União Europeia deixou de receber gás natural russo através da Ucrânia

  • Lusa
  • 1 Janeiro 2025

Fontes da Comissão Europeia garantiram que o impacto desta nova situação "será limitado" no abastecimento da União Europeia. Europa passará a ser abastecida com gás russo através da Turquia.

A Ucrânia suspendeu hoje, às 05:00 de Lisboa, o transporte de gás natural russo através do seu território, tal como tinha avisado, no âmbito do fim do contrato que se recusou a renovar com um país com quem está em guerra há quase três anos.

O contrato de fornecimento de gás era uma fonte de receitas multimilionárias para a Rússia, que permitia à empresa Gazprom exportar para a Áustria, a Hungria, a Eslováquia e a Moldova, mas também significava cerca de 700 milhões de dólares (cerca de 672 milhões de euros) por ano para a Ucrânia.

A decisão foi explicada pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, numa declaração feita em Bruxelas no dia 19 de novembro, quando afirmou recusar que a Rússia continua “a ganhar milhões” enquanto mantém uma política de agressão ao seu país.

A Rússia garantiu, no entanto, que vai sobreviver ao encerramento da passagem do seu gás pela Ucrânia.

Fontes da Comissão Europeia garantiram que o impacto desta nova situação “será limitado” no abastecimento da União Europeia, já que têm sido rápidos em encontrar fontes alternativas de energia.

Com o fim deste trânsito e mais de dois anos após a sabotagem dos tubos Nord Stream no Mar Báltico, a Europa passará a ser abastecida com gás russo apenas pela TurkStream e pela sua extensão Balkan Stream.

Além disso, importa grandes quantidades de gás natural liquefeito russo por navios-tanque.

A Gazprom, que já foi a maior exportadora de gás do mundo, registou um prejuízo de cerca de 6,5 mil milhões de euros em 2023, naquele que foi o seu primeiro ano sem lucros desde 1999.

As suas exportações diárias para a Europa através do território ucraniano ascenderam, nas últimas semanas, a cerca de 40 milhões de m3, para um volume total fornecido em 2023 de 14,65 mil milhões de metros cúbicos, segundo dados oficiais.

Neste contexto tenso, o preço do gás europeu atingiu na terça-feira a marca simbólica dos 50 euros por megawatt-hora, o valor mais alto desde há mais de um ano.

Como estão a reagir os países

A suspensão do transporte de gás natural russo através da Ucrânia foi bem recebida pela Polónia e Áustria, mas deixaram a Hungria e a Eslováquia inquietas, enquanto a Moldova já declarou estado de emergência.

A reação mais exuberante até agora foi da Polónia, onde o ministro dos Negócios Estrangeiros considerou o gesto como “uma nova vitória” sobre Moscovo.

Cortar a capacidade de Moscovo exportar gás diretamente para a União Europeia (UE) é “uma nova vitória após o alargamento da NATO à Finlândia e à Suécia”, considerou Radoslaw Sikorski, na rede social X.

Por seu lado, a Áustria mostrou-se calma, adiantando que o fornecimento de gás ao país está garantido.

“Fizemos o nosso trabalho e estamos bem preparados para este cenário”, afirmou a ministra da Energia, Leonore Gewessler, explicando que o Governo já tinha feito contratos para fornecimento de gás natural através de outras rotas e fornecedores.

Além disso, o país da Europa Central tem capacidade para importar anualmente um valor muito alto de energia à Alemanha e à Itália.

O corte de fornecimento de gás pela russa Gazprom à Áustria já tinha acontecido em meados de novembro devido a um litígio sobre o cumprimento de contratos com a empresa austríaca de hidrocarbonetos OMV, a maior da Europa Central e propriedade do Estado austríaco.

As entidades gestoras de energia e o Governo alertaram então que estavam preparados para a situação, que a Áustria tem alternativas para abastecer estes fornecimentos e não sofrerá escassez, apesar de até então ter adquirido à Rússia mais de 80% do gás que consumiu.

Já na Eslováquia, a reação foi muito diferente. O primeiro-ministro, Robert Fico, alertou para as graves consequências da interrupção do trânsito de gás através da Ucrânia, afirmando que “terá um impacto drástico para todos na UE e não apenas para a Federação Russa”.

Se a dependência da Europa foi significativamente reduzida desde o início da guerra na Ucrânia, os Estados localizados no Leste continuam a obter fornecimentos significativos de Moscovo.

Robert Fico, que continua próximo de Vladimir Putin e cujo país é muito dependente do fornecimento de gás russo, deslocou-se a Moscovo no dia 22 de dezembro para tentar encontrar uma solução urgente.

A Hungria, que será afetada apenas marginalmente já que a maior parte das suas importações de gás russo são recebidas através do TurkStream, que passa sob o Mar Negro, também criticou a situação, com o primeiro-ministro, Viktor Orbán, a defender que não se devia “abandonar esta estrada”.

Outro dos países preocupados com a nova situação é a Moldova, que declarou mesmo o estado de emergência.

Este país vê ser-lhe cortado o fornecimento de gás russo no contexto de uma disputa financeira com esta antiga república soviética que acaba de reeleger uma Presidente pró-europa.

A Gazprom já tinha interrompido grande parte das suas entregas a este país após o início da invasão russa na Ucrânia, abastecendo agora apenas a região separatista pró-Rússia da Transdnístria.

A sua central térmica ainda fornece 70% da eletricidade consumida por todo o país, um dos mais pobres da Europa.

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Isabel Pires de Lima sucede a Ana Pinho na presidência da Fundação de Serralves

  • Lusa
  • 1 Janeiro 2025

Isabel Pires de Lima era vice-presidente da fundação e membro da comissão executiva da fundação, com a presidente, Ana Pinho, e Manuel Ferreira da Silva.

Isabel Pires de Lima sucede a Ana Pinho na presidência da Fundação de SerralvesLusa

A ex-ministra da Cultura Isabel Pires de Lima vai ser a próxima presidente do conselho de administração da Fundação de Serralves, sucedendo assim a Ana Pinho, anunciou a instituição.

Em comunicado, a fundação indicou que “de acordo com os estatutos de Serralves, a nova presidente foi eleita pelo conselho de administração de entre os seus membros, por voto secreto e por maioria absoluta”.

Nomeada para o conselho de administração da fundação em 2015 como um de dois representantes do Estado naquele órgão (a par de José Pacheco Pereira), quando era ministro da tutela João Soares, a professora universitária Isabel Pires de Lima foi deputada (entre 1999 e 2009) e ministra da Cultura (entre 2005 e 2008, num Governo encabeçado por José Sócrates).

Os estatutos da fundação sediada no Porto preveem que o presidente possa “exercer três mandatos nessa qualidade, independentemente do tempo por que tenha exercido funções como vogal ou vice-presidente”.

Pires de Lima era vice-presidente da fundação e membro da comissão executiva da fundação, com a presidente, Ana Pinho, e Manuel Ferreira da Silva.

A antiga ministra foi um dos rostos da defesa da fundação aquando das críticas de que a administração foi alvo no que dizia respeito ao tratamento dado a prestadores de serviços e ao ambiente laboral vivido na instituição.

Chamada ao Parlamento para prestar esclarecimentos sobre a fundação, em maio de 2021, Pires de Lima salientou que se orgulhava de pertencer ao conselho de administração de Serralves, “não porque seja mais ou menos folclórico pertencer ao conselho de administração de Serralves”, mas por entender que contribuía com o seu trabalho.

Em meados deste mês, a presidente cessante da Fundação de Serralves, Ana Pinho, disse que a instituição contava encerrar o ano de 2024 com cerca de 1,24 milhões de visitantes, acima dos 1,1 milhões alcançados em 2023.

Na conferência de imprensa de apresentação do plano de atividades para 2025, a presidente do conselho de administração apresentou uma série de dados do acumulado dos nove anos em que dirigiu a fundação, comparando com o período equivalente anterior, que mostravam que a instituição recebeu 7,3 milhões de visitantes entre 2016 e 2024, por comparação a 3,9 milhões de pessoas entre 2007 e 2015.

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Taxas do ISP atualizadas hoje em três cêntimos absorvendo descida da taxa de carbono

  • Lusa
  • 1 Janeiro 2025

A conjugação desta subida das taxas unitárias do ISP com a descida da taxa de carbono resultará no mesmo valor de imposto pago pelos consumidores quando abastecem o carro.

A taxa do imposto sobre os produtos petrolíferos (ISP) no litro de gasolina e do gasóleo sobe hoje cerca de três cêntimos, compensando a descida da taxa de carbono em 2025.

A conjugação desta subida das taxas unitárias do ISP com a descida da taxa de carbono resultará no mesmo valor de imposto pago pelos consumidores quando abastecem o carro, garantiu o ministro das Finanças, que tem recusado as críticas do PS de que o Governo está aumentar o imposto, acentuando antes que o que muda é o valor de cada uma das componentes que integram este tributo.

Na portaria em que procede à atualização das taxas unitárias do ISP sobre a gasolina e o gasóleo é referido que esta é feita “em harmonia” com a “redução, em valor equivalente, da taxa de adicionamento sobre as emissões de CO2”, de forma a assegurar que a reversão dos descontos ainda em vigor “não tenha impacto sobre o preço dos combustíveis”.

Miranda Sarmento tem também referido a necessidade de Portugal ir retirando as medidas de mitigação da subida de preços dos combustíveis registadas em 2022 e ainda 2023, sublinhando o seu caráter temporário e extraordinário e a exigência de Bruxelas para tal.

Assim, segundo a portaria relativa à taxa de carbono, esta desce hoje para os 67,395 euros por tonelada, recuando face ao valor de 2024 — que foi fixado em 83,524 euros, mas que, após vários descongelamentos, ficou nos 81 euros.

Já a portaria relativa às taxas unitárias contempla que estas avancem para 0,48126 euros por litro de gasolina (a última atualização em 2024 colocou esta taxa nos 0,45036 euros por litro) e para 0,33721 euros por litro de gasóleo (o último valor em vigor em 2024 era de 0,30354 euros por litro).

Além das taxas unitárias e da taxa de carbono, o ISP incorpora ainda a contribuição do serviço rodoviário.

Entre as medidas temporárias ainda em vigor está a que reduz na taxa do ISP um valor equivalente ao que resultaria da aplicação de uma taxa de IVA de 13% no preço de venda dos combustíveis.

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Montenegro escolhe investimento como palavra-chave para 2025

  • Lusa
  • 1 Janeiro 2025

"As palavras-chave são investimento, investimento, investimento. Concretizar o investimento público. Estimular o investimento interno, privado e empresarial", diz o primeiro-ministro.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, considera que o ano que agora começa deve ser pautado por maior investimento, que escolheu como a palavra-chave de 2025, e argumentou que o Governo quer construir um país mais justo, tolerante e mais competitivo.

Num artigo publicado no Jornal de Notícias na viragem do ano, intitulado “Portugal em movimento”, o primeiro-ministro escreve que este é o ano para prosseguir “sem hesitações na construção de um país renovado, mais justo, mais livre, mais democrático, mais tolerante, mais competitivo, com mais riqueza”.

“As palavras-chave são investimento, investimento, investimento. Concretizar o investimento público. Estimular o investimento interno, privado e empresarial. Atrair o investimento externo que procura previsibilidade e segurança”, salienta.

O chefe do Governo considera que “só assim” será possível “continuar a salvar o Estado social – com ações concretas e construtivas, não com palavras ocas, bloqueios ou medo da mudança”.

“Este novo ano de 2025 nasce revestido de renovação e da esperança. Renovação de políticas, de objetivos, de energia e de compromisso. Esperança nos resultados, nas oportunidades que vamos agarrar e nas dificuldades que vamos superar”, assinala, referindo que com as eleições legislativas de março de 2024, se “iniciou uma mudança de ciclo político que se traduziu num movimento de viragem e transformação do país, com reflexo direto nas condições de vida dos portugueses”.

Luís Montenegro salienta que o Governo que lidera “veio para melhorar a vida das pessoas” e não “para deixar tudo na mesma, tampouco para criticar ou se justificar com o passado”.

O primeiro-ministro destacou as áreas que o Governo considera prioritárias, como a saúde, a educação e a transição energética, entre outras.

“Vamos continuar a combater a burocracia nos organismos e serviços do Estado, a apostar na digitalização e na proximidade com o cidadão. Vamos continuar a promover uma imigração regulada, nem de portas fechadas nem de portas escancaradas, acolhendo e integrando com dignidade e humanismo os que escolherem Portugal para viver e trabalhar. Vamos continuar a investir em habitação pública – o maior investimento desde os anos noventa – e a incentivar a construção de casas a valores moderados, seja para comprar ou arrendar. Vamos continuar a salvaguardar a segurança como um dos maiores ativos do país, combatendo a criminalidade violenta, o tráfico de droga, mas também a corrupção e a criminalidade económica”, elenca.

Depois de referir várias medidas tomadas pelo Governo desde que entrou em funções, em abril de 2024, Montenegro afirma que, em 2025, o executivo vai “continuar a estar ao lado de todas as pessoas, especialmente das mais vulneráveis, solitárias e desprotegidas”.

“No dia 01 de janeiro, que é também o Dia Mundial da Paz, é também importante lembrar que a paz começa dentro das quatro paredes de todas as casas, que deve ser o sítio mais seguro do Mundo, onde a violência, sobretudo contra mulheres e crianças, tem de ser firmemente combatida para ser erradicada”, defende, valorizando também “a estabilidade e as oportunidades que Portugal tem para oferecer aos seus cidadãos e ao mundo”, perante o cenário internacional.

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Taxa turística já é cobrada em pelo menos 40 munícipios portugueses

  • Lusa
  • 1 Janeiro 2025

A região do Alentejo é a única no país sem algum município que cobre ou já tenha aprovado a taxa turística.

Os seis municípios da ilha de São Miguel passam hoje a aplicar taxa turística, elevando para pelo menos 40 o número de autarquias portuguesas a cobrar pelas dormidas, a que preveem juntar-se, este ano, cerca de uma dezena.

A região do Alentejo é a única no país sem algum município que cobre ou já tenha aprovado a taxa turística, até hoje, embora em Évora a câmara tenha deliberado, em setembro de 2024, iniciar o procedimento para a criação do seu regulamento. O projeto encontra-se atualmente em fase de auscultação.

Segundo uma contagem realizada pela agência Lusa, considerando as cobranças em vigor neste mês de janeiro, dos 278 concelhos do continente, 27 aplicam já a taxa turística e pelo menos outros seis perspetivam começar este ano.

Do total dos 308 concelhos portugueses, 40 já fazem a cobrança e em nove a iniciativa está na calha para ser iniciada em 2025.

Na Madeira, sete dos 11 concelhos cobram atualmente dois euros por noite, num máximo de sete noites. Funchal, Santa Cruz, Santana, Ponta do Sol, Machico, Ribeira Brava e Calheta já têm a medida, enquanto Câmara de Lobos, São Vicente e Porto Santo preveem começá-la em 2025. Sobra, na região, Porto Moniz, que não deverá aplicar taxa.

A par do que já acontece em Lisboa, a capital madeirense cobra — a partir de hoje — uma taxa aos visitantes que cheguem por via marítima, com o valor unitário fixo de dois euros por passageiro desembarcado de um navio de cruzeiro em trânsito.

Nos Açores, apenas os visitantes dos seis concelhos da ilha de São Miguel, dos 19 do arquipélago, começam hoje a pagar uma taxa de dois euros por dia pela dormida, até ao máximo de três noites. Em causa estão Ponta Delgada, Ribeira Grande, Lagoa, Vila Franca do Campo, Povoação e Nordeste.

Segundo o presidente da Associação de Municípios da Região Autónoma dos Açores, Alexandre Gaudêncio, “todos os municípios de São Miguel, nesta primeira fase, tiveram a preocupação de aprovar os respetivos regulamentos, que já foram submetidos às […] assembleias municipais”.

Em outubro, o PAN/Açores anunciou entretanto que iria propor a criação de uma taxa turística regional de três euros para os passageiros que entrem por via aérea ou marítima no arquipélago.

Já em dezembro, a Associação do Alojamento Local dos Açores defendeu que a cobrança na ilha de São Miguel deveria transitar para 2026, considerando que assim “haveria tempo de preparação para a publicação dos regulamentos em todos os concelhos”, bem como para a “revisão e correção de erros nos regulamentos existentes” e para a “definição de normas claras e adaptadas à realidade da região”.

Em Portugal continental, cada município fixa a sua taxa e define as normas de aplicação, mas há critérios comuns a todos, como a isenção de pagamento para as crianças (começam a pagar a partir dos 12 anos em alguns casos, noutros mais tarde) e pessoas com incapacidade igual ou superior a 60%, além dos cidadãos que se encontrem hospedados para tratamentos médicos.

Há ainda municípios que excluem a taxa turística, pelo menos por uma noite, para aqueles que se encontrem em peregrinação religiosa a Fátima ou Santiago de Compostela, como é o caso do Porto e de Caminha, este último desde setembro.

À semelhança de Caminha, Viana do Castelo isenta, além de todas as outras exceções, aqueles que, por razões de conflito e deslocados dos seus países de origem, residem temporariamente em Portugal.

O máximo de taxa cobrada até este mês em Portugal é de quatro euros por noite, o que acontece em Lisboa desde setembro passado. Na capital, o pagamento começou a ser aplicado em janeiro de 2016 sobre as dormidas de turistas nacionais (incluindo lisboetas) e estrangeiros nos hotéis ou alojamentos locais “até um máximo de sete noites por hóspede e por estadia”, estando isentos os hóspedes com idade inferior a 13 anos.

Inicialmente o valor era de um euro por noite, mas em janeiro de 2019 aumentou para dois euros e há quatro meses duplicou.

Em 2024, Lisboa começou a cobrar também a taxa turística de chegada por via marítima: dois euros por passageiro com mais de 13 anos que desembarque de um navio de cruzeiro em trânsito.

Almada tem em curso, até 29 de janeiro, uma consulta pública de revisão do Regulamento e da Tabelas de Taxas do Município, que inclui a criação de uma taxa turística de dois euros no caso de estabelecimentos de alojamento (num máximo de cinco noites) e de 1,5 euros no caso de parques de campismo e caravanismo.

Na taxa dos parques de campismo, 50 cêntimos revertem a favor dos espaços.

Na Nazaré, conhecida internacionalmente pelas ondas gigantes da praia do Norte, está a ser preparada a implementação da taxa, estando a ser elaborado um regulamento que vai entrar em consulta pública. A autarquia estima poder começar a cobrar neste novo ano.

Mais a norte, em Vila Nova de Gaia, a denominada Taxa da Cidade é de 2,5 euros e é tambem cobrado um imposto de 1,25 euros para dormidas motivadas por atividades profissionais, académicas, sociais, desportivas, culturais ou outras não predominantemente turísticas.

No município vizinho do Porto, o valor da taxa turística passou, em 01 de dezembro, de dois para três euros por dormida para pessoas com mais de 13 anos e até um máximo de sete noites seguidas. Aqui também não se aplica a taxa a peregrinos instalados em albergues ou deslocados por razões de conflito nos países de origem.

A Câmara do Porto implementou em 2018 a Taxa Municipal Turística para responder ao crescimento da atividade na cidade. O executivo justificou o recente aumento com a despesa associada ao turismo e suportada pela autarquia em 2023 em áreas como cultura, património, ambiente, urbanismo ou mobilidade.

A sul, no Algarve, destino turístico por excelência para nacionais e estrangeiros, só sete dos 16 municípios cobram atualmente pela pernoita.

Em Albufeira, Lagoa, Loulé, Portimão, Olhão e Vila Real de Santo António os hóspedes pagam dois euros na época alta (de abril a outubro) e um euro na época baixa (de novembro a março).

Loulé, que concentra vários empreendimentos turísticos reconhecidos a nível nacional e internacional, como a Quinta do Lago, Valo do Lobo ou Vilamoura, foi o último dos sete concelhos algarvios a aplicar a medida, em novembro passado.

Faro, capital de distrito, já cobra 1,5 euros por dormida ao longo de todo o ano, enquanto o primeiro município do Algarve a implementar uma taxa turística, Vila Real de Santo António, cobra um euro, exceto nos parques de campismo, caravanismo e áreas de serviço de autocaravanas, onde o valor é de 50 cêntimos.

O mínimo que se pode pagar de taxa nas unidades hoteleiras ou de alojamento local portuguesas, incluindo parques de campismo, parques de caravanismo e áreas de serviço de autocaravanas, é 50 cêntimos.

A contribuição também varia em número de noites a ser pagas, podendo ir de três a sete, excetuando Vila do Conde, onde vai até às 14 noites.

A lista de atuais cobradores no país inclui ainda Amarante, Braga, Coimbra, Cascais, Figueira da Foz, Loures, Mafra, Maia, Óbidos, Oeiras, Peniche, Póvoa de Varzim, Setúbal e Sintra.

Terras de Bouro, do qual faz parte a vila do Gêres, está atualmente a preparar o regulamento, e Matosinhos e Baião estão também entre os territórios onde os visitantes vão começar a pagar taxa em 2025.

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Onde investir em 2025<span class='tag--premium'>premium</span>

As perspetivas dos especialistas para 2025 incluem o cenário de uma “aterragem suave” da economia e a continuação do bull market nas bolsas mundiais, particularmente nos EUA e na Ásia.

Após um início de ano volátil, os mercados acionistas ganharam força no último trimestre, com os mais relevantes índices norte-americanos (S&P 500, Dow Jones e Nasdaq) e o pan-europeu Stoxx 600 a atingirem novos máximos históricos. Para 2025, as principais casas de investimento preveem um ano de continuação das tendências observadas no final de 2024, com o mundo a ser marcado por um ambiente de tensões geopolíticas, um cenário económico de “aterragem suave” nas maiores economias e pela prolongação do bull marketnas bolsas. Este artigo integra a 11.ª edição do ECO magazine. Pode comprar aqui.Os especialistas alertam também para algumas armadilhas que se vislumbram no horizonte, criadas justamente por um crescimento económico moderado, uma inflação controlada e taxas de juro em queda,

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“Luís Montenegro acha que o Banco de Portugal existe para o servir”, atira Augusto Santos Silva

O ex-presidente da Assembleia da República acusa o primeiro-ministro de querer que o BdP pagasse o salário de Hélder Rosalino e diz que Montenegro tem "ódio" de Centeno.

O antigo presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, acusou, esta terça-feira, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, de achar “que o Banco de Portugal [BdP] existe para o servir”, nutrindo “um ódio de morte a Mário Centeno” por “defender a independência” do regulador, referindo-se à polémica em torno do pagamento da remuneração de Hélder Rosalino no cargo de secretário-geral do Governo.

“O Governo decidiu criar o cargo de secretário-geral do Governo, decisão sua e inteiramente legítima. Nomeou para esse cargo Hélder Rosalino, antigo secretário de Estado de Governo PSD-CDS (o qual, se o Governo fosse do PS, seria por isso imediatamente crismado de ‘boy’, mas já se sabe que há coisas que só existem, para os nosso média, se o Governo for do PS)”, comentou o socialista na rede social Facebook.

Augusto Santos Silva considerou “compreensível” que Rosalino quisesse manter a sua remuneração, mas criticou o facto de o Executivo ter alterado a lei para permitir que tal acontecesse, considerando que essa alteração “é muito criticável, por configurar o caso de uma lei feita à medida de uma particular pessoa”.

Num comentário ao comunicado feito ontem pelo gabinete do primeiro-ministro sobre a renúncia de Rosalino para assumir o cargo, após todo o debate que houve em torno do vencimento, Santos Silva fala num “comunicado muito peculiar”, referindo-se ao aviso do Executivo de que o BdP é que “vai perder, porque terá na mesma de pagar o seu salário – como se o consultor Rosalino nada fizesse no Banco”.

Moral da história: Luís Montenegro acha que o BdP existe para o servir. E tem um ódio de morte a Mário Centeno, que, felizmente para todos nós, conhecendo e respeitando a lei, não tem medo de defender a independência do BdP”, remata.

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Xi Jinping afirma que ninguém pode impedir a reunificação com Taiwan

  • Lusa
  • 31 Dezembro 2024

"Os chineses de ambos os lados do Estreito de Taiwan são uma só família. Ninguém pode quebrar os nossos laços de sangue e ninguém pode parar a tendência histórica da reunificação da pátria", disse.

O Presidente chinês, Xi Jinping, afirmou esta terça-feira que “ninguém pode impedir” a “reunificação” de Taiwan, num discurso de Ano Novo, numa altura de crescente tensão entre Pequim e Taipé. “Os chineses de ambos os lados do Estreito de Taiwan são uma só família. Ninguém pode quebrar os nossos laços de sangue e ninguém pode parar a tendência histórica da reunificação da pátria”, declarou no discurso transmitido pela imprensa estatal.

China e Taiwan coexistem desde 1949 com governos separados, mas Pequim reivindica a ilha como parte integrante do seu território e não exclui a possibilidade de recorrer à força para “reunificar” o território. Pequim intensificou a sua pressão militar e política sobre Taipé nos últimos anos, enviando regularmente navios de guerra e aviões de combate para a zona em torno de Taiwan.

Em outubro, Taiwan afirmou ter detetado um número recorde de 153 aviões militares chineses em 25 horas, depois de Pequim ter organizado exercícios em grande escala que descreveu como um “aviso severo” contra as “forças pró-independência em Taiwan”.

Washington é, desde há muito, o aliado mais importante de Taipé e o seu maior fornecedor de armas, facto que tem irritado Pequim.

Historicamente, os Estados Unidos têm mantido uma política de “ambiguidade estratégica” relativamente a uma possível intervenção militar se Taiwan fosse atacada pela China.

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BdP publica regras sobre garantia pública no crédito e avisa bancos para serem cautelosos

  • Lusa
  • 31 Dezembro 2024

O aviso, divulgado esta terça pelo BdP, estabelece a informação que os bancos devem prestar aos clientes sobre a garantia assim como a informação que têm de dar durante a vigência da garantia.

O Banco de Portugal publicou a informação que os bancos têm de prestar sobre o crédito à habitação com garantia pública e avisou que, mesmo com a garantia, devem assegurar a solvabilidade dos clientes. A garantia pública para crédito à habitação da primeira casa de jovens entre os 18 e os 35 anos foi aprovada pelo Governo em julho mas desde então foi tardando pois necessitava de vários regulamentos.

A Lusa questionou o Governo se, com a publicação deste aviso do Banco de Portugal, a regulamentação fica completa e a garantia fica operacional e pode começar a ser posta em prática pelos bancos. Contudo, até ao momento não obteve resposta.

O Banco de Portugal, em resposta à Lusa, disse que o aviso, publicado esta terça-feira, é a regulamentação necessária da sua parte, mas alerta que “a portaria [que regulamentou o decreto-lei que criou este regime] prevê a realização de outros atos necessários à aplicação do regime”, caso do protocolo entre a Direção-Geral do Tesouro e Finanças e banco, o contrato de garantia entre o Estado e os bancos e a a adesão das instituições ao protocolo, “nos quais o Banco de Portugal não intervém”.

O aviso, divulgado pelo regulador e supervisor bancário, estabelece a informação que os bancos devem prestar aos clientes sobre a garantia assim como a informação que têm de dar durante a vigência da garantia, sendo o objetivo os clientes estarem a par dos riscos associados ao uso da garantia.

No texto do aviso, o Banco de Portugal diz que a prestação desta garantia permite aos bancos financiarem os clientes jovens de crédito à habitação acima do que poderiam sem essa garantia (em relação ao rácio entre o valor que o banco empresta para comprar casa e o valor do imóvel) mas avisa que, mesmo assim, os bancos têm de ser prudentes pois obriga em qualquer caso ao “cumprimento, pelas instituições, das obrigações a que estão adstritas para garantir a capacidade financeira dos clientes e preservar a estabilidade financeira”.

Desde o anúncio da medida (criada pelo Governo com o objetivo de facilitar o acesso à compra de casa por jovens) este aviso tem sido uma preocupação do Banco de Portugal, com o governador, Mário Centeno, a dizer várias vezes em público que mesmo com a garantia os bancos não podem aliviar o cumprimento das regras de concessão de empréstimos.

O regime da garantia pública no crédito à habitação aplica-se a contratos assinados até final de 2026 e permite ao Estado garantir, enquanto fiador, até 15% do valor da transação, estando abrangidas compras até 450 mil euros e jovens que não obtenham rendimentos superiores ao do oitavo escalão do IRS (81.199 euros de rendimento coletável anual).

Em novembro, o Governo determinou que o montante máximo da garantia pública para a compra de casa por jovens até aos 35 anos é de 1.200 milhões de euros. Este valor estará disponível até ao seu fim da medida, mas os bancos poderão pedir um reforço do montante que lhes foi concedido.

Sobre os riscos de endividamento do Estado, caso muitos clientes não cumpram créditos e se acione a garantia, em fim de outubro o ministro das Finanças disse no parlamento disse que “só terá impacto orçamental se houver incumprimento”, recordando que “mesmo nos piores anos da crise, os níveis de incumprimento foram próximos de zero”. Assim, apontou que o Eurostat, no próximo ano, “dificilmente vai considerar algum valor nas contas nacionais”, nos cálculos sobre as contas públicas.

 

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Trabalhadores da dona da Visão terminam o ano sem receber salário de dezembro

Segundo o administrador de insolvência, foi possível o pagamento de parte do subsídio de Natal aos trabalhadores, mas não o salário de dezembro, o que poderá acontecer nos próximos dias.

Os trabalhadores da Trust in News, dona da Visão e da Exame, vão acabar o ano sem receber o salário de dezembro. Embora já tenha sido distribuído entre os trabalhadores parte do subsídio de Natal, não foi possível pagar o mês de dezembro, algo que no entanto ainda poderá acontecer nos próximos dias, segundo André Correia Pais, administrador de insolvência da empresa.

“As coisas de facto não são fáceis. Não eram, as pessoas sabiam disso, também não lhes dei garantias de coisa nenhuma, mas fiz o que estava ao meu alcance. Até ao momento não consegui pagar os salários de dezembro, só consegui um bocadinho do subsídio de Natal, mas ainda não consegui o mês de dezembro. Ainda não perdi a esperança de o conseguir fazer, mas à data de hoje [31 de dezembro] não vai acontecer. Poderão, ou não, vir a receber nos próximos dias”, disse ao +M.

Segundo André Correia Pais, nomeado no dia 4 de dezembro administrador de insolvência da empresa, a “situação não está, nem nunca seria fácil”, mas “conseguiu-se alguma coisa”, nomeadamente que as publicações fossem todas para as bancas, que fosse pago parte do subsídio de Natal – “pelo menos a parte que dizia respeito a dezembro”. No entanto, de facto, “ainda não foi possível, até ao momento, pagar os salários de dezembro”.

O administrador de insolvência adiantou também que convocou um plenário de trabalhadores para quinta-feira, dia 2 de janeiro. Segundo comunicado da Comissão de Trabalhadores, o plenário tem na ordem de trabalhos a discussão da situação atual e futura da Trust in News (TiN), das suas publicações e dos seus trabalhadores, a apresentação e discussão e a votação de propostas ou moções.

Sobre o plano de reestruturação entregue por Luís Delgado – e que prevê a suspensão ou venda de oito títulos e o ajuste da periodicidade de mais quatro, o despedimento de cerca de 50 pessoas e o pagamento de 40% da dívida aos credores comuns em 15 anos –, André Correia Pais encara-o como “uma proposta de solução“, mas guarda uma opinião mais substancial para o relatório que apresentar ao tribunal, por volta do dia 20 de janeiro.

O administrador de insolvência mantém ainda a sua opinião de que a empresa deve entrar em liquidação se não conseguir pagar os ordenados aos trabalhadores. No entanto, frisa, alertará na sua comunicação ao tribunal para a existência do plano de recuperação.

Já temos formalizados dois caminhos: o encerramento da atividade ou a votação de um plano de recuperação e eventual aprovação que permita manter a entidade em atividade. Entendo que uma coisa não impede a outra, o facto de não pagar salários, não provoca necessariamente que a empresa entre em liquidação“, explicou.

A decisão recairá assim sobre os credores, que analisarão o plano de reestruturação em assembleia, no dia 29 de janeiro. A Comissão de Credores, conforme nomeada pelo tribunal, tem como membros efetivos o Instituto da Segurança Social, a Autoridade Tributária, a Impresa Publishing, o Novobanco e o representante dos trabalhadores a indicar pela Comissão de Credores. Os CTT e o BCP são membros suplementes desta Comissão.

Além do plano de reestruturação de Luís Delgado, será também analisado na assembleia de credores o relatório sobre a situação da empresa a ser apresentado pelo administrador de insolvência e outros eventuais planos de reestruturação que sejam propostos.

Esta segunda-feira, os trabalhadores da Trust in News lamentaram que o plano de reestruturação da empresa só agora tenha sido apresentado, depois de perder a “capacidade de pagar salários” e esperam propostas alternativas.

Segundo a delegada sindical Clara Teixeira, “do ponto de vista dos trabalhadores, quaisquer medidas de reestruturação, estas deste plano ou outras quaisquer, fariam todo o sentido há um ano antes de a empresa perder a capacidade de pagar salários”. Para os trabalhadores a expectativa “é que apareçam mais planos de recuperação, que apareçam propostas de compra e que seja possível salvar títulos e salvar postos de trabalho”, disse a jornalista.

Ainda antes da apresentação do plano de reestruturação, os trabalhadores já tinham mostrado dúvidas de que Luís Delgado tenha a capacidade de recuperar a empresa. “O que estranhamos é que alguém que geriu a empresa durante sete anos sem conseguir recuperá-la, sem cumprir obrigações fiscais e pagar salários atempadamente tenha agora a intenção de apresentar um plano de recuperação”, disse Clara Teixeira.

Segundo André Correia Pais, também não houve capacidade de pagar os impostos da empresa deste mês. No entanto, estes impostos “reportam a um período anterior à minha nomeação, e eu entendo que é um crédito sobre a insolvência e não uma dívida da massa insolvente. Essa é a minha conceção geral relativamente a esses impostos”, explicou.

No entendimento do administrador de insolvência, estes valores tratam-se de “um crédito sobre a insolvência, apesar de o prazo de pagamento de facto já cair em período pós-declaração de insolvência, e não sobre a massa insolvente”.

“Mas de facto não paguei nenhuns impostos que tenham a ver diretamente com o meu período de funções que se iniciou a 4 de dezembro. Aliás, ainda não há, em bom rigor, nenhum imposto que eu tenha que ter pago relativamente a esse período de tempo. Irei ter [de pagar] agora em janeiro, relativamente ao mês de dezembro”, disse.

Sobre propostas de compra de títulos, que aconteceram durante o Processo Especial de Revitalização (PER), Luís Delgado explicou no parlamento que uma foi de 400 mil euros, “de uma empresa muito credível” mas com o pagamento dilatado ao longo do tempo, em que o administrador judicial disse “que não” enquanto que uma segunda proposta era de 550 mil para seis revistas, o que significava “fatiar a empresa”. O acionista único da TiN repetiu ainda no parlamento não ter “comprado o que pensava” e acusou o Estado – o maior credor – de ter provocado a insolvência.

O Processo Especial de Revitalização (PER) da Trust in News foi reprovado em novembro com os votos da Autoridade Tributária (AT) e Segurança Social. Em 4 de dezembro, a TiN foi considerada insolvente pelo tribunal, que fixou em 30 dias o prazo para reclamação dos créditos e marcou a assembleia de credores para 29 de janeiro.

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+M

Mais de 120 jornalistas e trabalhadores dos media mortos em 2024

  • Lusa
  • 31 Dezembro 2024

As guerras em Gaza e no Líbano foram responsáveis por 58% dos jornalistas mortos em 2024, tendo sido assassinados 64 profissionais da comunicação social palestinianos, seis libaneses e um sírio.

Cento e vinte e dois jornalistas e trabalhadores dos media foram assassinados em 2024, um dos anos “mais mortíferos” para a profissão, sobretudo devido à situação no Médio Oriente, anunciou a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ). A 10 de dezembro, um primeiro balanço feito pela IFJ por ocasião do Dia Internacional dos Direitos Humanos tinha apontado para 104 jornalistas mortos este ano.

A esta lista juntaram-se principalmente as mortes de profissionais no Médio Oriente e no mundo árabe, onde as guerras em Gaza e no Líbano foram responsáveis por 58% de todos os jornalistas mortos em 2024. Concretamente, foram assassinados 64 profissionais da comunicação social palestinianos, seis libaneses e um sírio.

Desde o início da guerra no Médio Oriente, em 7 de outubro de 2023, o número de jornalistas palestinianos mortos subiu para 147, o que converte este país “num dos mais perigosos na história do jornalismo moderno”, refere a FIJ.

A este respeito, o secretário-geral da FIJ, Anthony Bellanger, instou os Estados-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) a “tomar medidas para garantir a adoção de uma convenção vinculativa sobre a segurança dos jornalistas”. “Esta convenção teria como objetivo pôr fim às mortes e ferimentos de jornalistas que infelizmente ocorrem todos os anos”, acrescentou Bellanger.

Na Ásia e no Pacífico, a FIJ condenou o assassinato de sete profissionais no Paquistão, cinco no Bangladesh, três na Índia, um no Camboja e um outro nas Filipinas. Além disso, o regime militar em Myanmar continua a perseguir jornalistas (três deles foram mortos este ano), enquanto na Indonésia e no Cazaquistão se registou uma morte em cada.

Em 2024, uma dezena de jornalistas foram mortos em África, principalmente no Sudão, onde seis perderam a vida em consequência da guerra dos generais, que foi particularmente mortífera. Além disso, morreram ainda este ano dois jornalistas somalis, um chadiano e um da República Democrática do Congo.

Nas Américas, a FIJ contabilizou nove mortes, incluindo cinco mexicanos, dois colombianos e dois haitianos. Os jornalistas da região sofreram ameaças, intimidações, sequestros e assassinatos, principalmente por causa das reportagens feitas sobre o tráfico de drogas, que assola o México há mais de duas décadas.

Já na Europa, a guerra na Ucrânia custou a vida a quatro jornalistas este ano, contra 13 em 2022 e quatro em 2023, embora este continue a ser o continente mais seguro do mundo para o setor.

Até à data, a FIJ contabiliza 516 jornalistas na prisão, um aumento acentuado em comparação com 427 em 2023 e 375 em 2022. Com 135 jornalistas detidos, a China continua a ser a maior prisão do mundo para profissionais da comunicação social, à frente de Israel (59 jornalistas palestinianos) e Myanmar (44).

Só na região da Ásia-Pacífico há 254 jornalistas na prisão, à frente da Europa no seu conjunto, com 142, do Médio Oriente e do mundo árabe, com 102, de África, com 17, e da América Latina, com um.

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Comissão de utentes diz que “luta ainda não terminou” apesar de abolição de portagens na A22

  • Lusa
  • 31 Dezembro 2024

 Comissão apela a um buzinão nesta quarta-feira, para assinalar fim da cobrança de portagens aos utilizadores.

A Comissão de Utentes da Via do Infante disse hoje que após a abolição de portagens na autoestrada 22 (A22), em 01 de janeiro, a luta continuará pela remoção de pórticos, denúncia da parceria público-privada e manutenção do pavimento.

“Devemos continuar a lutar. A luta ainda não terminou. A Comissão de Utentes da Via do Infante [CUVI], a partir deste momento, vai continuar a exigir a desmontagem dos pórticos. Porque não sabemos se amanhã não teremos um outro governo que, alegando dificuldades para o país, seja tentado a colocar novamente as portagens”, afirmou aos jornalistas João Vasconcelos, porta-voz da Comissão de Utentes da Via do Infante (CUVI).

O representante da plataforma falava em conferência de imprensa realizada em Loulé, no distrito de Faro, junto à A22, para assinalar o fim das portagens nesta antiga Scut (via sem custos para o utilizador) a partir de 2025.

A comissão de utentes exige também “a divulgação e denúncia pública do contrato da PPP [parceria público-privada] da Via do Infante”, considerando “necessário que aquelas questões obscuras que são desconhecidas dos algarvios e do povo português sejam tornadas públicas e que o Governo não pague as manigâncias que deram muitos milhões [de euros] à concessionária”.

A plataforma continuará, por outro lado, “a exigir que a Via do Infante tenha um piso adequado” e que haja “uma manutenção adequada e rigorosa”, destacou João Vasconcelos, indicando que, no dia 11 de janeiro, a CUVI realizará um fórum em Loulé sobre estes três temas.

Já na quarta-feira, dia 01 de janeiro, para “celebrar o fim das portagens no Algarve”, a comissão de utentes apelou a um buzinão nas entradas e saídas da Via do Infante, às 10.00 e às 16.00.

A CUVI tenciona ainda mudar o nome para Comissão de Utentes da Via do Infante e da Estrada Nacional 125 (EN125), porque “há muito a fazer” pela EN125, nomeadamente a requalificação do piso no troço entre Olhão e Vila Real de Santo António.

João Vasconcelos sublinhou a luta de 14 anos da comissão de utentes, iniciada em 2010, um ano antes da introdução de portagens no Algarve, em 08 de dezembro de 2011.

“Foi uma luta interessante e que saiu vitoriosa, não obstante os prejuízos que causou ao Algarve. (…) Muitas mortes, muito sofrimento, muitas famílias destruídas, mas a conclusão que se tira no final é que vale a pena lutar e o Algarve está de parabéns”, referiu.

João Vasconcelos assumiu estar “ciente” de que só haverá abolição de portagens na A22, originada por uma iniciativa partidária do PS, “porque houve luta” e “pela dívida que alguns partidos têm para com o Algarve”, numa referência direta aos socialistas.

“Em 2020, foi aprovada uma resolução na Assembleia da República, que estipulava a eliminação de portagens na Via do Infante enquanto a EN125 não fosse requalificada. Se isso tivesse sido cumprido, seria muito difícil depois voltar a introduzir portagens e o PS nunca cumpriu, o Governo do PS, de António Costa, nunca cumpriu”, concluiu.

O Parlamento aprovou, em maio, o projeto-lei do Partido Socialista para o fim das portagens nas ex-Scut a partir de 01 janeiro de 2025. A proposta abrange as autoestradas do interior ou as vias onde não existam alternativas que permitam um uso com qualidade e segurança.

O projeto de lei passou com os votos a favor do PS, BE, PCP, Livre, Chega e PAN, e a abstenção da Iniciativa Liberal (IL). PSD e CDS votaram contra.

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