Positivo!
Como disse o fantástico antropólogo Darcy Ribeiro, “A má educação no Brasil, o péssimo sistema, não é defeito. É projeto.”
Quando Bolsonaro disse que não estava com Covid, ninguém acreditou. Agora que ele diz que está, ninguém acredita.
A verdade tornou-se inacreditável por causa das malfeitorias políticas e da atuação dele que, em plena pandemia, estimula beijos, abraços, a invasão dos hospitais pelos seus correligionários milicianos e lutadores de Jiu Jitsu, enquanto repleto do seu miserável humor de macho-alfa desvaloriza o uso da máscara pelos funcionários que, com ele privam: “É Coisa de V.”
No Brasil há cerca de 60 mil mortos, apesar disso e influenciados por um presidente sem ideais, há BolsoMinions a combinar “pegar um bronze na praia e a andar à toa no shopping”.
Embora ter empatia? Não. Perto deste grau de loucura o Partido dos Trabalhadores – PT – mesmo com a má qualidade ideológica, cultural e política que caracterizou os seus governos, foi um paraíso. Saudades da “Presidenta” que falava em “estocar vento”. Ao menos não tínhamos de viver este entusiasmo com o obscurantismo, a fealdade, o ódio e as fake news.
Quarta-feira foram banidas do Facebook e do Instagram cerca de setenta contas falsas criadas pelos assessores de comunicação doentios que integram o “Gabinete do Ódio”. Esse lugar onde negacionistas climáticos, revisionistas, preconceituosos, machistas, homofóbicos e racistas desferem ataques aos opositores de Bolsonaro e difundem desinformação ao mundo e a uma certa classe média brasileira admiradora da ditadura, e de provações estampadas nas camisetas de alguns tolos no calçadão da orla de Ipanema e do Leblon. Deus Vult, Deus Quer, uma coisa muito em voga na Idade média.
E enquanto isso, o critério para a escolha dos ministros continua a ser simples: quem é a pior opção possível para colocar lá? É essa que vai. O grande gozo é colocar nos lugares de decisão inimigos dos temas. À frente da Fundação Palmares, criada em 1988, com o objetivo de incentivar as manifestações culturais populares indígenas e afro-brasileiras, Sérgio Camargo, negacionista negro relativiza a história e quer acabar com o dia da consciência negra.
Para secretário da Cultura, o mini playboyzinho Mário Frias, ator secundário de novela Malhação.
Na Saúde, um militar que saiba esconder os números e, na Educação, forjadores de currículos. Who cares? O objetivo é surfar a onda fascista e rebentar com tudo o que for possível: direitos humanos, direitos das mulheres, direitos LGBTI+ e ambiente – o Ministério Público brasileiro entrou esta semana com uma ação contra o ministro do Meio Ambiente, acusando-o de “atuação dolosa das estruturas de proteção ambiental”.
Como disse o fantástico antropólogo Darcy Ribeiro, “A má educação no Brasil, o péssimo sistema, não é defeito. É projeto.”
*Mónica Marques é jornalista e escritora.
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