portugal e Espanha conta já com mais de 100 pessoas que apoiam atualmente os dois mercados e conta “com uma robusta infraestrutura portuguesa, com subscritores portugueses especializados, uma equipa de sinistros, tecnologia e operações”.

A Hiscox tem lançado produtos especializados e aposta na capacidade de resposta em sinistros como uma imagem de marca. Com receitas globais de 3,4 mil milhões de euros de prémios líquidos em 2023, a seguradora tem sede na Bermuda e conta com 3 mil empregados em 14 países e tem clientes em todo o mundo, oferecendo seguros através da sua divisão de retalho no Reino Unido, na Europa, na Ásia e nos EUA para clientes profissionais e empresariais, bem como para particulares e famílias com elevado património líquido.

A Hiscox foi fundada mais de um século de reputação a nível internacional, e apresenta – afirma – “forte solidez financeira” com a agência de rating A.M Best a atribuir nível “A” (Excellent), tem rating A+ da Fitch e A da Standard and Poors. No exercício de 2023 obteve um rácio combinado de 89 (acima de 100 significa prejuízo técnico), terminando esse ano com um rácio de solvência de 212%, mais do dobro do mínimo requerido de 100%.

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Comissão Europeia propõe tarifas sobre mais produtos agrícolas e fertilizantes russos e bielorrussos

  • Lusa
  • 28 Janeiro 2025

Os produtos agrícolas afetados pelas novas tarifas constituem 15% das importações agrícolas da Rússia em 2023 que ainda não foram sujeitas ao aumento das tarifas.

A Comissão Europeia (CE) propôs esta terça-feira impor tarifas sobre uma série de produtos agrícolas da Rússia e da Bielorrússia, bem como sobre certos fertilizantes à base de azoto, com o objetivo de limitar o risco para a segurança alimentar.

Os produtos agrícolas afetados pelas novas tarifas constituem 15% das importações agrícolas da Rússia em 2023 que ainda não foram sujeitas ao aumento das tarifas, explicou o executivo da União Europeia (UE) em comunicado.

Uma vez adotada pelo Parlamento e pelo Conselho da União Europeia por maioria qualificada (deve receber o apoio de 15 dos 27 Estados-Membros ou de países que, em conjunto, representem pelo menos 65% da população total da UE), todas as importações agrícolas da Rússia estariam sujeitas às tarifas da UE.

O objetivo da proposta é reduzir a dependência das importações da Rússia e da Bielorrússia. Estas importações, particularmente de fertilizantes, tornam a UE “vulnerável” a possíveis ações coercivas da Rússia e, por isso, representam um risco para a segurança alimentar da UE, explicou a Comissão Europeia.

Na mesma linha, acrescentou, as tarifas apoiariam o crescimento da produção nacional e da indústria de fertilizantes da UE, que sofreu durante a crise energética. Uma vez aprovada, a medida permitirá também a diversificação do fornecimento de países terceiros.

Isto ajudará a garantir um fornecimento constante de fertilizantes e, mais importante, a garantir que os fertilizantes se mantêm disponíveis para os agricultores da UE a um preço acessível, de acordo com o executivo da UE. A proposta inclui também medidas de mitigação caso os agricultores da UE sofram um aumento substancial dos preços dos fertilizantes.

Espera-se também que as tarifas tenham um impacto negativo nas receitas de exportação russas, afetando assim a capacidade da Rússia de continuar a travar a sua guerra contra a Ucrânia.

“O nosso objetivo é enfraquecer ainda mais a economia de guerra da Rússia, ao mesmo tempo que reduzimos as dependências da UE, apoiamos a nossa indústria e preservamos a segurança alimentar global”, sublinhou o comissário do Comércio e Segurança Económica, Maros Sefcovic, citado no comunicado.

As exportações russas de produtos agrícolas e fertilizantes para países terceiros não são afetadas pela proposta, vincou Bruxelas, em linha com o compromisso da UE de promover a segurança alimentar em todo o mundo, especialmente para os países em desenvolvimento.

Isto significa que a compra e venda de produtos agrícolas russos permanece inalterada, tal como o seu armazenamento em armazéns alfandegários da UE, o seu transporte em navios da UE ou a prestação de serviços de seguro e financiamento.

Sefcovic também garantiu que a Comissão Europeia tomará “todas as medidas necessárias para proteger a indústria de fertilizantes e os agricultores” dentro da comunidade.

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Polónia compra mais de 200 mísseis antirradar aos EUA por 714 milhões

  • Lusa
  • 28 Janeiro 2025

As entregas destes mísseis, que podem ser lançados a partir dos F-35 e F-16, decorrerão entre 2029 e 2035.

A Polónia anunciou esta terça-feira que assinou um contrato com os EUA para a compra de mais de 200 mísseis antirradar, no valor de cerca de 745 milhões de dólares (714,4 milhões de euros).

“O contrato abrange a entrega de mais de 200 mísseis auto guiados AGM-88G AARGM-ER [sigla inglesa para mísseis guiados antirradar com alcance expandido]”, com um alcance de mais de 200 quilómetros, segundo um comunicado do Ministério da Defesa da Polónia, citado pela agência France-Presse (AFP).

As entregas decorrerão, de acordo com o documento, entre 2029 e 2035. Estes mísseis podem ser lançados a partir dos F-35 e F-16 que a Força Aérea polaca já detém.

O novo contrato assume importância reforçada no contexto da operação de modernização das Forças Armadas polacas, acelerada pela invasão da Ucrânia pela Rússia e que já incluiu a compra de equipamento militar a países como EUA ou a Coreia do Sul.

Vizinho e apoiante da Ucrânia, a Polónia vai dedicar 4,7% do seu Produto Interno Bruto (PIB) à Defesa, um valor superior ao dobro exigido pela NATO (2,0%).

 

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