CIMPA, DeNexus, GGTech e Sener juntam-se ao centro de inovação UAX no seu campus urbano em Madrid

  • Servimedia
  • 4 Junho 2024

Juntamente com a Avanade, estas empresas participarão ativamente na formação e no desenvolvimento profissional dos estudantes da faculdade de Business & Tech da Universidade Alfonso X el Sabio.

A Universidade Alfonso X el Sabio continua a aumentar o seu ecossistema de inovação com a chegada da CIMPA, DeNexus, GGTech e Sener ao seu campus urbano de Madrid.
Quatro novas multinacionais especializadas em diversos setores da tecnologia e da engenharia juntam-se ao modelo educativo promovido pela UAX, que promove a participação das empresas na formação e no desenvolvimento profissional dos seus alunos num ambiente interdisciplinar.

Depois de anunciar recentemente a chegada da Avanade ao seu campus urbano em Madrid, a Universidade Alfonso X el Sabio continua a expandir o seu Liquid Studio com empresas que promovem a formação dos seus alunos a partir de uma abordagem prática e empresarial.

Entre as novidades a instalar no campus da UAX Madrid Chamberí estão a DeNexus, originária dos Estados Unidos e sediada em Boston, líder no fornecimento de soluções de quantificação e gestão de riscos cibernéticos para organizações industriais e para o setor dos seguros, com o seu departamento de I&D em Madrid; a GGTech Entertainment, uma empresa tecnológica com projetos relacionados com videojogos, eSports, entretenimento imersivo e educação em todo o mundo; e a Sener, um grupo privado espanhol de tecnologia e engenharia com cerca de 4.000 funcionários, especializado nos mercados aeróbicos. 4.000 empregados, especializados nos mercados aeroespacial e de defesa, energia, mobilidade e infra-estruturas de transporte, instalações avançadas para centros de dados, digital e naval.

Estas empresas juntar-se-ão em breve à CIMPA PLM Services, o braço digital-industrial da Sopra Steria, que já se encontra instalado e a funcionar a partir do campus da UAX Madrid Chamberí. A CIMPA dispõe de consultores especializados em serviços Digital Twins e Industry X.0 que cobrem todo o ciclo de vida dos produtos/sistemas, assegurando a continuidade e a eficiência operacional das empresas dos setores aeroespacial, defesa, automóvel, transportes e energia, entre outros.

Estas empresas terão os seus próprios espaços dentro do campus Liquid Studio, a partir dos quais promoverão projetos inovadores que serão desenvolvidos pelas suas equipas em colaboração com estudantes da Universidad Alfonso X el Sabio. Fá-lo-ão seguindo o modelo UAXmakers, criado pela universidade para que estudantes de diferentes graus trabalhem de forma interdisciplinar na criação de soluções reais para desafios colocados pelas empresas e ligados aos objetivos da Agenda 2030.

Desta forma, os alunos da Faculdade UAX Business & Tech terão a oportunidade de entrar em contacto com o mundo profissional desde o seu primeiro ano de estudos. “Acrescentar quatro novas empresas ao nosso ecossistema de inovação é um motivo de orgulho e uma oportunidade para os nossos alunos adquirirem experiência e competências valiosas para a sua entrada no mercado de trabalho e fazê-lo em diferentes setores, o que enriquece a sua formação em diferentes áreas”, afirma José Antonio Marcos, Vice-Reitor da área Tech da Faculdade Business & Tech e Diretor do UAX Liquid Studio.

A sua chegada ao campus da UAX Madrid Chamberí também permitirá que os estudantes da UAX tenham acesso a uma maior variedade de estágios, bem como à visão e experiência de profissionais ativos em sessões de formação e conferências. Além disso, os especialistas destas empresas participarão em projetos de investigação juntamente com professores e alunos da UAX, ou na supervisão do TFG/TRL, entre outros.

“A chegada contínua de novas empresas ao nosso campus UAX Madrid Chamberí é uma confirmação do apoio empresarial ao modelo educativo que concebemos na nossa Faculdade de Negócios e Tecnologia”, afirma Isabel Fernández, Reitora da UAX.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Fundación Jiménez Díaz volta a ser o hospital de alta complexidade com o menor tempo de espera para operações

  • Servimedia
  • 4 Junho 2024

Em abril, o centro também registou os tempos de espera mais curtos tanto para consultas externas como para exames de diagnóstico no Grupo 3.

O Hospital Fundación Jiménez Díaz de Madrid destaca-se por mais um mês como o centro de alta complexidade (ou Grupo 3) com o menor tempo de espera para operações, consultas de especialidade e exames externos.

É o que revelam os dados publicados no portal de listas de espera da Comunidade de Madrid. Este hospital de gestão mista mantém sistematicamente os registos mais baixos entre os hospitais do Grupo 3 e está entre os primeiros no ranking regional. Em abril, o tempo médio de espera para uma cirurgia no sistema público de saúde da Comunidade de Madrid era de 47,30 dias, muito abaixo da média nacional de 128 dias, de acordo com o último relatório do Ministério da Saúde sobre as listas de espera em saúde.

Com 22,67 dias, a Fundación Jiménez Díaz registou a terceira menor demora no CAM para cirurgias não urgentes, apenas atrás do Hospital Universitario General de Villalba (14,90 dias) e do Infanta Elena (17,61 dias), centros de média e baixa complexidade, respetivamente. Consequentemente, a Fundación Jiménez Díaz passou a ser o hospital de alta complexidade com a menor demora para ser operado.

O Hospital Fundación Jiménez Díaz de Madrid destaca-se por mais um mês como o centro de alta complexidade (ou Grupo 3) com o menor tempo de espera para operações, consultas de especialidade e exames externos.

É o que revelam os dados publicados no portal de listas de espera da Comunidade de Madrid. Este hospital de gestão mista mantém sistematicamente os registos mais baixos entre os hospitais do Grupo 3 e está entre os primeiros no ranking regional. Em abril, o tempo médio de espera para uma cirurgia no sistema público de saúde da Comunidade de Madrid era de 47,30 dias, muito abaixo da média nacional de 128 dias, de acordo com o último relatório do Ministério da Saúde sobre as listas de espera em saúde.

Com 22,67 dias, a Fundación Jiménez Díaz registou a terceira menor demora no CAM para cirurgias não urgentes, apenas atrás do Hospital Universitario General de Villalba (14,90 dias) e do Infanta Elena (17,61 dias), centros de média e baixa complexidade, respetivamente. Consequentemente, a Fundación Jiménez Díaz passou a ser o hospital de alta complexidade com a menor demora para ser operado.

Um hospital classificado como Grupo 3 ou de alta complexidade é uma instituição com uma elevada capacidade para oferecer cuidados médicos e cirúrgicos especializados, bem como serviços avançados em múltiplas áreas da medicina. Atualmente, para além da Fundación Jiménez Díaz, existem outros sete hospitais nesta categoria.

Em abril, o segundo hospital do Grupo 3 com o menor tempo de espera para operações foi o Clínico San Carlos, com 51,19 dias. Gregorio Marañón, com 51,88 dias, foi o terceiro hospital da categoria, seguido por La Princesa, com 53,90 dias; La Paz, com 54,85 dias; 12 de Octubre, com 56,44 dias; e Puerta de Hierro Majadahonda, com 56,78 dias. Ramón y Cajal, com 63 dias, foi o hospital com maior tempo de espera para cirurgia em abril. É de salientar que todos estes centros registaram tempos de espera inferiores ou próximos de dois meses, uma estatística que ultrapassa as médias da maioria das comunidades autónomas, conforme refletido no relatório SISLE.

CIRURGIA DE CATARATAS

Outro facto assinalado no relatório do Ministério da Saúde é que a cirurgia de cataratas, com uma média de 78 dias, é a cirurgia não urgente pela qual os espanhóis esperam menos tempo. A situação nas CAM é um pouco diferente. Mais uma vez, a Fundación Jiménez Díaz liderou o grupo de hospitais de alta complexidade para esta intervenção oftalmológica, com uma espera de 18,52 dias em abril, ou seja, menos dois meses do que a média nacional.

No Grupo 3, os valores para este procedimento foram um pouco mais elevados, com o hospital Gregorio Marañón a registar um tempo médio de espera de 24,58 dias e, muito próximo, o Clínico San Carlos, com um atraso de 25 dias. O centro de La Paz, em Madrid, situa-se acima do período de espera de um mês, com 37,83 dias, e La Princesa e Puerta del Hierro Majadahonda com valores muito semelhantes, na ordem dos 47 dias. Por último, e coincidindo com a ordem da classificação geral, o hospital de alta complexidade de Madrid com maior demora para a cirurgia de catarata foi o Ramón y Cajal. No entanto, é de salientar que, com 58,48 dias, está 20 dias abaixo da média nacional para este procedimento, o que demonstra que a Comunidade de Madrid oferece os tempos de espera mais baixos do país para procedimentos não urgentes.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 4 Junho 2024

Hoje são conhecidos os resultados do Índice de Saúde Sustentável, no mesmo dia em que o Banco de Portugal e o Eurostat divulgam dados. Os trabalhadores da mina de Neves-Corvo avançam para greve.

O dia de hoje fica marcado pela divulgação dos resultados do Índice de Saúde Sustentável e pelas audições das Comissões de Trabalhadores da ANA Aeroportos e da Portway a propósito da privatização da ANA – Aeroportos de Portugal à Vinci, bem como dos Sindicatos SITAVA, SINDAV e SINTAC. Já os trabalhadores da mina de Neves-Corvo (Castro Verde) iniciam esta terça-feira uma greve que se pode estender até dia 8.

Índice de Saúde Sustentável

Esta terça-feira são divulgados os resultados do Índice de Saúde Sustentável. No ano passado, o estudo revelou que o investimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS) em 2022 permitiu um retorno de 7,8 mil milhões de euros para a economia, graças ao impacto dos cuidados de saúde no absentismo e na produtividade. A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, marcam presença nas sessões de abertura e encerramento da 12ª Conferência Sustentabilidade em Saúde, evento onde serão apresentados estes resultados.

Audições a propósito da privatização da ANA

O tema da privatização da ANA – Aeroportos de Portugal à Vinci é mote para duas audições esta terça-feira. A requerimento do PCP, são ouvidas as Comissões de Trabalhadores da ANA Aeroportos e da Portway, ao que se segue a audição dos Sindicatos SITAVA, SINDAV e SINTAC, também a requerimento do Partido Comunista Português. Estas audições surgem depois de o Tribunal de Contas ter considerado em janeiro que a privatização “não salvaguardou o interesse público”, não maximizou o encaixe para o Estado e descurou a concorrência no setor aeroportuário. Conclusões que a ANA, na sua maioria, contestou.

Dados do BdP sobre a execução orçamental

Também esta terça-feira, o Banco de Portugal (BdP) divulga as estatísticas da execução orçamental – o conjunto de operações que refletem a cobrança de receitas e o pagamento de despesas previstas no Orçamento do Estado – até abril. O BdP divulga também dados sobre o mercado secundário, que compreende as transações em bolsa ou fora dela sobre títulos que se encontram em circulação, referentes a maio.

Como evoluem as licenças de construção na UE?

O Eurostat vai divulgar os dados relativos às licenças de construção na União Europeia (UE) referentes a fevereiro deste ano. Em termos de custos de construção, estes continuam a aumentar em Portugal, assim como na generalidade dos países da Zona Euro. O Gabinete de Estatísticas da União Europeia também divulga esta terça-feira o volume de negócios da indústria referentes a março.

Início da greve de trabalhadores da Somincor

Os trabalhadores da mina de Neves-Corvo (Castro Verde) iniciam esta terça-feira uma greve para exigir aumentos salariais, entre outras matérias. Está previsto que a paralisação, convocada pelo Sindicato da Indústria Mineira (SIM), possa estender-se até dia 8. A mesma surge após a ausência de respostas pela empresa face à última greve geral nas minas de Neves-Corvo que decorreu nos dias 26 e 27 de março.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Sonae Arauco expande fábrica de Oliveira de Hospital para atingir 85% de madeira reciclada nos produtos

Empresa detida pela Sonae Indústria e pela chilena Arauco investiu 8 milhões de euros na construção de nova unidade de madeira pré-triturada. Estão ainda projetados dois novos armazéns.

A fábrica de Oliveira do Hospital da Sonae Arauco vai crescer. A empresa de painéis derivados de madeira investiu oito milhões de euros na construção de uma nova unidade de pré-triturado, para reforçar a disponibilidade de madeira reciclada, e vai avançar com a construção de dois novos armazéns. O primeiro, de 12.000 metros quadrados, estará pronto até ao fim do ano e, o segundo, de 13.000 metros cúbicos, até 2026, expandindo o espaço da unidade para os terrenos nas imediações. Objetivo é produzir produtos com 85% de madeira reciclada.

Depois de ter anunciado um investimento de cinco milhões de euros em dois novos centros de reciclagem de madeira em Portugal, um no Minho e outro em Lisboa, ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a Sonae Arauco, que emprega 800 pessoas em Portugal e tem 2.600 a nível global, tem já outros investimentos em andamento para reforçar o abastecimento de madeira reciclada que chega às suas unidades de produção.

A fábrica de Oliveira do Hospital, uma das três unidades de produção da empresa no país, onde produz aglomerado de madeira e faz revestimento [em Mangualde produz placas MDF e em Sines produz os químicos que as fábricas necessitam para a sua produção], acabou de inaugurar uma área de produção nova de pré-triturado, num investimento superior a oito milhões de euros.

Há dificuldade em Portugal de ter disponibilidade de madeira reciclada. Embora estejamos sempre a aumentar os nossos centros de recolha, mesmo assim temos muita dificuldade de ter disponibilidade de madeira para as nossas necessidades”, explicou José António Silva, responsável da fábrica de Oliveira de Hospital, numa visita do ECO à unidade, onde trabalham 206 pessoas.

Reportagem na fábrica de derivados de madeira da Sonae Arauco, em Oliveira do Hospital - 28MAI24
José António Silva, diretor da fábrica da Sonae Arauco de Oliveira do Hospital, explicou os planos de expansão da unidade.Ricardo Castelo/ECO

Segundo José António Silva, a Sonae Arauco conta atualmente com 72% de incorporação de madeira reciclada nos seus produtos, “mas o nosso objetivo é ter 85% até 2025“. “Tendo em conta o que existe no mercado [em termos de madeira reciclada], a oportunidade que vimos foi encontrar no mercado outra matéria-prima, que é a chamada pré-triturada.”

Ao contrário da madeira reciclada, que já chega “em estilhas, pedacinhos pequeninos, esta vem em pedaços até 50 ou 60 cm”. Ao comprar madeira pré-triturada, a fábrica está a “retirar uma fase ao processo”. Com este “investimento grande”, a empresa, de soluções de madeira para mobiliário e construção, que nasceu de uma “joint venture” entre a Sonae Indústria e a chilena Arauco, espera conseguir continuar a aumentar a produção com madeira reciclada nos seus produtos.

Reportagem na fábrica de derivados de madeira da Sonae Arauco, em Oliveira do Hospital - 28MAI24
Fábrica de derivados de madeira da Sonae Arauco, em Oliveira do HospitalRicardo Castelo/ECO

Além do investimento nesta nova área de produção, a fábrica da Sonae Arauco de Oliveira do Hospital vai ter ainda novos armazéns, tendo a empresa comprado terrenos à volta da unidade para aumentar o seu espaço. Até ao final do ano vai nascer um novo armazém de 12.000 metros quadrados para albergar as duas expedições de produtos – sem revestimento e aglomerados em cru – e aumentar a capacidade de de expedição, uma vez que o armazém atual mostra-se “muito pequeno” para o que são as necessidades atuais.

A este armazém irá juntar-se um outro até 2026, com a empresa a preferir não adiantar para já valores de investimento para a construção destes dois espaços. Trata-se de um armazém intermédio, com capacidade para 13.000 metros cúbicos, para melhorar a eficiência de produção.

Reportagem na fábrica de derivados de madeira da Sonae Arauco, em Oliveira do Hospital - 28MAI24
Fábrica de derivados de madeira da Sonae Arauco, em Oliveira do HospitalRicardo Castelo/ECO

Para já, “a próxima modificação é passar o parque de madeiras para novo local, criar o novo armazém e criar um novo parque de madeiras”, sintetiza o responsável pela fábrica de Oliveira do Hospital.

A Sonae Arauco incorporou, em 2023, 734 mil toneladas de madeira reciclada, sendo a reciclagem de madeira a base do seu modelo de negócio de bioeconomia circular.

Com 2.600 colaboradores distribuídos pelas 23 unidades fabris e comerciais nos nove países onde está presente, a Sonae Arauco exporta os seus produtos para 68 países.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Do “Pfizergate” à nomeação do representante das PME, as polémicas que marcaram o mandato de Ursula von der Leyen

  • Joana Abrantes Gomes
  • 4 Junho 2024

A pandemia e a Ucrânia conferiram protagonismo à política alemã. Mas casos como a negociação de vacinas com o CEO da Pfizer ou a parcialidade sobre o Médio Oriente podem custar-lhe o segundo mandato.

Quando Ursula von der Leyen apresentou a transição verde e digital como a prioridade política do seu mandato à frente da Comissão Europeia, estava longe de imaginar a série de desafios com que teve de lidar ao longo dos cinco anos seguintes. A resposta à pandemia de Covid-19 e o apoio à Ucrânia na sequência da invasão russa foram reconhecidos sucessos, mas ainda assim não a livraram de algumas polémicas.

A primeira controvérsia surgiu mesmo durante a pandemia, com a negociação da aquisição de milhares de milhões de vacinas numa troca de mensagens de texto com o CEO da Pfizer. Um caso que, passados três anos, está a ser investigado pela Procuradoria Europeia.

Não obstante, a polémica mais sonante, que mereceu, inclusive, críticas desde eurodeputados a diplomatas e líderes dos Estados-membros da União Europeia (UE), foi a “parcialidade” com que von der Leyen — que concorre a um segundo mandato à frente do Executivo comunitário — geriu o conflito na Faixa de Gaza, entre o Hamas e Israel.

Pfizergate, a negociação da compra de vacinas por mensagens

A gestão da pandemia de Covid-19 é amplamente vista como um grande sucesso do atual mandato da líder do Executivo comunitário. Por um lado, pelo investimento na investigação, que tornou possível a produção de uma vacina no espaço de um ano, e a própria distribuição célere das vacinas pelos 27 Estados-membros; e, por outro lado, o acordo para a emissão conjunta de dívida pública para financiar a recuperação da economia europeia.

No entanto, a primeira polémica de von der Leyen surgiu precisamente na resposta à pandemia. Face ao arranque demorado das campanhas de vacinação nos países da UE e as falhas na entrega de vacinas pela farmacêutica AstraZeneca, por problemas de produção, a presidente da Comissão Europeia entrou em cena, negociando diretamente com o CEO da Pfizer, por mensagens de texto, a compra de 1,8 mil milhões de doses, por um valor estimado de 20 mil milhões de euros.

Confrontada com acusações de falta de transparência, Ursula von der Leyen admitiu essa negociação em abril de 2021, mas, desde então, o Executivo comunitário tem recusado divulgar as mensagens de texto em causa — cujo acesso foi pedido, primeiro, por um site noticioso alemão e, depois, pelo jornal norte-americano The New York Times, tendo ambos apresentado queixas junto da Provedoria de Justiça Europeia –, alegando que, dada a sua “natureza de curta duração”, são classificadas como documentos da UE e, como tal, não foram arquivadas.

O caso, conhecido como “Pfizergate”, está agora nas mãos da Procuradoria Europeia, que se encontra a investigar suspeitas de “interferência em funções públicas, eliminação de mensagens de texto, corrupção e conflito de interesses”. A investigação, aberta inicialmente pelas autoridades judiciais belgas há mais de um ano, partiu de uma queixa-crime de um lobista local, a quem se juntaram, mais tarde, os governos da Hungria e da Polónia — que retirou a queixa após a tomada de posse de Donald Tusk.

Sofagate, a polémica que expôs a (falta de) relação com Michel

Ainda no auge da pandemia, a líder do Executivo comunitário viu-se envolvida noutra polémica, desta vez durante um encontro com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, realizado em abril de 2021 em Ancara, na Turquia.

Num salão do palácio presidencial, os dois líderes sentaram-se lado a lado, em duas cadeiras, com as bandeiras da Turquia e da União Europeia como pano de fundo, enquanto à presidente da Comissão Europeia estava atribuído um lugar num sofá afastado de Michel e Erdogan. O incómodo de von der Leyen com o assento que lhe fora atribuído foi visível num vídeo filmado à sua chegada.

 

“Eu sou a presidente da Comissão Europeia, e é assim que esperava ser tratada quando visitei a Turquia há duas semanas: como presidente da Comissão. Mas não fui. Não posso encontrar nos tratados da UE qualquer justificação para a forma como fui tratada, pelo que tenho de concluir que aconteceu porque sou uma mulher”, comentou, mais tarde, num debate no Parlamento Europeu sobre os resultados da reunião em Ancara, em que abordou o incidente diplomático — que, ironicamente, passou a ser designado como “sofagate” e levou a críticas ao comportamento de Charles Michel, que se limitou a sentar-se na cadeira que lhe foi atribuída.

A gafe com o número de mortos na Ucrânia

O protagonismo de Ursula von der Leyen voltou a ser evidente na sequência da invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022, ao liderar, desde o primeiro momento, o apoio da UE a Kiev e ao Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Embora seja reconhecido como outro ponto positivo do seu mandato, para além da resposta à pandemia, também aqui teve mais um momento controverso.

No final de novembro de 2022, a presidente da Comissão Europeia estimava, num vídeo publicado na sua conta na rede social Twitter (agora designada X), que “mais de 100 mil oficiais militares ucranianos” tinham sido mortos até àquele momento. Mas o vídeo foi apagado e posteriormente republicado sem as declarações de von der Leyen sobre o número de ucranianos mortos desde o início do conflito.

Numa publicação na mesma rede social, a diretora para a Comunicação Política do Executivo comunitário clarificou as declarações de von der Leyen sobre as baixas ucranianas na guerra, agradecendo “àqueles que assinalaram a inexatidão em relação aos números numa versão anterior do vídeo”. “A estimativa utilizada, de fontes externas, deveria referir-se a vítimas, ou seja, mortos e feridos, e pretendia mostrar a brutalidade da Rússia“, esclareceu então Dana Spinant. Os números nunca foram confirmados, nem pelo Estado Maior General das Forças Armadas Ucranianas.

Acordos contra migração ilegal com regimes autoritários

Primeiro com a Tunísia, depois a Mauritânia e, por fim, o Egito. Nos últimos meses do seu mandato, a Comissão Europeia assinou acordos de milhões de euros para apoiar as economias destes países, mas que incluem verbas destinadas a travar os fluxos de migração irregular, sendo alvo de críticas de diversas organizações, que questionam o respeito pelos direitos humanos nesses Estados.

No caso da Tunísia, somam-se os relatos nos media de abusos e expulsões de migrantes da África subsariana, chegando a ser abandonados no meio de florestas ou desertos, perante os quais a Provedora de Justiça Europeia já pediu esclarecimentos ao Executivo comunitário sobre como é que o acordo salvaguarda os direitos e as liberdades dos migrantes.

A parceria com o Egito, por seu lado, prevê 200 milhões de euros para a luta contra o contrabando e o tráfico de seres humanos, depois de a UE ter assistido a um aumento dramático nos pedidos de asilo de cidadãos egípcios: de 6.616, em 2021, para 26.512, em 2023, segundo a Agência da União Europeia para o Asilo (EUAA), com a maioria destes pedidos a registar-se em Itália.

Gestão “parcial” do conflito em Gaza

Se na liderança do apoio da UE à Ucrânia começaram a surgir fricções com alguns líderes dos Estados-membros, que sentiam que estaria a extrapolar as suas funções — nomeadamente em matéria de política externa, em que os tratados não atribuem qualquer papel à Comissão –, a gestão do conflito no Médio Oriente fez chover críticas contra Ursula von der Leyen, acusada de “parcialidade” tanto lá fora como no seio das instituições europeias.

A polémica teve início quando um dos seus comissários anunciou, aparentemente sem consulta prévia, a suspensão “imediata” de todos os pagamentos ao abrigo do apoio destinado ao desenvolvimento da Palestina, no valor de 691 milhões de euros. A decisão não foi bem recebida na comunidade europeia e internacional, sendo criticada, inclusive, pelo Governo português e a Organização das Nações Unidas (ONU).

Horas após o anúncio, o Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, esclareceu que a Comissão Europeia iria apenas rever a ajuda humanitária à Faixa de Gaza – que, no final dessa semana, decidiu triplicar, para 75 milhões de euros – e não suspender os devidos pagamentos, argumentando que “castigar o povo palestiniano só iria prejudicar os interesses da União Europeia na região e encorajar ainda mais os terroristas”.

As reações políticas negativas atingiram o seu auge, no entanto, na sequência da viagem de von der Leyen a Israel. Ao lado do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, a presidente da Comissão Europeia afirmou que o país tem o direito de se defender, sem instar ao respeito pelo direito internacional humanitário. Esta posição estava longe daquela acordada dias antes pelos ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27 Estados-membros, que, além de condenar os ataques do Hamas, apelava “à proteção dos civis e à contenção, à libertação dos reféns e à permissão do acesso a alimentos, água e medicamentos em Gaza, em conformidade com o direito humanitário internacional”.

Desde eurodeputados e diplomatas a chefes de Governo e de Estado, os críticos não se tardaram a fazer ouvir. Porém, o principal “puxão de orelhas” veio mesmo do seio da Comissão, com o chefe da diplomacia europeia a deixar claro que a “posição oficial” da UE sobre qualquer política externa é definida pelo Conselho Europeu e pelo Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros – o que exige sempre a unanimidade dos 27.

Von der Leyen procurou retratar-se das acusações logo no dia seguinte à viagem, no comunicado em que a Comissão anunciava o aumento da ajuda humanitária a Gaza, declarando o “apoio ao direito de Israel de se defender contra os terroristas do Hamas, no pleno respeito do direito humanitário internacional”, enquanto o porta-voz do Executivo afirmou, dias depois, que a alemã fora a Israel representar apenas a Comissão e não a posição dos Estados-membros.

A presidente da Comissão Europeia no momento em que fez uma distinção, pela primeira vez, entre o ataque do movimento islamita Hamas e a população palestiniana, defendendo que “o terror” também está a ameaçar “os inocentes palestinianos”.Lusa

Favoritismo na escolha do representante das PME

Numa altura em que já faltavam poucos meses para as eleições europeias e von der Leyen já tinha anunciado a sua candidatura como spitzenkandidat pelo Partido Popular Europeu (PPE), a líder do Executivo comunitário vê-se envolvida em mais uma controvérsia, desta feita enfrentando acusações de favoritismo por membros do Colégio de Comissários.

Estava em causa a nomeação do eurodeputado alemão Markus Pieper, membro da União Democrata-Cristã da Alemanha (CDU, na sigla em alemão) – o mesmo partido de von der Leyen –, para o cargo de representante para as pequenas e médias empresas (PME), apesar de não ser o candidato recomendado pelo júri do concurso de recrutamento, que atribuiu uma classificação 30% superior a outras duas finalistas consideradas mais qualificadas para o posto, de acordo com o Politico.

Preocupados com a transparência da nomeação, quatro comissários – Josep Borrell; Nicolas Schmit (com a pasta do Emprego e Direitos Sociais e que concorre às europeias como spitzenkandidat dos Socialistas & Democratas); Paolo Gentiloni (com a pasta da Economia); e Thierry Breton (com a pasta do Mercado Interno) – escreveram uma carta a pedir esclarecimentos a Ursula von der Leyen.

“Todos os processos são claros, limpos e transparentes, e é por isso que o representante das PME tem uma posição forte”, respondeu a presidente da Comissão, em meados de abril, quando questionada sobre a polémica nomeação. Markus Pieper acabaria por renunciar ao cargo dias mais tarde, pondo fim a um caso que também granjeou um título: “Piepergate”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

O que propõem os candidatos às europeias para a defesa?

A poucos dias das eleições europeias, os oito candidatos às europeias respondem ao ECO sobre cinco temas que vão marcar a próxima legislatura. O que pensam os candidatos sobre a defesa?

  • Ao longo desta semana, o ECO vai publicar “O que defendem os candidatos às europeias?”, série na qual publicamos as respostas dos cabeças de lista (dos partidos com assento parlamentar) às eleições europeias, de 9 de junho, a cinco temas que vão marcar a próxima legislatura: imigração, defesa, alargamento, regras orçamentais e recursos próprios.

O que defendem os candidatos às europeias para a defesa?

“A segurança e a defesa dos europeus devem estar na primeira linha das preocupações dos decisores políticos europeus. A Aliança Democrática e a sua família política europeia (PPE) estão inequivocamente ao lado da Ucrânia, cuja invasão pela Rússia expôs as fragilidades da União Europeia (UE) neste domínio. Defendemos uma cooperação mais estreita e coordenada entre os Estados-Membros e um maior investimento europeu em defesa que reforce o pilar europeu da NATO. A UE deve contribuir para o reforço das capacidades de defesa e da proteção dos seus cidadãos, sempre comprometida com a participação dos Estados-Membros na NATO e com a cooperação estratégica e transatlântica.”

“Apesar de ser tradicionalmente uma área de soberania dos Estados, a política comum de segurança e defesa assume-se como uma prioridade da União Europeia no atual contexto geopolítico. Em complementaridade com a NATO, importa reforçar e partilhar capacidades e coordenar políticas na União. Assim, partindo dos instrumentos atuais, devem ser desenvolvidos, ao nível europeu, procedimentos conjuntos de aquisição de material militar e investimento na produção militar em solo europeu por empresas europeias, fomentando a indústria de defesa pan-europeia.”

“A União Europeia precisa urgentemente reforçar o investimento na Defesa, quer em número de efetivos, quer em termos de equipamento. Devem ser procuradas soluções inovadoras que não se baseiem apenas no conceito de mais endividamento e mais impostos. Reforçar a defesa europeia é um investimento muito sério e este deve ser feito envolvendo um acordo entre o setor público e o privado, com controlo estatal. Na altura de recuperar as indústrias de defesa da UE, Portugal não pode ser esquecido pelos burocratas de Bruxelas, até porque no passado teve excelentes exemplos de qualidade neste setor e tem neste momento algumas empresas tecnológicas, caso da Tekever e outras do género, que podem ajudar nesse esforço de rearmamento europeu.”

“A Iniciativa Liberal é favorável ao investimento na maior autonomia estratégica da Europa na Segurança e Defesa, o que inclui o reforço do investimento no pilar europeu da NATO (2% PIB) com foco na interoperabilidade dos dispositivos, equipamentos e sistemas, na atualização tecnológica dos equipamentos e armamentos, na prioridade à cibersegurança e à informação. Defendemos o apoio a incondicional à Ucrânia. Putin não pode ganhar.”

“O debate sobre a Defesa europeia tem sido o oposto do que deveria ser. Tem-se falado muito da guerra, tem-se falado menos da paz. Obedecer a Trump ou usar a Ucrânia como desculpa para financiar a indústria de armamento alemão, a mesma que está a entregar armas para o genocídio do povo palestiniano, é inaceitável. Contra as guerras promovidas por Putin ou Netanyahu, o Bloco afirma a sua posição de sempre: da Ucrânia à Palestina, estivemos sempre do lado da paz e da autodeterminação dos povos.”

“A UE assume que nenhum dinheiro pode faltar para a guerra e para a indústria do armamento, mesmo que isso implique desviar recursos que fazem falta ao bem estar dos Povos. A UE tem vindo a acentuar o seu caráter militarista. A CDU está contra a criação de um exército Europeu coisa diferente é a necessidade de investimento nas Forças Armadas portuguesas para que estas cumpram as suas missões constitucionais. A CDU defende a implementação de um sistema de segurança e cooperação na Europa baseado nos princípios da Ata Final da Conferência de Helsínquia. A CDU defende o fim da corrida aos armamentos e da militarização das relações internacionais e a abolição das armas nucleares e de outras armas de destruição massiva.”

“O Livre vê os desafios na área da defesa sob uma perspetiva pacifista, cientes da ameaça existencial que a guerra na Ucrânia representa para a Europa. Defendemos que a UE deve ter uma Política de Segurança Comum, a debater neste próximo mandato de forma alargada, sem esquecer a segurança alimentar, sanitária, digital ou institucional. A curto e médio trecho, é necessário tratar da capacidade de investimento conjunto e da interoperabilidade do material de defesa dos diferentes Estados-Membros.”

“A guerra na Europa tem tido efeitos dramáticos, quer em termos humanitários, quer ao nível do impacto nos animais e no ambiente. A contaminação dos solos, por exemplo, coloca em causa a autonomia alimentar da Ucrânia. O PAN defende a criação de uma contribuição extraordinária sobre os lucros excessivos da indústria da guerra, que sirva para apoio humanitário, reconstrução de infraestruturas e a recuperação ambiental e da biodiversidade. A UE tem de atuar proativamente na garantia da sua segurança e defesa, mas o principal caminho deve ser sempre o da negociação política e do cessar-fogo. Defendemos a cooperação e solidariedade para com o povo ucraniano e para com os demais que vivem em conflito de guerra. No caso do conflito Israel-Palestina, o PAN defende a solução dos dois Estados.”

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Camuflagem militar do futuro chega à defesa europeia e tem “mão” portuguesa

O projeto envolve 19 parceiros de nove países europeus e soma um financiamento de 14,5 milhões de euros. Será coordenado pelo Centro Tecnológico da Indústria Têxtil e do Vestuário.

Dezanove parceiros de nove países europeus juntaram-se para desenvolver um projeto com tecnologia disruptiva de camuflagem. O objetivo é “colocar a defesa europeia na vanguarda mundial” e desenvolver tecnologias e soluções disruptivas para camuflagem adaptativa, capazes de responder a diferentes condições ambientais.

O projeto, intitulado de adaptive camouflage for soldiers and vehicles (ACROSS), é financiado pelo Fundo Europeu de Defesa (EDF) e conta com um orçamento global de cerca de 14,5 milhões de euros. O ACROSS vai contar com a experiência de forças militares, indústria, universidades e centros de I&D, sob coordenação de Portugal através do Centro Tecnológico da Indústria Têxtil e do Vestuário (Citeve).

“Estamos a falar de camuflagem visual, mas também camuflagem relativamente aos radares, detetores de infravermelhos e outras radiações. É camuflagem no sentido integral. Não ser visto nem por pessoas, nem por máquinas. A ideia é camuflar as pessoas, aumentar a segurança do soldado no campo de batalha com sistemas mais eficazes, mas também aplicar o sistema às viaturas, drones, entre outros”, explica ao ECO António Braz Costa, diretor geral do Citeve.

O facto de o Citeve ser o coordenador deste projeto é extremamente importante para Portugal e para a indústria têxtil portuguesa.

António Braz Costa

Diretor geral do Citeve

A tecnologia vai ser capaz de adaptar a camuflagem aos diversos ambientes, seja numa floresta ou num deserto, ao mudar de tom. “A camuflagem adapta-se ao ambiente de forma a não permitir a visibilidade da pessoa ou dos veículos“, diz o diretor do Citeve. Braz Costa considera ainda que o facto de o Citveve ser o coordenador deste projeto “é extremamente importante para Portugal e para a indústria têxtil portuguesa”.

O responsável, cuja instituição vai receber 2,47 milhões de euros, enfatiza que “Portugal tem de se posicionar na área da indústria de defesa” e recorda que “só o fundo europeu de defesa tem mil milhões de euros por ano para financiar inovação”.

O Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos Funcionais e Inteligentes vai receber 516,6 mil euros, a empresa de confeção e vestuário Damel receberá 246,7 mil euros, o Exército português 217,9 mil euros e a consultora Magellan Circle 412,5 mil euros.

O projeto ACROSS, que foi apresentado no dia 27 de maio em Bruxelas, “será ainda uma alavanca para a colaboração transfronteiriça, juntando diferentes intervenientes e massa crítica fundamentais ao desenvolvimento das soluções propostas, reforçando e melhorando a agilidade das cadeias de valor e de abastecimento no setor da defesa, alargando a cooperação supranacional entre organismos e entidades e promovendo uma melhor exploração do potencial de inovação industrial, investigação e desenvolvimento tecnológico, em cada fase do ciclo de vida dos produtos e tecnologias de defesa”, explica a comunicação do projeto.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Inflação deu “dividendo” de 9,3 mil milhões a Orçamentos de Costa

Receita adicional foi de 3,8 mil milhões de euros, em 2022, e de 5,4 mil milhões de euros, em 2023. Estudo avisa Executivo de Montenegro que montantes extra não se irão repetir nos próximos anos.

Os Orçamentos de António Costa beneficiaram de 9,3 mil milhões de euros em impostos e contribuições adicionais, devido à inflação. Em concreto, o aumento dos preços impulsionou a receita fiscal e contributiva do Estado em mais 3,8 mil milhões, em 2022, e de 5,4 mil milhões de euros, em 2023, segundo um estudo elaborado por Francisco Ruano, analista da Área de Monitorização e Supervisão Orçamental do Conselho das Finanças Públicas (CFP), publicado no blogue daquele organismo.

Ora este bónus não se irá repetir, salienta o autor, num aviso ao atual Executivo de Luís Montenegro. “Nos próximos anos, os exercícios de programação orçamental terão de se confrontar com taxas de crescimento da receita mais próximas da real dinâmica dos agregados macroeconómicos subjacentes”, alerta. Ou seja, os próximos Orçamentos do Estado devem já prever ritmos mais baixos de crescimento da receita, tendo em conta o arrefecimento do índice de preços no consumidor (IPC).

O aviso não é de somenos tendo em conta que o Estado já registou dois meses consecutivos de défice. Em abril, o saldo negativo disparou sete vezes para quase dois mil milhões de euros, embora ainda faltem oito meses de execução orçamental em que o número pode ou não ser atenuado.

No boletim de junho do ano passado, o Banco de Portugal já tinha dedicado um capítulo ao efeito direto do aumento da inflação sobre a receita fiscal e contributiva, no qual concluiu que, “do aumento da receita fiscal e contributiva em 2022 (11.156 milhões de euros), cerca de 30% (3.212 milhões de euros) resultou do aumento da inflação”.

O economista do CFP publica agora um relatório onde atualiza os valores de 2022 e quantifica ainda o impacto da inflação sobre a receita fiscal e contributiva em 2023. Assim, o “dividendo inflacionista’ (impacto do efeito preço adicional) ascendeu a 3.846 milhões de euros e a 5.440 milhões de euros nos anos de 2022 e 2023”.

“A magnitude deste ‘dividendo’ explica cerca de um terço e de dois terços da variação total da receita fiscal e contributiva nos respetivos anos”, destaca o antigo adjunto do então secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, agora deputado do CDS à Assembleia da República. Isto significa que, dos 11.154 milhões de euros de aumento de impostos e contribuições sociais, em 2022, 3.846 milhões vêm da inflação (34,5%). E que, da variação da receita fiscal em 7.948 milhões de euros, no ano passado, 5.440 milhões (65,7%) surgem à boleia do agravamento dos preços junto do consumidor. Somando o acumulado de 2022 e de 2023, chegamos a um adicional em impostos e contribuições de 9.286 milhões de euros.

De recordar que a receita em impostos e contribuições sociais, atingiu os 87.301,8 milhões de euros, em 2022, e os 94.963,8 milhões de euros, em 2023, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), o que se traduz numa carga fiscal de 36% e de 35,8%, respetivamente.

“O contexto de inflação particularmente elevado vivenciado nos dois últimos anos proporcionou a obtenção de importantes ganhos na receita fiscal e contributiva. Deste modo, quantificar a dimensão destes ganhos mostra-se relevante para determinar, o que, genericamente, se classifica como ‘dividendo inflacionista’. Esta classificação é aqui atribuída, na medida em que a receita adicional gerada não resulta: i) nem da evolução da atividade económica em termos reais; ii) nem da observância de um crescimento dos preços em linha com os objetivos de médio prazo do BCE e previamente antecipados pelos agentes económicos; iii) nem do impacto de medidas de política que visassem atingir uma consolidação orçamental de magnitude equivalente à conseguida pela materialização deste efeito”, explica o autor.

Do exercício realizado conclui-se que, “nos últimos dois anos, o efeito preço adicional ou ‘dividendo inflacionista’ contribuiu de modo substancial para o crescimento da receita fiscal e contributiva. Uma estimativa própria aponta para que o impacto global tenha ascendido a 1,6% do PIB em 2022 e a 2,0% do PIB em 2023“, indica Francisco Ruano.

Mais detalhadamente, verifica-se que o crescimento do contributo do “dividendo inflacionista” em 2023 se ficou a dever, em grande medida, “à receita adicional gerada através do IRS e das contribuições sociais”, aponta o economista. “Este ganho traduz a aceleração das remunerações médias”, em 8,3%, em 2023, e em 6%, em 2022, lê-se no mesmo relatório.

“Em sentido contrário, a desaceleração do deflator do consumo privado”, que passou de 7,1% para 5,1%, “e do índice de Preços do Consumidor”, que recuou de 7,8% para 4,3%, “implicou a redução do ‘dividendo inflacionista'”, de acordo com o estudo. O IVA foi o imposto mais afetado por estes fatores. Assim, a receita arrecadada com este tributo diminuiu de 1.405 milhões de euros, em 2022, para 939 milhões de euros em 2023.

De salientar que a quebra na arrecadação da receita do IVA (-3,8%) foi um dos fatores mencionados pela Direção-Geral do Orçamento (DGO) para justificar o défice registado em abril.

Por fim, o autor sinaliza que, “com a expectável moderação do ritmo de crescimento das remunerações e dos preços dos bens e serviços no ano de 2024 e seguintes, a margem para obtenção de acréscimos na receita desta magnitude tenderá a ser mais reduzida”.

“Esta perspetiva sugere que, nos próximos anos, os exercícios de programação orçamental terão de se confrontar com taxas de crescimento da receita mais próximas da real dinâmica dos agregados macroeconómicos subjacentes, uma vez que, os efeitos de ordem nominal tenderão a ser menos expressivos do que os recentemente observados”, sublinha o economista.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Congelar os óvulos antes dos 35 anos duplica as hipóteses de sucesso

  • Servimedia
  • 4 Junho 2024

No Dia Mundial da Fertilidade, os especialistas recordam-nos que a idade é fundamental para os tratamentos de preservação - como a vitrificação de óvulos ou de tecido ovárico.

Desejar ter um filho, mas sentir que não é a altura certa. Perante este desafio, que coloca muitas jovens na encruzilhada de ter de escolher entre o desenvolvimento académico e profissional ou a maternidade, a preservação da fertilidade é uma alternativa viável. De facto, são cada vez mais as mulheres que escolhem esta opção. De acordo com dados fornecidos pela IVI, líder em Espanha neste tipo de procedimento, 2.600 mulheres vitrificaram os seus óvulos no ano passado por razões sociais (adiando a maternidade por escolha), 63% mais do que em 2019.

“Nos últimos cinco anos tem havido muito mais consciência entre os jovens de que existe a possibilidade de, se congelarem os vossos óvulos, pararem o tempo e terem a oportunidade de se tornarem mães quando se sentirem realmente realizadas, quando se sentirem prontas para o fazer. Sem renunciar ao seu projeto familiar”, salienta a Dra. Clara Colomé, do IVI Mallorca. “Ou seja, se quiser ter dois ou três filhos, com um bom número de óvulos congelados, talvez possa ter esse número de filhos”, acrescenta.

Mas adverte que a idade para a preservação é um fator determinante: “as mulheres nascem com todos os seus óvulos. Estes óvulos são criados quando as mulheres são embriões. Durante a vida, perdemo-los: quando entramos na puberdade, todos os meses… O grande problema é que, e ainda não sabemos porquê, a partir dos 35 anos, a qualidade e a quantidade de óvulos diminui de forma muito mais rápida e exponencial”.

Neste sentido, o Dr. Corazón Hernández, diretor de Reprodução Assistida do Hospital Universitário Fundación Jiménez Díaz, também concorda que “nos últimos anos temos visto que a idade das pacientes que solicitam a vitrificação tem vindo a diminuir e, sem dúvida, é o ideal. No final das contas, o sucesso do trabalho com óvulos congelados depende fundamentalmente da idade da mulher”.

FALTA DE INFORMAÇÃO

Apesar de cada vez mais mulheres decidirem submeter-se a tratamentos de preservação, o que indica uma consciência crescente do declínio da sua fertilidade, a Sociedade Espanhola de Fertilidade (SEF), cujo presidente, o Dr. Juan José Espinós, salienta que ainda existem mitos que influenciam esta situação: “Destaco o facto de que se me sinto bem, a minha fertilidade também é boa”.

E há também um certo tabu em falar abertamente, “dado que a fertilidade é considerada algo natural do indivíduo, a esterilidade ou a fertilidade é considerada um defeito ou uma maldição”. O Dr. Espinós acrescenta que “em países como os Estados Unidos, a conservação de ovócitos está muito mais normalizada e, de facto, as grandes empresas oferecem-na como parte dos benefícios aos seus empregados”.

Para a Dra. Susana Rabadán, especialista em medicina reprodutiva do IVI, ainda há um longo caminho a percorrer em termos de informação e divulgação e “esta é a tarefa inacabada da ginecologia”. Na sua opinião, “incorporar a atualização da reserva ovárica de cada mulher na consulta de ginecologia poderia ajudar as mulheres a tomar consciência da capacidade limitada do ovário e das implicações de adiar a maternidade depois dos 35 anos”.

INVERNO DEMOGRÁFICO

No Dia da Fertilidade, os especialistas concordam com os riscos do “inverno demográfico”, uma expressão – cunhada nos anos 60 pelo filósofo belga Michel Schooyans – para designar uma redução significativa e sustentada das taxas de natalidade para valores inferiores às taxas de mortalidade. Por outras palavras, podemos falar de um inverno demográfico quando, ano após ano, morrem mais pessoas do que nascem.

Com menos nascimentos e maior longevidade, a sociedade está a envelhecer e a força de trabalho está a diminuir, o que conduz a sérios desafios económicos, como a sustentabilidade do sistema de pensões, uma carga fiscal mais elevada para a população ativa em diminuição e uma maior pressão sobre os serviços de saúde. A longo prazo, reduz o crescimento económico e compromete a capacidade de inovação e competitividade do país. Um fenómeno que, na opinião do Dr. Colomé, pode levar ao “colapso da sociedade”.

A Europa entra no “inverno demográfico” a nível mundial em 2026, de acordo com a Comissão Europeia; a nível mundial, a ONU calcula o limiar em cerca de 210 e em Espanha já estamos em pleno inverno. Durante 2023, houve um total de 322 075 nascimentos em Espanha, uma diminuição de 2,0% em relação ao ano anterior (menos 6 629), de acordo com os dados do INE. Um número que confirma a tendência de queda da última década: desde 2013, o número de nascimentos caiu 24,1%.

“O que sabemos é que, no final, cada mulher deveria ter mais de dois filhos para que houvesse uma renovação geracional. Não estamos a chegar lá, estamos abaixo, e isso está basicamente ligado ao atraso na idade em que as mulheres têm o seu primeiro filho. Em Espanha, infelizmente, estamos entre os três primeiros países com a idade mais elevada para ter o primeiro filho. Estamos atualmente nos 32,1 anos e, em 10 anos, subimos quase 10 pontos”, explica o Dr. Colomé, do IVI Mallorca.

Enquanto em 2013 6,8% dos nascimentos foram de mães com 40 anos ou mais, em 2023 essa percentagem subiu para 10,7%, de acordo com os dados do INE. Por outras palavras, um em cada dez bebés, a percentagem mais elevada de toda a UE, segundo o Eurostat.

Apesar de estarem na vanguarda, outros países, como o Japão, a Coreia do Sul e Singapura, estão neste caminho de “inverno”. E na nossa vizinhança imediata, a Itália, a Grécia e até a Alemanha. A Comissão Europeia estima que a população da UE, que atualmente ultrapassa os 448 milhões de pessoas, atingirá o seu pico por volta de 2026 e depois diminuirá gradualmente, perdendo 57,4 milhões de pessoas em idade ativa até 2100.

AUMENTAR A CONSCIENCIALIZAÇÃO

Para fazer face ao inverno demográfico, os especialistas sublinham a necessidade de a sociedade compreender como a passagem do tempo afeta a fertilidade e as opções que existem para a preservar. O acesso ao aconselhamento em matéria de fertilidade pode desempenhar um papel fundamental na preparação de muitas mulheres para tomarem decisões informadas sobre o seu futuro reprodutivo.

“A preservação eletiva da fertilidade é uma boa decisão para o futuro das mulheres com mais de 30 anos e é uma ferramenta ótima e válida neste perfil etário, quando não é possível ter filhos a curto prazo”, afirma o Dr. Rabadán.

Além disso, é vital que o estigma associado à preservação da fertilidade e aos tratamentos de fertilidade seja abordado. Falar abertamente sobre estas questões pode ajudar a normalizar a sua utilização e a reduzir a pressão social que muitas mulheres sentem para ter filhos num determinado período de tempo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo nomeia nova mediadora do crédito

  • ECO
  • 3 Junho 2024

O Governo escolheu Ana Margarida Machado de Almeida é a nova mediadora do crédito. Maria Clara Domingues Machado, a última no cargo, iniciou funções em 2012 e foi reconduzida em 2014.

Ana Margarida Machado de Almeida é a nova mediadora do crédito. A nomeação foi aprovada em Conselho de Ministros, segundo o comunicado desta segunda-feira.

O mediador do crédito, figura instituída em 2009, visa a “defesa e a promoção dos direitos, garantias e interesses legítimos de quaisquer pessoas ou entidades que sejam parte em relações de crédito, bem como contribuir para melhorar o acesso ao crédito junto do sistema financeiro“, segundo a página oficial.

Com a mediação, “pretende-se fomentar a comunicação entre as partes – cliente bancário e instituição de crédito –, no sentido de chegarem a um acordo e, assim, ultrapassarem situações de impasse, ou de falta de entendimento, na relação de crédito”.

Além disso, o mediador do crédito tem também a responsabilidade de “promover a literacia financeira em matéria de crédito, devendo, para o efeito, fomentar o conhecimento dos direitos e deveres dos cidadãos neste domínio, bem como prestar os esclarecimentos e as informações que lhe forem solicitados”.

Embora funcione junto do Banco de Portugal, o mediador do crédito dispõe de uma missão e competências próprias.

Segundo a página oficial do Mediador do Crédito, Maria Clara Domingues Machado foi a última mediadora do crédito, tendo iniciado funções em 2012, sendo reconduzida no cargo em 2014. Antes, apenas João José Amaral Tomaz exerceu a função, tendo sido o primeiro a ser nomeado mediador do crédito, cargo que desempenhou entre 2009 e 2011.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Operadores de redes de distribuição de gás propõem investimentos de 395 milhões até 2029

  • Lusa
  • 3 Junho 2024

O valor de investimento proposto pelos operadores das redes de distribuição de gás inclui 238 milhões de euros para a expansão e densificação das redes.

Os planos quinquenais de desenvolvimento e investimentos das redes de distribuição de gás, colocadas esta segunda-feira em consulta pública pelo regulador, contemplam propostas de investimento de 394,6 milhões de euros no quinquénio 2025-2029.

Em comunicado, a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) refere que o valor de investimento proposto pelos operadores das redes de distribuição de gás (ORD) inclui 238 milhões de euros para a expansão e densificação das redes, através da construção de novos ramais e infraestruturas individuais, com o objetivo de disponibilizar gás a novas clientes.

Aquele valor de 394,6 milhões de euros contempla ainda uma parcela de 135,2 milhões de euros para investimento em outras infraestruturas de construção e de redes de média pressão, para ligação à rede, bem como o investimento em sistemas de informação. Há ainda, refere a informação da ERSE, 21,4 milhões de euros para projetos relacionados coma transição energética, incluindo a preparação das infraestruturas de distribuição para a receção de gases renováveis.

A consulta pública das propostas de planos quinquenais de desenvolvimento e investimento das redes de distribuição de gás para o período 2025-2029, apresentadas pelos 11 operadores das redes de distribuição de gás, tem a duração de 30 dias úteis. Terminada a consulta pública, a ERSE dispõe de 22 dias para elaborar o relatório dessa consulta, cabendo-lhe, no prazo de 30 dias após a conclusão deste relatório, emitir um parecer não vinculativo “incluindo alterações às propostas apresentadas pelos ORD”.

Os comentários dos interessados devem ser feitos até 16 de julho de 2024, informa o regulador do setor energético. Nos termos da lei, os ORD devem elaborar nos anos pares, planos quinquenais de desenvolvimento e investimento das redes de distribuição de gás.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

KKR converte dívida em novas ações e garante cerca de 82% da Greenvolt

Os americanos informaram, na passada sexta-feira, que garantiram 78,9% da empresa e avançam com uma OPA obrigatória para comprar o restante capital. Acordo com Mediobanca também é alterado.

Os norte-americanos da Kohlberg Kravis Roberts (KKR), através da sua afiliada GV Investor Bidco, converteram em ações da Greenvolt uma linha de obrigações convertíveis no valor de 200 milhões de euros e uma taxa de cupão de 4,75% que vencia em 2030. Com esta operação, a KKR, que na última sexta-feira informou que garantiu 78,9% da empresa e avançou com um OPA obrigatória para comprar o restante capital, passou a deter cerca de 82% do capital da Greenvolt.

A Greenvolt, liderada por João Manso Neto, informou em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) que recebeu da GV Investor Bidco, S.à r.l. “a comunicação reproduzida em anexo relativa ao exercício do direito de conversão referente às obrigações convertíveis emitidas pela Greenvolt designadas “€200,000,000 4.75 per cent. Senior Unsecured Conditionally Convertible Bonds due 2030”.

Com a conversão destes títulos de dívida em ações, a KKR reforça a sua posição no capital da empresa, depois de ter garantido a aquisição de 60,86% através da compra que já tinha definido com os sete principais acionistas da Greenvolt e mais 18,04% adquiridos pelo banco italiano Mediobanca. Fica agora disperso no mercado apenas cerca de 18% do capital.

Já a Greenvolt reduz o seu nível de dívida. No final de 2023, a dívida financeira líquida pro-forma da Greenvolt totalizava 691,4 milhões de Euros. O rácio da dívida financeira líquida pro-forma em relação ao EBITDA Ajustado, nos últimos 12 meses é de 6,3 vezes.

Em outro comunicado ao mercado, a sociedade da KKR, Gamma Lux, informa que alterou as condições do acordo com a Mediobanca, que estava mandatada para comprar ações da energética no mercado. Assim, em vez de poder comprar até 19,9% do capital da Greenvolt no mercado, a Mediobanca poderá reforçar até 23,37%.

(Notícia atualizada às 21h06 com mais informação)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.