Centeno tem de ir ao Parlamento com urgência explicar salários no Banco de Portugal

Os deputados aprovaram por unanimidade um requerimento do Chega para ouvir o governador do Banco de Portugal sobre os vencimentos da instituição.

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, vai ter de ir ao Parlamento com caráter de urgência explicar a política salarial praticada pelo regulador, segundo um requerimento do Chega aprovado esta quarta-feira por unanimidade pelos deputados da comissão de orçamento, finanças e administração pública (COFAP).

O pedido surge na sequência da polémica em volta do vencimento do consultor do Banco de Portugal (BdP), Hélder Rosalino, depois de ser convidado para o cargo de secretário-geral do Governo. Rosalino entretanto desistiu do cargo.

“Queremos saber quantos trabalhadores ocupam o cargo de consultor no BdP, porque foram criados e por que razão esse cargo tem um salário tão avultado”, justificou o deputado do Chega, Rui Afonso, na apresentação do requerimento.

“Foram divulgadas notícias relativas a um dos quadros do Banco de Portugal, a exercer funções de consultor do Conselho de Administração, e a auferir uma remuneração de cerca de 15 mil euros. Não existe informação sobre as tarefas específicas destes consultores, nem quantas pessoas estão a exercer este tipo de funções no presente momento, nem informação sobre quais os critérios de recrutamento específicos para este tipo de funções. A Lei Orgânica do Banco de Portugal também não é explícita quanto ao assunto em apreço”, lê-se no texto do pedido de audição.

Pela voz de Hugo Carneiro, o PSD anunciou de imediato que iria votar favoravelmente: “Vamos votar a favor, achamos que o escrutínio e sempre importante e o governador tem responsabilidades juntamente com a administradora”. De seguida propôs também a audição da administradora Helena Adegas e o Chega não se opôs. O presidente da COFAP, Filipe Neto Brandão, sugeriu então que se o governador do BdP desejar poderá fazer-se acompanhar pela administradora.

O PS também não se opôs, mas considerou não haver urgência na matéria. “É preciso compreender melhor como se definem os critérios das remunerações do BdP, mas não é assim tão urgente”, afirmou o deputado socialista Carlos Pereira.

Mas Rui Afonso, do Chega, voltou a defender a “urgência” da audição, tanto mais que o ministro das Finanças já convocou a comissão de vencimentos do Banco de Portugal“.

(Notícia atualizada às 15h34)

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“Ainda não é hoje” que Seguro entra na corrida a Belém. “Todo o processo se está a desenvolver na minha cabeça”

Antigo secretário-geral socialista está em reflexão e afirma que olha para o país e sente "o que um Presidente tem obrigação de fazer nos próximos anos".

O antigo secretário-geral do PS António José Seguro afirmou esta quarta-feira continuar em reflexão sobre uma eventual candidatura à Presidência da República, garantindo que “não está à espera de absolutamente” nada. No entanto, durante mais de vinte minutos traçou um retrato do que considera o país deve ser, enumerando mesmo oito metas para o futuro, e garante que sabe o que um Presidente tem de fazer nos próximos anos.

Ainda não é hoje. Por uma razão muito simples, estou mesmo em reflexão. Não tenho nenhum prazo, mas não estou a espera de absolutamente mais nada. Todo o processo se está a desenvolver na minha cabeça“, afirmou António José Seguro durante um almoço-debate organizado pelo International Club of Portugal, quando questionado sobre o presidente daquela entidade, Manuel Ramalho, se iria anunciar que é candidato a Belém.

Perante uma plateia, onde estavam presentes socialistas como Maria de Belém Roseira, Álvaro Beleza, João Soares, Eurico Brilhante Dias e Carlos Zorrinho, António José Seguro agradeceu aos deputados e presidentes de câmaras presentes – “o que nos une nesta sala é Portugal e é Portugal que me faz regressar ao espaço público”, disse – e defendeu várias vezes a importância de reter jovens no país.

Quando questionado pela plateia presente na intervenção sobre o tema “Uma Visão para Portugal”, que teve lugar no Sheraton Lisboa Hotel & Spa, em Lisboa, sobre quais são as características que um Presidente da República deve ter, o antigo secretário-geral do PS destacou a importância de “compromissos”.

Há muita gente que vai à Constituição e define o que um Presidente deve fazer. Olho para o país e sinto o que um Presidente tem obrigação de fazer nos próximos anos. O momento é um momento singular”, afirmou.

A afirmação de António José Seguro ocorre após um dos outros nomes que mais se fala da área socialista, Augusto Santos Silva, ter traçado um perfil do que deve ser um Presidente da República, num ensaio publicado no Expresso, no final do ano passado.

Durante a intervenção, António José Seguro denominou a pobreza de “chaga social” que persegue o país, considerou o crescimento económico insuficiente e defendeu que é preciso evitar a emigração, fenómeno que “se pensava extinto e hoje regressa”. Para ultrapassar os desafios, apontou oito objetivos e metas para o futuro: “criar riqueza sem dependência de fundos comunitários”, “olhar o território português com outra ambição”, “diminuir a dependência energética”, evitar uma economia de baixos salários, inverter a tendência de “um país envelhecido”, “eliminar a pobreza”, “aumentar a qualidade da democracia” e “criar condições de governabilidade”.

Temos de encontrar, enquanto é tempo, critérios institucionais para garantir que futuros governos estão em condições de fazer o que se propõe a fazer”, disse, considerando que é preciso compromissos. “Vivemos numa cultura de trincheiras em que ninguém fala uns com os outros. É preciso destruir a ideia que fazer um pacto, um acordo é para os fracos, de que é uma traição. Na democracia não há inimigos“, vincou.

(Notícia atualizada dia 10 de janeiro, com a correção à referência que Luís Capoulas Santos estava presente. O ECO pede desculpa ao visado e aos nossos leitores)

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O gestor discreto a quem uma indiscrição polémica custou a chefia da Galp

A polémica da demissão do CEO da Galp, provocada pela falha de comunicação sobre um relacionamento, surpreendeu colegas e observadores que o descrevem como um gestor avesso à atenção mediática.

Low profile“, “discreto”, “cordato”. Tanto no setor da energia como no da banca, são estas as palavras usadas para descrever o estilo de Filipe Silva, que esta terça-feira se demitiu da liderança executiva da Galp Energia, citando “razões familiares” e em consequência da investigação da comissão de ética da companhia petrolífera por eventual conflito de interesses, na sequência de uma denúncia anónima sobre uma relação pessoal com uma diretora de topo mantida em segredo, noticiada pelo ECO na passada sexta-feira.

Filipe Silva assumiu as rédeas da Galp no primeiro dia de 2023. A escolha para CEO recaiu sobre o homem-forte das finanças da casa, já que a sua carreira está sobretudo ligada à banca e à gestão financeira da empresa. O seu último ano ficou marcado por uma descoberta que colocou a Galp na ribalta, a viabilidade comercial de uma exploração de petróleo na Namíbia, mas também pelo cancelamento dos projetos que a petrolífera tinha para a refinação de lítio.

Foi sempre minucioso, é um CFO, tem um perfil típico de um CFO, muito numérico”, descreve uma fonte do setor bancário.

O gestor segurava a pasta das finanças da Galp quando, em 2022, os acionistas quiseram entregar-lhe a gestão executiva da empresa, num voto unânime, na sequência do afastamento do antecessor Andy Brown.

“Se calhar foi precisamente pelo perfil discreto que foi promovido, depois de dois CEO mais combativos, digamos, havia necessidade de escolher alguém da casa e mais calmo”, considera um analista do setor. “E Filipe Silva percebe muito de números, que é algo muito apreciado pela família Amorim [que controla a Amorim Energia, maior acionista da Galp com 36,7%]

 

Filipe Silva, ex-CEO da Galp

 

A pasta das Finanças na Galp já estava sob a alçada de Filipe Silva desde 2012, pelo que este a carregou ao longo de praticamente uma década. E manteve-se com esta responsabilidade ao lado de três diferentes CEO: Manuel Ferreira de Oliveira, Carlos Gomes da Silva e, finalmente, Andy Brown, o nome que substituiu ao leme da empresa.

Na sede da Galp, na altura nas Torres de Lisboa, as conferências de imprensa de resultados eram prova do papel discreto do gestor. Chamado a falar sobre os números a seguir aos mais carismáticos CEO e de Thore E. Kristiansen, o norueguês que chefiou durante anos a exploração e produção da petrolífera, Filipe Silva era conciso e não corria riscos nas respostas perante os jornalistas.

“O Filipe nunca se preocupou muito com a comunicação seja interna ou para fora”, aponta um ex-colaborador, sublinhando que o CEO raramente dava entrevistas.

O estilo do gestor era notório dentro da empresa. “Nunca foi uma pessoa de galvanizar, de conhecer as pessoas, de circular pelo edifício, continuou a ser uma pessoa muito reservada, mais de gabinete”.

Este mês, no entanto, quando se contam pouco mais de dois anos desde o início do mandato como CEO, o lugar de Filipe Silva foi abalado por uma polémica precisamente ligada às relações internas. Uma denúncia anónima ditou que a Comissão Ética se debruçasse sobre um alegado relacionamento com uma diretora de topo da empresa.

Bandeira da transição deposta. Levanta-se a da Namíbia

O último ano da Galp, sob a gestão de Filipe Silva, teve dois claros destaques, algo antagónicos: primeiro, a empresa confirmou a viabilidade comercial da exploração de petróleo que detém na Namíbia. Mais tarde no ano, tomou finalmente uma decisão quanto ao projeto que tinha para a refinação de lítio: decidiu cancelá-lo.

As pistas em relação à Namíbia vinham a ser partilhadas já desde 2023, quando se deu o lançamento da campanha de prospeção na área PEL83, no país africano. Foi durante esse ano que se asseguraram os principais contratos e licenças, e que as equipas da Galp se lançaram no terreno. Já em 2024, as atividades de exploração nos dois poços confirmaram colunas significativas de petróleo leve e mostraram evidências de características positivas dos reservatórios em termos de porosidade e permeabilidade, recorda o relatório de contas relativo a 2023.

Em abril de 2024, a acalmia do domingo 21 de abril foi abalada pela divulgação da estimativa de que a Galp espera extrair 10 mil milhões de barris de petróleo, ou até mais. Um número capitalizado sobretudo pela Galp, que detém 80% da exploração, num consórcio com outros dois parceiros, Namcor e Custos Energy, que são donos dos restantes 20%, em partes iguais.

As ações da Galp dispararam, em poucos dias, de cerca de 16 euros para os 20,25 euros por ação, embora no final de 2024 já tenham regressado aos níveis “pré-Namíbia”, numa correção relativamente gradual ao longo dos meses. Em novembro, a petrolífera lançou a segunda “bomba” do ano, o cancelamento do projeto para uma refinaria de lítio que deveria ser erguida em Setúbal, em parceria com a Northvolt – a promessa sueca das baterias que anunciou a entrada em insolvência poucas semanas antes.

Um projeto que previa um investimento superior a 1,1 mil milhões de euros, no qual a Galp já tinha despendido 40 milhões, de acordo com o Expresso, e que acabou por cair por terra. A Aurora, uma joint venture criada pela portuguesa Galp e pela sueca Northvolt, trabalhava desde 2021 para estabelecer uma fábrica de conversão de lítio em Setúbal, visando abastecer a indústria de baterias, através do aproveitamento das reservas de lítio portuguesas.

No balanço que a petrolífera faz do seu ano de 2023, conta 585 milhões de euros de investimento no segmento de Upstream, que refere à exploração de petróleo e gás, de 196 milhões de euros no segmento Industrial e Midstream, e 142 milhões de euros em renováveis e novos negócios, sendo que este último número sofreu uma redução de 65% face ao ano homólogo, e o bolo total encolheu 15% no mesmo período. Um ano que, além do lançamento na Namíbia, ficou marcado pela venda de ativos de petróleo em Angola, por avanços na exploração de gás em Moçambique e pelo arranque do projeto petrolífero Bacalhau no Brasil.

Em paralelo, a Galp decidiu avançar com dois projetos de descarbonização: um eletrolisador de hidrogénio verde de 100 megawatts e uma unidade de biocombustíveis avançados. Além disso, mais que duplicou os postos de carregamento instalados na Península Ibérica e diversificou o portefólio de renováveis, com projetos de hibridização (ligando mais do que uma fonte de energia ao mesmo ponto de acesso à rede) no valor de meio megawatt e a decisão de instalar um piloto de sistema de armazenamento de energia em baterias.

Finanças na Galp, depois da banca

Não é unicamente a experiência na liderança máxima das finanças da Galp que faz de Filipe Silva um homem-forte da área. Antes de ter a sigla “CFO” no currículo, contava já com mais de duas décadas no setor da banca.

De 1999 a 2012, foi responsável do Deutsche Bank em Portugal. De acordo com o respetivo perfil de Linkedin, o gestor começou por chefiar a área de Investimento e Consultoria. Em paralelo, integrou a comissão executiva do banco, tornando-se CEO da célula nacional em 2008. Nestes papéis, esteve envolvido em operações de aquisição e fusão, privatização e project finance, em Portugal e no Brasil.

Antes, tinha sido o banco Finantia a abrir-lhe as portas, em 1987. Nesta instituição manteve-se como líder das Finanças Corporativas até à sua saída. Assumiu o cargo de diretor nesta casa de investimento enquanto terminava o mestrado em Gestão de Finanças na Universidade Católica de Washington, nos Estados Unidos, no qual ingressou após a licenciatura em Economia e Gestão de Finanças, terminada em 1986.

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Vítor Marques Moreira é candidato ao Conselho Superior da Ordem dos Advogados

Vítor Marques Moreira avançou com a candidatura à liderança do Conselho Superior da Ordem dos Advogados. Na corrida está também António Jaime Martins.

Sob o lema “Repristinar o respeito pela advocacia”, Vítor Marques Moreira avança com uma candidatura para a liderança do Conselho Superior da Ordem dos Advogados (OA). Na corrida está também António Jaime Martins.

“A falta de urbanidade inter pares é uma realidade que não se pode nem deve tolerar. As redes sociais são um ninho onde a falta de urbanidade se manifesta tantas vezes cobardemente atrás de um teclado. Por outro lado, censura e a falta de democraticidade no seio da OA é uma realidade que não se pode nem deve escamotear. Entenderam muitos colegas, oriundos de várias comarcas do país, que é tempo de repristinar o respeito pela advocacia”, revela o candidato nas redes sociais.

Vítor Marques Moreira assume que não renega o passado da OA, mas que também não procura conflitos com o presente. “A minha preocupação é o futuro”, sublinha.

“Sou um advogado que procura consensos, mas se necessário for estarei na primeira linha de combate para defesa intransigente do Estado de Direito Democrático e de toda a advocacia sem exceção, quer seja em prática individual, de empresa ou societária. O momento exige ação. Estou disponível para ser mais um nesse combate“, refere.

O candidato passou pela direção jurídica de uma Instituição de Crédito, entre 1981 e 2013, e desde 2004 que optou, em regime liberal, pela prática da advocacia em regime societário fundando a LADV – Lenine J Oliveira, Vítor M Moreira e Associados, atualmente, fruto das alterações societárias surgidas, VMM – Vítor Marques Moreira & Associados.

No seu percurso conta a passagem pelo Conselho Geral da Câmara dos Solicitadores, pelo Conselho Geral da OA (2008 a 2010), representante da OA na Assembleia da República junto da Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos, presidente do Instituto dos Advogados de Empresa da Ordem dos Advogados (2008 a 2013) e membro do Bureau de Directores da ECLA – European Company Lawyers Association (2008 a 2013).

A atual bastonária da Ordem dos Advogados – eleita em janeiro de 2023 – anunciou no dia 27 de novembro a convocação de eleições antecipadas para todos os órgãos da instituição, incluindo o que lidera, o Conselho Geral (CG). Os advogados vão a votos nos dias 18 e 19 de março para a primeira volta e, caso aconteça, 31 de março para a segunda volta. As propostas de candidatura serão apresentadas à Comissão Eleitoral até às 18h00 do dia 17 de janeiro de 2025.

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Preços do petróleo e Namíbia terão mais impacto nas ações da Galp do que liderança

A evolução dos preços do petróleo e da exploração na Namíbia são mais determinantes para as cotações. A RBC assinala que a demissão pode ainda aguçar o apetite para fusões e aquisições.

Os mercados desvalorizam o impacto da saída do CEO da Galp, Filipe Silva, da empresa. Apontam que, apesar de alguma volatilidade possível no curto prazo, fatores como o sucesso na Namíbia ou os preços do petróleo e gás serão mais determinantes para a evolução das cotações em bolsa. Impõe-se agora a necessidade de escolher um substituto com reputação sólida, e de forma rápida, para que a indefinição não abale a confiança dos investidores. A casa de investimento RBC Capital Markets assinala até que a saída de Filipe Silva pode aguçar o apetite para fusões e aquisições.

Filipe Silva abdicou do cargo “por razões familiares”, depois de ter sido noticiado pelo ECO que estava a ser alvo de uma investigação interna por parte da Comissão Ética, na sequência de uma denúncia anónima sobre uma alegada relação amorosa entre o gestor e uma diretora de topo.

A XTB, na voz do analista Henrique Tomé, observa que “o impacto da demissão do CEO da Galp está a ser muito reduzido na cotação das ações da empresa”, de forma semelhante ao que aconteceu face às primeiras notícias sobre a polémica que envolveu Filipe Silva. “Isto pode ser explicado facto de que Filipe Silva ter assumido o cargo de CEO há relativamente pouco tempo (desde janeiro de 2023)”, pelo que “o mercado está mais atento ao potencial da empresa e não tanto às questões que possam afetar a liderança da mesma”, entende o mesmo.

O desempenho das ações da Galp não deverá sair afetado a longo prazo. Esta polémica tem um cariz moral e ético, pelo que está a ser vista como secundária pelo mercado”, clarifica Henrique Tomé. Os investidores, acredita, estarão mais atentos aos projetos da Galp e à cotação do petróleo e do gás natural nos mercados internacionais.

“A Galp é uma empresa multinacional com interesses em diversas regiões e no âmbito de diversas jurisdições, pelo que a saída de um CEO tenderia a ser neutral”, corrobora o responsável de Trading do Banco Carregosa, João Queiroz. O mesmo vê dois cenários possíveis. Numa visão mais positiva, “a nomeação rápida de um sucessor com reputação sólida e comprometido com o atual plano estratégico, deve mitigar a incerteza e estabilizará ou até mesmo impulsionará as cotações”.

Em oposição, vê a possibilidade de volatilidade no preço da ação no curto prazo, caso exista uma incerteza “relevante” sobre a futura liderança e estratégia. O prolongamento da indefinição na liderança “poderia traduzir-se numa perda de confiança dos investidores e potencial desvalorização das ações”. Neste sentido, “as perspetivas para a Galp dependerão, em grande parte, de como a empresa gere esta transição na liderança e capitaliza as oportunidades criadas pelas recentes descobertas”, conclui. Uma liderança competente e sucesso na Namíbia deverão levar a revisões do preço alvo em alta, enquanto indefinição na liderança ou obstáculos à exploração de novas reservas pressionam no sentido contrário.

As perspetivas para a Galp dependerão, em grande parte, de como a empresa gere esta transição na liderança e capitaliza as oportunidades criadas pelas recentes descobertas.

João Queiroz

Responsável de Trading no Banco Carregosa

O valor das ações da Galp está a cair 1,49%, para 15,90 euros. A 7 de janeiro, a Reuters regista que uma casa de investimento não identificada baixou o preço alvo que previa para a cotada em 4,56%, para 15,4 euros. As anteriores recomendações emitidas relativamente à cotada, que datam de dezembro, são de “compra” ou “desempenho superior”, de acordo com os dados levantados pela Reuters. A última, publicada a 31 de dezembro pelo Santander, revê o preço em baixa mas coloca-o nos 19 euros por ação, cerca de 4 euros acima do preço atual. Antes, a 20 e a 9 de dezembro, duas casas de investimento que não se encontram identificadas reviram os respetivos preços-alvo em alta, para 22 e 23 euros, respetivamente. A 2 de dezembro, o Berenberg inaugurou a cobertura da ação com um preço alvo de 21 euros.

Entre as consequências negativas está a possibilidade de o CEO ter estado envolvido em contactos com congéneres do setor e deter uma eventual posição negocial relevante. “Esta situação poderá criar dúvidas quanto à capacidade da Galp em manter a direção eficaz e eficiente, especialmente num momento em que o mercado está atento ao aproveitamento das oportunidades na Namíbia”, afirma Queiroz.

A nota do RBC, intitulada “Mais uma saída… a nova norma?”, aponta que, desde que Paula Amorim integrou o conselho de administração, em 2012, do qual assumiu a presidência em 2016, Filipe Silva foi o quarto CEO aos comandos da Galp. Andy Brown foi o líder executivo entre fevereiro de 2021 e dezembro de 2022, Carlos Gomes da Silva esteve ao leme de 2015 a 2021 e Manuel Ferreira de Oliveira saiu em 2015, depois de um longo mandato que se estendia desde 2006. “Este é um contraste acentuado em relação aos pares do setor, no qual os CEO se mantêm tipicamente por sete a 10 anos”, lê-se na nota.

"A partida do CEO é provável que acenda expectativas de M&A [fusão e aquisição].”

RBC Capital Markets

“A partida do CEO é provável que acenda expectativas de M&A [fusão e aquisição]”, remata ainda o RBC Capital Markets, que vê a Chevron como “o comprador mais lógico para a Galp”. “A Galp atravessa um momento crucial e repleto de oportunidades, em que a escolha de uma liderança capaz de potenciar os ativos da empresa, aliada a uma execução estratégica eficaz e à gestão competente dos desafios do setor energético, será determinante para o seu desempenho no mercado”, entende também o responsável de Trading do Banco Carregosa.

Namíbia e preços do crude a impulsionar

Além da questão da liderança, existem vários outros aspetos que vão influenciar as cotações. Com um ascendente mais favorável, o Banco Carregosa nomeia os preços elevados do crude, que sustentam as receitas e margens da empresa, assim como a descoberta de reservas significativas na Namíbia, que “representa uma oportunidade transformacional para a Galp”, pois reforça as perspetivas de crescimento a longo prazo e atrai atenção para o potencial da empresa em ampliar o seu portefólio.

Nesta altura vemos os mercados internacionais a reagir em alta no que toca aos combustíveis fósseis, sendo que as perspetivas têm vindo a melhorar nestas últimas semanas para as cotadas deste setor. Assim, esta tendência deverá também beneficiar a Galp.

Henrique Tomé

XTB

Para a XTB, o comportamento das ações irá depender do desempenho financeiro da empresa e da evolução do preço das matérias-primas nos mercados internacionais. As ações da empresa têm vindo a recuar desde abril de 2024 (cerca de 25%), “pressionadas pelas quedas no preço das matérias-primas energéticas, onde existe uma correlação direta”, identifica o analista. “Nesta altura vemos os mercados internacionais a reagir em alta no que toca aos combustíveis fósseis, sendo que as perspetivas têm vindo a melhorar nestas últimas semanas para as cotadas deste setor. Assim, esta tendência deverá também beneficiar a Galp”, assinala.

Numa nota mais negativa, há que ter em conta incertezas geopolíticas, incluindo tensões em regiões produtoras de energia e potenciais desestabilizações nos mercados globais, que podem ter um impacto negativo nas operações da empresa, ressalva João Queiroz.

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A nova campanha de recrutamento da DHM é protagonizada pelos próprios colaboradores

  • + M
  • 8 Janeiro 2025

Com criatividade desenvolvida pela Uzina, a campanha visa "atrair profissionais que valorizem um ambiente de trabalho feliz, inspirador e repleto de possibilidades de crescimento".

São os próprios colaboradores os protagonistas da nova campanha de recrutamento da Discovery Hotel Management (DHM), que dá assim voz às histórias de quem já faz parte da equipa.

De uma “forma simples e autêntica”, a campanha é protagonizada pela Micaela, pela Sofia e pelo Vicelmo, colaboradores reais do grupo que partilham momentos especiais proporcionados pelo grupo nos seus dias de aniversário — desde uma experiência de SPA, à prática de golfe ou a um pequeno-almoço servido no quarto.

“Na DHM, acreditamos que o sucesso do nosso negócio assenta nas pessoas que fazem parte da nossa equipa. Esta campanha de recrutamento reflete o nosso compromisso em atrair e reter os melhores talentos, oferecendo-lhes não só oportunidades de crescimento profissional, mas também um ambiente de trabalho onde se sintam valorizados e felizes”, afirma Mara Leitão, diretora de recursos humanos da DHM, citada em comunicado.

Com criatividade da Uzina, a campanha, que tem como mote “Preparado para uma grande estadia?”, está disponível nas plataformas da Meta (Facebook e Instagram), no YouTube e no Google Display Network.

Com vagas em áreas como housekeeping, recepção, restauração, SPA ou manutenção, a DHM procura com esta campanha “atrair profissionais que valorizem um ambiente de trabalho feliz, inspirador e repleto de possibilidades de crescimento”, refere-se ainda em nota de imprensa.

Os interessados podem consultar as vagas disponíveis no site da DHM e candidatar-se através da plataforma de recrutamento em Discovery Hotel Management Jobs.

 

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Tupperware adia fecho em Constância. Investidores apresentam proposta para comprar a fábrica

  • Lusa
  • 8 Janeiro 2025

Empresa optou por manter a fábrica aberta por mais uns dias para dar resposta às encomendas. Autarca garante que um grupo de investidores apresentou uma proposta para adquirir "tudo".

A fábrica da Tupperware instalada em Montalvo, Constância (Santarém), não fecha portas esta quarta-feira, ao contrário do anunciado, e vai manter a atividade por mais uns dias para dar resposta às encomendas, continuando incerto o futuro de 200 trabalhadores. Apesar dessa incerteza, o presidente do município revela que um grupo de investidores portugueses apresentou uma proposta para adquirir fábrica à empresa norte-americana.

“A reunião marcada com a direção [da fábrica] para terça-feira foi adiada para quinta-feira [dia 9 de janeiro], pelo que vamos continuar a trabalhar nos próximos dias, provavelmente até quinta-feira, dia 16, para dar resposta às encomendas”, disse esta quarta-feira à Lusa um trabalhador da empresa, tendo adiantado que o fecho da fábrica “foi adiado”, mas que o mesmo “é inevitável”.

Segundo a mesma fonte, a fábrica “está a funcionar normalmente e em todos os setores (armazém, respostas a encomendas e escritórios) com o intuito de dar vazão às encomendas através dos stocks existentes” na fábrica, que serão “bastantes”, estando apenas parado, desde o último mês, o setor da produção.

Para o trabalhador de 58 anos de idade e “mais de 20 anos” de casa, o futuro continua a ser incerto e os próprios pagamentos de lei e indemnizações aos trabalhadores ainda não estarão assegurados pela empresa.

“Só na quinta-feira vamos saber se nos pagam o que temos direito ou se teremos de recorrer a um advogado, o que é uma situação injusta depois de mais de 20 anos a trabalhar nesta fábrica”, disse à Lusa um dos funcionários, manifestando “apreensão” sobre o seu futuro.

A fábrica da multinacional Tupperware em Portugal, a funcionar desde 1980 na freguesia de Montalvo, dependia a 100% da casa-mãe norte-americana.

O pedido de insolvência da casa-mãe teve consequências diretas na unidade portuguesa e vai deixar no desemprego os 200 trabalhadores que ali eram efetivos, a maioria dos quais residente em Montalvo.

A notícia do fecho da Tupperware foi avançada pelo presidente da Câmara de Constância, no dia 20 de dezembro.

Sérgio Oliveira disse à Lusa estar preocupado com o possível fecho da fábrica porque a Tupperware é “o maior empregador” do concelho.

“Acreditámos até ao último instante que isto seria apenas e só mais uma crise pontual e a Tupperware iria conseguir dar a volta por cima e continuar a laborar aqui na freguesia de Montalvo”, afirmou, dando conta da preocupação das famílias “que dependem do sustento que tiram da fábrica” e da falta de informação por parte da empresa.

Segundo o autarca, “o grupo [Tupperware] sempre teve uma postura muito fechada sobre si próprio, nunca teve uma grande abertura à comunidade e aos próprios trabalhadores que, nesta fase, têm poucas informações sobre aquilo que será o futuro, nomeadamente a garantia dos seus direitos”.

Sérgio Oliveira disse que a Câmara Municipal já pediu apoio para os trabalhadores ao Ministério do Trabalho e da Segurança Social, “para que fossem salvaguardados e garantidos os direitos” que têm.

“Há algumas pessoas com 30 anos de casa, que trabalharam sempre aqui […] e que agora, inevitavelmente, serão obrigados a reinventar-se”.

A Lusa pediu informações à administração da fábrica instalada em Portugal, sem resposta até ao momento.

Grupo de investidores apresenta proposta para adquirir fábrica da Tupperware

Um grupo de investidores está interessado na fábrica da Tupperware instalada em Constância, avançou à Lusa o presidente do município, tendo sido já apresentada uma proposta de aquisição da fábrica à empresa norte americana.

O presidente da Câmara de Constância disse esta quarta-feira que um grupo de investidores portugueses apresentou uma proposta de compra da fábrica da Tupperware à empresa norte-americana, no dia 26 de dezembro, e que aguarda resposta.

Sei que um grupo empresarial apresentou uma proposta para comprar tudo, instalações e maquinaria, podendo manter, se não a totalidade, pelo menos alguns dos trabalhadores, e que aguarda resposta.

Sérgio Oliveira

Presidente da Câmara de Constância

“Sei que um grupo empresarial apresentou uma proposta para comprar tudo, instalações e maquinaria, podendo manter, se não a totalidade, pelo menos alguns dos trabalhadores, e que aguarda resposta”, disse Sérgio Oliveira.

Segundo o autarca, “a licença de produção termina esta quarta-feira”, tendo indicado que na quinta-feira “serão comunicadas as notícias de futuro aos trabalhadores pelo diretor da fábrica”.

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Trabalhadores em regime híbrido são os que se sentem mais realizados com emprego

Regime híbrido ou remoto assegura maior bem-estar, realização no emprego e até confiança no desenvolvimento de carreira, mas também são esses os trabalhadores mais abertos a mudar de trabalho.

Mais de oito em cada dez dos que trabalham em regime híbrido — isto é, ora à distância, ora de modo presencial — dizem-se realizados com os seus empregos. De acordo com um novo estudo da empresa de recursos humanos ManpowerGroup, entre os trabalhadores completamente remotos e os trabalhadores presenciais esse sentimento é mais fraco.

“Quanto questionados sobre o sentimento de realização com o trabalho, os profissionais em modelos híbridos lideram, com 83% a considerar o seu trabalho significativo e com propósito, superando os seus pares que trabalham em modelos remotos (80%) e presenciais (79% entre os que o fazem por opção e 78% entre os que o fazem por imposição da organização)”, explica o ManpowerGroup, que ouviu cerca de 12 mil trabalhadores a nível global sobre 12 indicadores-chaves (entre os quais, a satisfação no trabalho).

Também no que diz respeito ao índice de bem-estar, os trabalhadores que exercem as suas funções em modelo híbrido ou remoto saem melhor na fotografia do que aqueles que o fazem de forma presencial: 72% dos primeiros apontam equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, contra 57% dos segundos.

Por outro lado, o estudo conhecido esta quarta-feira revela que, “contrariamente à perceção de que o alinhamento com os valores e propósito da empresa é maior nos modelos presenciais“, são os trabalhadores híbridos ou remotos que conseguem uma melhor classificação neste indicador.

Contrariamente à perceção de que o alinhamento com os valores e propósito da empresa é maior nos modelos presenciais, observam-se igualmente valores superiores, neste indicador, para os modelos híbridos e remotos.

Global Talent Barometer

Outro dado que espelha as vantagens dos modelos mais inovadores de trabalho é que “a confiança nas oportunidades de desenvolvimento de competências é igualmente mais elevada nos modelos híbridos (77%) e remotos (74%), comparativamente aos trabalhadores em regime presencial imposto (68%)”. “Contudo, quando o modelo presencial é uma escolha do trabalhador, o índice de confiança sobe para 73%”, ressalva a ManpowerGroup.

São também os trabalhadores em regime híbrido ou remoto aqueles que apresentam maior confiança nos seus gestores para apoiar o seu desenvolvimento de carreira (ambos com 69% contra 60% entre os trabalhadores em modelos presenciais por opção e 56% entre profissionais em modelos presenciais por imposição da empresa).

Mas nem tudo são rosas no modelo híbrido ou remoto. Segundo o novo estudo, o sentimento de segurança no emprego atual é superior para os trabalhadores em modelos presenciais e os trabalhadores nos regimes inovadores têm “uma maior propensão para mudar de emprego nos próximos seis meses“.

“Os dados deste barómetro refletem um paradoxo importante: embora os modelos remotos e híbridos promovam um maior bem-estar, confiança no desenvolvimento profissional e mesmo alinhamento com os valores da empresa, apresentam também desafios em termos de retenção de talento devido à maior probabilidade de mudança de emprego”, assinala, assim, o ManPowerGroup.

“Perante esta realidade, as empresas que desejam atrair e reter talento devem apostar em estratégias que combinem flexibilidade, apoio ao desenvolvimento de carreira e acesso às ferramentas adequadas, independentemente do modelo de trabalho adotado, desenvolvendo abordagens adaptadas para fomentar o bem-estar, a satisfação e a confiança em todos os seus trabalhadores”, sublinha a empresa de recursos humanos.

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Famalicão inicia investimento recorde de 20 milhões de euros em escola

A requalificação da escola deverá estar concluída no primeiro semestre de 2026. "É o maior investimento de sempre em edifícios do parque escolar" do concelho, diz o presidente da câmara famalicense.

Lançamento das obras da Escola Secundária Padre Benjamim Salgado, em Vila Nova de Famalicão8 janeiro, 2025

O município de Vila Nova de Famalicão deu início às obras de ampliação e requalificação da Escola Secundária Padre Benjamim Salgado, num investimento na ordem dos 20 milhões de euros, comparticipados pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Esta empreitada representa “o maior investimento de sempre em edifícios do parque escolar concelhio”, assegurou o autarca Mário Passos.

A assinatura do auto de consignação e o lançamento da primeira pedra aconteceram nesta terça-feira. As obras têm um prazo de execução de 480 dias, prevendo-se a conclusão no primeiro semestre de 2026.

Durante a cerimónia, o presidente da câmara famalicense assinalou o facto de esta ser “uma intervenção há muito necessária e reclamada, tendo em conta que esta era a única escola Secundária do concelho que ainda não tinha sido intervencionada”.

Citado num comunicado da autarquia, o diretor-geral dos Estabelecimentos Escolares, João Gonçalves, frisou, por sua vez, que “este processo passou por quatro governos e o município teve um papel fundamental no sucesso que se celebra”.

É uma intervenção há muito necessária e reclamada, tendo em conta que esta era a única escola secundária do concelho que ainda não tinha sido intervencionada.

Mário Passos

Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão

A empreitada contempla a intervenção nos edifícios existentes e a construção de novos espaços, assim como a remodelação dos arruamentos de acesso ao recinto escolar. Serão ainda construídos um novo auditório e uma biblioteca.

O atual edifício da Escola Secundária Padre Benjamim Salgado, que atualmente conta com cerca de 1.200 alunos, foi construído na década de 1980.

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PS pressiona Governo a acelerar lei sobre IMI das barragens e eólicas

Proposta dos socialistas quer incluir todos os equipamentos dos centros hídricos, parques eólicos e fotovoltaicos para cálculo do imposto a pagar. Grupo de trabalho do Executivo ainda não reuniu.

O grupo de trabalho que o Governo anunciou há mais de meio ano para estudar a cobrança do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) das barragens, eólicas e parques fotovoltaicos já tem presidente indicada — Dulce Neto –, mas ainda não reuniu, indicou ao ECO fonte oficial do Ministério das Finanças. Face a este “impasse”, o PS decidiu avançar com uma proposta para forçar o Executivo a “acelerar” a alteração legislativa ao código do imposto de modo a clarificar que todos os equipamentos dos centros eletroprodutores de energias renováveis contam para cálculo do IMI, explicou ao ECO o deputado do PS, Carlos Brás.

O diploma deu entrada esta semana na Assembleia da República e, na prática, verte em letra de lei, a prática que já vem sendo seguida pela Autoridade Tributária (AT). O grupo parlamentar socialista vai aproveitar a audição da diretora-geral do Fisco, Helena Borges, agendada para a tarde desta quarta-feira na comissão de orçamento, finanças e administração púbica (COFAP), no Parlamento, para “averiguar o ponto de situação dos trabalhos da comissão criada pelo Governo”, indicou o deputado socialista.

O projeto do PS traduz a proposta da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), aprovada pelo conselho diretivo por unanimidade, e que já tinha sido apresentada ainda antes da discussão do Orçamento do Estado para 2025, segundo Carlos Brás.

“O objetivo do nosso diploma é inscrever na lei que o IMI tem de ser cobrado com base no valor patrimonial tributário (VPT) de todos os equipamentos e instalações dos centros eletroprodutores de energias renováveis, incluindo os órgãos de segurança e exploração das albufeiras, as torres eólicas e respetivas turbinas e os painéis solares”, avançou o parlamentar socialista, sublinhando que esta proposta “corresponde aos anseios da ANMP, designadamente dos municípios e que têm aproveitamento hidroelétricos”. A iniciativa clarifica ainda que, nas barragens, a cobrança do IMI apenas se aplica “aos casos de utilização privativa dos recursos hídricos do domínio público”.

Para o vice-presidente da bancada do PS, Hugo Carneiro, “a iniciativa do PS é precipitada, tendo em conta que o Governo criou um grupo de trabalhar para analisar essa matéria”. “Ainda nem sequer fizemos essa avaliação”, sinalizou.

Mas os socialistas consideram que “já passou demasiado tempo desde o anúncio desse grupo” e ainda “nem sequer houve reunião alguma”, critica o deputado do PS. O Ministério das Finanças confirmou ao ECO que, até à data, a comissão, que vai ser liderada pela ex-presidente do Supremo Tribunal Administrativo, Dulce Neto, ainda não arrancou com os trabalhos. “Por isso, decidimos avançar já com um diploma próprio”, justificou Carlos Brás, ressalvando que “a ideia é haver um amplo diálogo e debate com os vários grupos parlamentares”.

“A iniciativa, que tem por base a proposta aprovada pela ANMP, o grupo parlamentar do Partido Socialista pretende desencadear um processo legislativo que permita adaptar o enquadramento legal em vigor às novas realidades dos centros eletroprodutores, de modo a obviar quaisquer dúvidas, de cariz interpretativo ou outro, que possam subsistir sobre esta matéria. Deste processo legislativo, que se pretende que seja o mais participado e rigoroso possível, devem resultar as condições para uma atuação mais transparente, homogénea e previsível da Autoridade Tributária e Aduaneira ao nível da avaliação patrimonial tributária dos centros eletroprodutores de energias renováveis e da respetiva tributação, nomeadamente em sede de IMI“, lê-se no preâmbulo do diploma.

A proposta de alteração do PS ao Código do IMI vem determinar que o imposto incide também sobre os prédios “de energias renováveis, incluindo barragens, eólicas ou fotovoltaicas e mistos”, termos que não constam atualmente da lei. Estabelece ainda que, “nos casos de usufruto, concessão ou de direito de superfície, o imposto é devido pelo usufrutuário, concessionário ou pelo superficiário após o início da construção da obra ou do termo da plantação”.

O mesmo diploma vem clarificar que, quando uma barragem, um parque eólico ou fotovoltaico “não vedado se localize em mais do que um município, a receita de IMI é distribuída proporcionalmente em função do valor de construção existente em cada município”.

No caso dos centros hídricos, a afetação da receita do imposto deve ser feita do seguinte modo: “50% do valor imputado à barragem, edifícios e equipamentos, distribuído equitativamente pelos municípios envolvidos; 50% do valor imputado à albufeira, distribuído na proporção da respetiva área inundada”, segundo o projeto de lei.

“No caso de parques eólicos, a receita de IMI é distribuída na proporção do número de torres eólicas em cada município, nos casos em que as torres tenham todas a mesma potência, ou em função da potência instalada em cada município, nos casos em que as torres tenham potências distintas. No caso de parques fotovoltaicos ou onde sejam produzidas outras energias renováveis, a receita do IMI é distribuída na proporção da área construída em cada município”, lê-se no mesmo diploma.

O grupo de trabalho do Governo que vai avaliar a cobrança do IMI dos centros eletroprodutores de energias renováveis vai ser composto pela Autoridade Tributária, pela Agência Portuguesa do Ambiente, por organismos representativos dos avaliadores, pelo Laboratório Nacional de Engenharia e Geologia Civil, pela Associação Nacional de Municípios e pela Associação Portuguesa de Energias Renováveis.

Quando o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, anunciou, em junho do ano passado, a criação desta comissão tinha indicado que o objetivo seria apresentar uma proposta de alteração ao IMI até dezembro de 2024, de modo a que o imposto de 2025 pago em 2026 seja já de acordo com as novas regras. Mas essa iniciativa ainda não chegou à Assembleia da República nem foi aprovada em Conselho de Ministros, uma vez que só no final do ano passado foi designada a presidente do grupo de trabalho.

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Exus compra parque solar em Portugal à Lightsource bp

O parque Cibele, localizado na freguesia de Alcoentre, no município da Azambuja, é de 130 MW. Lightsource bp, liderada em Portugal por Miguel Lobo, pretende investir noutros projetos de renováveis.

A empresa espanhola Exus Renewables adquiriu um parque solar em Portugal, pronto a construir, à Lightsource bp, que é maioritariamente detida pela BP e um dos principais operadores mundiais de ativos solares e de armazenamento de energia em grande escala.

A aquisição do parque Cibele, localizado na freguesia de Alcoentre (município da Azambuja), é de 130 megawatts (MW) e visa reforçar o portefólio europeu de energias renováveis da Exus, após a compra do parque eólico espanhol Cascante de 51 MW no início do ano passado.

A equipa da Exus em Portugal está atualmente a desenvolver 200 MW de ativos eólicos e solares, com 70 MW adicionais em construção e 130 MW já operacionais. “Esta aquisição marca um passo significativo na jornada da Exus para se tornar um produtor independente líder de energia global e melhora ainda mais o nosso portefólio de ativos de energia renovável na Europa”, afirmou Victor López, responsável de fusões e aquisições da Exus Renewables.

“O projeto permitir-nos-á continuar a tomar decisões de investimento inteligentes, ao mesmo tempo que cumprimos a nossa missão de criar um futuro mais verde e sustentável para todos. Transações deste tipo são uma demonstração clara de como as parcerias entre promotores e investidores em energias renováveis podem desempenhar um papel vital no avanço da transição energética”, referiu o gestor português Miguel Lobo, country head para Portugal da Lightsource bp.

O objetivo da Lightsource bp — que tem um portefólio de projetos, em diferentes fases de desenvolvimento, com capacidade superior a 2,5 GW — é alargar o alcance de investimento em mais projetos. “Muitos destes projetos estão em fase avançada de licenciamento e pretendemos iniciar a construção de alguns deles num futuro próximo. Portugal é um mercado prioritário para a Lightsource bp e uma chave para a expansão da empresa na Europa”, garantiu.

A assessorar este negócio no setor da energia esteve a sociedade de advogados Cuatrecasas, que ficou a cargo do apoio jurídico, enquanto Mott MacDonald atuou como consultor técnico. A Lightsource bp foi assessorada em questões financeiras pela Capcora, nas questões legais pela PLMJ e pala Enertis nos aspetos técnicos.

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Bruxelas desvaloriza ameaça de Trump sobre Gronelândia: “É uma situação hipotética”

Comissão Europeia desvaloriza, para já, ameaças de uma invasão militar à Gronelândia e à adoção de tarifas "a um nível muito elevado" contra a Dinamarca. "É uma situação hipotética", diz.

A Comissão Europeia desvalorizou as ameaças que Donald Trump fez em relação a uma possível invasão militar à Gronelândia caso a Dinamarca se recusasse a vender o território aos Estados Unidos. Em resposta aos jornalistas, os porta-vozes do executivo comunitário consideraram o cenário “hipotético“, recusando a comparação de um risco de se suceder uma invasão à semelhança do que aconteceu na Ucrânia, em 2022.

Estamos a falar de situações hipotéticas e de uma Administração que ainda não tomou posse“, começou por referir um porta-voz da Comissão, durante a conferência de imprensa diária, em Bruxelas, frisando que o executivo comunitário tem procurado manter um canal de diálogo aberto com os Estados Unidos sobre interesses comuns.

“Muitas ameaças não se concretizaram. Não vemos qualquer necessidade, neste momento, de ir além do que já dissemos. A nossa principal preocupação é encontrar questões em comum com a nova Administração quando esta entrar em funções“, frisou. Certo, é que aos olhos do executivo comunitário “a soberania dos Estados tem de ser respeitada” considerando ser esse um “valor” da União Europeia.

Ainda assim, o executivo comunitário confirmou que qualquer ação militar contra a Gronelândia ativaria a cláusula de assistência mútua da UE prevista nos tratados.

A posição da Comissão Europeia surge um dia depois de Donald Trump ter ameaçado aplicar tarifas “a um nível muito elevado” contra a Dinamarca se esta não cooperasse a Gronelândia aos Estados Unidos. Embora a Gronelândia seja um território autónomo, continua a depender financeiramente da Dinamarca.

“As pessoas não sabem se a Dinamarca tem qualquer direito legal sobre [a Gronelândia], mas se tiverem, devem abandoná-lo, porque necessitamos dela para a segurança nacional”, disse Trump, durante a conferência de imprensa desta terça-feira, em Mar-a-Lago, na Florida.

O Presidente eleito não rejeitou a hipótese de recorrer a “coerção militar ou económica” contra aquele território — e o Canal do Panamá — caso o pedido não seja atendido. “Não, não posso assegurar nenhuma das duas, mas posso dizer isto: precisamos deles para a segurança económica”, reiterou.

Embora a Comissão Europeia não tivesse assumido uma posição mais firme em relação às ameaças de Donald Trump, a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen já respondeu dizendo estar absolutamente contra a venda da Gronelândia.

“A Gronelândia pertence aos gronelandeses. Como disse o primeiro-ministro Mute Egede, a Gronelândia não está à venda“, disse Frederiksen, ressalvando que os Estados Unidos são o “aliado mais próximo” da Dinamarca. Ainda assim, a primeira-ministra deixou a ressalva que o investimento dos EUA no território autónomo é bem-vindo.

Dentro do bloco europeu, o chefe da diplomacia francesa, Jean-Noel Barrot, disse que a União Europeia não vai permitir que países “ataquem fronteiras soberanas” do bloco europeu, referindo-se à nova ameaça de Donald Trump sobre a anexação da Gronelândia.

O território autónomo dinamarquês é altamente cobiçado pelos recursos naturais — embora a prospeção de petróleo e a extração de urânio sejam proibidas. A região é também importante do ponto de vista geoestratégico sendo que os Estados Unidos têm uma base militar na Gronelândia.

Ulrik Pram Gad, especialista em questões relacionadas com a Gronelândia no Instituto Dinamarquês de Estudos Internacionais, disse esta manhã à AFP que é preocupante a forma como o futuro Chefe de Estado Donald Trump fala sobre as relações entre os países.

Esta não é a primeira vez que o bilionário norte-americano mostra interesse na Gronelândia. Em 2019, durante o primeiro mandato como Presidente dos Estados Unidos considerou comprar a Gronelândia, mas a proposta foi recusada. Donald Trump toma posse a 20 de janeiro.

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