Porque não foram os jornalistas e o jornalismo económico mais críticos com os reguladores e regulados do sector bancário? Esta é a pergunta que deveria merecer reflexão.
Nuno Garoupa tem tecido algumas criticas aos jornalistas e a entrevista ao Eco foi a oportunidade de falarmos sobre esse tema. É nesse contexto que defende que os jornalistas portugueses deveriam fazer uma reflexão sobre o que se passou, como não detetara que existia um problema na banca, ato que ninguém identificou antes de 2014. Na conversa dá a sua visão do problema.
Tem tecido algumas críticas aos jornalistas portugueses, que não assumiram ou pelo menos ainda não refletiram sobre os erros da sua avaliação relativamente aos banqueiros. É diferente nos Estados Unidos?
É diferente porque o modelo de negócio da comunicação social americana também não é igual ao modelo de negócio português. A comunicação social americana também está a passar por uma crise de modelo de negócio mas, dada a pujança da economia americana, a natureza dos problemas também é diferente. A comunicação social portuguesa tem neste momento um grave problema de modelo de negócio e não é claro qual o modelo de negócio que pode vir a ter.
Quanto à questão concreta, penso que há uma grande reflexão que se pede aos jornalistas e ao jornalismo económico que é perceber porque não foi mais critica com o regulador e com os regulados [na banca]. Foi um problema de falta de informação? Foi um problema de falta de transparência? Ou um problema de captura? É um debate em aberto, mas acho que é um debate que os jornalistas deviam fazer. Até 2014 poucas vozes diziam que havia um problema bancário muito complicado. E é evidente que estávamos enganados. Eu acho que o mais provável é que tenha sido uma enorme falta de informação e provavelmente alguma dose de laxismo e otimismo. Mas essa reflexão devia ser feita. Primeiro para o futuro e depois porque os jornalistas também precisam de reganhar alguma credibilidade nesta matéria. E isso faz-se através da autocrítica.
E essa autocrítica não vai fragilizar ainda mais os jornalistas?
Acho que não. Apesar de sermos um país sem cultura de autocrítica, em que tende a ser mal vista, penso que o jornalismo só ganha com essa autocrítica. Até para mostrar que os eventuais erros foram de boa-fé e não de má-fé. Este debate deve ser genérico, não escalpelizar jornalista a jornalista, tipo inquisição.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Os jornalistas deviam fazer uma reflexão sobre o caso da banca
{{ noCommentsLabel }}