Economia a crescer sobre carris em áreas estratégicas e alívio no IVA para as famílias. A visão do PS para o país

O Estado deve ter "ambição" e apostar em setores que impulsionem o país como a construção de comboios. IVA zero em alimentos essenciais é amortecedor para eventual inflação gerada pelas tarifas.

“A primeira vez que disse que Portugal podia fazer comboios em Portugal disseram que era doido e Portugal está, neste momento, a fazer um comboio”. É esta a “ambição” que o líder do PS, Pedro Nuno Santos, quer imprimir no país para colocar a economia a crescer sobre carris em áreas estratégicas, defendeu esta terça-feira, durante a 9.ª edição da Fábrica 2030, uma conferência promovida pelo ECO no Centro Cultura de Belém em Lisboa, dedicada ao tema “A economia no dia seguinte às eleições”. Este é um dos pontos-chave do programa eleitoral com que o partido concorre às legislativas de 18 de maio.

Pedro Nuno Santos, Secretário-geral do PS, na chegada à conferência Fábrica 2030Hugo Amaral/ECO

Pedro Nuno Santos referia-se à agenda mobilizadora, que juntou a CP e empresas do privado para construir um comboio. “O Estado pode ser um parceiro económico e não um empecilho, não tem de ser um estorvo, pode ser um instrumento fundamental para o desenvolvimento económico. Acredito que podemos ter um país mais rico, saibam os governantes ter a estratégia certa para industrializar este país”, frisou.

E deu o exemplo do país vizinho: “Espanha, o único país no mundo que tem a mesma bitola que nós, a mesma distância entre eixos, tem dois fabricantes de comboios e, portanto, a Renfe — homóloga da CP — vai abandonando os seus comboios por razões boas, abandona os seus comboios antigos para poder comprar comboios às suas boas fábricas”. Enquanto Portugal, não tendo indústria nesta área, já teve de adquirir composições antigas, usadas a Espanha. “Fomos lá comprar 50 carruagens que estavam abandonadas e levei pancada, porque estávamos a comprar ferro velho aos espanhóis”, recordou Pedro Nuno Santos, quando era ministro das Infraestruturas.

Para o líder dos socialistas, Portugal tem “as competências industriais, tecnológicas, científicas” para “migrar” a sua indústria para esta área, tanto mais que se trata de “um setor em expansão“, assinalou. “No momento em que estamos de transição climática, todos os países desenvolvidos no mundo estão a expandir a sua rede ferroviária, todos estão a comprar comboios”, salientou.

Temos de ter a capacidade de dizer não. Há apoios para toda a gente e depois os apoios são pequenos e temos menos recursos que os nossos parceiros europeus.

Ao apostar em setores estratégicos para o desenvolvimento económico de Portugal, o secretário-geral do PS defende que o Estado não pode e não deve abrir os cordões à bolsa a todas os patrões que surjam de mão estendida: “Temos de ter a capacidade de dizer não. Há apoios para toda a gente e depois os apoios são pequenos e temos menos recursos que os nossos parceiros europeus”.

Pedro Nuno Santos prefere apostar numa política de apoios assente em benefícios fiscais dirigidos a empresas que reinvistam os lucros em investigação e desenvolvimento e em aumentos salariais. E deu o exemplo da Holanda, “uma economia liberal até”, que “selecionou 10 áreas tecnológicas”. “Grande parte do apoio público tem de seguir uma política seletiva. O país deve perceber onde tem vantagens. Devemos ter uma política de financiamento horizontal, mas o grosso do dinheiro público deve respeitar uma política seletiva”, frisou.

Por isso, mantém o braço de ferro em relação à descida transversal do IRC, uma das bandeiras do programa eleitoral da AD, coligação que junta PSD e CDS, para as legislativas de 18 de maio. Se há um ano deixou passar a redução de um ponto percentual da taxa estatutária, que caiu de 21% para 20%, agora não será certo que volte a repetir a cedência, caso Luís Montenegro vença as eleições sem uma maioria confortável e precise da ajuda dos socialistas.

O secretário-geral do PS lembrou que o país não tem das taxas efetivas mais elevadas. “As empresas que conseguem reinvestir em investigação e desenvolvimento, em capitalização conseguem uma taxa efetiva muito mais baixa”, anotou.

Por outro lado, destacou que “0,2% das empresas são responsáveis por 40% da receita de IRC”. “Quando reduzimos o IRC, para onde vai? Estamos a falar da banca, e ainda bem que tem lucro, o setor da distribuição, o setor energético, que é onde estão concentrados grande parte dos lucros”, afirmou.

Para o líder do PS, não adianta baixar o imposto sobre a banca porque, depois, “os bancos não vão baixar as taxas de juros às empresas, não vão aumentar os juros nos depósitos e só vão aumentar os salários dos trabalhadores se tiverem mesmo de aumentar”.

Pedro Nuno Santos, Secretário-geral do PS, na conferência Fábrica 2030Hugo Amaral/ECO

“Não é uma redução do IRC que vai pôr a economia a crescer de forma estonteante”

Para além disso, considera que “não é uma redução do IRC que vai pôr a economia a crescer de forma estonteante”, como defendem PSD e CDS. Os dois partidos projetam uma evolução do PIB que poderá avançar 3,2% no final da legislatura, suportada em grande medida na descida do imposto sobre as empresas, mas Pedro Nuno Santos tem outra visão.

Apesar de admitir que “uma taxa de crescimento 3% não é nada do outro mundo”, considera que, num “cenário mais realista” e face às previsões de todas as instituições que estão a rever o crescimento em baixa”, a AD não está a ser séria com os portugueses. “A AD fez o mesmo que fez há um ano. Se querem ser enganados uma segunda vez, podem ser enganados”, atirou.

Pedro Nuno Santos considera que o programa eleitoral do PS é mais prudente ao prever uma taxa de crescimento de cerca de 2% até 2029. “Vamos construir o este programa assente nessa previsão e só dá para 1.750 milhões de euros” de medidas”, sinalizou. “E o que faz a AD? Mete mais um ponto percentual para poder acrescentar mais medidas. É um truque”, criticou.

De lembrar que a AD estima gastar cerca de mil milhões de euros com a descida da taxa de IRC, de 20% para 17%, ao ritmo de um ponto percentual ao ano. Mais dois mil milhões com uma nova redução do IRS, o que dá uma fatura de três mil milhões de euros só com estas duas medidas. São mais 1.250 milhões de euros de despesa face ao pacote do PS.

IVA zero será amortecedor de uma onda inflacionista provada pela guerra comercial

Desta vez, o PS não aposta numa nova redução do IRS, como há um ano. A grande bandeira do programa eleitoral do PS passa por tornar permanente o IVA zero para um cabaz de bens alimentares essenciais, uma iniciativa que foi implementada, de forma temporária, entre abril e dezembro de 2023 pelo anterior Governo socialista, de António Costa, para mitigar o impacto da inflação. O custo da medida, proposta agora pelos socialistas, deverá custar cerca de 500 milhões de euros, a fatia mais pesada dos 1.750 milhões de euros de despesa prevista no programa com que o partido concorre às legislativas.

Temos a obrigação de tentar aliviar o custo de vida das nossas famílias. E, quando temos de fazer escolhas, a nossa foi ajudar as nossas famílias a pagar menos nos bens essenciais.

A medida tem sido criticada por ser cega, uma vez que beneficia ricos e pobres, mas Pedro Nuno Santos esclarece que “o IVA pesa mais em quem ganha menos do que em quem ganha mais”. “Quem tem mais dinheiro vai consumir mais arroz? A redução vai ter mais peso no trabalhador que ganha 1.000 euros do que aquele que ganha 10.000″, reforçou.

“Temos a obrigação de tentar aliviar o custo de vida das nossas famílias. E, quando temos de fazer escolhas, a nossa foi ajudar as nossas famílias a pagar menos nos bens essenciais”, designadamente quando se antecipa uma eventual nova onda inflacionistas provocada pela guerra comercial, sublinhou. Pedro Nuno Santos até citou um estudo do Banco de Portugal (BdP) que concluiu que o IVA zero temporário em outubro de 2023 foi repercutido no preço final para defender as virtualidades da medida.

O líder do PS teme mesmo que a polémica em torno do agravamento das tarifas aduaneiras dos EUA sobre os produtos europeus, incluindo os portugueses, poderá ser “a antecâmara de uma recessão“.

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Empresários defendem estabilidade para não parar investimento

Consultora Yunit admite que empresas estão a adiar investimentos à espera de maior clarificação política. Luís Febra diz que a imprevisibilidade está a afetar decisões estratégicas da Socem.

Há investimentos a serem suspensos à espera de maior clarificação “dentro de portas”. E empresas cujas decisões estão a ser afetadas por conta da instabilidade que se faz sentir no país – em cima da incerteza que paira sobre todo o mundo por conta da guerra comercial.

Temos sentido algum atrasar de decisões nesta fase do ano”, adiantou Bernardo Maciel, CEO da Yunit, durante a 9.ª edição da Fábrica 2030, uma conferência organizada pelo ECO no CCB em Lisboa.

“Até haver uma clarificação do que se passa dentro de portas, aguardam por uma estabilidade para a sua senda de investimento”, frisou o responsável da consultora de gestão especializada no apoio ao investimento e à capitalização das PME através de incentivos financeiros e fiscais.

No mesmo painel, Luís Febra, administrador do grupo Socem, revelou que a “imprevisibilidade” é talvez a palavra que “mais está a afetar a estratégia e tomada de decisão” da fabricante de moldes de injeção e peças plásticas para o setor automóvel.

“Já bastam as tarifas”, desabafou Bernardo Maciel, lamentando o facto de o impasse governativo estar a atrasar decisões importantes no que diz respeito a fundos comunitários — mais do que a incerteza relacionada com a guerra comercial.

“Estamos a negligenciar 23 ou 25 mil milhões de euros num quadro de fundos que vai a meio no prazo temporal”, afirmou.

O CEO da Yunit diz que não ajuda mudar as plataformas e equipas que tratam dos fundos comunitários e que instituições como a Aicep e o Iapmei devem ser “estáveis”, organizações com uma “lógica quase empresarial, para dar estabilidade a quem vai investir”.

Monte do Pasto lamenta falta de apoio à inovação

Mais do que a conjuntura de incerteza global, a presidente da Monte do Pasto lembrou as questões estruturais que afetam a vida de uma PME portuguesa que tem de inovar e internacionalizar-se se quiser crescer.

Clara Moura Guedes lamentou o facto de o setor primário estar excluído dos apoios à inovação, o que dificulta ainda mais a vida à maior exploração agro-pecuária de produção e engorda de bovinos em Portugal.

“Nós, Monte do Pasto, temos feito a nossa parte, mas somos uma PME com recursos limitados e por isso precisamos de vias verdes para levar a cabo os nossos objetivos“, explicou.

Tabaqueira apela a diálogo para atrair investimento

Já o responsável de Operações Comerciais da Tabaqueira, Paulo Pires, destacou que a maior concorrência vem das filiais do grupo Phillip Morris International em Espanha e de outros países e com as quais compete para atrair o investimento da casa-mãe.

Paulo Pires apelou ao debate com a indústria para que o setor – que tem de “ser uma voz ativa” — continue a captar investimento para o país.

Em Portugal, o grupo PMI já investiu mais de 400 milhões de euros na unidade de produção em Albarraque, e emprega cerca de 1500 pessoas (além dos 45 mil postos de trabalho indiretos). Tem centros de excelência no país, nomeadamente o IT Hub, onde estão cerca de 200 engenheiros informáticos.

“Quem cria mais valor deveria ter mais incentivos”

Clara Moura Guedes defendeu que num mercado limitado como o português uma empresa portuguesa deve ambicionar “acrescentar valor”. Uma ideia partilhada pelo administrador da Socem: “Devia haver uma discriminação positiva: quem mais valor cria, mais incentivos tem”. “Acontece ao contrário”, lamentou Luís Febra.

“É uma questão de pensamento estratégico para o país”, prosseguiu o gestor.

“Os bancos e as empresas devem ganhar muito dinheiro, as pessoas devem ganhar muito dinheiro. Esse deve ser o incentivo, em vez de estarmos sempre a falar do salário mínimo“, argumentou.

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Banco de Portugal recuperou 587 mil notas estragadas e devolveu 12,4 milhões em 2024

  • Lusa
  • 22 Abril 2025

Para que uma nota de euro possa ser valorizada, mais de 50% da superfície da nota tem de poder ser reconstituída, para ser possível garantir a sua autenticidade.

O Banco de Portugal (BdP) recuperou 587 mil notas degradadas em 2024 e restituiu 12,4 milhões de euros aos cidadãos proprietários dessas notas, segundo o Relatório de Emissão Monetária de 2024. O BdP tem um serviço responsável por valorizar notas e moedas degradadas (por exemplo, em fogos, inundações ou por terem estado enterradas). Após a valorização, é entregue aos detentores um valor.

Segundo o Banco de Portugal, em 2024, foram valorizadas manualmente 587.489 notas e devolvidos, a quem as apresentou, 12,4 milhões de euros. A maioria apresentava “dobras, rasgões ou defeitos resultantes da ação do fogo, humidade ou outros elementos”. O banco central valorizou ainda 277.592 moedas e o reembolso atingiu 60,6 mil euros.

Qualquer cidadão que tenha notas destruídas ou mutiladas (estragadas por humidade, queimadas, comidas por animais, entre outros motivos) pode enviá-las para o Banco de Portugal para que sejam valorizadas. Para que uma nota de euro possa ser valorizada, mais de 50% da superfície da nota tem de poder ser reconstituída, para ser possível garantir a sua autenticidade pelos elementos de segurança (no caso das notas de escudo eram 75%).

Se for possível valorizar a nota degradada, esta é destruída e é dado aos cidadãos o montante equivalente. Já se as notas forem irreconhecíveis, são dadas como perdidas, destruídas e o proprietário não recebe qualquer compensação. Todos os casos de notas destruídas que chegam ao Banco de Portugal são declarados à Justiça para prevenir eventuais crimes.

Quando foi a crise bancária de 2008 e houve receio do colapso dos bancos e de perda de poupanças, muitas pessoas levantaram dinheiro e guardaram em casa. Uns anos depois, foram buscar as notas guardadas e perceberam que estavam destruídas. Em 2022, na ilha de São Jorge (Açores), o receio de que a erupção vulcânica destruísse as habitações levou a que muitas pessoas fossem buscar dinheiro guardado em casa para depositarem no banco. Então, perceberam o estado das notas e muitas recorreram ao Banco de Portugal para as valorizar.

Também são valorizadas notas tintadas, por exemplo, por disparos acidentais nas caixas automáticas de distribuição de notas (vulgo multibanco) ou nas malas de transporte de dinheiro. As moedas, apesar de serem muito mais resistentes, também são valorizadas. Também é preciso atestar a sua genuinidade e se o dano não foi intencional.

Ainda segundo o Relatório de Emissão Monetária, em 2024, o Banco de Portugal controlou a genuinidade e a qualidade de 405 milhões de notas e de 90 milhões de moedas, identificando 104 milhões de notas e 485 mil moedas impróprias para circular. O Banco de Portugal produziu, em 2024, 165,5 milhões de notas de 20 euros através da sua empresa Valora.

Quanto à emissão líquida de notas em Portugal (a diferença entre todas as notas saídas e todas as notas entradas), no final de 2024, atingiu o valor negativo de 28,8 mil milhões de euros, acima do valor negativo de 2023. Em 2024, saíram do Banco de Portugal 5.649 milhões de euros em notas e entraram 9.740 milhões de euros.

O banco central justifica a emissão líquida negativa de notas com a alteração das regras das operações de tesouraria do Banco de Portugal, pois “favoreceu a troca de notas entre instituições de crédito e empresas de transportes de valores”. Ainda assim, acrescenta, o impacto desta medida no volume de notas entradas foi atenuado pelo crescimento do turismo, que leva à acumulação de notas no banco central.

Já a emissão líquida de moedas voltou a crescer em 2024. Saíram do banco central 66,5 milhões de euros em moedas e entraram 38,9 milhões.

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Sistema Andante fica disponível na Linha do Vouga a partir de 1 de maio

  • Lusa
  • 22 Abril 2025

A introdução do Andante nos concelhos da Linha do Vouga que fazem parte da Área Metropolitana do Porto põe fim a uma discriminação entre cidadãos no acesso aos transportes dentro da área geográfica.

O sistema de bilhética Andante vai ficar disponível na Linha do Vouga, entre Espinho-Vouga e Pinheiro da Bemposta (Oliveira de Azeméis), a partir de 1 de maio, anunciaram a Transportes Metropolitanos do Porto (TMP) e a CP.

De acordo com um comunicado no site do Andante, sistema gerido pela TMP, “a partir de 1 de maio, a integração da Linha do Vouga no Andante vai permitir viagens mais simples e económicas reduzindo a dependência do transporte individual e assegurando o acesso a outros modos de transporte com o mesmo bilhete”.

No comunicado, é referido que “nas estações CP inseridas na Linha do Vouga não haverá máquinas de venda automática nem validadores, pelo que a validação de títulos de transporte Andante, para quem entra nestas estações, é feita a bordo pelos revisores”. Já a CP refere que “a partir de dia 01 de maio de 2025 já pode utilizar os títulos Andante na Linha do Vouga entre as estações de Espinho (Vouga) e Pinheiro da Bemposta (Oliveira de Azeméis)”, incluindo bilhetes ocasionais ou passes.

Entre Oliveira de Azeméis e Pinheiro da Bemposta (e, já fora da AMP, até Sernada do Vouga) o serviço é efetuado atualmente por táxi, estando o troço sem serviço comercial desde 2013 e atualmente em obras, com vista à reposição da circulação integral em toda a Linha do Vouga, entre Espinho e Aveiro.

A introdução do Andante nos concelhos da Linha do Vouga que fazem parte da Área Metropolitana do Porto (AMP) (Espinho, Santa Maria da Feira, São João da Madeira e Oliveira de Azeméis) põe fim a uma discriminação entre cidadãos no acesso aos transportes dentro desta área geográfica.

A ausência do Andante na Linha do Vouga impedia, por exemplo, os passageiros frequentes de utilizarem o passe Andante metropolitano no comboio, com o respetivo acréscimo de custos (60 euros de dois passes em vez de 40 do passe único), para chegarem ao Porto, criando uma situação de tratamento desigual face aos restantes utilizadores de transportes públicos dentro da AMP.

O percurso abrange as paragens de Espinho-Vouga, Silvalde-Vouga, Monte de Paramos, Lapa, Sampaio-Oleiros, Paços de Brandão, Rio Meão, São João de Ver, Cavaco, Sanfins, Vila da Feira, Escapães, Arrifana, São João da Madeira, Faria, Couto de Cucujães, Santiago de Riba-Ul, Oliveira de Azeméis, Ul, Travanca, Figueiredo e Pinheiro da Bemposta.

A TMP recorda que, “para além da rede Unir que opera nestes territórios e assegura ligação a diversas estações, a CP é o operador de referência para o percurso entre Oliveira de Azeméis e Espinho”.

O trajeto entre Oliveira de Azeméis e Espinho é feito durante mais de uma hora e a estação de Espinho-Vouga fica a cerca de 500 metros da estação de Espinho da Linha do Norte, servida pelos urbanos da CP com ligações ao Porto e a Aveiro, bem como aos comboios de longo curso.

A inserção do Andante na Linha do Vouga é apontada pelo menos desde 2012. Ao longo dos últimos dois anos, a Lusa vinha questionando quer a AMP quer a CP quer os Transportes Intermodais do Porto (antigos gestores do sistema Andante) sobre o tema, mas as entidades ainda não tinham conseguido chegar a uma solução para a implementação do sistema.

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Paez desafia alunos de Belas-Artes a criar padrões para a sua coleção de verão

  • + M
  • 22 Abril 2025

Os dois alunos vencedores recebem um prémio monetário de 750 euros e 4% de royalties das vendas (sem IVA) das suas criações.

A Paez uniu-se à Faculdade de Belas-Artes de Lisboa (FBAL), lançando um desafio dirigido a todos os estudantes da instituição: criar dois padrões para a coleção de verão, passando a fazer parte da comunidade de colaborações e cocriação da marca de calçado.

As propostas, individuais, de padrão de nome conceptual podem ser apresentadas até ao dia 4 de maio. Um júri composto por membros da Paez e FBAL fará uma seleção das 10 melhores criações até ao dia 6 de maio, anunciando, no dia 12 de maio, os dois vencedores que poderão ver as suas Paez de assinatura nas lojas e rede da marca.

Os dois alunos vencedores recebem um prémio monetário de 750 euros e 4% de royalties das vendas (sem IVA) das suas criações. A iniciativa, que arranca assim numa segunda edição, representa “o compromisso da Paez com a criatividade, a inovação e o talento emergente“, refere a marca em nota de imprensa.

“Mais do que um concurso, esta parceria representa o nosso compromisso em apoiar os talentos emergentes que moldam a cultura portuguesa do futuro. Num momento em que é essencial valorizar a criatividade e a juventude e abrir espaço para novas formas de expressão, acreditamos que iniciativas como esta reforçam não só a nossa ligação à arte, mas também a nossa capacidade de nos mantermos atentos às necessidades dos nossos stakeholders e às tendências que definem o presente e o futuro. Queremos continuar a inspirar e a ser inspirados por uma nova geração de artistas”, diz Luís Gaivão, diretor de marketing e comunicação da Paez, citado em comunicado.

Já António de Sousa Dias, presidente da FBAUL, refere que esta colaboração “constitui uma oportunidade estimulante para os estudantes explorarem o design como prática artística situada num contexto real“.

“Através deste desafio, é-lhes dada a possibilidade de desenvolver propostas autorais com impacto público, em diálogo com uma marca de referência. A forte adesão à edição anterior revelou a qualidade do trabalho produzido na Faculdade e a vitalidade da sua comunidade estudantil. Acreditamos que esta nova edição voltará a afirmar a diversidade e o rigor que distinguem a criação artística desenvolvida entre nós. Parcerias como esta reforçam a missão da Faculdade, promovendo experiências formativas relevantes e aproximando a prática artística dos circuitos da indústria criativa“, acrescenta.

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Duas aldeias evacuadas a cerca de 70km de Moscovo após explosão

  • Lusa
  • 22 Abril 2025

As causas da explosão ainda não são conhecidas. Mas as duas aldeias estão a ser evacuadas.

As autoridades russas ordenaram esta terça-feira a evacuação de duas aldeias a cerca de 70 quilómetros a nordeste de Moscovo, devido a uma forte explosão, cujas causas ainda não são conhecidas.

Todos os habitantes de Barsovo estão a ser retirados para as escolas n.º 6 e n.º 7 da aldeia de Krasny Oktiabr, no distrito de Kirzhach”, disseram as autoridades locais, segundo a agência oficial de notícias TASS, que também anunciou a retirada dos habitantes de Mirnoe.

O governador da região de Vladimir, Alexandr Avdeyev, escreveu na plataforma Telegram que “os serviços responsáveis estão a trabalhar no local” e remeteu para mais tarde pormenores sobre o que aconteceu.

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Espanhola Adapta Capital compra posição maioritária na portuguesa Irmarfer

Empresa de Freamunde, especializada em palcos e tendas para eventos como a F1 e fatura 25 milhões ao ano, recebeu um investimento da private equity madrilena.

O grupo de Paços de Ferreira que constrói palcos e tendas para eventos como o Rock in Rio e a Fórmula 1 tem um novo acionista maioritário, a sociedade de private equity espanhola Adapta Capital. Os investidores da firma com sede em Madrid compraram uma participação superior a 50% na Irmarfer, especializada em engenharia, fabrico e instalação de estruturas temporárias.

O objetivo da Adapta Capital é consolidar a posição de liderança da Irmarfer em Espanha – um dos seus principais mercados – e acelerar o crescimento internacional, onde se tem destacado em feiras e exposições empresariais, no entretenimento e também na construção de hangares e armazéns temporários para o setor automóvel.

Tal como aconteceu aquando da entrada da Crest Capital Partners na estrutura acionista da Irmarfer, a gestão mantém-se nas mãos do atual líder da empresa, Afonso Barros. “Com o apoio da Adapta Capital, o nosso principal objetivo este ano é avançar na internacionalização do grupo Irmarfer, reforçando sobretudo a nossa presença no mercado espanhol”, afirmou o CEO, em comunicado enviado ao ECO.

“Ao mesmo tempo, começaremos a comercializar os nossos produtos em novos países para escalar o nosso crescimento”, explicou, adiantando que a empresa vai utilizar esta nova capacidade de investimento para fazer aquisições, desenvolver mais produtos nesta indústria das estruturas e procurar outras geografias para trabalhar, além dos atuais 15 países, entre os quais Estados Unidos, Austrália, África do Sul ou Arábia Saudita.

“A incorporação da Adapta Capital como parceira permitirá ao grupo Irmarfer expandir a sua oferta de produtos, impulsionar o seu crescimento através da aquisição de outras empresas concorrentes e explorar novas oportunidades noutros mercados internacionais”, lê-se na mesma nota.

A transação foi assessorada pela sociedade de advogados Pérez-Llorca e a consultora EY do lado do comprador, enquanto a CMS apoiou os vendedores – o fundo português Crest e a família fundadora – e a Morais Leitão esteve ao lado das instituições financeiras.

Empresa de Freamunde emprega 250 pessoas

Sediada na cidade nortenha de Freamunde, em Paços de Ferreira, desde 1998, a Irmarfer foi criada – como o próprio nome indica – por cinco irmãos de apelido Ferreira e tem uma faturação anual de cerca de 25 milhões de euros.

Atualmente, emprega 250 trabalhadores, exporta aproximadamente metade da sua produção e tem palcos, tendas e/ou outras estruturas temporárias em eventos internacionais como F1, Jogos Olímpicos, Rock in Rio, Louis Vuitton America’s Cup, Starlite, Copa Davis, Super Bowl e Liga dos Campeões.

A Irmarfer reconhece que o ponto de inflexão na empresa foi a instalação da maioria das infraestruturas necessárias para a organização dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016.

A Adapta Capital investe em empresas na Península Ibérica e tem no portefólio os centros de estética Elha Laser Center e a fabricante de portas Proma.

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Sabseg lança ferramenta digital que calcula pegada de carbono individual

  • ECO Seguros
  • 22 Abril 2025

Após preencher o questionário, o utilizador recebe um diagnóstico detalhado da sua pegada ecológica, uma comparação com a média nacional e global, e sugestões práticas para reduzir o seu impacto.

A Sabseg anunciou esta terça-feira o lançamento de uma ferramenta digital gratuita que permite calcular a pegada de carbono individual. A ferramenta foi desenvolvida em parceria com a Get2C.

Rui Romeiro, Diretor Geral de Marketing e Comunicação da SABSEG: “Ao disponibilizarmos esta ferramenta de utilização muito intuitiva, estamos a dar o nosso contributo para incentivar uma reflexão coletiva sobre as nossas decisões quotidianas e o seu impacto a longo prazo”

Segundo o comunicado da corretora, a iniciativa “reforça o compromisso estratégico da Sabseg em contribuir para um futuro mais sustentável e consciente” em linha com o Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, especialmente com o ODS 13 – Ação Climática, demonstrando o seu papel ativo e responsável na promoção da sustentabilidade e proteção ambiental.

A nova ferramenta, disponível no site da corretora, proporciona uma “experiência interativa e pedagógica” através de um questionário que abrange quatro áreas, nomeadamente, transportes, alimentação, energia e resíduos. Após o preenchimento do questionário, os utilizadores recebem um diagnóstico detalhado da sua pegada ecológica, uma comparação com a média nacional e global, e sugestões práticas para reduzir o seu impacto.

“No nosso papel, enquanto corretor de seguros líder em Portugal, temos a responsabilidade de antecipar riscos, protegendo pessoas e organizações. Hoje, um dos riscos mais críticos é o ambiental. Com esta ferramenta, damos um passo claro e concreto no sentido de mobilizar cidadãos e empresas para práticas mais responsáveis, contribuindo para a prevenção e redução dos riscos ambientais que já enfrentamos” afirma Carlos Martins, chief operating officer da Sabseg.

A plataforma está disponível em duas versões: uma para os particulares e outra para as empresas de forma a “responder às necessidades de diferentes públicos”.

A versão para os particulares permite ao público em geral calcular a sua pegada ecológica “e receber recomendações práticas e personalizadas sobre como reduzir o seu impacto ambiental”.

Já a outra versão é destinada ao tecido empresarial e “pode servir como referência para ações internas e externas de sustentabilidade, programas ESG e campanhas de sensibilização ambiental corporativa. Desta forma, as organizações podem incentivar os seus colaboradores e parceiros a adotarem, no seu dia a dia, práticas mais sustentáveis e conscientes”, lê-se no comunicado.

“Mais do que proteger bens e património, a nossa visão passa por criar valor partilhado e sustentável. Ao disponibilizarmos esta ferramenta de utilização muito intuitiva, estamos a dar o nosso contributo para incentivar uma reflexão coletiva sobre as nossas decisões quotidianas e o seu impacto a longo prazo” sublinha Rui Romeiro, diretor-geral de marketing e comunicação da SABSEG.

A corretora tem vindo a investir em ferramentas digitais que podem ser utilizadas pelo público disponíveis no site. Este ano lançou uma ferramenta que identifica os principais riscos que as empresas enfrentam e, antes, um novo assistente virtual .

A Sabseg é uma das maiores corretoras de seguros a nível nacional com um volume de negócios superior a 42 milhões de euros em 2023, valor 15% superior ao registado no ano anterior.

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“Mais do que tarifas de Trump”, metalúrgicas estão preocupadas com resposta da União Europeia

Representantes dos setores da metalurgia, tecnologia e vestuário demonstraram esta terça-feira a sua preocupação com a guerra comercial e defenderam uma redução da carga fiscal sobre as empresas.

Empresários representantes dos setores da metalurgia, tecnologia (centros de dados) e vestuário demonstraram esta terça-feira a sua preocupação com a guerra comercial e defenderam uma redução dos custos do trabalho e da carga fiscal sobre as empresas para estimular o investimento e a produtividade.

O vice-presidente executivo da AIMMAP – Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal mostrou-se especialmente temeroso em relação à resposta da União Europeia (UE) à subida das taxas alfandegárias dos Estados Unidos (UE) às importações. “Mais do que preocupados com as tarifas de Trump, estamos preocupados com as tarifas da UE”, referiu Rafael Campos Pereira, numa intervenção durante a 8.ª edição da Fábrica 2030, uma conferência organizada pelo ECO no CCB – Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

A declaração surge num momento em que decorre a suspensão de 90 dias das tarifas retaliatórias aos produtos dos Estados Unidos por parte de Bruxelas, após a Casa Branca ter anunciado uma pausa temporária nas tarifas. Para o dirigente da AIMMAP, as tarifas anunciadas por Donald Trump são uma “grande preocupação”, mas também a concorrência que virá da China, que “vai precisar de fazer escoar os seus produtos e inundar a Europa”.

Rafael Campos Pereira, Vice-Presidente Executivo da AIMMAP, na conferência Fábrica 2030Hugo Amaral/ECO

Rafael Campos Pereira considera que a atenção também deve estar virada para a segunda maior economia do mundo, até porque “a Europa está muito preocupada com impor tarifas à importação de matérias-primas, mas ao mesmo tempo não há tarifas aos produtos transformados”. “Ou seja, não protege os transformadores de aço e alumínio”, explicou o também vice-presidente do Conselho Geral da CIP – Confederação Empresarial de Portugal e conselheiro do CES – Conselho Económico e Social, numa referência aos setores do automóvel, ferrovia e aeronáutica.

Por sua vez, o presidente da Anivec – Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confeção e CEO da Calvelex admitiu que as empresas do setor têxtil estão “muito apreensivas” com esta política protecionista da administração Trump e espera que a UE consiga negociar com a contraparte norte-americana no sentido de obter um desfecho positivo.

César Araújo, Presidente da Anivec, na conferência Fábrica 2030Hugo Amaral/ECO

“Já tínhamos taxas aduaneiras de 17%. Agora com tarifas [recíprocas] de 10%, temos 27%. O cliente não consegue refletir as tarifas no consumidor final. E, se forem à falência, deixamos de ter encomendas”, lamentou César Araújo. Na sua opinião, Bruxelas não deve entrar já em retaliação. Porém, “se em 90 dias os EUA insistirem nisso, não nos devemos pôr de joelhos”. Face à avalanche de produtos têxteis chineses que se antecipa, a UE tem de estar atenta “e regular as entradas para não colapsar a economia europeia”, defendeu o presidente da Anivec.

O presidente da Portugal DC – Associação Portuguesa de Centro de Dados revelou que está a encetar esforços para reverter a decisão dos Estados Unidos de colocarem Portugal entre os países com restrições aos chips norte-americanos.

“Estamos a tentar reverter esta classificação de Portugal como país Tier 2. Já estivemos em reuniões com o Ministério da Economia e em breve teremos com a embaixada dos Estados Unidos. Há países que passaram a situação on hold“, disse Luís Pedro Duarte.

“Já tinha sido anunciado pelos EUA, antes das tarifas, a classificação do mundo em três Tiers sobre quem tem acesso ao fabricante norte-americano de chips Nvidia. Portugal foi dos poucos países da Europa com a classificação 2. Tem efeitos nefastos para o investimento“, explicou o especialista em data centers.

Luís Pedro Duarte, Portugal DC, na conferência Fábrica 2030Hugo Amaral/ECO

Luís Pedro Duarte esclareceu que, enquanto Portugal não sair “desta zona cinzenta, ficará “para trás”, o que é prejudicial, até porque existem recursos nacionais de valor para este setor, nomeadamente a localização estratégica através dos cabos submarinos, que ligam o país a todos os continentes.

“Não é por ter fundos americanos que deixam de ser travados por esta restrição”, alertou o líder da Portugal DC, numa referência indireta à Start Campus, que tem em mãos um investimento de milhares de milhões em Sines com capital da Davidson Kempner.

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António Mota deixa vice-presidência da Mota-Engil. Conselho de administração reduzido para 15 membros

Renúncia do histórico empresário, que assumiu a presidência da Mota-Engil entre 1995 e 2023, apresentada esta terça-feira. Quatro vogais estão também de saída, entrando apenas o chinês Li Guangming.

8ª edição da conferência anual do ECO "Fábrica 2030"
Carlos Mota Santos e António MotaHugo Amaral/ECO

António Mota vai deixar o cargo de vice-presidente do conselho de administração da Mota-Engil. A informação consta de um comunicado da construtora enviado esta terça-feira à CMVM relativo à convocatória para a assembleia-geral de acionistas, agendada para 15 de maio.

A renúncia do histórico empresário nortenho, que assumiu a presidência da Mota-Engil entre 1995 e janeiro de 2023, quando entregou a liderança ao sobrinho Carlos Mota Santos, foi apresentada esta terça-feira numa carta dirigida ao presidente do conselho de administração.

Além de António Mota, estão igualmente de saída dos cargos de vogais Ana Paulo Sá Ribeiro, Vai Tac Leong, Feng Tian e João Pedro Parreira. Em sentido contrário, os acionistas vão votar no próximo mês a entrada do chinês Li Guangming na administração para o mandato em curso, que termina em 2026.

Com formação em Contabilidade/Engenharia no departamento de Finanças e Economia do Changsha Jiaotong College e um mestrado em Engenharia de Transportes na Universidade de Hohai, a empresa destaca no percurso profissional de Li Guangming a direção-geral do departamento financeiro da CCCC Malaysia East Coast Railway Project.

Há um ano, o board tinha sido alargado de 17 para 19 elementos, com a entrada da advogada ruandesa Clare Akamanzi e de Guangsheng Peng, chairman e presidente da CCCC Overseas Treasury Management. Agora, com estas cinco saídas e apenas uma entrada, baixa para 15 o número de administradores até ao final do mandato.

Com estas mudanças a meio do mandato, o board passa a ter apenas dois vice-presidentes: Gonçalo Moura Martins (ex-CEO) e Jingchun Wang. No lote de vogais destacam-se nomes como os de Manuel Mota e José Carlos Nogueira, assim como dos independentes Francisco Seixas da Costa, Isabel Vaz, Sofia Salgado Cerveira Pinto e Paulo Portas.

Em 2024, a Mota-Engil registou o melhor resultado de sempre. O lucro da construtora subiu para 123 milhões de euros, mais 8% do que no ano anterior, e levou a empresa a rever em alta os objetivos para os próximos cinco anos. O conselho de administração propõe um dividendo de 0,1497 euros por ação.

“Derrota monumental” por não ter obra em Espanha

António Manuel Queirós Vasconcelos da Mota nasceu em 1954 em Amarante, em criança sonhava ser bombeiro, polícia e engenheiro, mas acabou por tornar-se empresário. Licenciou-se em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e iniciou a sua carreira em 1976 como estagiário na Mota & Companhia, exercendo atividade em diversas direções operacionais da empresa.

Em 1981 assumiu a direção geral da Mota & Companhia e em 1995 sucedeu ao pai ao assumir a presidência da empresa fundada em 1946. António Mota foi considerado o líder e promotor de uma estratégia de internacionalização que elevou a Mota-Engil a tornar-se uma das 25 maiores construtoras europeias.

Após a fusão dos grupos Mota e Engil, no ano de 2000, assumiu a presidência da Mota-Engil SGPS, cargo que exerceu até janeiro de 2023. Em dezembro, António Mota foi distinguido com o prémio Lifetime Achievement na conferência Fábrica 2030. O galardão, entregue pelo ECO, pretende distinguir os empresários que assumem riscos, criam valor e contribuem para o crescimento económico e prosperidade do país.

Nessa altura, confessou ter “uma derrota monumental na vida”, que foi “nunca [ter] conseguido entrar” em Espanha. “Na construção, trabalhamos na África toda, mas nunca estivemos em Espanha. (…) Temos de arranjar forma de irmos para lá ou eles não virem para cá”, referiu o empresário, no discurso proferido na Alfândega do Porto.

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FMI prevê excedente de 0,5% do PIB este ano. Governo diz que mostra “solidez da trajetória orçamental”

Fundo prevê que Portugal alcance um excedente orçamental de 0,5% do PIB este ano e de 0,1% em 2026. Um cenário que o Ministério das Finanças considera que mostra "a solidez da trajetória orçamental".

O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que Portugal alcance um excedente orçamental de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano e de 0,1% em 2026, de acordo com a base de dados subjacente às previsões económicas de primavera e atualizada esta terça-feira. Um cenário que o Ministério das Finanças considera que mostra “a solidez da trajetória orçamental”.

A instituição liderada por Kristalina Georgieva publica na quarta-feira o relatório de análise orçamental, mas a base de dados já indica que o Fundo estima também a continuação da redução do rácio da dívida pública face ao PIB.

O Ministério das Finanças destaca que a projeção do excedente previsto pelo FMI para este ano é “superior ao saldo orçamental de 0,3% do PIB previsto pelo Governo no Plano Orçamental de Médio Prazo”, que é também o que a AD – Coligação PSD/CDS utiliza no seu cenário macroeconómico e orçamental. Para 2026, o excedente está em linha com o projetado pelo Terreiro do Paço.

A previsão do FMI surge numa altura em que o Governo tem sido questionado sobre as previsões para o saldo orçamental do próximo ano. O Conselho das Finanças Públicas e o Banco de Portugal apontam para um défice de 1% do PIB em 2026, com a instituição liderada por Mário Centeno já estima um défice de 0,1% este ano.

“O FMI projeta assim que as contas públicas manterão um ligeiro excedente orçamental, sendo que entre 2027 e 2030 a previsão é de um superávite de 0,1% PIB. Este resultado decorre sobretudo da redução da despesa pública em percentagem do PIB a partir de 2026, terminado que estará o efeito do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência]”, destaca o Ministério tutelado por Joaquim Miranda Sarmento em comunicado divulgado esta tarde.

O Ministério realça que o cenário do FMI para Portugal surge face às projeções de “agravamento dos défices em diversos países
europeus, nomeadamente na Zona Euro”.

A instituição de Bretton Woods prevê ainda que o rácio da dívida pública se reduza de 94,9% registada em 2024 para 92%do PIB em 2025, voltando a cair para 88% em 2026 e aproximando-se de 75% no final da década.

Para as Finanças, as “previsões mostram a solidez da trajetória orçamental, de manutenção do equilíbrio orçamental (nominal e estrutural) e da continuada redução da dívida pública”.

Na atualização das previsões económicas, o FMI cortou o crescimento da economia portuguesa para 2% este ano e 1,7% em 2026, menos três décimas face ao relatório de outubro. O maior pessimismo é transversal à economia mundial e à Zona Euro, refletindo o impacto da elevada incerteza provocada pela guerra comercial.

(Notícia atualizada às 16h09)

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Senhorios com rendas antigas esperam mais de sete meses por compensação, critica Provedoria da Justiça

  • Lusa
  • 22 Abril 2025

A Provedoria da Justiça alerta que os pagamentos das compensações tem “um atraso que ascendia, em fevereiro de 2025, a mais de sete meses”, quando a lei aponta para 30 dias.

A Provedoria de Justiça alertou esta terça-feira para falhas no regime de compensação aos senhorios com contratos anteriores a 1990, como pagamentos com atraso superior a sete meses, e pediu ao Governo celeridade na sua correção.

“No que se refere ao acesso à compensação e morosidade no respetivo pagamento, foram identificadas quer falhas de conceção quer problemas no tratamento digital”, lê-se num ofício enviado pela Provedoria de Justiça à secretária de Estado da Habitação, Patrícia Gonçalves Costa, enviado também à comunicação social.

No texto assinado pela provedora-adjunta, Estrela Chaby, a entidade alerta que têm vindo a ser efetuados pagamentos das compensações com “um atraso que ascendia, em fevereiro de 2025, a mais de sete meses”, sendo que, de acordo com a lei, o prazo de decisão é de 30 dias a contar da data da receção do pedido.

Entre as principais preocupações identificadas a partir de queixas, que a Provedoria de Justiça diz ter vindo a receber “num número crescente”, estão também as dificuldades de acesso a este regime, a natureza exclusivamente digital do procedimento, a ausência de canais eficazes de apoio aos candidatos e a inexistência de previsão legal para o pagamento de juros indemnizatórios pela demora no processamento das compensações.

“A Provedoria alerta para o facto de o acesso exclusivamente digital não decorrer da lei e constituir uma barreira real ao apoio, sobretudo para os senhorios mais idosos e com menores competências digitais”, destacou.

Assim, a entidade solicitou à secretária de Estado da Habitação uma intervenção célere que permita corrigir as falhas detetadas e propôs, em concreto, a criação urgente de alternativas ao acesso exclusivamente digital e a introdução de uma norma que garanta o pagamento de juros nos casos em que o Estado não cumpra os prazos legais por si estabelecidos.

No âmbito da apreciação, na especialidade, da proposta de Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), em novembro, o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, disse que o processo de atribuição de um apoio aos senhorios com rendas antigas ia ser alterado para o agilizar, considerando que o modelo em vigor era “dantesco e moroso”.

Segundo o ministro, até então tinham sido submetidas ao Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) cerca de quatro mil candidaturas, um número “risível” face às cerca de 120 mil rendas antigas. O ministro referiu ainda os cerca de 21 mil senhorios que pediram o comprovativo que permite atestar que se trata de um contrato antigo junto da AT “o que mostra que o processo afunila na AT”, equacionando-se, por isso, a eliminação deste comprovativo, até porque há outras formas de perceber se o contrato é anterior a 1990.

No ofício, a Provedoria de Justiça apontou que “não houve auscultação das entidades envolvidas – neste caso, o IHRU e a AT – previamente à aprovação da lei, designadamente para aquilatar da suficiência e adequação dos recursos existentes para a tarefa prevista”. A atribuição de uma compensação aos senhorios com rendas anteriores a 1990 e que não transitaram para o Novo Regime do Arrendamento Urbano está enquadrada no decreto-lei que entrou em vigor no final do ano passado.

As candidaturas a esta compensação arrancaram no início de julho – devendo as mesmas ser feitas no portal da Habitação -, tendo de ser acompanhadas de vários documentos, nomeadamente comprovativos do registo do contrato de arrendamento junto da Autoridade Tributária e Aduaneira, do pedido de isenção do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) – cujo pedido é feito no Portal das Finanças -, do recibo de rendas eletrónico ou do Modelo 44 (para que não passa recibos eletrónicos) e ainda da caderneta predial urbana que ateste o VPT à data de 28 de dezembro de 2023.

O apoio aos senhorios corresponde a uma compensação equivalente à diferença entre o valor da renda e 1/15 do valor patrimonial tributário (VPT) da casa.

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