Abanca concentra negócio no ex-Eurobic e fecha sucursal

Espanhóis continuam a 'digerir' aquisição do banco português no verão passado. Vão passar toda a atividade para o Eurobic e fechar a sucursal, mantendo a marca Abanca. Processo durará um ano.

O Abanca continua a ‘digerir’ a aquisição do Eurobic. Os espanhóis preparam-se para concentrar todo negócio bancário em Portugal no banco que adquiriram a Isabel dos Santos e outros angolanos no verão passado, por cerca de 350 milhões de euros. Com isso, a sucursal vai ser encerrada, mas a marca é para manter.

O banco com sede em Santiago de Compostela, na Galiza, tem em andamento um processo de cisão transfronteiriça no âmbito do qual vai separar a atividade em Portugal da casa-mãe galega e transferir toda a carteira de crédito e de depósitos (ativos e passivos), incluindo trabalhadores, que já tinha por cá para a estrutura do que era o Eurobic — sua filial desde que fechou a compra em julho.

No final deste processo, que só deverá estar concluído dentro de mais ou menos de um ano, o Abanca emergirá como sétimo maior banco no mercado português, atrás dos ‘Big-5’ e do Crédito Agrícola, contando com mais de 300 mil clientes e 20 mil milhões de euros em volume de negócios.

Por seu turno, depois de ‘esvaziada’, a sucursal com a qual o Abanca opera atualmente em Portugal (e que havia comprado o negócio do Deutsche Bank em 2016) será para fechar a seguir, estando tudo dependente de aprovação das autoridades dos dois lados da fronteira, nomeadamente o Governo espanhol e o Banco de Portugal. Antes disso, o processo ainda vai ser ratificado pelas assembleias-gerais dos dois bancos no início do próximo ano.

Fonte oficial do banco explicou ao ECO que a consolidação dos negócios em Portugal visa “reforçar a sua posição competitiva no setor financeiro português” e esclareceu que “os colaboradores da sucursal do Abanca vão manter todas as condições de trabalho que têm atualmente, de acordo com o quadro legal em vigor, não estando previsto que esta operação tenha qualquer impacto nos colaboradores das duas entidades”.

O Eurobic tinha mais de 1.400 trabalhadores no final do ano passado e no Abanca em Portugal trabalham quase 400.

"Os colaboradores da sucursal do Abanca vão manter todas as condições de trabalho que têm atualmente, de acordo com o quadro legal em vigor, não estando previsto que esta operação tenha qualquer impacto nos colaboradores das duas entidades.”

Abanca

Fonte oficial

De fora deste processo de cisão ficam os negócios da Sogevinus (que tem as marcas de vinho do Porto Calem, Velhotes, Kopke, Barros, entre outras) e ainda outra empresa, a Laborvantage – Investimentos Imobiliários, que se manterão no perímetro do grupo de Juan Carlos Escotet.

O Abanca registou lucros de quase mil milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, mais do que duplicando em comparação com o mesmo período de 2023, aproveitando o ambiente de taxas de juro elevadas que tem puxado pelos resultados de todo o setor.

O banco galego já pôde contar com o contributo do Eurobic, que apurou lucros de 71,3 milhões de euros entre janeiro e setembro, abaixo, ainda assim, do resultado obtido há um ano.

Desde janeiro de 2020 que se mantinha a indefinição na estrutura acionista do Eurobic, após ter rebentado o caso Luanda Leaks em janeiro de 2020, que forçou Isabel dos Santos a sair do banco português.

A empresária angolana detinha uma participação de 42,5% do Eurobic que se encontrava arrestada pelas autoridades na sequência do mega processo que enfrenta em Luanda, sendo que 37,5% estavam na posse de Fernando Teles, enquanto o restante capital pertencia a outros acionistas angolanos como Luís Cortez dos Santos, Manuel Pinheiro Fernandes e Sebastião Lavrador (cada um com 5%).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Do IRS ao IVA, famílias vão pagar menos impostos em 2025. Saiba quanto vai poupar

Haverá um novo alívio no IRS com a atualização dos escalões e aumento da dedução das rendas de habitação. IVA da luz terá nova baixa e acabam as portagens em sete autoestradas do interior e Algarve.

O ano novo traz um novo presente para as famílias portuguesas. Haverá um alívio adicional no IRS através da atualização dos escalões em 4,6% e do aumento do mínimo de existência, que mantém, assim, o salário mínimo isento. O ganho anual com a descida deste imposto pode superar os 600 euros. Além disso, o teto para a dedução das rendas de habitação própria e permanente sobe de 600 para 700 euros.

O IVA da eletricidade vai baixar da taxa máxima, de 23%, para a mínima, de 6%, nos primeiros 200 a 300 kWh por mês para potências contratadas até 6,90 kVA, o que dará uma poupança mensal entre os 1,5 euros e os 3,82 euros por mês. E vão acabar as portagens em sete autoestradas ex-SCUT (sem custo para o utilizador) do interior e Algarve. Apesar desta benesse, as taxas nas restantes vias terão um agravamento de 2,21%.

Quanto ao IRS, o imposto que incide sobre rendimentos de trabalho dependente e pensões, mantêm-se os atuais nove escalões e as taxas que já tinham sido reduzidas, este ano, por proposta do PS e aprovadas em coligação negativa com o Chega.

Descida do IRS e alargamento das isenções para os jovens

Mas as famílias vão poder beneficiar de uma nova descida no imposto a liquidar em 2026 relativo aos ganhos do próximo ano, por via da atualização dos patamares de tributação em 4,6%. Na prática, rendimentos brutos anuais até 8.057 euros deixam de pagar IRS. Trata-se de uma atualização significativa de 354,34 euros (4,6%) face aos 7.703 euros atualmente isentos.

O mínimo de existência, isto é, o valor até ao qual o rendimento não é tributável, vai acompanhar o salário mínimo, que em 2025 sobe 50 euros para 870 euros. Assim, aquele indexante passa dos atuais 11.480 euros para 12.180 euros, o que significa que a retribuição mínima mensal garantida vai continuar isenta de imposto.

A dedução específica, ou seja, o valor que abate ao rendimento para apurar a matéria tributável, vai subir dos atuais 4.350,24 para 4.462,15 euros à boleia do aumento em 2,6% do Indexante de Apoios Sociais (IAS), que passa para 522,5 euros. São mais 111,91 euros limpos de imposto. A regra de atualização, inscrita no Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), dita que aquele indicador deve corresponder a 8,54 vezes o IAS, o que dá os tais 4.462,15 euros. O incremento da dedução específica representa um brinde no IRS para trabalhadores por conta de outrem e pensionistas que pode chegar aos 79 euros.

Com estas alterações, trabalhadores e pensionistas vão pagar menos imposto em 2026. A poupança anual pode ultrapassar os 300 euros para um trabalhador solteiro e sem filhos e os 600 euros no caso de um casal dois titulares e sem dependentes, segundo as simulações da consultora Ilya para o ECO. No caso de um pensionista solteiro ou casado dois titulares, o alívio na carteira pode superar os 370 euros.

Para além disso, o teto das deduções das despesas com rendas de habitação própria e permanente vai subir dos atuais 600 euros para os 700 euros. Esta medida foi aprovada pelo Parlamento este ano por proposta do PS e entra em vigor a 1 de janeiro de 2025.

Como o Executivo quer fazer refletir a redução do imposto já nos rendimentos do próximo ano, vai baixar novamente as tabelas de retenção na fonte, que funciona como uma espécie de adiantamento mensal ao Estado do IRS a liquidar em 2026. Assim, a partir de janeiro de 2025, trabalhadores e pensionistas vão descontar menos para o Fisco.

O novo IRS Jovem alarga o regime de isenção total ou parcial de cinco para dez anos para trabalhadores até aos 35 anos que iniciem a vida ativa. Neste novo modelo, cai a exigência de ter uma licenciatura e sobe o limite máximo do rendimento até ao qual se aplica o desconto fiscal. A isenção, entre 100% e 25%, passa então a abranger rendimentos brutos anuais até 55 vezes o Indexante de Apoios Sociais (IAS), que vai subir 2,6% para 522,5 euros, o que corresponde a 28.737,5 euros anuais ou a um salário bruto mensal de cerca de 2.000 euros. Este patamar vai no limiar imediatamente acima do sexto escalão do IRS.

No primeiro ano do IRS Jovem, a isenção é de 100%, depois baixa 75%, entre o segundo e quarto anos, 50% entre o quinto e o sétimo anos, e 25% de isenção, entre o oitavo e 10.º anos de atividade. Esta medida vai dar um benefício anual máximo que pode ir até cerca de 2.700 euros, no sexto e sétimo anos do regime, no caso de um salário bruto mensal de 2.000 euros, em comparação com o atual modelo, segundo as simulações da EY para o ECO.

Luz mais barata e comida para bebés com IVA reduzido

A fatura da luz também vai baixar a partir de 1 de janeiro de 2025. O Parlamento viabilizou uma proposta do PS, à revelia de PSD e CDS, os partidos que suportam o Governo da Aliança Democrática (AD), que reduz da taxa máxima, de 23%, para a mínima, de 6%, a tributação sobre os primeiros 200 a 300 kWh por mês para potências contratadas até 6,90 kVA.

Excluindo as componentes fixas da fatura (como a tarifa de acesso às redes, por exemplo), famílias e pequenos negócios com potência contratada até um máximo de 6,90 kVA verão duplicar, de 100 para 200 kWh, a quantidade de energia elétrica que poderão consumir por mês com apenas 6% de IVA. No caso das famílias numerosas, como cinco ou mais pessoas, este consumo mensal passa de 150 para 300 kWh. A toda a eletricidade consumida que exceda estes limites continuar a será tributada à taxa máxima, de 23%.

Este alargamento para o dobro da eletricidade com menos imposto cobrado deverá abranger 3,4 milhões de consumidores, em vez das 300 mil famílias que estavam a ser beneficiadas até então, segundo estimativas do PS. Esta medida vai custar aos cofres do Estado 110 milhões de euros, em perda de receita, segundo o relatório do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025).

Simulações realizadas pelo ComparaJá indicam que a redução deste imposto sobre os primeiros 200 a 300 kWh de eletricidade pode gerar uma poupança mensal que oscila entre cerca de 1,50 euros e 3,82 euros. Para o consumo típico de um casal sem filhos, que paga em média de 26,60 euros de luz, a redução expectável com a aplicação desta medida é de 1,48 euros por mês. Já um casal com filhos, que gasta tipicamente cerca de 74 euros mensais com eletricidade, o alívio na carteira será de 2,55 euros. Por fim, uma família numerosa, com quatro filhos, com uma fatura mensal de 163,70 euros deverá conseguir um ganho de 3,82 euros.

Durante o debate do Orçamento do Estado para 2025 na especialidade, o Parlamento deu luz verde a uma proposta de alteração da Iniciativa Liberal (IL) que reduz para a taxa mínima, de 6%, o IVA da alimentação para lactentes e crianças “de pouca idade”. PSD e CDS tinham chumbado o projeto numa primeira votação, mas depois mudaram de posição e a medida acabou por ser aprovada por unanimidade.

Os bilhetes das touradas também vão ficar mais baratos. Por proposta de PSD e CDS, os deputados aprovaram a redução do IVA aplicada aos espetáculos tauromáquicos da taxa máxima, de 23%, para a mínima, de 6%. A proposta de alteração passou com os votos favoráveis dos proponentes, do Chega e a abstenção do PS. As restantes bancadas rejeitaram a descida do imposto.

Fim das portagens de sete autoestradas do interior e Algarve

Viajar em sete autoestradas do interior e do Algarve vai pesar menos nos bolsos dos condutores. Por proposta do PS e contra a vontade do Executivo Luís Montenegro, o Parlamento aprovou a eliminação das portagens em antigas vias sem custo para o utilizador (ex-SCUT): A4 – Transmontana e Túnel do Marão; A13 e A13-1 – Pinhal Interior; A22 – Algarve; A23 – Beira Interior; A24 – Interior Norte; A25 – Beiras Litoral e Alta; e A28 – Litoral Norte, nos troços entre Esposende e Antas, e entre Neiva e Darque. O Governo estima uma despesa de 180 milhões de euros em perda de receita com esta medida.

Apesar desta benesse, o preço das portagens das restantes autoestradas do país vão ter um agravamento de 2,21%. O valor é apurado pela inflação, sem habitação, de outubro, para o continente, que se fixou em 2,11%, a que se soma 0,1% de compensação às concessionárias, que resulta do acordo alcançado em 2022 como contrapartida pelo travão a uma subida de cerca de 10% das taxas em 2023.

A taxa de inflação homóloga de outubro, sem habitação, é o indicador que serve de referência à atualização anual das taxas de portagem. Por lei, as concessionárias de autoestradas têm de entregar ao Governo, até 15 de novembro, a sua proposta para a revisão das portagens para entrar em vigor a 1 de janeiro do ano seguinte, tendo o Estado 30 dias para se pronunciar.

Em 2020 e 2021, o indicador que serve de referência a esta atualização de preços foi negativo. Por isso, as taxas de portagem ficaram inalteradas, enquanto em 2022 a evolução do IPC ditou uma subida de 1,83%. No ano passado, e face a um cenário de subida de cerca de 10%, o Governo decidiu intervir e determinar um teto de 4,% para o aumento das taxas, estabelecendo um acordo com as concessionárias.

Este entendimento previu que acima do aumento de 4,9%, 2,8% seriam responsabilidade do Estado e o remanescente suportado pelas concessionárias. Para além disso, foi acordada uma compensação, segundo a qual, as operadoras poderiam acrescentar ao aumento determinado pela inflação um adicional de 0,1% nos quatro anos seguintes, ou seja, até 2027.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 23 Dezembro 2024

O INE publica as estatísticas do Índice de Preços da Habitação e as Contas Nacionais Trimestrais por Setor Institucional. Já os combustíveis vão subir.

Esta segunda-feira, o INE publica as estatísticas do Índice de Preços da Habitação e as Contas Nacionais Trimestrais por Setor Institucional, ambas referentes ao terceiro trimestre de 2024. A marcar o dia está ainda a greve dos trabalhadores da SPdH/Menzies (antiga Groundforce) e o aumento dos preços dos combustíveis.

Quanto sobem os preços das casas?

O Instituto Nacional de Estatística (INE) publica esta segunda-feira as estatísticas do Índice de Preços da Habitação referentes ao terceiro trimestre de 2024. No segundo trimestre, os preços das casas em Portugal subiram 7,8%, em termos homólogos, retomando uma aceleração do ritmo de crescimento após um trimestre de abrandamento. Entre abril e junho de 2024 foram transacionadas 37.125 habitações, no valor total de 7,9 mil milhões de euros, o que representa um aumento, face ao mesmo período do ano anterior, de 10,4% e 14,1%.

Combustíveis aumentam em vésperas do Natal

Os preços dos combustíveis vão voltar a subir esta semana. O gasóleo, o combustível mais utilizado em Portugal, deverá subir 1,5 cêntimos e a gasolina meio cêntimo. Quando for abastecer, deverá passar a pagar 1,611 euros por litro de gasóleo simples e 1,718 euros por litro de gasolina simples 95, tendo em conta os valores médios praticados nas bombas à segunda-feira.

INE revela excedente orçamental

O INE vai revelar ainda qual o excedente orçamental de Portugal no terceiro trimestre. No segundo trimestre, o saldo foi de 1.754 milhões de euros, o que corresponde a 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB), contribuindo para um excedente de 1,2% do PIB na primeira metade do ano. Na ótica de caixa, as contas públicas registaram um défice de 2.731 milhões de euros até junho. No ajustamento entre as duas óticas destaca-se a transferência dos ativos e das responsabilidades detidas pelo Fundo de Pensões do Pessoal da Caixa Geral de Depósitos para a Caixa Geral de Aposentações, que teve um impacto negativo de 3.018 milhões de euros na passagem de contabilidade pública a contabilidade nacional.

E qual é a taxa de poupança das famílias?

Nas Contas Nacionais Trimestrais por Setor Institucional referentes ao terceiro trimestre do ano, o INE divulgará ainda a taxa de poupança das famílias. No segundo trimestre, a poupança das famílias atingiu os 9,8%, mais 0,6 pontos percentuais que no trimestre anterior. Desde o segundo trimestre de 2023 que a taxa de poupança das famílias, medida em percentagem do seu rendimento disponível, está a recuperar, encontrando-se atualmente no valor mais elevado desde o quarto trimestre de 2021.

Trabalhadores da antiga Groundforce em greve

Desde a meia noite de dia 22 até dia 26 de dezembro, os trabalhadores da SPdH/Menzies (antiga Groundforce) vão estar em greve, podendo afetar o funcionamento dos aeroportos. Na origem da paralisação estão reivindicações sobre melhores condições salariais e de trabalho, nomeadamente a falta de transportes, que faz com que os trabalhadores se desloquem para o trabalho horas antes do início do respetivo turno.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Faltam políticas públicas e incentivos à descarbonização do setor dos transportes

  • Conteúdo Patrocinado
  • 23 Dezembro 2024

Combustíveis de origem renovável, como HVO e biometano, são soluções já disponíveis para a transição energética, mas é preciso regular a sua integração.

É um dos setores mais complexos para descarbonizar e, em simultâneo, o campeão das emissões de gases com efeitos de estufa (GEE), mas oferece igualmente oportunidades que, defende Duarte Cordeiro, “é preciso explorar”. Na opinião do ex-Ministro do Ambiente e atual consultor, que participou na Talk que se seguiu à apresentação do primeiro Relatório de Sustentabilidade do Grupo Paulo Duarte (GPD), esta sexta-feira no Estúdio do ECO, em Lisboa, tecnologia e falta de políticas públicas são desafios que, no setor dos transportes, podem transformar-se em vantagens competitivas.

O ex-governante recorda que este setor contribui com 28% dos GEE na Europa, com o transporte de mercadorias a representar um quarto desta pegada carbónica, tendo ultrapassado o setor energético que se encontra atualmente numa fase mais avançada de descarbonização. As boas notícias são, no entanto, as conclusões de um estudo do International Road Transport Union (IRU) que revelam que a eficiência contribuirá para 51% do caminho de redução de emissões do setor, enquanto a substituição tecnológica representará 49% deste percurso. “Reduzir custos operacionais e obter ganhos do ponto de vista carbónico são metas que podem ser rapidamente atingidas e criar, até, oportunidades, mas é preciso tecnologia e políticas públicas de apoio e incentivo à transformação”, aponta Duarte Cordeiro.

"Não são precisas políticas públicas para avançar, mas sim uma definição de políticas internas nas empresas do setor, orientadas para estas matérias”

Gustavo Paulo Duarte, CEO do Grupo Paulo Duarte

Apoios que, na perspetiva dos empresários António e Gustavo Paulo Duarte, respetivamente Diretor-geral e CEO do GPD, que participaram igualmente nesta Talk, “não existem no setor dos transportes”. Os administradores recordam que 77% das mercadorias são transportadas por via rodoviária, pelo que “não se percebe esta falta de estratégia dos sucessivos governos portugueses”.

Gustavo Paulo Duarte, CEO do Grupo Paulo Duarte

Apesar disso, acreditam que há medidas que são fáceis de tomar, com a ajuda da tecnologia. “Não são precisas políticas públicas para avançar, mas sim uma definição de políticas internas nas empresas do setor, orientadas para estas matérias”, defende Gustavo Paulo Duarte. Do lado da empresa que representa, o CEO garante que a missão passa por corresponder à expectativa de clientes e restantes stakeholders, contribuindo para os esforços de descarbonização de forma economicamente sustentável.

A crescente exigência do mercado levou o GPD a avançar, em 2024, com o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade e com a Unidade de Estratégia de Sustentabilidade, que será “um modelo diferenciador na empresa”, reforça António Paulo Duarte. O momento coincidiu ainda com a deslocação da sede da empresa para a região da OTA, “uma mudança estratégica”, assegura o diretor-geral.

A nova localização, identificada como o ‘quilómetro zero’ do negócio da transportadora, permitirá poupar um milhão de quilómetros na pegada carbónica anual do Grupo cujas 2.000 viaturas percorrem, em média, 54 milhões de quilómetros a cada doze meses. “É mais um pequeno passo rumo à transição energética, num negócio em que a gestão tem de ser muito eficiente”, revela o responsável que acrescenta: “neste setor, com margens pequenas, tudo conta para tornar o negócio mais eficiente e sustentável”.

Reduzir 50% das emissões até 2050 é meta do setor

O setor dos transportes tem como meta reduzir 50% das emissões até 2050 e, na opinião de Duarte Cordeiro, há várias tecnologias que podem dar resposta a estas necessidades – a introdução do elétrico, a evolução nos combustíveis, ou a compensação e captura de carbono são alguns exemplos. Nestes últimos, o ex-governante lembra que já existem experiências “muito interessantes” de captura de carbono em camião, em países como os EUA ou a Suíça. “O carbono é matéria-prima para alguns setores pelo que capturar permite potenciar a economia circular”, salienta, reforçando que o tema da eficiência predomina no setor e “é uma oportunidade para ganhos rápidos”. Potenciar a introdução de mais tecnologias, com apoio de políticas públicas também contribuirá, na sua opinião, para acelerar este caminho e dinamizar as atividades de compensação de carbono.

Duarte Cordeiro, ex-Ministro do Ambiente e atual consultor

Não apenas a tecnologia, mas toda a capacidade de inovação das empresas “serão igualmente elementos-chave para uma descarbonização mais rápida”, acredita Duarte Cordeiro. “O GPD é um exemplo de inovação e materializou recentemente essa preocupação ao adquirir uma empresa de software para explorar estes temas e também para apostar em projetos de captura de carbono”, reforça.

“O trabalho em parceria com as universidades é uma constante no GPD”, complementa António Paulo Duarte. A definição do quilómetro zero da empresa, exemplifica, resultou de uma parceria com o ISEL, bem como a introdução do projeto eco-drive – no qual a transportadora foi pioneira em 2015 – que surgiu do trabalho de um estagiário da FCT.

A propósito destas parcerias, Duarte Cordeiro congratula-se e sublinha a importância da criação de laboratórios colaborativos em vários setores, que aproximaram muito as universidades das empresas. “É importante manter esta dinâmica, que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) ajudou através das Agendas Mobilizadoras”, afirma, acrescentando que Portugal tem uma oportunidade de fixar em território nacional alguns setores industriais que podem ser fabricantes com relevo neste setor como, por exemplo, combustíveis e automóveis. “O país pode beneficiar, mas precisa de mais Investigação & Desenvolvimento (I&D)”, conclui.

Assista à conversa completa aqui:

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Regime de Cibersegurança deve ser mais claro e alinhado com princípios europeus

  • Lusa
  • 23 Dezembro 2024

Diretora executiva da APDC, Sandra Fazenda Almeida, defende que o novo diploma, a NIS2, deve ser "mais claro" e "alinhado com princípios europeus".

A prorrogação da consulta pública do novo regime de cibersegurança (NIS2) foi uma decisão bem recebida pela diretora executiva da APDC, Sandra Fazenda Almeida, e, em entrevista à Lusa, defende que o novo diploma deve ser “mais claro” e “alinhado com princípios europeus”.

O novo regime jurídico de cibersegurança, que transpõe a diretiva NIS2 [Network and Information Security], alarga o conjunto de entidades abrangidas, priorizando, por um lado, a generalização da prevenção dos riscos de cibersegurança, mas graduando a exigência regulatória em função da dimensão da entidade e da importância da sua atividade, bem como privilegiando a proporcionalidade das medidas aplicáveis.

Antes de terminar o prazo para a transposição da NIS2, em 25 de setembro, a APDC tinha entregado ao Governo a sua posição – um ‘position paper’ –, pedindo que se tivesse em consideração a consulta pública e a harmonização europeia. Entretanto, quando a consulta pública foi prolongada até 31 de dezembro, “ficámos bastante felizes“, diz Sandra Fazenda Almeida, salientando que a entidade está ainda a ultimar a recolha de contributos dos seus associados.

Entre as preocupações já manifestadas estão “os prazos de entrada em vigor” do diploma, diz, dando o exemplo de que há artigos que entram em vigor 30 dias após a publicação do decreto-lei e depois há outros que têm um prazo de 18 meses.

Acontece “que a aplicabilidade de muitas destas obrigações depende de regulamentação que ainda não foi publicada, o que vai criar, na verdade, alguma dificuldade prática se não for publicada antes de terminar o prazo de implementação”, refere a diretora executiva. “Uma das questões que vamos propor é que os prazos só comecem a contar após a publicação da regulamentação necessária”, sublinha.

Outra das preocupações assenta no processo de autoidentificação que está previsto neste regime jurídico da cibersegurança. “Achamos que o princípio está ótimo”, na ótica de “melhorar a proatividade das empresas, de facilitar o trabalho do CNCS [Centro Nacional de Cibersegurança] naquilo que é a sua atividade”, considera.

“É uma obrigação que é imposta a certas entidades que têm de avaliar e têm de declarar por iniciativa própria se se classificam como entidade essencial ou como uma entidade importante”, até porque as entidades essenciais têm “mais obrigações neste contexto que as importantes”, enquadra a responsável. “Achamos que era importante clarificar qual é o papel destas entidades e do CNCS no processo de autoidentificação, que ficasse bastante claro quais são os prazos ajustados, os mecanismos alternativos para submissão dos dados sensíveis que as empresas vão ter de pôr”, defende.

Outro dos pontos é que as empresas consideram “a obrigatoriedade de registo de gamas IP excessiva e impraticável”, elenca.

Relativamente à notificação de vulnerabilidades, o artigo 38 do diploma diz que “as entidades essenciais, importantes e públicas devem comunicar, sem demora injustificada, ao CERT.PT qualquer vulnerabilidade identificada nas suas redes e sistemas de informação, produtos ou serviços de tecnologias da informação ou comunicação”.

Ora, “a obrigatoriedade de notificar qualquer vulnerabilidade vai gerar um volume excessivo de relatórios e muitos de baixo impacto e a diretiva apenas prevê comunicações voluntárias e não obrigatórias para vulnerabilidades”, salienta a diretora executiva da APDC. “E no contexto do nosso [diploma] tem obrigatoriedade“, prossegue, recordando que a APDC, no seu ‘position paper’, já tinha pedido que não se fosse “para além daquilo que estava na diretiva“.

Em suma, “que não fossemos mais exigentes”, até porque o reforço na área da cibersegurança “vai acarretar mais custos”, além de ser preciso ter “em conta a escassez de talento” nesta área no mercado, aponta.

Relativamente à gestão da reputação das marcas e das empresas, a APDC considera que os prazos de 24 horas para notificação de incidentes “sejam consistentes com a diretiva NIS2”.

As notificações “só devem ser obrigatórias após a publicação das instruções do CNCS, até porque tem que se gerir os danos reputacionais e a burocracia de fazer notificações que possam não ser necessárias”, diz.

Um outro aspeto transversal tem a ver com o facto de “já termos atualmente entidades certificadas por normas como a ISO271001 [padrão e a referência Internacional para a gestão da Segurança da informação] que deviam estar dispensadas de auditorias adicionais para evitar redundâncias e custos para as empresas”.

Para Sandra Fazenda Almeida, o novo regime jurídico de cibersegurança deve ser “mais claro” para haver menos margem de erro, de outras interpretações, e “alinhado com princípios europeus”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Filomena Manjata é a nova reguladora dos seguros em Angola

Com a saída de Elmer Serrão para a liderança da Comissão do Mercado de Capitais, a ARSEG, regulador dos seguros em Angola, tem nova administração.

A gestora Filomena Manjata, até agora administradora com o pelouro técnico da ARSEG – Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros, vai presidir ao conselho de administração deste organismo responsável pelos seguros em Angola.

Novo e reconduzidos membros da administração da ARSEG: Adelmiro Gonçalves, a agora presidente Filomena Manjata e Jesus Manuel Teixeira.

Substitui no cargo Elmer Serrão, que regressa à Comissão do Mercado de Capitais agora como presidente do conselho de administração.

Filomena Manjata é licenciada em Contabilidade e Administração, pela Universidade Católica de Angola (UCAN) e tem mestrado em administração de negócios pelas universidades católicas do Porto, Luanda, e Rio de janeiro. Iniciou o seu percurso profissional como assistente de contabilidade do banco comercial do Huambo e logo a seguir ingressou aos quadros do Banco BIC. É ainda Professora Assistente da Faculdade de economia da Universidade Metodista Angola.

Jesus Manuel Teixeira continua como administrador executivo, função para a qual foi nomeado em 2022.

Adelmiro Gonçalves, até agora diretor jurídico da ARSEG, é o novo administrador, também com funções executivas.

A Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros – ARSEG é o órgão especializado que exerce a regulação, supervisão, fiscalização e o acompanhamento da atividade seguradora, resseguradora, de fundo de pensões e de mediação de seguros e resseguros em Angola.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Partidos alemães assinam “pacto de não agressão” antes da campanha eleitoral

  • Lusa
  • 22 Dezembro 2024

Os principais partidos alemães, com exceção da AfD, de extrema-direita, assinaram um acordo de princípios baseado no respeito mútuo, na renúncia à desinformação e nas restrições à utilização da IA.

Os principais partidos políticos alemães, com exceção da Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita, assinaram um acordo de princípios baseado no respeito mútuo, na renúncia à desinformação e nas restrições à utilização da Inteligência Artificial (IA).

O acordo, celebrado poucas semanas antes do início de uma dura campanha eleitoral, no período que antecede as eleições gerais de 2025, estipula que os políticos irão abster-se de fazer comentários pessoais depreciativos ou ataques ao seu entorno pessoal ou profissional e que se envolverão num debate respeitoso, revelou a agência Europa Press. A data prevista para as novas eleições é o dia 23 de fevereiro.

O pacto foi assinado pelo Partido Social-Democrata (SPD), União Democrata-Cristã (CDU), União Social-Cristã (CSU), Os Verdes, Partido Democrático Liberal (FDP) e A Esquerda, segundo anunciaram o SPD e a CDU. A AfD está sujeita a um “cordão sanitário” por parte dos restantes partidos políticos do país.

No acordo, os partidos comprometem-se a abster-se de utilizar a desinformação, através de notícias falsas, e rejeitam o uso de identidades falsas – por exemplo, através de contas falsas nas redes sociais.

Para a campanha eleitoral, os partidos asseguram-se mutuamente de que não recorrerão à violência contra ativistas. “Os cartazes dos rivais políticos não podem ser destruídos, danificados, removidos ou deslocados”, prossegue o acordo.

O acordo determina que a campanha eleitoral digital e a utilização da inteligência artificial também devem ser justas e, como exemplo, afirma que não serão utilizadas “tecnologias ‘deepfake’ para colocar na boca de concorrentes políticos declarações que estes não tenham efetivamente feito”.

O material de imagem, vídeo e áudio gerado com a ajuda da IA deve também ser rotulado de forma clara e inequívoca como tal.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

📹 Natal e Passagem de Ano. Hotéis em alta, restaurantes desconfiados

  • ECO
  • 22 Dezembro 2024

Inquérito realizado pela AHRESP nas 15 delegações espalhadas pelo país “tomou o pulso” ao desempenho das empresas do setor da hotelaria e da restauração antes das festas de final do ano.

A poucos dias de fecharem o ano, e com as festas natalícias e de réveillon no calendário, a hotelaria parece ter mais motivos para celebrar do que os restaurantes e negócios similares. Confira os resultados do inquérito rápido realizado pela associação do setor (AHRESP).

powered by Advanced iFrame free. Get the Pro version on CodeCanyon.

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para ver o vídeo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Presidente russo promete mais destruição na Ucrânia

  • Lusa
  • 22 Dezembro 2024

O Presidente russo prometeu mais destruição na Ucrânia, depois do ataque com drones de sábado, que Moscovo atribui a Kiev.

O Presidente russo prometeu hoje mais destruição na Ucrânia, depois do ataque com drones de sábado, que Moscovo atribui a Kiev. “Aqueles que tentarem destruir alguma coisa no nosso país, seja qual for a amplitude, irão enfrentar destruições ainda mais significativas no seu próprio país e vão lamentar o que tentaram fazer ao nosso país“, avisou Vladimir Putin.

No sábado, um ataque contra a cidade russa de Kazan, a cerca de mil quilómetros da fronteira com a Ucrânia, visou edifícios residenciais, mas não causou vítimas, segundo as autoridades locais.

Na sua conferência de imprensa anual, na quinta-feira, Vladimir Putin afirmou que as tropas russas recuperam diariamente vários quilómetros quadrados de território e estimou que “em breve não haverá ninguém que queira lutar” contra a Rússia na Ucrânia. No entanto, o líder russo admitiu não conseguir prever quando terminará a campanha militar, nem quando conseguirá expulsar as tropas ucranianas da região fronteiriça de Kursk.

Putin também manifestou vontade de se reunir com o futuro Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas já avisou que só se sentará à mesma mesa que o líder ucraniano, Volodymir Zelenski, se este convocar eleições e as ganhar, já que Moscovo o considera um “presidente ilegítimo”.

Há dois dias, o Ministério da Defesa russo afirmou que o exército continua a avançar no sul e no centro da região ucraniana de Donetsk e que tomou dez povoações ucranianas na última semana.

O Estado-Maior russo reclama ter conquistado este ano mais de 4.000 quilómetros quadrados da região de Donetsk, embora o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW) considere esta estimativa exagerada.

De acordo com o ISW, a Rússia ainda tem cerca de 8.000 quilómetros quadrados para conquistar antes de assumir o controlo de toda a região.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Novo presidente diz que começa agora empreitada de fazer renascer Casa do Douro

  • Lusa
  • 22 Dezembro 2024

O presidente eleito para a direção da Casa do Douro, Rui Paredes, afirma que começa agora a empreitada de fazer renascer das cinzas a restaurada associação pública de inscrição obrigatória.

O presidente eleito para a direção da Casa do Douro, Rui Paredes, afirma que começa agora a empreitada de fazer renascer das cinzas a restaurada associação pública de inscrição obrigatória. “Até ao dia de ontem [sábado] era a parte mais fácil, a parte mais difícil é agora e a partir daqui vamos precisar de todos para esta empreitada que é fazer renascer das cinzas a Casa do Douro“, afirmou Rui Paredes à Lusa.

No sábado realizaram-se as eleições para a direção e conselho regional da Casa do Douro, as primeiras depois da sua restauração, pelo parlamento, como associação pública de inscrição obrigatória. A instituição, com sede no Peso da Régua, Vila Real, tem como missão defender os viticultores e a viticultura duriense.

Segundo os dados provisórios, a lista B de Rui Paredes obteve 1.509 votos e a lista A de Manuela Alves 1.424. Os dados não contemplam a votação na mesa de voto de Freixiel, Vila Flor, cujos resultados, segundo adiantou uma fonte das candidaturas, foram 21 para a lista A e 2 para a lista B.

Rui Paredes tem 57 anos, é gestor, viticultor, diretor da Adega Cooperativa de Favaios, presidente da Federação Renovação do Douro e é vice-presidente do conselho interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP).

O presidente eleito mostrou-se muito satisfeito com a vitória, que disse ser o resultado do trabalho de uma equipa “que disponibilizou o seu tempo e a sua competência em prol do Douro”.

Rui Paredes deixou ainda uma palavra de apreço à outra candidatura, liderada pela também viticultora Manuela Alves, de 66 anos. “Com as duas listas pudemos, pelo menos, agitar um pouco mais as águas e trazer mais gente para o debate”, realçou.

As eleições ficaram marcadas pela abstenção. Os viticultores/eleitores inscritos eram 18.655 e o número de votos contabilizados para as duas listas, de acordo com os dados provisórios, é de 2.933, a que se somam mais 84 votos em branco e 102 nulos, faltando os dados da assembleia de voto de Freixiel.

.Até ao dia de ontem [sábado] era a parte mais fácil, a parte mais difícil é agora e a partir daqui vamos precisar de todos para esta empreitada que é fazer renascer das cinzas a Casa do Douro.

“Independentemente de ser muita ou pouca gente, foi a que foi votar”, afirmou, salientando que é também preciso “reganhar a confiança dos viticultores”. Porque, acrescentou, “todos estes avanços e recuos da Casa do Douro fizeram com que pessoas desmobilizassem, não sentissem o chamamento para a votação. Mas isto foi crónico ao longo dos anos, nas eleições no passado a abstenção também era muito elevada”, apontou.

Criada em 1932, a organização viu alterados os estatutos para associação privada de inscrição voluntária em 2014 e, dez anos depois, volta a ter uma dimensão pública.

O processo eleitoral foi criticado pelos candidatos, que se queixaram da falta de divulgação do sufrágio e de empenho da comissão eleitoral e da data marcada, num sábado de dezembro, um dia de trabalho para os agricultores e em vésperas de Natal.

Contactada pela Lusa, Manuela Alves disse que os resultados obtidos demonstraram que “foi difícil chegar a todos os viticultores”. “Não tivemos por trás nenhum organismo que tivesse contribuído para essa divulgação. Nós vamos esperar serenamente pela publicação dos resultados oficiais e depois analisaremos com todo o cuidado e iremos ver de que forma é que vamos encarar isto e como é que os vamos interpretar para, depois, agir em conformidade”, salientou.

A candidata afirmou que os viticultores estão desesperados com a crise que se vive no Douro. “Não foi fácil chegar a todos, faltaram-nos meios (…). Sentimos que estava muita gente contra o processo e achamos muito inoportuno e de mau gosto que adegas cooperativas tenham utilizado as suas bases de dados para apelar diretamente ao voto”, referiu ainda.

Em simultâneo os viticultores elegeram o conselho regional, com a lista A a obter 1.224 votos, a lista B 1.113 e a lista C 589 votos.

Os resultados definitivos têm de ser afixados até ao dia 31. O mandato é de três anos e a direção eleita tomará posse, em princípio, em janeiro.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Famílias em dificuldade aumentam e muitas pedem crédito para pagar renda

  • Lusa
  • 22 Dezembro 2024

A subida do custo de vida ultrapassou o aumento dos rendimentos e a Deco observa um acréscimo de famílias em dificuldade, com cada vez mais pessoas a recorrerem ao crédito para pagar a renda.

A subida do custo de vida ultrapassou o aumento dos rendimentos e a Deco tem observado um significativo acréscimo de famílias em dificuldade, com cada vez mais pessoas a recorrerem ao crédito para pagar a renda e até a prestação. O alerta para esta realidade é dado pela coordenadora do Gabinete de Proteção Financeira (GPF) da Deco, Natália Nunes, que, em declarações à Lusa, referiu que esta é uma situação que acaba a contribuir para um cenário de maior endividamento.

Temos muitas famílias a recorrer a crédito para conseguir manter não só a prestação da casa, mas também a própria renda da casa“, precisou Natália Nunes, notando que, apesar de esta solução se poder tornar um perigo para a gestão do orçamento familiar, é muitas vezes a única alternativa.

Segundo a coordenadora do GPF, são muitas as famílias que estão no mercado de arrendamento e com contratos a termo que, quando estes terminam, se veem confrontadas com a necessidade de procurar uma nova casa, com valores de renda elevados. E, muitas vezes, “a forma que têm para conseguir pagar o mês da caução, o primeiro mês de renda, é recorrer a crédito“, acentua, precisando ques perante a falta de resposta do mercado, as famílias acabam por se sujeitar a pagar valores que estão muito para lá daquilo que é o seu orçamento.

Ainda sem dados fechados sobre o ano de 2024, a coordenadora do Gabinete de Proteção Financeira assinala que ao longo dos últimos quatro anos se tem registado “um aumento significativo do número de famílias em situação de dificuldade”.

É verdade que estamos com as taxas [de juro] a descer, mas a verdade é que as prestações [do empréstimo da casa] ainda estão significativamente elevadas face àquilo que tínhamos em 2021″, diz Natália Nunes, acrescentando que as dificuldades vêm do facto de ao elevado custo da fatura da casa se somar a cada vez mais cara conta do supermercado ou dos serviços essenciais — despesas que “subiram de forma bastante significativa“, lembra.

A par deste agravamento das dificuldades causado pela subida do custo de vida acima do aumento dos rendimentos, Natália Nunes nota ainda outra diferença face à situação vivida nas crises de 2008 e 2012.

Agora, refere, “estamos a falar de outra realidade” porque olhando para as famílias que recorreram ao apoio da Deco ao longo deste ano, em 2024, verifica-se “que mais de 75%” está a trabalhar, tem rendimentos do seu trabalho. “Portanto, não é a questão do desemprego, não é a questão da diminuição dos rendimentos por esta via que está a levar as famílias a estar em dificuldades. É precisamente pelo lado da despesa, ou seja, as despesas estão a aumentar muito para além daquilo que é o aumento dos rendimentos“, sublinha.

Hoje, eu diria que para as famílias que têm rendimentos mais baixos é uma aventura conseguirem sobreviver e fazer face a tudo aquilo que é as despesas essenciais para a sobrevivência da própria família“, acentua a coordenadora do GPF. A única vantagem face às anteriores crises, remata, é que houve alguma aprendizagem por parte das famílias para se prepararem, dos bancos e do próprio regulador que acabou por ganhar outras ferramentas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Descida de taxas e subida do rendimento real não aliviam famílias

  • Lusa
  • 22 Dezembro 2024

O BCE começou a descer as taxas de juro, a inflação caiu para valores mais próximos dos 2% e o rendimento real aumentou, mas as famílias continuam a ter dificuldade em responder ao custo de vida.

O BCE começou a descer as taxas de juro, a inflação caiu para valores mais próximos dos 2% e o rendimento real aumentou, mas as famílias continuam a ter dificuldade em responder à subida do custo de vida. Em dezembro, e pela quarta vez este ano, o Banco Central Europeu (BCE) cortou as suas taxas diretoras, num movimento com impacto direto no comportamento das Euribor e, consequentemente, na prestação do crédito à habitação paga por milhares de famílias.

Um movimento que pôs travão ao agravamento das taxas de juro que o banco central iniciou em julho de 2022 em resposta à forte subida da inflação que então se registava.

Apesar de a inflação estar mais contida, de o peso das prestações do crédito à habitação ter começado a diminuir e de dados recentemente divulgados mostrarem que o rendimento real ‘per capita’ (por pessoa) das famílias portuguesas foi o que mais aumentou entre os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) – ao subir 2,1% no segundo trimestre em termos homólogos – muitas pessoas continuam a ter dificuldades em fazer face a todas as despesas.

E são muitas as que recorrem ao apoio do Gabinete de Proteção Financeira da Deco, que notou um “aumento significativo” de pedidos de ajuda ao longo deste ano, com a maioria a chegarem de pessoas que trabalham, mas cujo rendimento não chega para pagar a casa (prestação ou renda, a conta do supermercado e dos serviços essenciais).

O relatório sobre o emprego na União Europeia, divulgado esta semana pela Comissão Europeia, veio, por seu lado, mostrar que a eficácia da Segurança Social em Portugal na atenuação da pobreza e das desigualdades de rendimento se deteriorou, revelando que em 2023 o impacto das transferências sociais – com exceção das pensões – na redução da pobreza diminuiu 3,9 pontos percentuais, situando-se em 19,8% contra 34,7% na União Europeia.

O mesmo documento mostra que as desigualdades também se deterioraram em 2023, enquanto a percentagem de pessoas em risco de pobreza ou exclusão social permaneceu estável em nesse ano.

A taxa de emprego em Portugal melhorou de 77,1% em 2022 para 78,0% em 2023, período em que a taxa de desemprego aumentou ligeiramente (0,3 pontos percentuais) para 6,5%.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.