Na Europa, apenas 22% das funções tech são ocupadas por mulheres. A Microsoft quer ser o "catalisador" de uma maior paridade de género e acaba de lançar o Power Women in Tech Awards.
Um prémio para dar visibilidade (e reconhecimento) às mulheres que ocupam cargos de liderança no ecossistema de
parceiros da Microsoft: o Power Women in Tech Awards. “Queremos que funcione sobretudo como catalisador, motivando outras organizações, e o nosso ecossistema de parceiros em particular, a ajudar a dissipar o fosso que ainda existe na atração e desenvolvimento de carreira de mulheres e homens em particular na área da tecnologia”, adianta Joana Pires, diretora de desenvolvimento negócio de parceiros Microsoft, Western Europe, à ECO Pessoas. Apenas 22% das funções no setor tech são ocupadas por mulheres.
A iniciativa, conhecida no Dia da Mulher, visa reconhecer o papel de liderança de 10 mulheres de 10 países europeus onde a Microsoft tem subsidiárias – além de Portugal, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, Irlanda, Itália, Noruega, Espanha e Suécia– que, pelo seu percurso, contribuem ativamente para inspirar mulheres e jovens a seguirem carreiras no setor tech.
A vencedora de cada país será conhecida a 23 de junho, data em que se assinala o Dia Internacional das Mulheres na Engenharia, e terá oportunidade de participar no programa Women Leaders Executive, do INSEAD, passando ainda a integrar a nova comunidade Microsoft Power Women in Tech.
A 16 de março regressa ainda o “Do IT, Girls!”, programa que pretende promover a escolha por carreiras em CTEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) junto das jovens mulheres. A ação, que irá juntar 40 estudantes do 8.º ano, passa por sessões de mentoring, workshops, uma sessão interativa sobre automação e chatbots e oportunidades de networking.
O que motivou a Microsoft a avançar com este novo prémio?
A Microsoft é signatária dos Global Compact Women’s Empowerment Principles da Organização das Nações Unidas (ONU) desde 2010, estando comprometida com o progresso das mulheres no local de trabalho e na sociedade. Globalmente, o nosso programa DigiGirlz capacita mais de 60 mil raparigas em todo o mundo, disponibilizando, gratuitamente, acesso a conteúdos de tecnologia e experiências interativas. Internamente, temos programas e iniciativas de valorização do talento e todos os anos partilhamos de forma transparente o resultado da nossa evolução em termos de diversidade na nossa força de trabalho.
Embora reconheçamos que a paridade ainda está longe do desejável, pela primeira vez, as mulheres representam mais de 30% da força de trabalho da Microsoft em todo o mundo, sendo que, desde 2018, a representação de mulheres tem vindo a crescer pelo menos um ponto percentual a cada ano.
Acreditamos que diferentes perspetivas conduzem a um futuro mais brilhante e que a representatividade é fulcral para promover a inovação no setor, pelo que este é um prémio que, por um lado, vai promover o reconhecimento e formação individuais, mas queremos que funcione sobretudo como catalisador, motivando outras organizações, e o nosso ecossistema de parceiros em particular, a ajudar a dissipar o fosso que ainda existe na atração e desenvolvimento de carreira de mulheres e homens em particular na área da tecnologia.
O número de mulheres founders no ecossistema é reduzido. Que medidas podem ser implementadas para promover uma maior paridade no ecossistema?
Acredito que esse facto se deve maioritariamente a construções culturais, pelo que talvez devamos olhar para a base – a educação – e promover a igualdade de género desde cedo, nas escolas e universidades, incentivando mais mulheres a seguir carreiras em tecnologia e empreendedorismo. Infelizmente, a área do empreendedorismo sofre de um mal que é transversal ao setor da tecnologia – apenas 22% de todas as funções tecnológicas na Europa são ocupadas por mulheres, segundo um estudo da McKinsey. Este programa quer também ajudar nisso, ao criar mais role models, para que as mulheres vejam maior representatividade na liderança de diferentes indústrias, nomeadamente na tecnologia. Esquecemo-nos às vezes do papel do efeito de contágio que estas iniciativas podem ter e é isso que queremos promover também com este prémio.
A área do empreendedorismo sofre de um mal que é transversal ao setor da tecnologia – apenas 22% de todas as funções tecnológicas na Europa são ocupadas por mulheres, segundo um estudo da McKinsey. Este programa quer também ajudar nisso, ao criar mais role models, para que as mulheres vejam maior representatividade na liderança de diferentes indústrias, nomeadamente na tecnologia.
A Microsoft tem uma área de startups. Olhando para o universo das empresas apoiadas, qual é o atual retrato?
Temos alguns bons exemplos que pecam apenas por escassos. Mas não poderia não referir, por exemplo, o caso da Defined.Ai e da Daniela Braga que, com um percurso misto em linguística e engenharia, acabou por fundar uma empresa de Inteligência Artificial, que sendo portuguesa é agora uma referência global nesta área. Porque as startups são, na base, empresas de tecnologia, e sofrem desta shortage de talento feminino, por isso a solução é incentivar e capacitar as mulheres para que tomem este espaço.
O mercado de startups em Portugal é jovem, vibrante e em franco crescimento, representando já 1,1% do PIB nacional. Naturalmente, a Microsoft tem desempenhado um papel importante no ecossistema de empreendedorismo em Portugal. No ano passado, lançámos o programa Microsoft for Startups Founders Hub, também em território nacional, para apoiar startups a acelerar a sua expansão sustentável. Desde então, mais de 150 startups portuguesas já integram este programa e têm acesso a inúmeros benefícios e recursos, designadamente mentoria. Também por aqui fazemos este papel de promotor de política de diversidade e inclusão enquanto garante de inovação nas organizações e isso continuará a ser prioritário.
Que medidas estão a levar a cabo para aumentar a percentagem de mulheres founders nesse universo?
Focando mais no programa que acabámos de anunciar – e que é dedicado ao ecossistema de parceiros da Microsoft –, queremos precisamente reconhecer e premiar as mulheres nesta área. As vencedoras – no total serão 10, de 10 países europeus onde a Microsoft tem subsidiárias – terão a oportunidade de participar num programa de Women Leaders, do INSEAD, e poderão juntar-se à nova comunidade Microsoft Power Women in Tech, que oferece oportunidades de networking e coaching. Paralelamente, promovemos múltiplas ações locais, regionais e globais que passam maioritariamente pela sensibilização e atração do talento feminino para a área da tecnologia.
Fundos específicos para financiar projetos de minorias – de género ou outras – faria sentido? O que estão a fazer nesse campo?
A inclusão é inovação e a inovação está no nosso ADN. Temos promovido e apoiado vários projetos de minorias, incluindo bolsas de estudo para a inclusão de mulheres, pessoas não-binárias e minorias étnicas na indústria tecnológica.
Através das Women at Microsoft Scholarship, procuramos capacitar jovens mulheres e pessoas não-binárias do ensino médio para seguirem carreiras na tecnologia; disponibilizamos também as bolsas de estudo Blacks at Microsoft Scholarships, nas quais apoiamos o crescimento e desenvolvimento contínuo das comunidades negras e afro-americanas e patrocinamos globalmente o programa Women Rising, uma iniciativa que é agora extensível e acessível a parceiros e clientes da Microsoft e que advoga pelo desenvolvimento pessoal e profissional das mulheres em todo o mundo, apenas para nomear alguns projetos.
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Power Women in Tech Awards, o “catalisador” da Microsoft para maior paridade de género
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