E que tal estrangeiros na administração da Caixa? E do Banco de Portugal?
A CGD dificilmente poderia ficar mais bem entregue com Paulo Macedo. Mas depois de tudo o que se passou, não seria o momento para contratar estrangeiros, para a banca e para a supervisão?
António Domingues demitiu-se da presidência da CGD e será substituído por Paulo Macedo. Dificilmente a CGD poderia ficar melhor entregue, tendo em conta o currículo e a competência demonstrada por onde passou Paulo Macedo. No entanto, depois de toda esta polémica, e de tudo o que se tem passado no sistema financeiro português e da falta de eficácia da regulação, é impossível não perguntar: Será que não é altura de variar e contratar estrangeiros para a gestão da banca? E porque não também para os reguladores, a começar pelo banco central?
Eu diria que sim por três motivos:
- Apesar dos variados elogios feitos antes, durante e depois da crise, o setor financeiro português é, dentro da Zona Euro, dos que está em pior forma. Poucos países precisaram de país de mobilizar tantos recursos para os seus bancos desde 2008. E os que o fizeram, foi principalmente ou devido a grandes bolhas imobiliárias (Irlanda) ou devido a reestruturação da dívida (Grécia).
- A regulação dos maiores bancos portugueses já é feita a um nível europeu pelo Mecanismo Único de Supervisão (BCE). E mesmo os bancos de menor dimensão estão sujeitos a regras comuns. Ou seja, se a estrutura já é e europeia e as regras também, porquê manter a exclusividade no que diz respeito à gestão (dos bancos e dos reguladores).
- Não é de todo algo novo, nem deve ser visto (como provavelmente seria) como algo desprestigiante ou um sinal de falta de “progresso” do país. Vários países (principalmente anglo-saxónicos) já o fizeram: o caso mais exemplar é o do Reino Unido em que não só o governador do Banco Central (um dos mais antigos e prestigiados do mundo) é canadiano, mas também o presidente de um dos principais bancos é… português. Mas há mais exemplos: no caso dos bancos centrais, um dos vice governadores do Banco Central da Irlanda é francês, e nos Estados Unidos, a FED tem um Vice Governador Sul Africano e que até já foi governador do Banco Central de Israel. E ainda no caso dos bancos privados, os maiores bancos privados do Chipre, depois da crise de 2013, contrataram equipas de gestão em alguns casos maioritariamente estrangeiras e de varias nacionalidades.
Ou seja, neste caso, como em vários, não fará sentido pensar em mudar de hábitos? Por muita competência e boa vontade que exista por parte dos gestores, existem sempre relações pessoais ou profissionais do passado que podem atrapalhar.
A CGD ficará seguramente muito bem entregue a Paulo Macedo. No entanto, esta teria sido uma boa oportunidade para recomeçar do zero e com elementos da gestão completamente de fora do sistema. E isto ainda é mais evidente no caso Banco de Portugal.
Depois dos vários casos dos últimos anos, das falhas (já assumidas) de regulação e tendo em conta que neste momento o Mecanismo Único de Supervisão tem a competência exclusiva sobre as principais entidades, não seria esta uma boa oportunidade para pensar fora da caixa e recrutar no mercado internacional para as próximas vagas na administração, a começar pelo vice-governador?
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