O desporto, um aliado na luta contra a solidão indesejada que se intensifica no verão entre os idosos

  • Servimedia
  • 3 Julho 2025

Os especialistas concordam que as interações sociais de qualidade são essenciais para a saúde física, mental e emocional dos idosos.

Em Espanha, mais de dois milhões de pessoas com mais de 65 anos vivem sozinhas e cerca de 55% delas não têm companhia regular. De acordo com os últimos dados do Instituto do Idoso e dos Serviços Sociais (Imserso), 11,4% deste grupo reconhece que se sente particularmente triste durante os meses de verão.

Precisamente por esta razão, a atividade física em grupo é um dos instrumentos mais eficazes para combater o isolamento e promover a saúde geral deste grupo, especialmente durante os meses do ano em que o sentimento de solidão se intensifica.

O calor extremo, a redução das atividades comunitárias e a ausência temporária de familiares e amigos durante o verão agravam uma situação que vai muito além da esfera emocional. A solidão prolongada na velhice não só afeta o humor e a autoestima, reduzindo o interesse em interagir e socializar, como também está associada a um risco acrescido de doença, deficiência cognitiva, depressão e ansiedade.

Como refere Alfonso Arroyo, vice-presidente da GO fit, “os nossos centros desempenham um papel fundamental, não só como espaços de exercício físico, mas também como ambientes sociais que combatem a solidão e reforçam a convivência e o sentido de comunidade”. De facto, há anos que a GO fit trabalha com um modelo que entende o exercício como parte de uma experiência mais ampla, na qual se fomenta a criação de laços, a manutenção de atividades saudáveis e o sentimento de estar acompanhado dentro de uma comunidade.

Várias associações também intensificam o seu trabalho durante o verão para nos lembrarem da importância de não esquecermos os nossos idosos. A Fundação Amigos dos Idosos, por exemplo, lançou uma nova edição da sua campanha de solidariedade verão da Dominga, centrada na angariação de fundos para programas que acompanham e apoiam os idosos que sofrem de solidão indesejada. Por seu lado, a Fundación Grandes Amigos lançou vários vídeos em que os idosos falam sobre o que o verão significa para eles.

Para além destas iniciativas, são promovidas várias recomendações para mitigar a solidão, como manter uma rotina de chamadas ou videochamadas com familiares e amigos; incentivar atividades que mantenham a mente ativa e reforcem um sentido de propósito, como escrever cartas ou diários, cuidar de plantas e participar em jogos de tabuleiro.

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Auditores alertam para o facto de que haverá retrocessos a nível da equidade, do quadro laboral e das alterações climáticas sem normas adequadas de informação sobre sustentabilidade

  • Servimedia
  • 3 Julho 2025

"Col-legi de Censors Jurats de Comptes de Catalunya" manifesta o seu empenhamento na sustentabilidade e afirma que a divulgação de informações não financeiras das empresas é do interesse público.

O setor da auditoria está preocupado com a mudança de rumo que a UE pode tomar com o pacote legislativo Omnibus, que afetará o âmbito de aplicação da CSRD (Corporate Sustainability Reporting Directive) e que fará com que 99% das empresas não sejam obrigadas a comunicar as suas práticas sustentáveis.

Esta situação, somada à incerteza em torno da aprovação em 2025 do projeto de lei que deve transpor a Diretiva relativa aos relatórios de sustentabilidade das empresas (CSRD), levou o “Col-legi de Censors Jurats de Comptes de Catalunya” (CCJCC) a fazer um apelo, no âmbito do 35º Fórum de Auditoria, em defesa dos valores na área da sustentabilidade.

Neste sentido, Joan Vall, presidente da CCJCC, manifestou a vontade da CCJCC em manter a promoção da sustentabilidade e das políticas ESG (Environmental, Social and Governance): “consideramos que a proposta Omnibus, dado que reduz o âmbito de aplicação do reporte e verificação dos critérios ESG inicialmente previstos na CSRD, deve ser revista e voltar ao âmbito inicialmente previsto”. Joan Vall acrescentou que “é totalmente inadequado entender a transparência como um ónus administrativo para as empresas e os auditores, enquanto agentes impulsionadores da transparência, têm um papel fundamental na defesa e promoção da veracidade da informação financeira e não financeira, que é de enorme importância para a nossa sociedade”.

Perante uma plateia de mais de 1.000 profissionais do setor, foi salientado que os atrasos nas obrigações de reporte ESG podem comprometer a concretização dos desafios dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas para 2030, tendo sido também sublinhada a necessidade de não retroceder em relação ao atual nível de aplicação da EINF (Declaração de Informação Não Financeira). Da mesma forma, foi também instado a continuar a trabalhar na promoção da implementação voluntária dos compromissos ESG por parte das empresas e outras organizações, bem como a continuar a promover a formação de profissionais especializados no domínio da sustentabilidade.

O Presidente da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas de Espanha, Víctor Alió, alertou para o erro da recente proposta do Governo de aumentar os limites das auditorias obrigatórias, uma vez que “esta alteração irá gerar um aumento da economia paralela e problemas para os acionistas minoritários. Longe de reduzir os encargos administrativos das empresas, irá reduzir os direitos dos diferentes grupos que trabalham com elas”.

“A nível europeu, estamos a acompanhar a evolução da proposta Omnibus com alguma preocupação. Consideramos que é prioritário não retroceder em relação ao quadro jurídico anterior à CSRD e que se deve preservar o papel que a emissão e verificação das declarações de informação não financeira está a ter no nosso país. Valorizamos positivamente a sua primeira parte, conhecida como “stop the clock”, que creio que, no caso de países como a Espanha, que estão atrasados na sua aprovação, nos ajudará a implementá-la com menos tensões. Mas estamos muito preocupados com a confusão que se está a gerar, com todo o tipo de propostas, o que torna muito difícil, depois de uma década a trabalhar nesta questão, perceber onde estamos”, explicou Víctor Alió.

INOVAÇÃO E TALENTO

Sob o lema “Inovação e talento num mundo em mudança”, o Fórum de Auditoria, o encontro profissional organizado pelo “Col-legi de Censors Jurats de Comptes de Catalunya” e com a participação do Instituto de “Censors Jurats de Cuentas de España”, aborda os desafios que o setor enfrenta, como a aplicação da IA ou a atração de talento, com a participação de representantes das “big four” e de especialistas de organizações como o Barcelona Supercomputing Center.

É um dos maiores eventos do sector e este ano assinala 35 anos de história ininterrupta, sempre ligada a Sitges, como a Presidente da Câmara Municipal de Sitges, Aurora Carbonell, presente na inauguração do Fórum, quis sublinhar: “Sitges sempre foi uma cidade aberta ao conhecimento, ao debate e à modernidade, e por isso estamos especialmente orgulhosos de ser o vosso local habitual. Esta ligação com o Fórum faz parte do espírito de uma cidade que aposta no talento, na qualidade, na inovação e na projeção internacional. Sitges será sempre a vossa casa, porque partilhamos valores e partilhamos a vontade de crescer e de o fazer em conjunto”, sublinhou a presidente da Câmara.

Como já é tradição, durante o jantar de gala do Fórum de Auditoria, serão entregues os Prémios de Membros Honorários do Col-legi de Censors Jurats de Comptes de Catalunya, que este ano serão atribuídos a Ramon Agenjo, diretor e secretário do Conselho de Administração da Damm, presidente do Grupo Cacaolat e diretor-patrono da Fundação Dam; e Carmina Ganyet, diretora-geral corporativa da Inmobiliaria Colonial, diretora da Repsol, Fluidra e SFL, figura na lista da Forbes das 100 mulheres mais influentes da Catalunha, entre outras.

Juntam-se, assim, à lista de galardoados que, em edições anteriores, distinguiram personalidades que se destacaram pelos seus méritos profissionais ou pessoais, como Anna Garriga, antiga reitora da Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais da Universidade de Girona; Jaume Amat, antigo auditor superior do Tribunal de Contas da Catalunha; Antoni Cañete, presidente da PIMEC; Anna Gener, CEO Barcelona da Savills; e Joan Gual, antigo presidente do CaixaBank.

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Marshall Wace volta a reduzir a sua posição em baixa na Telefónica em plena subida das acções

  • Servimedia
  • 3 Julho 2025

O fundo reduziu a sua posição curta na operadora para 0,5% no início de julho.

A Marshall Wace reduziu ainda mais a sua posição em baixa na Telefónica no início de julho. De acordo com os registos da Comissão Nacional do Mercado de Valores Mobiliários (CNMV), o fundo reduziu a sua posição curta de 0,59% para 0,47% a partir de 1 de julho. Este movimento é uma continuação do que foi feito em junho, quando reduziu a sua posição de 0,68% para 0,59%.

Após este último movimento, apenas um investidor em baixa mantém uma posição superior a 0,50%. Trata-se da BlackRock IM, com 0,73%. Além disso, a Marshall Wace segue os passos do Canada Pension Plan Invesment Board, que em abril reduziu a sua posição de 0,57% para 0,45%.

Estas alterações surgem no meio de uma recuperação que as ações do operador estão a ter em 2025. Até à data, subiram 16% este ano, para 4,57 euros, acima da subida média de 12,6% do setor europeu das telecomunicações.

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O que tira o sono aos banqueiros centrais? A “verdade” e saberem se estão a cumprir a missão (e o café em Sintra)

Durante três dias, governadores, economistas e especialistas de política monetária reuniram-se em Sintra. Foram poucas as pistas sobre as próximas decisões, mas ficaram os alertas sobre a incerteza.

Não dormi bem ontem à noite e há uma razão para isso. O governador Rhee estava sentado ao meu lado durante o jantar e disse-me que o expresso contém menos café do que um café longo. Então, bebi imediatamente um expresso”. O que tirou o sono ao governador do Banco Central do Japão, Kazuo Ueda, na noite do jantar de boas-vindas do Fórum do Banco Central Europeu (BCE) não é o mesmo que tem deixado os restantes banqueiros centrais com um sono menos tranquilo, mas divertiu a plateia do painel mais esperado do evento que reuniu entre segunda e quarta-feira, em Sintra, governadores, economistas e especialistas.

O Fórum BCE 2025, que marcou a 12.ª edição, foi parco em pistas sobre os passos dos decisores no futuro próximo no que toca aos juros, mas teve como tema central “Adaptar-se à mudança: transformações macroeconómicas e respostas políticas”. Uma adaptação face a um contexto internacional sobre o qual se assume elevada incerteza, com impacto para a inflação, e que desassossega qualquer descanso de um governador.

Questionada sobre o que lhe tira o sono à noite, a presidente do BCE, Christine Lagarde, foi perentória a afirmar: “A verdade”. “Estou cada vez mais preocupada com o papel que a inteligência artificial irá desempenhar em relação à forma como as coisas podem ser distorcidas, como a opinião pública pode ser manipulada”, começou por argumentar Lagarde, para depois detalhar: “continuamos a dizer que somos dependentes de dados, e somos, e queremos ver a nossa projeção, avaliação e análise ancoradas em dados empíricos e na compreensão do que está a acontecer na realidade da economia”.

Painel de governadores durante o Fórum BCE 2025, em Sintra. @2025 European Central Bank

Tenho medo de que as coisas possam ser distorcidas e que possamos ser vítimas disso, porque é incrivelmente fácil”, justificou. As declarações de Lagarde têm mais eco por terem sido proferidas depois de, na segunda-feira, ter anunciado a atualização da avaliação estratégica do banco central.

Na essência, Frankfurt confirmou o objetivo simétrico de 2% para a inflação a médio prazo e destacou que a “simetria exige uma resposta adequadamente vigorosa ou persistente da política monetária a grandes desvios sustentados da inflação em relação ao objetivo, em ambos os sentidos”.

A revisão estabelece ainda que “o conjunto de instrumentos disponíveis permanece inalterado e a escolha, a conceção e a implementação dos mesmos possibilitarão uma resposta ágil a novos choques”. No entanto, na conferência de imprensa de apresentação do documento, a presidente do BCE assinalou que a análise de cenários terá um papel fundamental e, é por isso, que na estratégia o BCE se compromete a garantir que as decisões têm em conta não apenas a trajetória mais provável da inflação e da economia, mas também os riscos e a incerteza circundantes – incluindo através do uso de análises de cenários e sensibilidade.

Isto, porque, conforme Lagarde voltou a defender durante o painel de governadores, as decisões do BCE continuarão a ser tomadas reunião a reunião com base em dados. No entanto, alertou que o mundo enfrenta “o risco de instabilidade”, de “fragmentação”, a que se junta a “preocupação geopolítica”. “Temos de continuar a ser extremamente vigilantes sobre a inflação”, disse, acrescentando que a instituição está “em boa posição” para “navegar em águas turbulentas”. Palavra que se juntam às proferidas no dia anterior sobre a inflação no futuro se tornar mais volátil devido aos choques geopolíticos.

@2025 European Central Bank@2025 European Central Bank

Isto apesar de ter ‘cantado’ vitória sobre o objetivo do banco central. “Não digo que a missão está completa, mas a meta foi atingida“, afirmou no dia em que o Eurostat divulgou que a inflação homóloga da Zona Euro acelerou apenas ligeiramente para 2% em junho, contra 1,9% em maio e 2,5% no mês homólogo de 2024.

Do outro lado do Atlântico, não é apenas o impacto da política internacional que tira o sono a Jerome Powell à noite, mas sobretudo a política interna ou não estivesse Donald Trump em guerra com o presidente da Reserva Federal norte-americana. Apesar de evitar fazer comentários sobre o presidente norte-americano, Powell recebeu o apoio dos homólogos e aplausos dos presentes.

Faltam pouco mais de 10 meses para o fim do meu mandato como presidente, e tudo o que todos na Fed querem é construir uma economia com estabilidade de preços, emprego e estabilidade financeira. O que me tira o sono é como é que faremos isso. Quero entregar ao meu sucessor e a todos os meus colegas uma economia com saúde. O que me tira o sono é: estamos no caminho certo para isso?”, respondeu à questão colocada pela moderadora, a jornalista da Bloomberg Francine Lacqua, aos cinco governadores, Além de Lagarde e Powell, estiveram em palco Andrew Bailey (Bank of England), Kazuo Ueda (Bank of Japan) e Chang Yong Rhee (Bank of Korea).

Entre os motivos da incerteza internacional que colocam desafios aos banqueiros centrais está precisamente o impacto das tarifas que estão a desencadear alterações das dinâmicas comerciais. “Se ignorarmos as tarifas, a inflação está a comportar-se tal como esperávamos“, afirmou Powell, que contudo admitiu que os efeitos ainda deverão fazer sentir-se este ano.

@2025 European Central Bank

O passado, o presente e o eventual futuro do Banco de Portugal

Naquele que poderá ter sido o último Fórum BCE em que Mário Centeno participou como governador do Banco de Portugal, caso o Governo opte por não o reconduzir à frente da instituição, um painel de debate tornou-se o palco de uma coincidência que não passou despercebida aos presentes portugueses. Um antigo, o atual governador e um dos nomes de que se fala para ocupar o lugar após 20 de julho unirem-se num comentário a um dos painéis em discussão para defender que não é a proteção laboral que leve a uma estagnação do crescimento da Zona Euro.

Após a apresentação de um dos papers mais polémicos do Fórum, no qual o economista Benjamin Schoefer, da Universidade da Califórnia em Berkeley, defendeu que as rígidas instituições do mercado de trabalho europeu são o calcanhar de Aquiles da competitividade face aos EUA, colocando Portugal entre os exemplos mais flagrantes dos problemas identificados, Mário Centeno, que se especializou no mercado de trabalho enquanto académico, foi o primeiro a insurgir-se.

@2025 European Central Bank@2025 European Central Bank

Olhando para o mercado laboral europeu nos últimos 10 anos, houve uma mudança incrível“, afirmou. Para Centeno, o mercado laboral europeu “provou ser resiliente nas crises, contrário ao dos EUA”, destacando também alguns dados para o mercado português, onde nos últimos cinco anos, “por cada trabalho criado, foram feitos 10 novos contratos no mercado laboral”, tendo por isso uma “mobilidade enorme”.

Para Vítor Constâncio, o estudo não apresenta dados suficientes que permitam tirar as elações assumidas pelo autor, atribuindo o menor crescimento da Zona Euro face aos EUA ao capital de risco. “Existe nos EUA e é isso que falha na Europa”, disse. Por seu lado, Ricardo Reis, um dos nomes mais falados como eventual sucessor de Mário Centeno, apontou o dedo às falta financiamento como o inimigo do crescimento.

Quando as empresas europeias crescem mudam-se para os EUA para encontrar financiamento”, disse, acrescentando que fazer crescer uma empresa na Europa é mais desafiante precisamente por falta de disponibilidade de financiamento.

Ricardo Reis no Fórum BCE 2025, em Sintra. @2025 European Central Bank@2025 European Central Bank

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Da corrupção à fraude, estas são as penas de prisão dos crimes a que Sócrates está sujeito na Operação Marquês

A Sócrates foram imputados 22 crimes, dos quais três de corrupção, 13 de branqueamento e seis de fraude fiscal. O julgamento começa mesmo esta quinta-feira,10 anos depois da detenção do ex-PM.

Mais de 10 anos depois, começa finalmente o julgamento do ex-primeiro-ministro José Sócrates no âmbito da Operação Marquês. As dúvidas relativas à realização desta primeira sessão ficam dissipadas depois de, esta quarta-feira, a juíza deste julgamento ter recusado aceitar a sugestão da magistrada do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) para juntar a este megaprocesso o caso ‘mais pequeno’ que junta apenas Sócrates e Carlos Santos Silva no banco dos arguidos por branqueamento de capitais. A primeira sessão está marcada para as 9h30.

O “pontapé de saída” daquele que se viria a tornar o mais mediático porcesso da Justiça portuguesa – desde logo por ter um ex-primeiro ministro como principal suspeito – deu-se em julho de 2013, quando o empresário Carlos Santos Silva despertou a atenção das autoridades judiciárias através de uma investigação que tinha começado em 2011. Mas foi em novembro de 2014 que o país e o mundo ficaram a conhecer a “Operação Marquês”, depois de Sócrates ter sido detido no aeroporto de Lisboa, filmado em direto por algumas televisões. O ex-primeiro-ministro está acusado de 22 crimes — três de corrupção, 13 de branqueamento de capitais e seis de fraude fiscal.

Sócrates foi acusado pelo Ministério Público (MP), em 2017, de 31 crimes, designadamente corrupção passiva, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal, mas na decisão instrutória, a 9 de abril de 2021, o juiz Ivo Rosa decidiu ilibar o antigo governante de 25 dos 31 crimes, pronunciando-o para julgamento apenas por três crimes de branqueamento de capitais e três de falsificação de documentos.

Contudo, em janeiro de 2024 uma decisão da Relação recuperou quase na totalidade a acusação do MP, determinando a ida a julgamento de 22 arguidos por 118 crimes económico-financeiros, revogando a decisão instrutória do juiz Ivo Rosa, que remeteu para julgamento apenas José Sócrates, Carlos Santos Silva, o ex-ministro Armando Vara, o ex-líder do BES Ricardo Salgado e o antigo motorista de Sócrates, João Perna. Esta decisão recuperou ainda para a acusação arguidos parcial ou totalmente ilibados por Ivo Rosa, como Salgado, que voltou a estar acusado de corrupção e os antigos administradores da Portugal Telecom, Zeinal Bava e Henrique Granadeiro. Salgado não estará presente na primeira sessão de julgamento, depois da juíza Susana Séneca ter aceite o pedido da defesa do ex-banqueiro para ser dispensado devido ao diagnóstico da doença de Alzhiemer.

Um dos crimes de que Sócrates está acusado é o de branqueamento de capitais. Este crime é um processo que tem por objetivo a ocultação de bens, capitais ou produtos com a finalidade de lhes dar uma aparência final de legitimidade, procurando, assim, dissimular a origem criminosa de capitais, bens ou produtos. O agente que incorra neste crime é punido com pena de prisão de dois a doze anos, segundo o artigo 368.º-A/ do Código Penal (CP).

Ainda assim, a lei refere que quando houver reparação integral do dano causado ao ofendido, sem dano ilegítimo a um terceiro, a pena é especialmente atenuada.

Outro dos crimes “em cima da mesa” é o de fraude fiscal, que segundo o artigo 103.º do Regime Geral das Infrações Tributárias, é punível com pena de prisão até três anos ou multa até 360 dias.

Constitui fraude fiscal as “condutas ilegítimas” que visem a não liquidação, entrega ou pagamento da prestação tributária ou a “obtenção indevida de benefícios fiscais, reembolsos ou outras vantagens patrimoniais suscetíveis de causarem diminuição das receitas tributárias”.

A fraude fiscal pode ter lugar por “ocultação ou alteração de factos ou valores que devam constar dos livros de contabilidade” ou das “declarações apresentadas ou prestadas a fim de que a administração fiscal especificamente fiscalize, determine, avalie ou controle a matéria coletável”; por “ocultação de factos ou valores não declarados e que devam ser revelados à administração tributária”, e ainda pela celebração de “negócio simulado“.

Por fim, José Sócrates está ainda acusado de três crimes de corrupção, sendo que tanto passiva quanto ativa, pode levar a penas de prisão e multas, dependendo da gravidade do caso e da atuação do indivíduo.

No caso do crime de corrupção ativa (artigo 374.º do CP), o agente é punido com pena de prisão de um a cinco anos. “Quem, por si ou por interposta pessoa, com o seu consentimento ou ratificação, der ou prometer a funcionário, ou a terceiro por indicação ou com conhecimento daquele, vantagem patrimonial ou não patrimonial com o fim indicado no n.º 1 do artigo 373.º, é punido com pena de prisão de um a cinco anos”, lê-se.

Mas se o ato ou omissão não forem contrários aos deveres do cargo e a vantagem não lhe for devida, o agente é punido com pena de prisão até três anos ou com pena de multa até 360 dias.

Já na corrupção passiva, o agente é punido com pena de prisão de um a oito anos, mas a pena pode chegar aos 10 anos se for agravada. Segundo o artigo 373.º do Código Penal (CP), destina-se ao “funcionário que por si, ou por interposta pessoa, com o seu consentimento ou ratificação, solicitar ou aceitar, para si ou para terceiro, vantagem patrimonial ou não patrimonial, ou a sua promessa, para a prática de um qualquer ato ou omissão contrários aos deveres do cargo, ainda que anteriores àquela solicitação ou aceitação”.

Mas se o ato ou omissão não forem contrários aos deveres do cargo e a vantagem não lhe for devida, o agente é punido com pena de prisão de um a cinco anos.

Neste processo, o Ministério Público (MP) reclama aos arguidos um total de 58 milhões de euros, tendo arrestado vários bens. Segundo as contas da acusação, José Sócrates teria dado cerca de 21 milhões de euros de prejuízo ao Estado, Zeinal Bava cerca de 16 milhões, Henrique Granadeiro cerca de 14 milhões, Carlos Santos Silva três milhões e 300 mil euros, Ricardo Salgado três milhões de euros e Armando Vara 1,4 milhões de euros.

Em julgamento vão também estar Carlos Santos Silva, empresário e amigo do ex-primeiro-ministro, acusado de 23 crimes; Joaquim Barroca, ex-administrador da construtora do Grupo Lena, acusado de 15 crimes; José Pinto de Sousa, empresário e primo de José Sócrates, acusado de dois crimes; Hélder Bataglia, empresário, acusado de cinco crimes; Sofia Fava, ex-mulher de Sócrates, acusada de um crime.

A juíza Susana Seca recusou o pedido do MP para autonomizar num processo separado os factos relacionados com o empreendimento de luxo Vale do Lobo, no Algarve, em relação aos quais estão acusados o ex-ministro de Sócrates e antigo administrador da Caixa Geral de Depósitos, Armando Vara; José Diogo Gaspar Ferreira, ex-diretor executivo do empreendimento; e Rui Horta e Costa, ex-administrador dos CTT e de Vale do Lobo. Cada um deles vai responder em tribunal por dois crimes, um de corrupção e um de branqueamento de capitais.

Salgado e Vara já foram condenados, mas vão voltar a tribunal

Do processo “Operação Marquês” já dois arguidos foram a julgamento e acabaram condenados: Armando Vara e Ricardo Salgado, em dois e oito anos de prisão, respetivamente. Ainda assim, com a decisão do Tribunal da Relação de Lisboa, de janeiro de 2024, que recuperou quase na totalidade a acusação do Ministério Público (MP), os dois arguidos vão voltar a sentar-se nos bancos do tribunal.

O primeiro a saber o desfecho no processo foi o ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Armando Vara. A 13 de julho de 2021, o antigo ministro foi condenado a dois anos de prisão efetiva pelo crime de branqueamento de capitais. O juiz Rui Coelho afirmou que o tribunal “deu como provado quase todos os factos” da acusação do MP e que ficou “demonstrado objetivamente o circuito de dinheiro” relacionado com os dois milhões de euros que Vara colocou em contas na Suíça e que depois trouxe para Portugal.

Armando VaraLusa

No âmbito da “Operação Marquês”, Armando Vara cumpriu a obrigação de permanência na habitação com vigilância eletrónica, de 9 de julho a 16 de outubro de 2015, totalizando três meses e sete dias o período em que esteve com medida de coação privativa da liberdade.

Agora, o ex-ministro de Sócrates e antigo administrador da CGD vai responder em tribunal por dois crimes, um de corrupção e um de branqueamento de capitais.

Oito meses depois, a 7 de março de 2022, Ricardo Salgado foi condenado a uma pena total de prisão de seis anos pelos três crimes de abuso de confiança de que estava acusado.

Mas, em maio de 2023, a pena viria a ser agravada para oito anos pelo Tribunal da Relação de Lisboa. O tribunal considerou como provados “quase todos os factos constantes da acusação”, segundo explicou o juiz Francisco Henriques. Mas “não ficou provado a questão da gestão centralizada do BES”. Quanto à doença de Alzheimer, o magistrado diz que ficou provada essa condição física de Ricardo Salgado, bem como as condições socioeconómicas do arguido.

O tribunal decidiu condenar Ricardo Salgado pela prática de um crime de abuso de confiança relativamente à transferência de 4.000.000 de euros, com origem em conta da “Espírito Santo Enterprises, S.A.” para conta da “Credit Suisse”, titulada pela sociedade em offshore “Savoices, Corp”; um crime de abuso de confiança relativamente à transferência de 2.750.000 euros, quantia proveniente de transferências da conta da “Espírito Santo Enterprises, S.A.” para uma conta titulada pela sociedade “Green Emerald Investments, Ltd.”, controlada por Hélder José Bataglia dos Santos, da conta da “Green Emerald Investments, Ltd.” para conta da “Crédit Suisse“, titulada pela sociedade em offshore “Savoices, Corp“, controlada pelo arguido.

O terceiro crime de abuso de confiança pelo qual Salgado foi condenado é relativo à transferência CHF 3.900.000,00 (3.967.611 euros) — quantia proveniente de transferências da conta da “Espírito Santo Enterprises, S.A.” para a conta da “Pictet & Cie, S.A.” titulada por Henrique Manuel Fusco Granadeiro —, da conta da “Pictet & Cie, S.A.” e com destino a conta da “Lombard Odier Daries Hentsch and Cie” titulada pela sociedade em offshore “Begolino, S.A.”, controlada pelo arguido.

Após ser condenado, Salgado vai responder agora por 11 crimes, dos quais três crimes de corrupção e oito de branqueamento. O antigo banqueiro está também a ser julgado no processo da queda do BES/GES, do qual foi dispensado pelo tribunal de comparecer às sessões, devido ao diagnóstico de Alzheimer.

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Spread do crédito da casa está em queda há dez anos

Margem comercial dos bancos nos contratos com taxa variável continua a contrair. Atingiu os 0,89 pontos percentuais no ano passado.

O spread do crédito à habitação está em queda há uma década, tendo atingido os 0,89 pontos percentuais em termos médios nos contratos de empréstimo da casa que foram celebrados no ano passado, segundo o Banco de Portugal.

O spread corresponde à margem comercial dos bancos nos empréstimos da casa e cuja taxa inclui ainda o chamado indexante, normalmente a Euribor a três, seis ou 12 meses.

Em 2014, o spread médio estava acima dos 3 pontos percentuais e, desde então, tem vindo a cair de forma ininterrupta. Em 2023 rompeu a barreira de 1 ponto percentual, quando atingiu os 0,93 pontos. Voltou a cair no ano passado, de acordo com o Relatório de Acompanhamento dos Mercados de Crédito, que o supervisor divulgou esta quarta-feira.

Os dados mostram que a maioria dos contratos celebrados a taxa variável (68,5%) tinha spreads entre 0,5 e 1 pontos percentuais, sendo que a importância desde intervalo de spreads diminuiu em relação ao ano anterior (73,7%). Também decresceu o peso dos contratos com spreads entre 1 e 1,5 pontos percentuais.

Em contrapartida, “aumentou significativamente” a proporção de contratos com spreads até 0,5 pontos, que “passaram a representar 14,7% dos novos contratos a taxa variável, o que compara com 5% em 2023”.

Spread em queda há uma década

Fonte: Banco de Portugal

Euribor a 12 meses ganha peso

O relatório do Banco de Portugal dá conta ainda de que a Euribor a 6 meses continua a ser o indexante preferido das famílias portuguesas, tendo representado 54,2% dos novos contratos de empréstimo da casa com taxa variável – embora diminuindo de peso em relação ao ano anterior (72,1%).

Mas destaca-se o aumento da proporção de contratos com a Euribor a 12 meses, que passou de 4,7% para 29,8% dos novos empréstimos celebrados. Porquê? “Este aumento deveu-se à queda do valor da taxa Euribor a 12 meses, a partir do final de 2023, para valores abaixo da Euribor a 3 e 6 meses, tornando a Euribor a 12 meses mais atrativa para os clientes bancários que optaram por contratar a taxa variável”, explica o supervisor.

Em sentido inverso, a Euribor a 3 meses perdeu importância: em 2023, representava 16,7% dos novos contratos; em 2024 esse peso passou para metade (8%).

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Saldo da Segurança Social aumenta 16% e supera expectativas do Governo

As contas da Segurança Social e da Caixa Geral de Aposentações apresentaram um excedente orçamental acima das previsões do Governo até abril, à boleia do aumento das contribuições e das quotizações.

As contas da Segurança Social, sob a tutela da ministra Maria do Rosário Palma Ramalho, apresentaram uma significativa melhoria nos primeiros quatro meses do ano. Os números revelados esta quarta-feira pela Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) da Assembleia da República apontam para um excedente de 2.361 milhões de euros do saldo global da Segurança Social e para um saldo positivo de 148 milhões de euros da Caixa Geral de Aposentações (CGA).

Estes resultados surgem num contexto de crescimento económico e refletem, segundo a análise da UTAO, “a evolução positiva da receita contributiva” que foi “o principal contributo para o excedente da Segurança Social, como um todo, registado até abril de 2025”.

“O saldo global da Segurança Social (não ajustado) até abril de 2025 correspondeu a um excedente orçamental superior ao registado em período homólogo”, referem os autores deste estudo da UTAO, sublinhando ainda que o saldo da Segurança Social apresentou uma variação positiva de 16% (mais 325 milhões de euros) face ao período homólogo de 2024″.

O crescimento das receitas da Segurança Social nos primeiros quatro meses do ano teve como principal motor o aumento homólogo de 9% das contribuições e quotizações, que foi potenciado pelo “incremento, em termos homólogos, no número e no valor médio das remunerações declaradas pelas entidades empregadoras relativas aos trabalhadores dependentes”, refere a UTAO.

Os analistas da UTAO Filipa Almeida Cardoso, Jorge Faria Silva e Vítor Nunes Canarias, referem ainda que mesmo considerando os ajustamentos técnicos para assegurar a comparabilidade entre períodos, o saldo global da Segurança Social contabilizado até abril de 2025 foi excedentário em 2.257 milhões de euros, que se traduz num crescimento de 9,5% face aos 2.062 milhões de euros do período homólogo de 2024.

Estes números foram significativamente impactados pela subida de 8,4% da receita efetiva, que atingiu os 1.083 milhões de euros nos primeiros quatro meses do ano. “É um resultado acima da variação positiva de 6,3% prevista no referencial que consta do OE/2025 para o ano como um todo”, sublinha a UTAO.

Contribuições e quotizações impulsionam receitas

Os dados da UTAO destacam que o crescimento das receitas da Segurança Social teve como principal motor o aumento homólogo de 9% das contribuições e quotizações, que foi potenciado pelo “incremento, em termos homólogos, no número e no valor médio das remunerações declaradas pelas entidades empregadoras relativas aos trabalhadores dependentes”, destaca o diploma.

Do lado da despesa, a UTAO destaca que “a despesa efetiva da Segurança Social executada até abril de 2025 cresceu 8,2% em termos homólogos, um ritmo superior aos 7,5% projetados no OE/2025 para o ano como um todo”. O aumento foi influenciado principalmente pelas pensões, cuja despesa “subiu 6,3%, uma taxa de crescimento acima do referencial de 3,3% indicada no OE/2025”.

A execução orçamental da Caixa Geral de Aposentações (CGA) registou até abril de 2025 um excedente orçamental de 148 milhões de euros, sendo que este resultado é justificado, essencialmente, por via da evolução na receita proveniente de contribuições, quotizações e transferências do Orçamento do Estado.

UTAO

Evolução Orçamental: janeiro a abril de 2025

Segundo os dados da UTAO, o sistema Previdencial, que constitui o núcleo central da Segurança Social, apresentou resultados particularmente robustos. “O saldo do sistema previdencial é largamente excedentário e com uma dimensão superior ao apurado em período homólogo”, confirma a UTAO. “Face ao período homólogo, verificou-se o incremento de 221 milhões de euros no saldo global do sistema Previdencial, que se fixou em 2.132 milhões de euros, impulsionado pelo crescimento da receita de quotizações e contribuições (mais 761 milhões de euros)”, lê-se no documento.

Já a Caixa Geral de Aposentações, sistema que está fechado a novas inscrições desde 1 de janeiro de 2006, também apresentou contas sólidas no primeiro quadrimestre. “A execução orçamental da Caixa Geral de Aposentações (CGA) registou até abril de 2025 um excedente orçamental de 148 milhões de euros, sendo que este resultado é justificado, essencialmente, por via da evolução na receita proveniente de contribuições, quotizações e transferências do Orçamento do Estado”, referem os analistas da UTAO.

Este resultado representa uma melhoria de cerca de 24 milhões de euros face ao período homólogo, que se traduz num crescimento homólogo de 18,4% face a 2024. A UTAO destaca também que a receita da CGA superou as previsões, apontando para um aumento de 5,8% da receita efetiva cobrada, “um ritmo ligeiramente acima da evolução de 5,5% prevista para o ano como um todo”, notam os analistas.

Estes resultados dos sistemas de proteção social inserem-se num contexto económico favorável, com a UTAO a destacar que “no primeiro quadrimestre de 2025 registou-se um decréscimo homólogo no número de desempregados registados”, o que contribuiu para o aumento das receitas contributivas e para a redução de algumas despesas sociais.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 3 Julho 2025

O INE divulga dados sobre a saúde e o Eurostat sobre a taxa de poupança das famílias na UE. Arranca o julgamento de José Sócrates e o BCE divulga a ata da reunião de política monetária de junho.

No mesmo dia em que arranca o julgamento do ex-primeiro-ministro José Sócrates, o INE divulga dados sobre a despesa em saúde no ano passado enquanto o Eurostat dá a conhecer dados relativos à taxa de poupança das famílias e dos negócios na União Europeia no primeiro trimestre. Esta quinta-feira, também há reunião de Conselho de Ministros e o BCE divulga a ata da reunião de política monetária de junho.

Arranca o julgamento de José Sócrates

Tem início esta quinta-feira o julgamento de José Sócrates, relativo ao processo Operação Marquês. O antigo primeiro-ministro garantiu que estará presente em tribunal na primeira sessão do julgamento, que advogou que “não tem pronúncia, nem tem acusação”. José Sócrates fez esta terça-feira uma queixa formal ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) contra o Estado português, alegando que o processo da Operação Marquês – que se arrasta há mais de dez anos – é uma “violação do Estado de direito”.

INE divulga dados da despesa em saúde

O Instituto Nacional de Estatística lança esta quinta-feira um conjunto de dados estatísticos, nomeadamente, os números referentes à Conta Satélite da Saúde de 2024. Segundos os últimos dados divulgados, em 2023 a despesa corrente privada na área da saúde terá crescido 6,6%, isto é, quase o dobro face ao aumento de 3,7% da despesa corrente pública. Já o valor global dos gastos com saúde em Portugal terá crescido 4,7% em 2023 para 26.559,6 milhões de euros, face ao ano anterior.

Como vão as taxas de poupança das famílias europeias?

O Eurostat divulga hoje dados relativos à taxa de poupança das famílias e dos negócios na União Europeia no primeiro trimestre. Em Portugal, as famílias mantiveram praticamente o nível de poupança no arranque do ano, tendo a taxa de poupança decrescido ligeiramente no primeiro trimestre, atingindo os 12,4% do rendimento disponível, de acordo com dados do INE. O Gabinete de Estatística da União Europeia divulga ainda balança de pagamentos do bloco comunitário, relativo ao primeiro trimestre.

BCE revela atas da reunião

Será publicada esta quinta-feira a ata da reunião de política monetária de junho do Banco Central Europeu (BCE), onde decidiu cortar as taxas de referência em 25 pontos base, naquela que foi a sétima vez consecutiva (e a oitava num ciclo que começou há um ano) que a autoridade da política monetária liderada por Christine Lagarde cortou o custo do euro. As conclusões do BCE deverão dar algumas pistas sobre o caminho que vai seguir a política monetária na Zona Euro, numa altura em que as economias se debruçam com os impactos dos acordos comerciais de Donald Trump.

Reunião de Conselho de Ministros

Esta quinta-feira, às 9h30, reúne-se também o Conselho de Ministros na residência oficial do Primeiro-Ministro, estando o briefing previsto para as 15h30 no Campus XXI. O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, e o ministro dos Assuntos Parlamentares, Carlos Abreu Amorim, vão igualmente reunir com representantes do grupos parlamentar do PS para discutir o tema da imigração, no âmbito das propostas de lei apresentadas pelo Governo.

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Baixa do IRS do Governo passa no primeiro teste com a abstenção do PS. Ventura tenta novo alívio fiscal

Proposta de redução de 500 milhões de euros é aprovada na generalidade com a ajuda dos socialistas para depois passar ao debate na especialidade. Chega pretende descida entre o 2.º e o 5.º escalões.

O ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, acompanhado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro e pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, intervém na sessão plenária de apresentação do Programa do XXV Governo Constitucional, na Assembleia da República, em Lisboa, 17 de junho de 2025.MIGUEL A. LOPES/LUSA

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”. O poema de Luís Vaz de Camões serve que nem uma luva para caracterizar o novo clima político entre o Governo de Luís Montenegro e o PS de José Luís Carneiro. A descida das taxas de IRS nos escalões mais elevados, no 7.º e 8.º, que abrangem salários brutos mensais entre cerca de 3.200 e 6.500 euros, já não será um braço de ferro entre a Aliança Democrática (AD) – coligação PSD/CDS e os socialistas, como na era de Pedro Nuno Santos.

Desta vez, o muro caiu e a orientação será deixar passar pela abstenção a proposta do Executivo para uma nova redução do imposto em 500 milhões de euros, apurou o ECO junto de várias fontes próximas do núcleo duro do PS de Carneiro. A votação na generalidade está marcada para o plenário desta sexta-feira, depois de o Parlamento ter aprovado o pedido de urgência do Governo para apreciar a iniciativa.

Bastará a ajuda dos 58 socialistas para a iniciativa da AD, com 91 parlamentares, ser aprovada por larga maioria e baixar para o debate na especialidade, mesmo que os 81 deputados das restantes bancadas — inclusivamente a do Chega, composta por 60 cadeiras — votem contra.

O partido de André Ventura, agora líder da oposição, ainda vai tentar forçar uma redução mais pronunciada nos patamares mais baixos de rendimento, designadamente entre o 2.º e 5.º escalões e a um aumento das deduções com despesas com rendas de habitação própria permanente, ao arrastar para votação dois projetos próprios, mas o mais certo é que sejam chumbados por AD e PS em nome das contas certas. No entanto, do lado do PSD, o mantra repete-se. “Vamos falar com todos, todos, todos!”, diz o líder do grupo parlamentar Hugo Soares.

Desfeitos os nós do tempo de Pedro Nuno Santos, o PS deverá viabilizar pela abstenção a proposta do Executivo de redução das taxas do imposto entre 0,40 e 0,60 pontos percentuais até ao 8.º e penúltimo escalão, aplicando um alívio mais acentuada entre o 4.º e 6.º níveis de tributação.

A medida terá um custo de cerca de 500 milhões de euros que se irão sentir no bolso dos contribuintes ainda este ano, por via da descida das tabelas de retenção na fonte com retroativos a janeiro e com efeitos já em agosto ou setembro, em véspera das eleições autárquicas, como pretende o Ministério das Finanças. Mas, para isso, é preciso que o diploma seja aprovado até 16 de julho, último plenário com votações antes da Assembleia da República encerrar para férias.

“Somos favoráveis à redução de impostos sobre o trabalho, mas é preciso coadunar isso com contas públicas certas para não termos depois de cortar salários e pensões”, afirma ao ECO um fonte próxima da bancada rosa, que vai ser liderada por Eurico Brilhante Dias — funções que assumiu na era de maioria absoluta de António Costa.

Sem querer levantar grandes ondas, os socialistas também não tencionam apresentar, para já, iniciativas próprias ou projetos de alteração. “A ideia é deixar passar a proposta do Governo para se fazer o debate na especialidade e aí a AD terá de explicar como vai coadunar isto com contas equilibradas”, segundo outra fonte socialista.

Já não existe o bloqueio com Pedro Nuno Santos, que abandonou os comandos do partido, depois do terramoto eleitoral que atirou os socialistas para terceira força política no Parlamento. Há um ano, o então secretário-geral do PS traçou uma linha vermelha e travou a descida das taxas nos escalões mais elevados (7.º e 8.º), e conseguiu, em coligação com o Chega, fazer passar um projeto autónomo que baixou o imposto apenas até ao 6.º patamar de tributação.

Na altura, foi viabilizada a iniciativa dos socialistas, com a abstenção do partido de André Ventura, que aplicou uma descida das taxas entre 0,25 e 1,50 pontos percentuais até ao 6.º nível de tributação, isto é, até aos 41.629 euros anuais de matéria coletável, o que corresponde a um vencimento mensal bruto de cerca de 3.000 euros, para um contribuinte não casado e sem dependentes. Agora, o recém-eleito líder do PS, José Luís Carneiro, está mais aberto a firmar pactos com Luís Montenegro em várias matérias, incluindo impostos.

A ideia é deixar passar a proposta do Governo para se fazer o debate na especialidade e aí a AD terá de explicar como vai coadunar isto com contas equilibradas.

Fontes socialistas

Do PS chegam, porém, alertas de risco de desequilíbrio orçamental já para este ano com o impacto de uma nova redução do IRS, e tendo em conta as projeções do Banco de Portugal (BdP) para um défice de 0,1% e do Conselho das Finanças Públicas para um saldo nulo de 0,0%, ainda que o Governo mantenha as perspetivas mais otimistas de um excedente de 0,3%.

Para além disso, o PS continua crítico da descida das taxas no 7.º e 8.º escalões, por ser “excessiva” e por “beneficiar os ordenados mais altos”. “Com esta medida, o salário médio de 1.500 ou 2.000 euros não será o maior beneficiado”, sublinham. “É possível manter a proposta do Governo tal como está fazendo depois ligeiros acertos”, salientam outras vozes ligadas à direção socialista.

A proposta de lei que o Governo submeteu à Assembleia da República determina um recuo fiscal em 0,40 pontos percentuais para o 7.º e 8.º escalões, que ficam com taxas de 43,10% e 44,60%, respetivamente; em 0,50 pontos para o 1.º, 2.º e 3.º patamares de rendimento, que passam a ser tributados a 12,50%, 16,00% e 21,50%; e uma redução de 0,60 pontos para o 4.º, 5.º e 6.º níveis, que serão taxados a 24,40%, 31,40% e 34,90%.

O presidente do partido de extrema-direita, André Ventura, já disse que está disponível para negociar a proposta do Governo, se este aceitar descer os escalões mais baixos e garantir aumentos de deduções fiscais com habitação. E afastou uma eventual nova coligação negativa. “Não me parece, acho que se houver boa vontade do Governo esse cenário não vai acontecer”, afirmou.

Espero [esta quinta-feira] poder anunciar ao país que, em matéria de descida de impostos chegámos ao mínimo consenso possível.

André Ventura

Presidente do Chega

“O Chega vai propor alterações de diminuição da incidência fiscal nos escalões mais baixos, isto é, onde se ganha menos e onde se ganha abaixo do salário médio, e vamos propor que essa descida seja maior”, explicou Ventura. Por outro lado, o partido quer garantir um aumento das deduções em matéria de despesas de habitação. “Se estas duas metas forem assumidas também pelo Governo, eu diria que temos condições para conseguirmos rapidamente, nos próximos meses, ter um pacote fiscal em termos de IRS”, sinalizou Ventura.

O projeto do Chega, de uma maior redução das taxas, entre o 2.º e o 5.º escalões, face à proposta do Executivo não deverá ser viabilizada, ainda que o líder do grupo parlamentar do PSD, Hugo Soares, mantenha a tese de que irá dialogar tanto com PS como com o partido de Ventura. “Vamos conversar com todos, todos, todos!”, afirmou em declarações ao ECO.

O partido de extrema-direita propõe assim uma descida mais substancial de 0,80 pontos percentuais para o 2.º e 3.º patamares de tributação, fixando as taxas em 15,70% e 21,20%, respetivamente. Para o 4-º e 5.º escalões, quer baixar a carga fiscal em 0,90 pontos, estabelecendo as taxas em 24,10% e 31,20%.

Mas a iniciativa não deverá passar pelo crivo do Parlamento, pelo menos com o apoio do PS, que considera que “não faz sentido votar agora um projeto à parte quando ainda está em jogo a proposta do Governo”. “O que queremos é dar espaço à proposta do Governo na especialidade”, indicam fontes próximas da direção socialista.

O risco de um maior desequilíbrio das contas públicas é outro dos argumentos invocados pela bancada rosa para contestar o projeto do partido de extrema-direita. “Ao querer baixar ainda mais as taxas, o custo será certamente muito maior”, antevê o PS.

Vamos conversar com todos, todos, todos!

Hugo Soares

Presidente do grupo parlamentar do PSD

No entanto, o deputado do Chega, Eduardo Teixeira, defende que “a fatura será sensivelmente a mesma, isto é, de cerca de 500 milhões de euros, tal qual a proposta do Governo”, indicou ao ECO. O parlamentar não se opõe à iniciativa do Executivo, mas considera que “é necessário ir mais além na redução das taxas dos escalões mais baixos e nas deduções com despesas de rendas de habitação”.

Sem querer adiantar o sentido de voto em relação à proposta do Executivo, Eduardo Teixeira diz apenas que o “o partido está expectante quanto à forma como o PSD se irá posicionar em relação ao projeto do Chega”. André Ventura reúne-se esta quinta-feira com Luís Montenegro e espera chegar a um entendimento com o Governo.

“Espero [esta quinta-feira] poder anunciar ao país que, em matéria de descida de impostos chegámos ao mínimo consenso possível para aprovar já na sexta-feira medidas que entrem em vigor rapidamente no país”, afirmou o líder do Chega, citado pela Lusa.

O partido de André Ventura também deu entrada de uma iniciativa para subir a dedução com rendas de habitação própria e permanente até aos 850 euros, um projeto que “não faz sentido algum” para o PS, tendo em conta que, “no ano passado, os socialistas já tinham conseguido aprovar uma proposta que aumenta faseadamente as deduções até aos 800 euros até 2027”, justificaram fontes socialistas próximas da nova direção.

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Turismo, sustentabilidade e agricultura discutidos no Outlook Mafra

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  • 3 Julho 2025

Vários especialistas reuniram-se na conferência Outlook Mafra para avaliarem o potencial da região em diferentes nos setores do turismo, da sustentabilidade, da pesca, do surf e da agricultura.

Turismo, sustentabilidade, pesca artesanal, surf e agricultura foram os temas discutidos no Outlook Mafra, um evento que juntou diversos especialistas para refletirem sobre o posicionamento logístico de Mafra em todos estes contextos.

O evento, que contou com vários painéis de debate e talks, teve como principal objetivo destacar a importância da descentralização e projetar soluções sustentáveis e integradas para o crescimento da região.

“O concelho de Mafra, nos últimos 25 anos, tem sofrido uma grande transformação no crescimento populacional. Hoje somos quase 100 mil e temos 35% da população com menos de 30 anos. Isto é um desafio e uma oportunidade. Temos de saber aproveitar toda esta mão de obra e todos estes recursos humanos e colocá-los no desenvolvimento do nosso território, torná-los talento aqui na nossa terra“, começou por dizer Hugo Moreira Luís, Presidente da Câmara Municipal de Mafra, na abertura da sessão.

Hugo Moreira Luís, Presidente da Câmara Municipal de Mafra, na abertura da sessão

Esse talento está agora muito associado ao surf, desporto que tem atraído cada vez mais jovens para a região, mas nem sempre foi assim. Tiago Pires, Surfista, garante que, quando começou o seu percurso no surf, não sentia reconhecimento deste desporto. Considera que a grande virada de chave aconteceu quando se assinou, em 2011, “um compromisso entre órgãos governamentais e a Save the Waves que garante que o nosso património de surf não será alvo de transformação”. “O surf é a grande atração turística e económica da vila. Sermos uma reserva mundial de surf foi um grande feito para o município. É preciso honrá-lo e cumpri-lo“, afirmou.

Além disso, a própria costa portuguesa, de acordo com Francisco Spínola, Presidente da World Surf League, tem características muito propícias para a atração de surfistas, já que, “numa extensão de 150 quilómetros se consegue apanhar ondas que estão expostas a qualquer tipo de ventos e de ondulação”. Ou seja, se um surfista vem a Portugal e “não tem ondas num lugar, basta descer um bocadinho e já as pode apanhar”.

“O surf, pelas especificidades da nossa costa, tem uma qualidade das ondas que dão consistência a uma experiência que queremos proporcionar”, disse Teresa Ferreira, Diretora do Departamento de Dinamização dos Recursos Turísticos do Turismo de Portugal, acrescentando: “Parece-me que esta dimensão do surf não pode deixar de fazer parte da nossa estratégia de posicionamento internacional de Portugal como um destino turístico”.

Sustentabilidade, agricultura e pesca estão na raiz

Apesar de o surf ter um peso considerável na atração de turismo e pessoas, há uma sustentabilidade que se tem de garantir para que a qualidade da costa não se perca e também é preciso destacar a importância de outros setores para a região, como a agricultura e a pesca, que estão na raiz do crescimento económico do município e continuam a ter um peso considerável na sua economia.

Manuel Andrade Neves, Sócio da Abreu Advogados, lembrou que o momento que o mundo atravessa agora, “desde as eleições que recolocaram Donald Trump na presidência do governo norte-americano”, traz um “retrocesso nas políticas de desenvolvimento sustentável”, desde logo com a “retirada da convenção de Paris”.

No entanto, Domingos Santos, Vice-Presidente da CAP, destacou que a preocupação com a sustentabilidade e com a modernização começou há muitos anos atrás e foi reforçada com a entrada na UE, em 1985, e com os fundos comunitários. Lembrou, por isso, a ferramenta PAC, criada no pós II Guerra Mundial, com o objetivo de produzir alimentos para os europeus. “Hoje, a política agrícola comum tem a função de alavancar os agricultores europeus a produzir alimentos de qualidade e segurança alimentar com o menor impacto ambiental possível e a preços acessíveis aos consumidores”, disse.

Por sua vez, Sandra Primitivo, Executive Director EY, destacou a vantagem que a região de Mafra tem relativamente à produção agrícola, já que “está próxima de um grande centro de consumo, que têm vários padrões de consumidores”, o que lhe confere uma oportunidade: “Existe já um peso suficiente de consumidores que privilegiam a qualidade e rastreabilidade dos produtos, como os produtos biológicos, e essa pode ser uma via de afirmação”.

Já no que diz respeito à pesca, principalmente a artesanal, esta também “tem uma componente muito importante” para a região, uma vez que, segundo Rodrigo Sengo, Senior Program Development na MSC Portugal, “na realidade da vila piscatória da Ericeira, onde existe uma identidade própria e uma longa tradição, esta é um fator de agregação da comunidade, que depois acaba por complementar o turismo”.

“Em Portugal temos uma costa muito diversificada e isso promove uma diferenciação em relação às espécies. Aqui temos muita diversidade de espécies e isso acaba por nos diferenciar, principalmente em casos de comunidades como esta, na Ericeira, já que é uma zona rochosa onde existem essas características próprias para promover a diversidade das espécies”, acrescentou João Pereira, Chefe da Divisão de Modelação e Gestão de Recursos da Pesca no IPMA.

Qual a visão de futuro?

No encerramento da sessão, Hugo Moreira Luís, Presidente da Câmara Municipal de Mafra, partilhou a visão de futuro que tem para o município, que está alicerçada num desenvolvimento económico feito a partir da definição de políticas públicas “que, por si só, não seriam capazes de ser implementadas”.

O autarca realçou, por isso, a importância do apoio do setor privado: “O setor privado será um dos grandes dínamos da implementação dessa estratégia. Com a população a crescer, entendemos que os 20 mil residentes que fluem entre o concelho de Mafra e de Lisboa, eventualmente têm condições para se fixarem aqui através da criação de emprego e emprego digno“.

“Por isso, o que estamos a fazer em Mafra é a apostar na criação de emprego qualificado e em novas centralidades urbanas, essencialmente com a criação do parque empresarial e também de um terminal de mercadorias”, concluiu.

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Nova técnica pode duplicar a taxa de embriões viáveis na reprodução assistida

  • Servimedia
  • 3 Julho 2025

A descoberta foi apresentada no 41º Congresso da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia, em Paris.

A capital francesa reuniu especialistas internacionais em fertilidade para o 41º Congresso da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE) e o evento contou com a apresentação de uma nova técnica que poderá duplicar a taxa de embriões viáveis em reprodução assistida.

Este encontro mundial, considerado um dos mais importantes no domínio da reprodução assistida, tem servido de plataforma para a apresentação de investigações pioneiras que marcam o futuro da medicina reprodutiva. Entre os trabalhos que despertaram mais interesse está um avanço tecnológico que poderá transformar o tratamento da infertilidade masculina: a imagem hiperespectral dos espermatozóides. Trata-se de uma ferramenta não invasiva que, através da utilização da luz e de uma câmara especializada, permite identificar os espermatozóides com maior probabilidade de gerar embriões viáveis, sem comprometer a sua integridade ou alterar a sua viabilidade.

 

O estudo, intitulado “Hyperspectral imaging of single spermatozoa before ICSI predicts optimal embryo development: potential use as a non-invasive tool for sperm selection”, foi apresentado no congresso e propõe uma abordagem completamente nova à seleção de espermatozóides. Ao contrário dos métodos convencionais, que se limitam a avaliar parâmetros como a quantidade, a motilidade ou a morfologia do sémen, esta técnica permite gerar um perfil bioquímico individual de cada espermatozoide, captando a sua “impressão digital molecular”.

Segundo o Dr. Nicolás Garrido, diretor da Fundação IVI e investigador principal do estudo, “até agora, os métodos de análise do sémen baseavam-se em parâmetros básicos como a quantidade, a motilidade e a morfologia. As técnicas bioquímicas mais aprofundadas exigiam a destruição dos espermatozóides para obter resultados, o que as tornava inaplicáveis na prática clínica”.

Um dos destaques da descoberta é o seu potencial impacto na taxa de formação de blastocistos viáveis, que poderia ser duplicada através de uma seleção mais precisa dos gâmetas masculinos. Isto seria uma melhoria nos casos de baixa resposta ovárica ou de má qualidade embrionária, em que cada tentativa conta.

“Enquanto as atuais técnicas de seleção de embriões apenas permitem decidir qual o embrião a transferir em primeiro lugar, esta tecnologia pode influenciar desde o início, aumentando o número de embriões viáveis desde o processo de fertilização”, acrescenta o Dr. Garrido. Esta precisão abre novas oportunidades para personalizar ainda mais os tratamentos e maximizar as hipóteses de sucesso, especialmente em doentes com mau prognóstico.

Além disso, a técnica destaca-se pela sua escalabilidade e facilidade de implementação em laboratórios, graças à simplicidade do equipamento necessário e ao seu custo relativamente baixo, o que poderá facilitar a sua adoção generalizada nas clínicas de reprodução assistida. Com este avanço, a infertilidade masculina – tradicionalmente menos explorada do que a infertilidade feminina – posiciona-se no centro da inovação, marcando um novo horizonte na medicina reprodutiva baseado na precisão, na eficiência e na tecnologia não invasiva.

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Francisco Assis, Ana Catarina Mendes e Sérgio Sousa Pinto entram no Secretariado Nacional do PS

  • Lusa
  • 2 Julho 2025

Francisco Assis, Sérgio Sousa Pinto e também a presidente da Câmara de Almada, Inês de Medeiros, vão entrar no Secretariado Nacional do PS de José Luís Carneiro.

Os eurodeputados Ana Catarina Mendes e Francisco Assis, o ex-deputado Sérgio Sousa Pinto e a presidente da Câmara de Almada, Inês de Medeiros, vão entrar no Secretariado Nacional do PS de José Luís Carneiro, confirmou o próprio à Lusa.

O novo Secretariado Nacional do PS vai ser votado pelos socialistas na Comissão Nacional de sábado, uma semana depois de José Luís Carneiro ter sido eleito secretário-geral dos socialistas numas diretas sem oposição.

À agência Lusa, José Luís Carneiro confirmou que convidou para este órgão, convites que foram aceites, nomes como do ex-deputado Sérgio Sousa Pinto, os eurodeputados Ana Catarina Mendes e Francisco Assis e a presidente da Câmara de Almada, Inês de Medeiros.

De saída do Secretariado Nacional está a deputada e ex-ministra Mariana Vieira da Silva, confirmou a própria à Lusa, bem como a candidata à Câmara de Lisboa, Alexandra Leitão e o ex-ministro Duarte Cordeiro.

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