Na reta final da 1.ª edição do Huawei Summer Camp 4 Her, em Cascais, a Pessoas falou com a chief global impact da tecnológica sobre o balanço do programa e os desafios de género no setor.
Depois da Summer School for Female Leadership in the Digital Age, a Huawei voltou com uma nova iniciativa para promover um maior equilíbrio de género na indústria: o Huawei Summer Camp 4 Her, em Cascais. Depois de três dias de debates, workshops, masterclasses e até aulas de surf e ioga, o objetivo foi cumprido: introduzir as 15 jovens participantes na realidade do setor tecnológico, dando-lhes “a conhecer as possibilidade de carreira nas TIC [Tecnologias da Informação e Comunicação]”, afirma a senior vice president of global government affairs e chief global impact officer da Huawei, Afke Schaart, à Pessoas.
A partir da cidade “muito verde e inovadora” de Shenzhen, na China, Afke Schaart gere os comandos de todos os temas que se relacionem com a área de impacto global em termos sociais, o que envolve tópicos como sustentabilidade, ética, igualdade de género e inclusão digital.
Antes de juntar-se à Huawei, em 2020, trabalhou em tech em diferentes empresas, como o organismo da indústria GSMA, foi ex-deputada nos Países Baixos, onde trabalhou a legislação sobre todas as questões relacionadas com a tecnologia.
“Considero-me uma diplomata corporativa. Empresas internacionais como a Huawei são muito envolvidos em questões relacionadas com o clima, educação e bem-estar, e estas são áreas em que os Governos, setor privado, organizações internacionais e ONG devem trabalhar juntos. Construir pontes entre estes mundos é o que eu mais aprecio. Estudei Relações Internacionais e Direito Europeu e sou a prova de que não é preciso ser engenheira para ter uma carreira em tecnologia”, diz.
Esteve em Portugal para participar na primeira edição do Huawei Summer Camp 4 Her. Uma iniciativa da filial portuguesa da tecnológica vista como um exemplo a seguir a nível global. “Este Summer Camp é uma iniciativa local, mas, tendo em conta que existe uma cultura interna de partilha de boas práticas, estou certa de que este projeto será dado a conhecer a outras geografias, e talvez inspire novas iniciativas noutros mercados”, adianta.
Afke Schaart destaca, ainda, o programa de bolsas de estudo lançado pela tecnológica em Portugal. Uma das regras a priori era que metade das bolsas seria atribuída a mulheres. “Tornou-se uma referência e é mais um exemplo da qualidade da equipa local.”
Cascais acolheu a primeira edição do Summer Camp 4 Her. É uma iniciativa portuguesa. Faz sentido replicá-la em outros mercados onde a Huawei está presente?
Este projeto é uma ideia original da Huawei Portugal, alinhada com a visão global da Huawei para o empoderamento feminino. A Huawei, juntamente com os seus parceiros, tem vindo a explorar o valor social da tecnologia, por exemplo através da utilização da internet e das tecnologias digitais para melhorar o bem-estar das mulheres. Estamos comprometidos em atrair mais mulheres para as TIC, dando-lhes a oportunidade de libertar o seu potencial e alcançar posições de liderança.
A nossa equipa em Portugal é um exemplo de proatividade e capacidade no desenvolvimento de projetos nesta área. No ano passado, foi em Portugal que decorreu a primeira edição da Summer School for Female Leadership in the Digital Age, um projeto europeu da empresa.
Este Summer Camp é uma iniciativa local, mas existe uma cultura de partilha de boas práticas internas, pelo que tenho a certeza de que este projeto será dado a conhecer a outras geografias e talvez inspire novas iniciativas noutros mercados.
No final, o que é esperado das jovens que participam no Summer Camp? Poderá ser um recruitment field para a Huawei renovar o seu jovem talento?
As 15 mulheres selecionadas para o Huawei Summer Camp 4 Her são muito jovens e todas ainda estudantes universitários (a idade destas raparigas está concentrada entre os 18 e os 21 anos). O objetivo passa, principalmente, por apresentá-las à realidade do mundo da tecnologia e às possibilidades de carreira nas TIC. A equipa portuguesa estruturou um programa em torno de três pilares fundamentais: tecnologia, sustentabilidade e desenvolvimento pessoal. Esperamos que este Summer Camp seja um incentivo para que invistam na sua formação, aprofundem os seus conhecimentos e absorvam o mais possível toda a partilha que aqui aconteceu.
Esperamos também, claro, que seja possível manter o contacto com as jovens selecionadas, porque acreditamos no talento e nas competências que as trouxeram para o Summer Camp, mas estamos ainda mais focados na transmissão de conhecimentos sobre a realidade do mundo do trabalho no setor tecnológico.
Na indústria tech, em especial, as discrepâncias entre géneros são ainda notórias. Em 2021, quase nove milhões de pessoas na União Europeia trabalhavam como especialistas nas TIC. Nem 21% eram mulheres. De que forma, e com que tipo de medidas, é que as empresas podem contribuir para reduzir o gender gap?
As empresas desempenham um papel fundamental nesta questão e a Huawei aposta fortemente na sua resolução, daí a aposta nestas alunas e neste evento, pois percebemos a necessidade de promover um maior equilíbrio de género na indústria das TIC.
Além disso, esta iniciativa mostra um outro ponto que merece destaque: a proximidade das organizações com o mundo académico. Esta é uma relação que proporciona vantagens claras para todas as partes envolvidas. Para a Huawei e outras organizações que seguem os mesmos princípios, porque permite o contacto com jovens estudantes e profissionais que estão a iniciar as suas carreiras; e também para a própria academia, que passa a integrar a realidade do mundo de trabalho nas universidades.
Em Portugal, quando lançaram o programa de bolsas universitárias, decidiram que metade seria atribuída a mulheres. É uma política seguida a nível global na companhia?
As boas ideias e as melhores práticas devem ser sempre partilhadas e aproveitadas internamente. Mas temos, em todo o mundo, várias iniciativas nesta área, com formatos que variam dependendo da geografia e do que faz sentido em cada momento.
As boas ideias e as melhores práticas devem ser sempre partilhadas e aproveitadas internamente. Mas temos, em todo o mundo, várias iniciativas nesta área, com formatos que variam dependendo da geografia e do que faz sentido em cada momento. O programa de bolsas de estudo em Portugal tornou-se uma referência e é mais um exemplo da qualidade da equipa local.
O programa de bolsas de estudo em Portugal, de que gosto muito, tornou-se uma referência e é mais um exemplo da qualidade da equipa local. Temos outros programas semelhantes, por exemplo na Irlanda ou na Islândia, onde desenvolvemos a Women Innovators Incubator em conjunto com uma ONG local. Posso também falar de programas em países como o Gana ou a Coreia do Sul, para não falar do fantástico programa europeu que é a European Leadership Academy, com as suas Summer/Winter Schools for Female Leadership in the Digital Age.
As empresas têm apostado em políticas de paridade de género, mas dados da ONU referem que só daqui a 60 anos podemos falar em igualdade nas profissões. Concorda com esta estimativa?
Olhando para os dados, é um facto que as mulheres estão sub-representadas nesta área. De acordo com o Eurostat, as mulheres representam apenas 14,4% da força de trabalho das TIC em Portugal, um número inferior à média europeia.
Quanto às estimativas, sabemos que estão a oscilar em função da realidade macroeconómica, política e social. Portanto, não posso dizer de quanto tempo iremos precisar para alcançar a igualdade. Posso dizer que, na Huawei, nos esforçamos para atenuar essa lacuna o mais rápido possível, através de iniciativas como esta, que visam mostrar às mulheres a realidade de trabalhar no setor da tecnologia.
Vários estudos dão conta que, com a pandemia, muitas mulheres optaram por sair do mercado de trabalho. Como se recupera mais de 50% da força de trabalho?
Focando-nos em atrair e reter pessoas. Sabemos que, atualmente, existe uma grande competitividade na atração de talento e uma consequente dificuldade de retenção. As empresas devem destacar-se pela sua qualidade enquanto empregadoras e, para isso, deve haver um trabalho focado tanto nos novos talentos – aqueles que agora ingressam na empresa –, como naqueles que já fazem parte das equipes.
Também é necessário que haja nas organizações a consciencialização sobre as necessidades e os desejos da força de trabalho, que sabemos serem voláteis e diferentes, por exemplo, de geração para geração. Além disso, mais uma vez, acreditamos que as empresas devem se aproximar daqueles que são possíveis futuros colaboradores, ou seja, os jovens.
Quais os objetivos no que toca a mulheres na companhia e em posições de liderança? Qual o atual ponto de partida?
Como empresa de tecnologia, não escapamos da realidade do setor. Dados de 2021 mostram que temos pouco mais de 20% de colaboradoras. E, claro, devemos melhorar esses números. E essa é uma das razões pelas quais promovemos esses programas, para atrair mais mulheres para as TIC, para que possamos ter um melhor equilíbrio de género entre os profissionais que se juntam a nós.
Como empresa de tecnologia, não escapamos da realidade do setor. Dados de 2021 mostram que temos pouco mais de 20% de colaboradoras. E, claro, devemos melhorar esses números.
Dentro da diversidade, cabem outros tópicos que importa assegurar, desde as minorias à comunidade LGBTQI+. O que estão a fazer nesse campo?
Como empresa global, a Huawei valoriza a diversidade e está comprometida em criar um local de trabalho inclusivo, onde todos os colaboradores possam ter oportunidades iguais. Somos uma empresa com 200 mil funcionários, estamos presentes em 170 países e regiões, pelo que a diversidade é incontornável. Somos uma empresa que combina diferentes culturas com um forte foco na investigação e inovação. Metade dos nossos colaboradores trabalha na empolgante área de investigação e desenvolvimento.
Por princípio, quando se trata de recrutamento, promoção e compensação, não discriminamos ninguém com base na nacionalidade, idade, gravidez, género ou condição.
A Huawei Portugal é um bom exemplo de iniciativas concretas que estão a ser levadas a cabo para promover uma maior diversidade. No início do ano, a empresa aderiu à Aliança para a Igualdade nas TIC. E iniciativas como o já referido Huawei Summer Camp 4 Her ou a Summer School For Female Leadership In The Digital Age, bem como a participação da empresa no mais recente Dia Internacional das Mulheres nas TIC, no âmbito da iniciativa Engenheiras por um Dia são também exemplos dessas iniciativas.
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Huawei Summer Camp 4 Her em Portugal. “Talvez inspire novas iniciativas noutros mercados”
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