TAP a voar para o futuro

  • Nuno Esteves
  • 16 Agosto 2019

A TAP, ao aliar a estratégia financeira à estratégia operacional, com o enfoque da atividade a estar centrado no triângulo, Portugal – Brasil – EUA, vai reforçar o conforto dos investidores

As empresas portuguesas estão a regressar ao mercado da dívida destinado a pequenos investidores, aproveitando o apetite dos aforradores por juros mais elevados numa era em que a maior parte das classes de ativos apresenta baixas rentabilidades. Sintomático desta situação foi a recente emissão de obrigações, a mais elevada dos últimos sete anos, por parte da transportadora aérea nacional, que a uma taxa fixa de 4.38% conseguiu colocar dívida no montante de 200 milhões de euros, quatro vezes mais que o montante inicialmente previsto.

A emissão destas obrigações foi uma forma dos investidores percecionarem uma possível entrada no capital da TAP num futuro próximo, salientando-se o mérito da operação em termos de reestruturação do passivo, na medida em que começar pela dívida faz parte da estratégia de entrada em bolsa de muitas empresas a nível mundial. A recomposição do passivo ajuda a melhorar o aspeto financeiro da empresa, o que acaba por fazer aumentar o interesse junto dos investidores.

No entanto, a TAP não deve ficar por aqui, visto que terá ainda de encontrar uma solução para os prejuízos crónicos, os lucros de 100 milhões em 2017 foram uma exceção à regra, a que a empresa tem sido sujeita se quiser ter sucesso numa entrada em bolsa em 2020.

No atual contexto de prejuízos, assume especial relevo os custos com os combustíveis, denominados por jet fuel, porquanto esta é a componente com maior peso na estrutura de custos de exploração da TAP, representando 24% dos custos totais em 2018, vs. 21% em 2017, tendo aumentado de 575 milhões em 2017 para 769 milhões em 2018, cerca de 34%, em resultado essencialmente do incremento de preço do jet fuel ocorrido nos mercados internacionais, com os primeiros seis meses de 2019 a demonstrarem alguma instabilidade, refletido na volatilidade do jet fuel.

Desta forma, a continuação da estratégia iniciada em 2018 e atualmente nos 50%, do recurso a swaps para a cobertura do risco de variação do preço do jet fuel, no qual a TAP troca um preço variável, o dos mercados internacionais, por um preço fixo, vai permitir continuar a mitigar a evolução desfavorável do preço do jet fuel, assim como, efetuar uma melhor programação da sua operação em termos de aeronaves e destinos.

Analisando o setor da aviação, desde 2010, verifica-se que existe uma correlação negativa quase perfeita, 0.98%, entre a margem de lucro e o preço do jet fuel, com o primeiro valor a aumentar na razão inversa do segundo, realçando-se, desta forma, a necessidade da TAP em controlar uma variável crítica no negócio da aviação comercial.

A transportadora aérea nacional, ao aliar a estratégia financeira à estratégia operacional, com o enfoque da atividade a estar centrado no triângulo, Portugal – Brasil – EUA, vai reforçar o conforto dos investidores, assim como uma desoneração futura de todos os contribuintes.

  • Nuno Esteves
  • Colunista

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