Estamos atrasados no 5G?
A Huawei é a mais recente empresa a considerar que Portugal está atrasado no lançamento do 5G. Mas estamos ou não a ficar para trás? O setor diz que sim. A Anacom diz que não. O Governo diz que "nim".
A Huawei é a mais recente empresa a dizer que o país corre o risco de “ficar para trás” na quinta geração de rede de comunicações.
Quem o disse foi João Matos Maria, o diretor da empresa responsável pela relação comercial com as operadoras. Entre elas está, por exemplo, a Meo.
Num encontro com jornalistas, questionado sobre o ritmo do processo do 5G no país, Matos Maria afirmou: “Portugal sempre foi um país pioneiro. Sinto que não está a acontecer com o 5G. Está a ficar para trás.”
É uma declaração que não deixa margem para dúvidas sobre a posição da Huawei em relação ao ritmo do processo, que não era publicamente conhecida, mas era mais do que esperada.
Na semana passada, tinha sido a vez da Ericsson. Com menos pudor, Luís Silva, presidente executivo, rematou com toda a força: “Estamos atrasados? Estamos atrasados. No 4G chegámos a estar dois anos à frente dos nossos colegas da Comunidade Europeia.” E reiterou: “No 5G não é o caso”.
E podemos recuar outra semana e recordar a postura das três principais operadoras, Meo, Nos e Vodafone, no congresso da APDC, que não pouparam nas críticas à Anacom: não só o 5G está atrasado, disseram, como o espetro que vai a leilão em 2020 não chega.
O líder da Nos, Miguel Almeida, falou mesmo no risco de o país vir a ter um “5G coxo”. “Um 5G que não é bem 5G”, indicou. Além de que parece não haver semana em que o CEO da Altice Portugal, a dona da Meo, não aponte baterias ao presidente da Anacom, João Cadete de Matos. Um gestor que veio do Banco de Portugal e está longe de ser consensual no setor.
Mas a Anacom garante que estamos a tempo de lançar o 5G e que o país vai cumprir as metas europeias. E, na verdade, estamos. A intenção de Bruxelas é ter cobertura em pelo menos uma cidade em cada Estado-membro até fim do ano que vem. Nesse sentido, sim, Portugal está a tempo… mas com muita incerteza sobre o caminho que nos levará até lá.
Já a postura do Governo tem sido mais moderada. Alberto Souto de Miranda, secretário de Estado das Comunicações, tem dado no cravo e na ferradura. “Podemos pintar um cenário cor-de-rosa e proclamar que não estamos atrasados face ao calendário europeu para o 5G. E não é mentira”, disse.
Mas também disse “compreender” a impaciência das operadoras, recordando que já há países com espetro atribuído quando, em Portugal, está previsto o leilão arrancar em abril de 2020.
Nas últimas semanas, a pergunta que se tem colocado é se Portugal está atrasado no 5G. E, num processo já polémico, nem nisto há acordo. A Anacom diz que não, o setor diz que sim, o Governo diz que “nim”.
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