Desafios de gerir equipas globais e remotas

  • José Paiva
  • 4 Novembro 2021

A maioria das empresas estão a considerar um modelo híbrido, mas não vai ser fácil implementá-lo. Os salários são dos temas mais quentes que têm para resolver no pós-pandemia.

O grande desafio que a maioria das empresas está a ter para gerir as suas pessoas é como lidar com equipas que não foram construídas para trabalhar em modo remoto, estando a trabalhar desse modo por causa da pandemia, sendo evidente que uma parte está a gostar (remote lovers), outra está a detestar (remote haters) e uma grande parte está a tentar perceber como tirar partido de cada um dos modelos (both models). Independentemente de qual a repartição do número de pessoas entre remote haters/remote lovers/both models, as empresas querem contar com todos os elementos, procurando implementar um modelo no pós-pandemia que satisfaça o maior número de pessoas.

A maioria das empresas está a considerar evoluir para um modelo híbrido, em que alguns dias as pessoas trabalham em remote e nos outros dias trabalham no escritório, mas não vai ser fácil implementá-lo, primeiro porque muitas das pessoas mudaram-se para fora das grandes cidades, ou para outros países, onde o custo de vida é mais baixo, e já não vivem perto do escritório. Para ultrapassar esta situação, as empresas equacionam criar uma estrutura de escritórios, mais distribuída, de menor dimensão, para que o maior número de pessoas esteja perto de um escritório da empresa, podendo ir de forma regular ao escritório, nos dias a que a empresa assim o determine. Ou seja, a localização continua a ter uma importância muito grande, e não é só nos escritórios, afetando também a parte dos salários, que estão indexados não só ao valor da pessoa, mas também ao custo de vida do local onde vive. Os salários são, por isso, dos temas mais quentes que as empresas têm para resolver no pós-pandemia.

Explicando o problema com um pequeno exemplo, um trabalhador inglês decide viver no Algarve, pois prefere um país com mais sol e menor custo de vida, mas manteve o salário que negociou quando foi recrutado em Inglaterra. No pós-pandemia, a empresa não quer forçar este trabalhador, e outros que também vieram para Portugal, a regressar, mas que salário pagar a este trabalhador remote? Se esta empresa recrutar outros trabalhadores em Portugal em modo remote que salários vai pagar, tendo em conta que tem trabalhadores ingleses remote em Portugal a receber o salário de Inglaterra?

Além do tema do salário, existe o problema de como pagar, em libras ou em euros, e mais importante, que leis laborais aplicar, pois o trabalhador inglês está a viver em Portugal, logo, de acordo com as leis tributárias, paga aqui os impostos. Para ultrapassar todos estes problemas de pagamentos salariais e estar compliance ao nível de leis laborais com os seus trabalhadores, que podem estar distribuídos em vários países, as empresas estão a recorrer a empresas especializadas que atuam como empregador para fins fiscais (Employer of Record ou EOR, nome utilizado a nível internacional), que passam a ser o empregador oficial. Assumem as responsabilidades legais de empregar os seus funcionários para diminuir as complexidades associadas às funções de RH, acesso ao mercado e pagamento dos trabalhadores remote noutros países, continuando a empresa que recrutou os trabalhadores com a gestão dos mesmos, ficando o trabalhador também mais descansado por saber que existe uma empresa que lhe processa o salário de acordo com as leis do país onde está a residir.

  • José Paiva
  • Chairman e co-fundador da Landing.Jobs

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