Das 885 grandes empresas na América do Norte e Europa analisadas pela WTW, mais de três quartos já incorpora os critérios ESG nos planos de remuneração dos gestores.
As grandes empresas na Europa e América do Norte estão a aumentar o peso dos critérios ambientais, sociais e de governança (ESG) como variável para determinar a renumeração das chefias de topo.
A empresa de consultoria Willis Towers Watson (WTW) fez, pelo terceiro ano consecutivo, um estudo sobre a ligação que existe entre os incentivos que são pagos aos administradores executivos e as métricas de ESG. De acordo com os resultados divulgados, das 885 empresas analisadas, 77% das organizações na Europa e América do Norte já incluíam métricas ESG nestes planos, um aumento face aos 68% do ano anterior.
“Este estudo revela dados muito positivos e ao mesmo tempo torna visível, através de dados concretos, que a jornada da sustentabilidade e a correspondente evolução de ESG são hoje fundamentais e motivadores de mudança dos modelos de negócio das organizações”, considera Sónia Gonçalves, social impact manager da Randstad ao Capital Verde, apontando que a jornada é “incontornável” e “sem retorno”. “Quem ficar para trás terá muitas dificuldades em permanecer no mercado”, alerta.
A WTW analisou os resultados de 885 das maiores empresas dos Estados Unidos, Europa, Reino Unido e Canadá, em múltiplos setores, com uma receita média anual de 10 mil milhões de dólares. Na Europa e América do Norte, as métricas ESG são utilizadas por mais de três quartos das empresas na determinação da compensação por incentivos, variando entre 69% nos EUA e cerca de 90% na Europa e no Reino Unido. Segundo a consultora, já não são só os objetivos de lucros e de rentabilidade que contam. Agora contam também as métricas de ESG.
“É entusiasmante ver a Europa a liderar o caminho em termos de adesão às métricas ESG, mas penso que será uma questão de tempo até o resto do mundo acompanhar. A Europa tem uma longa história de políticas ambientais e sociais progressistas, o que pode estar a influenciar as empresas a adotar métricas ESG”, revela Marcelo Vianna da Silveira, vice-presidente e responsável por recursos humanos da Conquest One ao Capital Verde.
Enquanto a maioria das empresas incorpora as métricas ESG nos seus planos de incentivos a curto prazo, a medição de fatores ESG nos planos de incentivos a longo prazo aumentou acentuadamente ao longo do tempo, especialmente na Europa (46% das empresas) e no Reino Unido (37% das empresas). Nos EUA e no Canadá, a adoção de métricas ESG nos planos de incentivo a longo prazo permanece baixa (8% e 7%, respetivamente).
Critérios sociais com maior destaque
As métricas sociais são as mais frequentemente utilizadas em planos de incentivos entre as três categorias do ESG, nos quatro mercados analisados. Seguem-se os critérios relacionados com a governança. O Reino Unido é a região que mais procura incorporar pelo menos um critério de governança nos seus planos de incentivos dirigidos aos executivos das empresas, realidade significativamente distante da norte-americana. Para último, fica o ambiente, cuja prevalência das métricas é muito díspar entre os quatro mercados, variando entre 25% de empresas nos EUA até quase dois terços das empresas na Europa e no Reino Unido.
Temática das métricas mais utilizadas no âmbito dos três critérios ESG
As métricas sociais são as mais diversas e amplamente adotadas quando comparado com as métricas de governança e social, nomeadamente, a nível de gestão de talentos, saúde e segurança dos trabalhadores e experiência do cliente. No estudo, lê-se, que as medidas relacionadas com equidade, diversidade e inclusão (EDI) foram as que mais cresceram no último ano.
“O forte crescimento anual de EDI significa que as empresas também se estão a adaptar à nova realidade social das sociedades (…), e essa métrica é a chave para acionar quase todas as outras métricas sociais (saúde e bem-estar, pessoas e RH)”, aponta François-Pierre Puech, diretor da Robert Walters Portugal.
Este Especial integra a segunda edição do anuário do Capital Verde, Yearbook, já disponível.
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Critérios ESG pesam cada vez mais nos salários dos executivos
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