O que significa para os mercados a entrada dos Estados Unidos na guerra?

Com Donald Trump a ameaçar uma decisão relativa ao conflito entre Isarel e o Irão, que pode estar por horas, os mercados prepararam-se para o impacto.

“Posso vir a fazê-lo. Posso não vir a fazê-lo. Quer dizer, ninguém sabe o que eu posso vir a fazer”. Esta frase ilustra a indecisão de Donald Trump sobre o envolvimento dos Estados Unidos da América na guerra entre Israel e o Irão e deixa os mercados a tentar adivinhar os próximos passos do volátil líder do país mais poderoso do mundo.

O conflito continua a escalar no Médio Oriente. Se, por um lado, os ataques do Irão parecem estar a perder algum vigor, Israel tem aumentado a pressão, com investidas aéreas sobre Teerão e com um ataque a pelo menos uma instalação nuclear. Depois das declarações de Benjamin Netanyahu e do próprio Donald Trump, com este a aconselhar o Irão a render-se sem condições, o líder iraniano fez uma intervenção pública pela primeira vez desde o início do conflito, e o tom foi tudo menos conciliatório.

Ali Khamenei começou por afirmar que Israel tinha cometido “um erro enorme” ao lançar a guerra e deixou uma declaração de intenções, através de uma transmissão na televisão iraniana: “Pessoas inteligentes que conheçam o Irão, a nação iraniana e a sua história nunca falarão com este país usando linguagem ameaçadora, porque a nação iraniana nunca se vai render“. E acrescentou que “os americanos deviam saber que qualquer intervenção militar norte-americana será sem dúvida acompanhada por danos irreparáveis”.

Há muita poeira no ar, até porque enquanto os agentes se ameaçam publicamente há também relatos de possíveis negociações que possam conduzir a um cessar-fogo. Mas há informações, avançadas pela Bloomberg, de que as altas patentes do exército americano já discutiram com Trump um plano para uma intervenção direta na guerra.

Enquanto, no Médio Oriente, as bombas voam de um lado para o outro e, em Washington, Trump vai hesitando entre duas fações dos seus apoiantes, os mercados estão expectantes e a preparar-se para os vários cenários. Sendo a visão mais consensual a de que, caso os Estados Unidos entrem na guerra, haverá um impacto imediato negativo nos mercados acionistas. Quão sério dependerá do teatro de guerra e da duração do conflito.

Segundo analistas ouvidos pela Reuters, a entrada americana no conflito, de forma direta, será negativa para as ações, ainda que essa reação se possa inverter caso essa intervenção seja rápida e incisiva, ajudando a acabar com a guerra de forma mais rápida. Se isso é o cenário mais provável, ainda ninguém sabe.

No que toca ao mercado acionista, depois de meses muito duros durante o início do mandato de Donald Trump, o segmento tem vindo a recuperar e não está longe dos máximos históricos, nos Estados Unidos. O que significa que muitos investidores não hesitariam em vender, encaixando as mais-valias, caso esse passo seja dado, gerando pressão vendedora e a desvalorização dos títulos.

Chuck Carlson, CEO da Horizon Investment Services, defende em declarações à Reuters que “consigo antecipar que a primeira reação instintiva seja de ‘isto é mau’. Mas acho que isso até pode levar ao fim do conflito mais cedo”.

É claro que os diferentes setores se comportarão de forma diferente. As ações de energia, nomeadamente petróleo, poderão beneficiar de preços mais elevados, enquanto a área da defesa também poderá ser suportada.

Nos últimos dias de expectativa, o que temos visto é uma maior volatilidade nos preços do petróleo. O Barclays avisa que o barril pode subir para 85 dólares caso as exportações iranianas caiam para metade, e poderiam chegar aos 100 dólares “no pior cenário” de um confronto alargado. Isto face aos cerca de 75 dólares atuais.

Já os economistas do Citigroup avisam que preços do petróleo significativamente mais altos “seriam um choque negativo para toda a economia, baixando o crescimento e aumentando a inflação, criando novos desafios para os bancos centrais que já estão a tentar navegar por entre os riscos da guerra comercial”.

Para já, tem havido alguma procura por ativos de refúgio como o ouro, o franco suíço e até a dívida norte-americana. Também o dólar pode sair fortalecido com um aumento do conflito, envolvendo os Estados Unidos.

“Pessoalmente, não acho que iremos entrar na guerra. Trump vai fazer tudo o que puder para o evitar. Mas se não puder ser evitado, então isso vai ser inicialmente negativo para os mercados”, defende Peter Cardillo, Chief Market Economist na Spartan Capital Securities em Nova Iorque.

“O ouro ia disparar, as yields provavelmente desceriam mais e o dólar provavelmente ia subir de forma forte”, acrescentou.

No meio da incerteza, os investidores estão preparados para os vários cenários e, se Trump decidir avançar, isso não será uma total surpresa, pelo que parte do efeito estará descontado no preço dos ativos.

Os investidores querem poder olhar para além disto, e enquanto não virmos razões para acreditar que isto vai ser um conflito regional muito maior com os Estados Unidos, com esse envolvimento e uma probabilidade elevada de escalar, vamos ver o mercado empenhado em tentar ignorar o tema o mais que puder”, defendeu numa conferência com investidores Osman Ali, global co-head da Quantitative Investment Strategies, igualmente citado pela Reuters.

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Governo avalia decisão de inconstitucionalidade de norma do imposto adicional sobre banca

  • Lusa
  • 19 Junho 2025

O imposto adicional sobre o setor bancário foi criado em 2020, aquando da crise da covid-19, para financiar a Segurança Social e desde então tem sido muito contestado pelo setor.

O Governo disse estar a analisar a decisão do Tribunal de Constitucional (TC), de considerar inconstitucional a norma do imposto adicional sobre banca, para aferir o impacto na devolução do que tenha sido pago pelos bancos.

“O Governo, como qualquer Governo, cumpre e cumprirá aquilo que são as ordens, as decisões dos tribunais, neste caso concreto, o Tribunal Constitucional sobre o chamado adicional de solidariedade da banca. Nós ainda estamos a analisar o acórdão, as suas implicações, qual é o impacto que terá na devolução de imposto que tenha sido pago pelos bancos”, disse o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento.

Falando aos jornalistas à margem da reunião do Eurogrupo, no Luxemburgo, o responsável apontou que “uma parte deste imposto foi efetivamente pago”, mas admitiu que “outra parte, tendo havido recursos e contencioso, esteja apenas na forma de garantia”.

“Temos que fazer toda essa análise, mas não deixaremos de cumprir a decisão do Tribunal Constitucional”, garantiu.

Miranda Sarmento assinalou que, “infelizmente, quando o adicional de solidariedade foi criado, em 2020, foi criado de uma forma que acaba por resultar numa inconstitucionalidade e que, obviamente, prejudica os contribuintes portugueses porque este imposto acaba por não ter o efeito desejado”.

“Nós vamos analisar a situação, vamos ver que impacto é que o acórdão tem porque ainda não tivemos a oportunidade de analisar de forma profunda o acórdão e aquilo que são os valores que existem envolvidos”, adiantou.

Questionado sobre os 40 milhões de encaixe previstos para este ano, o ministro das Finanças comparou: “Quando qualquer contribuinte vai para contencioso com a administração tributária pode pagar e depois, obviamente, é-lhe devolvido o dinheiro se for dada a razão […] e vamos olhar para a tributação desse setor e procurar a melhor solução para os contribuintes portugueses”.

No início deste mês, o Tribunal Constitucional declarou, em plenário, inconstitucional a norma do adicional de solidariedade sobre o setor bancário que incide no cálculo do imposto no primeiro semestre de 2020, quando começou a ser aplicado.

No ano passado, houve três decisões de inconstitucionalidade do Tribunal Constitucional sobre esta norma, mas relativas a processos judiciais concretos, pelo que não tinham força obrigatória legal.

Contudo, com três decisões de inconstitucionalidade sobre a mesma norma, o Ministério Público junto do Tribunal Constitucional passou a poder requerer a inconstitucionalidade da norma, o que aconteceu.

Assim, o plenário decidiu que essa norma é inconstitucional por implicar retroatividade do imposto.

O imposto adicional sobre o setor bancário foi criado em 2020, aquando da crise da covid-19, para financiar a Segurança Social e desde então tem sido muito contestado pelo setor.

Até este ano a taxa manteve-se. No Orçamento do Estado deste ano, o Governo prevê que o imposto adicional de solidariedade sobre a banca renda 40,8 milhões de euros para os cofres públicos.

A Lusa contactou a Associação Portuguesa de Bancos para saber se o Estado terá de devolver esse dinheiro que os bancos pagaram relativo a esse período e qual o valor pago e, em resposta, indicou que caberá a cada banco decidir o que fazer no seguimento da decisão do TC.

Quanto ao valor, a associação disse que o adicional pago em 2020 foi de 28,75 milhões de euros no total do ano e que não tem informação sobre que parte se refere ao primeiro semestre.

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Segurança Rodoviária esclarece que seguro obrigatório não se aplica às trotinetas

  • Lusa
  • 19 Junho 2025

A Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) esclareceu que não se aplica aos utilizadores de trotinetas a obrigatoriedade do seguro de responsabilidade civil.

A Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) esclareceu que não se aplica aos utilizadores de trotinetas e de velocípedes a obrigatoriedade do seguro de responsabilidade civil. As trotinetes e ‘scooters’ elétricas, ‘segways’ e ‘hoverboards’ “não estão sujeitos à obrigação de ser efetuado seguro de responsabilidade civil automóvel como condição de admissão à circulação na via pública”, refere a ANSR, numa nota enviada à Lusa.

O esclarecimento da ANSR surge após a PSP ter avançado que, a partir de sexta-feira, passaria a fiscalizar o seguro de responsabilidade civil nas trotinetes elétricas, ‘scooters’ elétricas, ‘segways’ e ‘hoverboard’, uma obrigatoriedade prevista no decreto-lei que transpõe a diretiva comunitária relativa ao seguro obrigatório de responsabilidade civil automóvel.

Segundo a ANSR, este decreto-lei, que entra em vigor na sexta-feira, “é aplicável à circulação de qualquer veículo a motor destinado a circular sobre o solo, que não se desloque sobre carris, acionável por uma força mecânica, assim como os seus reboques, ainda que não atrelados”, que tenha uma velocidade máxima de projeto superior a 25 quilómetros por hora ou um peso líquido máximo superior a 25 kg e uma velocidade máxima de projeto superior a 14 quilómetros por hora”, não sendo o diploma aplicável “às cadeiras de rodas destinadas exclusivamente a pessoas com incapacidade física”.

Questionado pela Lusa sobre que tipos de veículos estão em causa, a ANSR não especificou quais são.

A Segurança Rodoviária sublinha que estão excluídos deste decreto-lei todos os veículos que são, “para efeitos de circulação rodoviária, equiparados a velocípedes, o que significa que a sua admissão à circulação na via pública não depende da realização de seguro de responsabilidade civil nem exige que o seu condutor seja detentor de título de condução”.

A ANSR salienta ainda que as trotinetas ou dispositivo de circulação com motor elétrico “com potência máxima contínua superior a 0,25 kW ou que atinja uma velocidade máxima em patamar superior a 25 quilómetros por hora, não estão autorizados a circular na via pública, dado que ainda não foi definido quer o seu regime de circulação quer as suas características técnicas, que têm, ainda, de ser objeto de decreto regulamentar”.

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Redução do IRS deverá ser aplicada em setembro

Quem está entre o 7.º e o 8.º escalões, entre os 3.500 e os 7.000 euros brutos por mês, vai ser beneficiado a dobrar. A intenção do Governo é aprovar a medida em Conselho de Ministros daqui a 15 dias.

A nova redução do IRS deverá ser aplicada aos salários de setembro, como aconteceu em 2024. A intenção do Governo é reduzir as taxas do IRS até ao 8º escalão, refletir essa redução nas taxas de retenção na fonte e aplicar a medida com efeitos retroativos a janeiro deste ano, avança o Correio da Manhã.

Nessa altura, foi travada pelo PS e pelo Chega, que discordaram da descida do imposto para os salários mais altos e só deixaram passar uma descida no imposto até ao sexto escalão, deixando de fora quem ganha mais. Agora, o Governo espera que a proposta seja aprovada. Assim, quem está entre o 7.º e o 8.º escalões, entre os 3.500 e os 7.000 euros brutos por mês, vai ser beneficiado a dobrar: pela descida nos respetivos escalões e, como o IRS é um imposto progressivo, também vão beneficiar da descida nos escalões mais baixos.

“Aquilo que nós fizemos no ano passado e que tentaremos fazer este ano é muito simples: nós vamos aprovar uma descida de IRS de cerca de 500 milhões de euros, abrangendo até o oitavo escalão inclusive, portanto, apenas o nono escalão fica de fora diretamente, [mas] indiretamente essas pessoas também são beneficiadas uma vez que o imposto é progressivo”, disse Joaquim Miranda Sarmento.

Falando aos jornalistas portugueses à margem da reunião do Eurogrupo, no Luxemburgo, o ministro da tutela apontou que, “uma vez aprovada – assumindo que o parlamento aprovará -, a proposta de lei de redução do IRS, estes 500 milhões, será totalmente repercutida numa redução extraordinária da retenção na fonte”.

“No ano passado foi em setembro e outubro. Este ano, se conseguirmos que a lei seja aprovada nesse prazo também tentaremos fazer nessa altura, [mas] se a lei for aprovada mais tarde, teremos que o fazer mais tarde”, indicou.

Miranda Sarmento apontou que “o tempo de decisão do parlamento é algo que obviamente já não é da responsabilidade do Governo”. A expectativa do executivo é então que a nova redução do IRS seja aplicada aos salários de setembro, como aconteceu em 2024.

A intenção do Governo é aprovar a medida em Conselho de Ministros nas próximas duas semanas e levá-la ao Parlamento em julho, para garantir que tenha efeitos nas retenções na fonte nos salários do mês de setembro, com retroativos a janeiro, como aconteceu no ano passado. A medida vai custar 500 milhões de euros, se for aprovada no Parlamento.

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VW Tayron: O aliado das famílias que levam a casa às costas

Para quem já desistiu de tentar enfiar tudo num carro comum, o mais recente membro da família Volkwagen é capaz de carregar birras, tralhas e piqueniques... e ainda sobra espaço.

Há momentos em que a vida familiar exige mais espaço. Muito mais espaço. Foi precisamente com este pensamento e para dar resposta a famílias numerosas (ou que carregam uma parafernália de coisas sempre que saem de casa) que a Volkswagen decidiu criar o Tayron, o substituto direto do Tiguan Allspace e um concorrente de peso para o Skoda Kodiaq.

O Tayron (pronuncia-se “Tai-ron”, não “Teiron”) não é propriamente uma novidade absoluta no universo Volkswagen. A primeira geração nasceu em 2018 como um modelo exclusivo para o mercado chinês, mas a partir do ano passado a marca alemã decidiu globalizar o nome para substituir o Tiguan Allspace.

Desenvolvido e fabricado em Wolfsburg, este SUV posiciona-se estrategicamente entre o Tiguan e o Touareg, preenchendo uma lacuna importante na gama da marca alemã. É por isso um veículo que cresceu em todas as dimensões face ao Tiguan convencional: é mais comprido, mais largo e mais alto. Mas não é apenas uma questão de tamanho que o torna distintivo. É também uma questão de propósito. E o propósito do Tayron é transportar famílias com conforto, versatilidade e, no caso da versão 1.5 TSI 272cv PHEV DSG R-LINE (híbrida plug-in) testada pelo ECO, com uma consciência ambiental ao mesmo tempo que se mostra bastante eficaz no seu propósito.

Uma das novidades que salta à vista é o facto de o Tayron ser o primeiro Volkswagen com motor térmico a exibir o logótipo iluminado tanto na dianteira como na traseira. Até agora, esta assinatura luminosa estava reservada aos modelos 100% elétricos da marca, como o ID.7 Tourer, mas o Tayron inaugura esta tendência nos modelos híbridos e a combustão, conferindo-lhe uma presença noturna distinta e moderna. Na versão R-LINE, o visual é ainda mais apurado graças às jantes de 20 polegadas, aos detalhes em preto brilhante e a uma postura mais desportiva, que consegue disfarçar as dimensões generosas do SUV.

A versão PHEV que o ECO testou vem apenas com cinco lugares (ao contrário das versões a gasolina e diesel que podem ter sete), mas compensa com uma bagageira verdadeiramente cavernosa de 705 litros. Esta é, talvez, a única desvantagem significativa da versão híbrida plug-in: a impossibilidade de ter sete lugares, já que o espaço onde normalmente se instalaria a terceira fila é ocupado pelas baterias. Uma escolha que a Volkswagen teve de fazer e que pode ser decisiva para famílias numerosas. Nestes casos, as versões com motor 1.5 eTSI mild hybrid ou 2.0 TDI diesel, ambas disponíveis com sete lugares, fazem mais sentido.

Ao volante e à pendura

Numa viagem de Lisboa em direção a Santa Cruz, o Tayron foi capaz de puxar dos galões e demonstrar as suas qualidades dinâmicas e de conforto. O sistema híbrido plug-in combina um motor 1.5 TSI a gasolina com um motor elétrico para uma potência combinada de 272 cavalos e um binário de 400 Nm. Números que se traduzem numa aceleração dos 0 aos 100 km/h em 7,3 segundos.

Mas o mais surpreendente é a autonomia elétrica. Com a bateria de 19,7 kWh totalmente carregada, o Tayron promete até 120 quilómetros em modo totalmente elétrico. Na prática, conseguimos cerca de 100 quilómetros, o que é notável para um SUV deste porte e permite que a maioria das deslocações diárias seja feita sem consumir uma gota de combustível.

Quando o motor a gasolina entra em ação, a transição é quase impercetível. A suspensão adaptativa DCC, de série nesta versão PHEV, absorve as imperfeições do asfalto com uma competência notável, criando uma sensação de isolamento do mundo exterior que normalmente só encontramos em veículos de segmentos superiores.

A altura ao solo generosa e os modos de condução específicos permitem enfrentar com confiança estradas de terra e trilhos moderadamente difíceis. Não é um todo-o-terreno hardcore, mas para o uso que a maioria das famílias dará, é mais do que suficiente.

Chegados a Santa Cruz, colocamo-nos em caminhos menos batidos. Embora a versão PHEV venha apenas com tração dianteira (as versões 4MOTION com tração integral estão reservadas para os motores 2.0 TSI e TDI mais potentes), o Tayron mostrou-se capaz em terrenos mais acidentados. A altura ao solo generosa e os modos de condução específicos permitem enfrentar com confiança estradas de terra e trilhos moderadamente difíceis. Não é um todo-o-terreno hardcore, mas para o uso que a maioria das famílias dará, é mais do que suficiente.

No interior, o Tayron é dominado por um ecrã de infoentretenimento de 12,9 polegadas (opcionalmente disponível com 15 polegadas) e um painel de instrumentos digital de 10,3 polegadas. A qualidade dos materiais é boa, com plásticos macios nas zonas de contacto frequente e detalhes em madeira ou alumínio, dependendo da versão.

Um ponto menos positivo é o sistema de climatização controlado por botões táteis integrados no ecrã, que exige que o condutor desvie o olhar da estrada para ajustar a temperatura. São cada vez mais os novos modelos que saem para o mercado que levam o uso da tecnologia ao limite em virtude da praticabilidade, optando por eliminar botões a torto e direito sem considerarem a utilidade (pelo menos para muitos consumidores) e a segurança que os antigos botões oferecem na condução.

Com um preço a partir de 46 mil euros para a versão Urban e 55 mil euros para a R-Line, o Tayron não é propriamente barato. No entanto, a versão PHEV beneficia de incentivos fiscais que podem torná-la mais atrativa, especialmente para empresas. Comparado com o seu concorrente Skoda Kodiaq, o Tayron é ligeiramente mais caro, mas oferece um interior mais refinado e tecnologias mais avançadas. A questão é: vale a pena o investimento adicional? Para famílias que valorizam espaço, conforto e a possibilidade de fazer a maioria das deslocações em modo elétrico, a resposta é afirmativa. A economia de combustível a longo prazo e o conforto superior podem bem justificar o investimento inicial mais elevado.

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Lucro do El Corte Inglés em Portugal sobe 33% para 48 ME no exercício 2024-2025

  • Lusa
  • 19 Junho 2025

O El Corte Inglés em Portugal obteve um volume de negócios recorde de 622 milhões de euros no exercício 2024-2025, mais 3,9% que no período homólogo, tendo o lucro subido 33% para 48 milhões.

O El Corte Inglés em Portugal obteve um volume de negócios recorde de 622 milhões de euros no exercício 2024-2025, mais 3,9% que no período homólogo, tendo o lucro subido 33% para 48 milhões de euros.

Num comunicado divulgado, o El Corte Inglés precisa que o exercício de 2024-2025 terminou em fevereiro de 2025 e que em termos consolidados o El Corte Inglés obteve lucros de 512 milhões de euros no período em referência, mais 6,7% que no precedente, e um volume de negócios de 16.675 milhões de euros.

Já em Portugal, o El Corte Inglés acrescenta que o resultado bruto de exploração – EBITDA — atingiu 64 milhões de euros, mais 7,5% que no ano anterior, enquanto o consolidado do grupo subiu 11,9% para 1.209 milhões de euros.

No comunicado, o grupo espanhol refere ainda que “obteve resultados positivos em todas as suas áreas de negócio” e que “o bom comportamento das empresas do grupo, incluindo a ECIGA, (empresa portuguesa responsável por dois Grandes Armazéns, seis Supermercados e um Outlet) corresponde a melhorias na eficiência da gestão, na vocação de serviço ao cliente e na atitude de contínua inovação e aposta na qualidade dos produtos”.

“O negócio de ‘retail’ continua a ser a principal fonte de receitas do grupo com 12.976 milhões de euros” e “aqui, destaca-se o forte posicionamento das áreas de moda e beleza que registaram um incremento de 4,9%”, indica o grupo.

Em relação ao negócio ‘online’, o grupo afirma que este “continua a crescer, tendo-se registado mais de 891 milhões de visitas nas Webs e apps do grupo.

“Em Portugal, no exercício 25-26 a empresa espera continuar a investir na modernização dos seus espaços comerciais e na ampliação da sua oferta, tanto no canal ‘online’ como nas lojas físicas”, afirma.

O El Corte Inglés em Portugal conta com mais de 3.000 pessoas, das quais 65,1% de mulheres e 35% homens, estando a estrutura de chefias equiparada a 50%. A maioria do quadro de pessoal (97%) tem contrato em regime fixo, referem.

“Reconhecendo a importância da inclusão social, o Grupo tem vindo a acolher, tanto em estágios como em contratações subsequentes, cidadãos que enfrentam desigualdades no acesso ao mercado de trabalho. Isto inclui migrantes, pessoas com deficiência e jovens em situação de risco social, promovendo assim um ambiente de trabalho diversificado e inclusivo”, explicam.

O grupo espanhol lembra ainda que, em 2024, o turismo em Portugal bateu recordes e que “também os Grandes Armazéns El Corte Inglés de Lisboa e Gaia consolidaram o seu posicionamento como destino de compras de excelência, registando um aumento de vendas a turistas de 21,6% face a 2023”.

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Uzina e Ikea somam mais uma prata em Cannes

O trabalho "Etiquetas Escondidas" soma dois ouros, duas pratas e um bronze. Dentsu Creative, Stream and Tough Guy e Judas são as outras agências premiadas na edição de 2025 do Cannes Lions.

O trabalho “Etiquetas Escondidas”, da Uzina para a Ikea, vai receber mais uma prata, esta vez na categoria de Brand Experience. Ao prémio que será anunciado esta quinta-feira, recorde-se, somam-se já dois ouros, nas categorias de Direct e de Creative Media. E estes, juntam-se ainda uma prata em Direct e um bronze em Creative Data.

A campanha foi lançada pela Ikea para celebrar os seus 20 anos em Portugal, tendo a marca desafiado os clientes a procurarem as etiquetas dos seus produtos, com o objetivo de encontrar o móvel mais antigo da marca sueca em Portugal. Quem tivesse a peça de imobiliário com maior idade ganhava um voucher de 2.000 euros.

Para comunicar a ação, a marca apostou na altura numa campanha presente com um filme em televisão e digital, mas também com imagens em mupis, redes sociais e site. Contou ainda com conteúdo de uma influenciadora para mostrar aos consumidores como ler as etiquetas.

A campanha gerou um aumento de 14% nas vendas (em relação ao ano passado), com 31% das vendas registadas provenientes de novos membros Ikea Family e 42% de crescimento de novos membros no programa de fidelização (+95,5 mil novos membros).

As histórias recebidas com esta ação deram ainda origem a uma nova campanha de posicionamento da marca em Portugal. “Foi incrível, recebemos mais de 4.500 histórias e quando fomos analisar demos conta que as pessoas tinham histórias incríveis com móveis da marca que as acompanham por muito mais tempo do que o que estávamos à espera”, referia em abril a diretora de marketing, Mónica Sousa, ao +M.

Estas histórias serviram assim de mote para o novo posicionamento da marca uma vez que, analisando as histórias, muitas pessoas diziam que os seus móveis duraram muito mais do que as relações que tinham quando os compraram.

Recorde a entrevista publicada no início de junho a Mónica Sousa, diretora de marketing da Ikea:

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Aos prémios da Uzina, à que juntar a Dentsu Creative, com a campanha “Outnumbered”, para o canal História, que ganhou bronze em Outdoor e em Print. Também a Stream and Tough Guy, com “Save Us From The USA”, para a Change the Ref, ganhou bronze em Outdoor e a Judas, com o trabalho “Drinkable Anthem”, para a Super Bock, ganhou bronze em Direct.

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EUA com mil novos milionários por dia em 2024

Os Estados Unidos são o país com o maior número de milionários, com um total de 23,8 milhões em 2024, segundo um novo relatório da UBS.

Os Estados Unidos são o país com o maior número de milionários, com um total de 23,8 milhões em 2024, segundo um novo relatório da UBS. O banco suíço estimou que os EUA conquistaram cerca de 379 mil novos milionários no ano passado. Ou seja, mais de mil por dia, refletindo um aumento de 1,5%.

A China ficou em segundo lugar, com 6,3 milhões, um aumento de 2,3%, com 141 mil novos milionários. Em termos percentuais, a população milionária da Turquia foi a que mais cresceu, com um aumento de 8,4%, chegando a 87 mil.

Este aumento nos Estados Unidos deveu-se a um bom ano para Wall Street, segundo o relatório, bem como à estabilidade do dólar americano. Os primeiros seis meses de 2025, no entanto, foram turbulentos. A guerra comercial e os temores de recessão dos primeiros meses do mandato do novo presidente Donald Trump perturbaram os mercados e pressionaram o dólar, que acumula uma queda de cerca de 9% neste ano.

Embora quase 40% dos milionários estejam nos EUA, países como o Luxemburgo e Suíça apresentam uma maior concentração de riqueza. Em ambos os países, mais de um em cada sete adultos possui património de pelo menos 1 milhão de dólares, segundo o UBS.
A população mundial de milionários aumentou em mais de 684.000, chegando a cerca de 60 milhões, devido em grande parte ao aumento do valor dos imóveis. No entanto, esse crescimento foi geograficamente díspar, com alguns países perdendo participação. O Japão, por exemplo, perdeu 33 mil milionários com o declínio populacional.

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Fundo de resgate do euro admite riscos para sustentabilidade da dívida de Portugal

  • Lusa
  • 19 Junho 2025

O Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) admite "riscos significativos" para a sustentabilidade da dívida pública portuguesa, sugerindo a "implementação célere" do PRR.

O Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) admitiu esta quinta-feira “riscos significativos” para a sustentabilidade da dívida pública portuguesa, sugerindo a “implementação célere” do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e a aposta na imigração para os conter.

“Dadas as dificuldades do crescimento a longo prazo e das mudanças demográficas, os riscos para a sustentabilidade da dívida pública continuam significativos a médio e longo prazo. A implementação célere dos investimentos e reformas no âmbito do plano de recuperação e resiliência [PRR], aliada à migração líquida positiva, ajudará a conter esses riscos”, indica o MEE.

A posição consta do relatório anual do fundo de resgate da zona euro, hoje aprovado pelos ministros das Finanças da moeda única, na qual o MEE alude ao PRR português, com um valor de 22,2 mil milhões de euros (16,3 mil milhões de euros em subvenções e 5,9 mil milhões de euros em empréstimos) que dizem respeito a 376 investimentos e a 87 reformas.

Atualmente, o país já recebeu 8,49 mil milhões de euros em subvenções e 2,9 mil milhões de euros em empréstimos e a taxa de execução do plano é de 33%.

O MEE refere-se também ao saldo migratório positivo do país, com mais entradas (imigrantes) do que saídas (emigrantes), o que contribui para compensar os efeitos do envelhecimento da população, reforçar o mercado de trabalho e apoiar o crescimento económico em Portugal.

No capítulo sobre o país, o fundo de resgate do euro assinala que “a economia portuguesa voltou a superar a média da área do euro em 2024, apesar de um ligeiro abrandamento do crescimento”.

“O saldo orçamental das administrações públicas manteve-se positivo, sustentado por uma forte arrecadação do imposto sobre as sociedades, enquanto a dívida pública em percentagem do PIB continuou a diminuir, passando de 97,7% em 2023 para 94,9% em 2024”, observa.

Apesar de admitir esta “trajetória claramente descendente” da dívida portuguesa, o MEE recorda que esta continua elevada e, aliada à baixa produtividade e ao envelhecimento da população, fala em “desafios estruturais à sustentabilidade da dívida a médio e longo prazo”.

“É essencial executar atempadamente o PRR e implementar reformas estruturais chave, mantendo políticas orçamentais prudentes”, reforça ainda o MEE.

Sediado no Luxemburgo, o MEE é uma organização intergovernamental criada pelos Estados-membros da zona euro para evitar e superar crises financeiras e manter a estabilidade financeira e a prosperidade a longo prazo, concedendo empréstimos e outros tipos de assistência financeira aos países em graves dificuldades financeiras.

O Conselho de Governadores, o órgão de decisão ao mais alto nível do MEE, aprova hoje o seu relatório anual de 2024.

O Conselho de Governadores do MEE é composto por representantes governamentais de cada um dos 19 acionistas do mecanismo, os países do euro, com a pasta das Finanças. Portugal está representado pelo ministro da tutela, Joaquim Miranda Sarmento.

O MEE continua a monitorizar a situação orçamental de Portugal após a assistência ao país durante a crise da dívida soberana da zona euro, em 2011.

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Eurodeputados defendem plano para reforçar a rede elétrica da UE

  • Lusa
  • 19 Junho 2025

O Parlamento Europeu (PE) defende a aplicação do plano de ação europeu para as redes elétricas, visando modernizá-las e aumentar a capacidade de transporte, para evitar novos 'apagões'.

O Parlamento Europeu (PE) defende a aplicação do plano de ação europeu para as redes elétricas, visando modernizá-las e aumentar a capacidade de transporte, para evitar novos ‘apagões’.

Num relatório aprovado, na sessão plenária de Estrasburgo (França), por 418 votos a favor, 112 votos contra e 45 abstenções, os eurodeputados concordam ainda com o reforço da resiliência das redes elétricas na União Europeia (UE), a integração das energias renováveis e a simplificação das licenças para cumprir os objetivos energéticos definidos para o bloco.

No que respeita à capacidade de transporte, o PE defende que se promovam investimentos e melhorias significativas na rede “a fim de aumentar a capacidade de transporte transfronteiras e a nível nacional e de modernizar as infraestruturas”, segundo um comunicado.

Neste âmbito, deverá haver uma supervisão mais estreita das autoridades para garantir um sistema elétrico descarbonizado, flexível e resiliente.

A relatora do texto aprovado, a eurodeputada liberal austríaca Anna Sturgkh, referiu que “o apagão na Península Ibérica foi uma demonstração dolorosa da vulnerabilidade das nossas redes”, defendendo que “a Comissão Europeia tem de agir de forma decisiva para dar prioridade ao planeamento e à coordenação das redes e do armazenamento, ou continuaremos a caminhar de uma crise para a outra”.

O relatório defende ainda a manutenção do nível de financiamento do Mecanismo Interligar a Europa no próximo orçamento plurianual da UE, para o período 2028-2034.

A empresa Red Elétrica, a operadora do sistema elétrico de Espanha, atribuiu o apagão de 28 de abril na Península Ibérica a incumprimentos de obrigações por parte das empresas produtoras de energia, rejeitando as acusações de “má planificação”.

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Euronext semeia IPO num terreno cada vez mais árido

Num ano desafiante para a bolsa nacional, o programa IPOready da Euronext surge como motor de esperança para a Euronext Lisboa na tentativa de atrair novas empresas e combater o êxodo do último ano.

A edição deste ano do Campus IPOready da Euronext, que celebra uma década de existência, reuniu em Lisboa cerca de 160 empresas de 11 países europeus para promover vários workshops para capacitar os executivos com as ferramentas e conhecimentos necessários para uma eventual oferta pública inicial (IPO).Euroenxt 12 junho 2025

A venda do Novobanco ao grupo francês BPCE por 6,4 mil milhões de euros marca mais um revés para a Euronext Lisboa, liderada por Isabel Ucha, que volta a ver escapar uma potencial entrada em bolsa de uma instituição de peso. O negócio do Novobanco, fechado na semana passada, simboliza as dificuldades da praça portuguesa em atrair novas cotadas numa altura em que, simultaneamente, regista um número crescente de saídas, com 2024 a marcar o maior “êxodo” de empresas da bolsa nacional desde 2018.

Foi neste contexto desafiante que decorreu, na semana passada (12 e 13 de junho), em Lisboa, mais uma edição do Campus IPOready, o programa de formação pré-IPO da Euronext. Esta iniciativa, que celebra uma década de existência, reuniu cerca de 160 empresas de 11 países europeus – Bélgica, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Noruega, Polónia, Portugal, Espanha e Reino Unido.

O programa, que se estende por seis meses e culminou nestes dois dias intensivos de formação, pretende equipar os executivos com as ferramentas e conhecimentos necessários para uma eventual oferta pública inicial (IPO). “Há sempre uma ideia de que o IPO é complexo, apenas para grandes empresas, mas o que nos tentamos mostrar é que, depois de estarem preparados, é possível avançarem”, explicou Mathieu Caron, Group Head of Primary Markets da Euronext, numa mesa-redonda à margem do evento.

Desde o seu lançamento, em 2015, o IPOready já formou mais de 1.080 empresas, das quais cerca de três dezenas acabaram efetivamente por se estrear em bolsa, incluindo três no ano passado – Florentaise (Paris), QEV (Amesterdão) e Yakkyo (Milão) – e uma portuguesa, a Raize, que realizou o seu IPO em 2018 após participar numa edição do programa IPOready.

As empresas tecnológicas dominam claramente o programa, representando 67% dos participantes da edição de 2025, dividindo-se entre 41% de techmedia e telecomunicações, 13% de cleantech e 13% de healthtech. “Trazemos também este network potenciando novas parcerias – isto é o regresso às raízes do que deve ser uma bolsa, unindo pessoas com ideias e pessoas com capacidade de financiamento”, sublinhou Mathieu Caron, destacando que “não procuramos realizar este programa apenas com o IPO em mente, mas com o intuito de plantar sementes para o futuro”.

Empresários portugueses testam as águas

Entre os participantes portugueses na edição deste ano, Jorge Guedes, co-fundador da Magycal, uma tecnológica que promove o desenvolvimento de várias plataformas nos media, refere ao ECO que entre as intenções que o fez participar no programa está a ideia de “saber das possibilidades, conhecer que alternativas temos para crescer”, sublinhando que “estamos aqui para aprender um pouco.”

O empresário refere que não tem qualquer calendário em mente sobre a abertura do capital da empresa a novos investidores, mas admitiu que em conjunto com os seus sócios estão “a analisar todas as opções” relativamente a um possível IPO.

Gonçalo Caeiro, co-fundador da consultora Joyn, foi mais específico nos seus planos. “Não estamos a pensar em fazer um IPO imediatamente, talvez no futuro. Estamos a procurar ter maior presença internacional, e esta é uma possibilidade de alargarmos a nossa imagem internacionalmente.” A empresa já definiu até o segmento de interesse: “Estamos a apontar para o Euronext Growth”, refere o empresário que ainda é co-fundador da DocDigitizer, notando que “estamos confortáveis em apontar a este mercado” e referindo que “pensamos em abrir cerca de 5% do capital e depois talvez 10%.”

Mas para Gonçalo Caeiro, “o capital é a segunda derivada” de um eventual IPO. “Para nós, o importante é a transparência, acredito que temos vantagem para potenciar o nosso negócio”, numa perspetiva que coloca a cotação como ferramenta de crescimento além do mero financiamento.

Nos últimos anos, após 2021, têm sido anos difíceis para o mercado de IPO, não só em Portugal mas em todo o mundo, por conta do ambiente macroeconómico [e] 2025 não foi o arranque que todos esperavam.

Mathieu Caron

Responsável pelos mercados primários da Euronext

Outros participantes contactados pelo ECO, que preferiram o anonimato, identificaram obstáculos práticos sobre um eventual IPO. “O compliance é uma das coisas mais complicadas”, admitiu uma empreendedora de uma tecnológica dos Países Baixos, enquanto outro empresário sublinhou as potencialidades do programa da Euronext, notando que “o que é bom neste programa é que pessoas especializadas num tópico e numa área ajudam-nos a definir um padrão, a ter uma imagem mais generalizada do processo”.

O contexto não podia ser mais desafiante para os empreendedores e empresários que estão a pensar abrir o capital da sua empresa a novos investidores. “Nos últimos anos, após 2021, têm sido anos difíceis para o mercado de IPO, não só em Portugal mas em todo o mundo, por conta do ambiente macroeconómico”, reconheceu Mathieu Caron, admitindo que “2025 não foi o arranque que todos esperavam.”

Os números confirmam esta realidade. Globalmente, o mercado de IPO registou 1.215 operações em 2024, captando 121,2 mil milhões de dólares, cerca de 10% abaixo dos números de 2023. Na Europa, porém, houve sinais de recuperação: as ofertas públicas iniciais duplicaram em valor em 2024, captando 14,6 mil milhões de euros, comparado com 7,2 mil milhões em 2023, num total de 57 IPO.

Porém, a realidade nacional foi bastante distinta da Europa, com a Euronext Lisboa a enfrentar um panorama particularmente difícil. Em 2024, registou apenas um IPO, a Vila dos Números, e nem sequer foi no mercado principal. Além disso, desde que foi listada a 25 de junho do ano passado que não negociou qualquer ação.

Com a concorrência entre bolsas a intensificar-se e os mercados ainda a recuperar dos choques dos últimos anos, iniciativas como o IPOready podem ser cruciais para o futuro da Euronext Lisboa.

Simultaneamente, a praça lisboeta viu acelerar as saídas, com o abandono de quatro empresas do mercado, marcando assim o maior êxodo desde 2018: Reditus (excluída pela própria Euronext Lisboa depois de mais de três anos no “penalty bench” por incumprimentos nos deveres de informação ao mercado), Lisgráfica (que aprovou a sua saída do mercado em 2022, citando os custos associados à cotação bolsista e a situação económica desafiadora como principais motivos), Inapa (que perdeu quase 95% do seu valor em bolsa nos últimos dias de negociação, culminando com a declaração de insolvência pelo tribunal) e Greenvolt, que abandonou a cotação em novembro após a aquisição pelo private equity norte-americano Kohlberg Kravis Roberts (KKR) no seguimento de uma Operação Pública de Aquisição (OPA).

O caso do Novobanco ilustra mais uma vez os desafios com que se depara a bolsa nacional. Apesar de ter ponderado uma entrada em bolsa e dado seguimento a todo o processo, a instituição acabou por ser adquirida diretamente pelo BPCE francês, num negócio que avaliou o banco em 6,4 mil milhões de euros. “Esta é uma aquisição amigável”, garantiu Nicolas Namias, CEO do BPCE, prometendo manter a atual administração e afastando despedimentos

Face a este cenário, a Euronext intensifica a aposta no IPOready como forma de cultivar um pipeline de futuras cotadas. “Por vezes ser uma empresa pública [cotada] é o único passo possível a seguir”, defendeu Mathieu Caron, argumentando que “tornar a empresa pública é uma forma de garantir a estratégia da empresa”, numa resposta ao receio de perder controlo. O responsável sublinhou ainda que “recomendamos sempre as empresas a cotarem nos seus mercados locais” e que o objetivo final é “gerar mais financiamento para a economia real”, numa referência à União de Poupança e Investimento europeia.

Com a concorrência entre bolsas a intensificar-se e os mercados ainda a recuperar dos choques dos últimos anos, iniciativas como o IPOready podem ser cruciais para o futuro da Euronext Lisboa. Resta saber se estas “sementes plantadas” conseguirão germinar num ambiente que continua a ser pouco hospitaleiro para novas cotações.

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Documentação da Spinumviva está a ser analisada pela PJ

O procurador-geral da República (PGR) disse que documentos da empresa familiar de Montenegro estão a ser analisados pela PJ, insistindo que espera "para breve" uma decisão fundamentada do caso.

O procurador-geral da República (PGR) anunciou alterações na comunicação das averiguações preventivas do Ministério Público, mas sem especificar quais, alegando a necessidade de proteção dos cidadãos contra a especulação jornalística e a exploração de denúncias anónimas.

Na quarta-feira foi tornado público o arquivamento da averiguação preventiva à compra de duas casas pelo ex-secretário-geral do Partido Socialista (PS) Pedro Nuno Santos e em que o PGR, Amadeu Guerra, confirmou que se mantém em análise a documentação remetida pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, na averiguação preventiva à sua empresa familiar, Spinumviva, o chefe do Ministério Público anunciou já ter comunicado ao Conselho Superior do Ministério Púbico (CSMP) de que “vai haver alterações em termos de comunicação social e de comunicação” das averiguações preventivas.

Sobre a averiguação preventiva ao primeiro-ministro e a sua empresa familiar, Amadeu Guerra sublinhou que tem “muito mais documentação” do que a de Pedro Nuno Santos, e que está a ser analisada pela Polícia Judiciária, insistindo que espera “para breve” uma decisão sobre o caso, mas fundamentada. “O MP quer decidir as coisas como devem ser, bem analisadas, com segurança e, portanto, é isso que pretendemos e abordar todas as questões subjacentes para que não haja dúvidas sobre o que é que aconteceu”, disse.

Uma pessoa tem uma denúncia anónima e tem logo uma exploração mediática dessa situação, o que é que se ganha com isso? Portanto, temos que refletir e temos que encontrar soluções. Não é a minha ideia, fechar-me à comunicação social, mas também tenho que defender os cidadãos que muitas vezes são atacados na comunicação social por situações que são irreais”, disse Amadeu Guerra.

Dando como exemplo um caso que experienciou enquanto diretor do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), em que “segundos depois” de ter recebido uma denúncia anónima já tinha um pedido de informação de um jornalista, Amadeu Guerra defendeu que tem que se “saber para que é que servem as denúncias anónimas e como é que são exploradas”.

“È nessa situação que temos que tomar algumas medidas para evitar que se faça especulação jornalística e especulação contra os cidadãos. Temos que os proteger”, acrescentou.

Sobre o arquivamento da averiguação a Pedro Nuno Santos, o PGR disse que o Ministério Público (MP) o fez porque “não encontrou razões absolutamente nenhumas para abrir inquérito” e que “em termos criminais” estão esclarecidas as situações” para o MP.

Averiguação feita a Pedro Nuno Santos arquivada pelo DCIAP

A averiguação preventiva aberta pelo DCIAP contra Pedro Nuno Santos foi arquivada. O despacho de arquivamento, a que o ECO teve acesso, sublinha que “não se vê como concluir pela existência de uma atuação intencional e muito menos com contornos criminais”. Em conformidade, lê-se, “considerando que das averiguações realizadas não se logrou apurar notícia de ilícito criminal e porque não se vislumbra a realização de outras diligências com vista à recolha de outros elementos, determina-se o arquivamento da presente averiguação preventiva”.

“Mostram-se devidamente esclarecidas todas as alegações controvertidas divulgadas publicamente por via da comunicação social e reproduzidas em denúncias endereçadas ao Ministério Público”, refere o despacho. Segundo a magistrada do Ministério Público, “os montantes pagos pela aquisição e alienação de imóveis decorrem, com exatidão, da documentação contratual e os respetivos fluxos financeiros mostram-se clarificados na documentação bancária junta”. Documentos, esses, entregues ao MP pelo próprio Pedro Nuno Santos a 23 de maio, quando foi ouvido no DCIAP.

Na justificação de rendimentos para a compra dos dois imóveis no valor total de 1,3 milhões de euros, a procuradora entendeu que a aquisição das casas foi realizada de forma lícita. “Inexistem quaisquer suspeitas de que os fundos utilizados tenham origem diversa, que não a de rendimentos de trabalho ou o património dos pais, tanto de Pedro Nuno Santos como de Ana Catarina Gamboa”, sua mulher.

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