Bessa fala do Brexit e das consequências para a economia portuguesa e reconhece estar preocupado com as eleições americanas.
Professor universitário, Bessa está atento às movimentações no âmbito da saída do Reino Unido da União Europeia e tem um olho nas eleições americanas, dois movimentos que diz que são indissociáveis. Trata-se de uma “rejeição muito grande do mundo como o conhecemos, e que diz respeito à abertura dos mercados e da globalização”, adianta o economista.
A nível europeu temos um desafio que passa pela saída do Reino Unido da União Europeia. Que comentário lhe merece?Penso que a linha por onde entram as consequências maiores tem a ver com o câmbio da libra pelo que, no turismo, Portugal sai penalizado. Sobretudo na perspetiva de curto prazo e da parte económica. Mas a mim, a saída da Inglaterra penaliza-me imenso do ponto de vista político, é uma perda enorme para a UE. Um país que, de alguma forma, tinha uma voz importante contra o centralismo, do ponto de vista económico não me parece muito penalizador. Portugal não terá por aí grandes perdas. Há uma perda de poder económico do Reino Unido e isso há de ter consequências económicas. Mas não me parece que seja dramático.
E quanto às eleições americanas, está preocupado?Estou, claro que me preocupa. Não sou dos que ficam muito satisfeitos se o senhor Trump perder. Acho que o processo nos USA é muito semelhante ao que temos em marcha noutros países: não consigo dissociar Donald Trump da senhora Le Pen, em França, e acho mesmo que o processo que levou ao Brexit é muito parecido. O próprio Podemos, em Espanha, que é uma coisa mais urbana, aparentemente de classe média mais alta, tem muitas componentes semelhantes. O que me parece que existe nestes movimentos é uma rejeição muito grande do mundo como o conhecemos hoje, no que diz respeito à abertura dos mercados e da globalização. Donald Trump perde mas a verdade é que ficam lá não sei quantos por cento de eleitorado que exprimiram essa opinião. E é por isso que digo que não percebo muito bem como é que se fica tão contente quando se ganha as eleições por uma unha negra, porque pode perder-se nas seguintes. Em Inglaterra perdeu-se, e nos Estados Unidos quero acreditar que não se vai perder, mas fica lá.
Sabia que…
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Daniel Bessa: “A saída do Reino Unido é uma perda enorme para a UE”
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