Na Porto, o ambiente é de festa e de entusiasmo. De cerveja na mão e com cânticos afinados, centenas de adeptos do Manchester City e do Chelsea animam a Ribeira. E trazem euros ao comércio do Porto.
A final da Liga dos Campeões voltou a encher as ruas cidade do Porto de turistas. Os cânticos dos adeptos ingleses entoam na Ribeira, as esplanadas estão a abarrotar e os hotéis têm a lotação praticamente esgotada. São um “balão de oxigénio” para o negócio, depois de meses em que os negócios estiveram parados por causa da pandemia. E a exposição que a Champions traz à cidade pode chamar ainda mais turistas.
A final da Champions reúne milhares de adeptos ingleses na Invicta. De caneca de cerveja na mão, os adeptos do Manchester City e do Chelsea enchem as ruas da cidade com alegria e entusiasmo e estão ao rubro com a possibilidade de voltar a assistir a um jogo de futebol.
A cidade está pintada de azul e na fan zone da Avenida dos Aliados já se começa a sentir o ambiente de festa e os adeptos ingleses não passam despercebidos. São muitos aqueles que passam em frente à Câmara do Porto para tirar um fotografia junto do insuflável gigante da taça da Liga dos Campeões, com 12 metros de altura.
Perto da Torre dos Clérigos, pouco passava das 11 da manhã de sexta-feira e a fila para tirar uma fotografia junto da taça da Liga dos Campeões, que está em exibição em frente à Cadeia da Relação, no Largo do Amor de Perdição, já se via ao longe. Com a musica da Champions de fundo, são muitos aqueles que esperam pela sua vez para eternizar o momento. O troféu, que pesa 7,5 kg e mede 73,5 centímetros de altura, vai permanecer no local até às 16 horas deste sábado, altura em que depois segue para o estádio do Dragão para ser entregue ao vencedor desta final.
Muitos dos adeptos não têm bilhete para assistir à final da edição de 2020/21 da Liga dos Campeões que vai ser disputada pelos ingleses Manchester City e Chelsea este sábado, a partir das 20H00, mas confessam que viajaram mesmo sem bilhete só para sentir o ambiente de festa que se vive nesta final. Este é o caso do adepto inglês Luke Andrews que veio com cinco amigos e vai estar na Invicta durante três dias.
Luke Andrews está a torcer pelo Manchester City e conta ao ECO que estes são “os dias mais felizes da vida dele” e que está “tão feliz como se fosse o nascimento de um filho”. Visivelmente eufórico, o inglês destaca que “adora a cidade do Porto” e que voltará com certeza.
Uns metros à frente, na Ribeira do Porto, encontramos um adepto do clube rival, o Chelsea. Thé Wils viajou de Londres com um grupo de amigos e está confiante na vitória do seu clube. O adepto do Chelsea é dos poucos que vai assistir à final da Liga dos Campeões no Dragão. Thé Wils diz que é um “privilégio” e uma “alegria” assistir à final da Champions no estádio e que conseguiu o bilhete por 600 libras (696 euros). Vai ficar na cidade do Porto durante três dias e conta que já é a quarta vez que visita a Invicta. “É uma cidade adorável, com bom tempo, boa cerveja e mulheres bonitas”, conclui o adepto do Chelsea.
Centenas de adeptos deixam Ribeira do Porto ao rubro
Com a final da Liga dos Campeões, a hotelaria está ao rubro e os funcionários não têm mãos a medir para tantos pedidos. É na Ribeira do Porto que se concentram a grande maioria dos adeptos dos dois clubes ingleses que fazem a festa, sem máscara, embora sob vigilância da polícia. Os cânticos já se ouvem ao longe, as esplanadas estão praticamente cheias, não falta cerveja e os corpos estão queimados do sol. A grande maioria são adeptos do Manchester City.
Os comerciantes estão otimistas com a afluência e dizem que já sentiam saudades de ver o Porto cheio de turistas. Receber um evento desta envergadura é para os estabelecimentos um “balão de oxigénio”, depois de tantos meses parados devido à pandemia da Covid-19. Rúben Azevedo, responsável pela Esplanada da Taberna, situada na Ribeira do Porto, diz que o balanço é “positivo” e que está a ser “bom para o negócio”. “Tivemos imensa sorte ser o Porto a cidade escolhida. É muito bom pelo feedback que passa, até porque eles vêm neste contexto do futebol com os amigos, mas depois acabam por voltar porque gostam muito”.
O responsável pela Esplanada da Taberna conta que apesar de já estar habituado e de ter experiência com este tipo de eventos, admite que os adeptos ingleses “são diferentes de todos os outros” e que opta por fechar um pouco mais cedo por volta das 20h30/21h00. O responsável conta que já tem clientes ingleses desde terça-feira, mas que o pico foi, sem dúvida, sexta-feira e será, certamente, este sábado.
Uns metros mais a frente, em direção à Ponte D. Luís, no restaurante Pezarroz, o ambiente está mais calmo, mas já sente uma diferença significativa na faturação. O gerente João Soares diz que na quarta-feira já começaram a ver adeptos a chegar e que este evento está a “ser bom” para a economia local principalmente para a hotelaria e restauração. Apesar do otimismo, tem algum receio que este aglomerado de pessoas faça o Porto recuar no plano de desconfinamento.
No restaurante Pezarroz passam poucos minutos do meio-dia, mas os adeptos estão mais entusiasmados a beber cerveja que a pensar na hora de almoço. O gerente João Soares conta os ingleses são grandes consumidores de cerveja e que em média um inglês que passe o dia na esplanada bebe cerca de 16 canecas de meio litro, o que corresponde a oito litros de cerveja. Desde quarta-feira o Pezarroz já vendeu dois barris de 50 litros de cerveja.
Ainda na Ribeira do Porto, o ECO encontrou o presidente da Associação de Turismo do Porto e Norte no meio dos adeptos ingleses. Para Luís Pedro Martins o facto de a Liga dos Campeões realizar-se no Porto está a ser “bom para a economia local”, essencialmente para o comércio, hotelaria, restauração, empresas de animação turística, transportes, entre outros. O presidente da Associação de Turismo do Porto e Norte enumera ainda que o evento está a ser “ótimo a nível de comunicação e promoção”, tendo em conta que é um evento transmitido por mais de “90 países” e cerca de “110 canais televisivos”.
O presidente da Associação de Turismo do Porto e Norte conta que o mercado britânico é o quinto mercado da região Norte, que se tem vindo a fazer “um esforço para cativar mais este mercado” e que o facto da final da Champions ser no Porto é uma “boa oportunidade para dar a conhecer o Norte ao mercado britânico”.
O Governo tinha anunciado uma “bolha de segurança” para os adeptos ingleses não ficarem mais que um dia no país e que não dispersassem pela cidade. No entanto, os adeptos do Chelsea e do Manchester City já começaram a chegar ao Porto entre terça e quarta-feira e há quem diga que a “bolha de segurança” foi furada.
O presidente da Associação de Turismo do Porto e Norte conta ao ECO que “nunca acreditou na bolha” e que sempre considerou que seria “logisticamente impossível conseguir para um tão grande número de pessoas fazer uma operação dessas”. Luís Pedro Martins acrescenta ainda que não achava “justo” esta medida tendo em conta que Portugal abriu as fronteiras ao mercado britânico no dia 17 de maio. “Qual é o problema de o turista quer visitar a cidade se entra com um teste negativo à Covid-19?”, questiona.
Para o presidente da Associação de Turismo do Porto e Norte este evento é “um pontapé de saída para uma fase que nos esperamos que seja bem mais positiva para a região Norte”.
Hotéis com lotação praticamente esgotada na final da Champions
Com os adeptos britânicos em peso na cidade do Porto, os hotéis estão praticamente com lotação esgotada. Este é o caso do Crowne Plaza Porto que está praticamente cheio este fim de semana e a grande maioria das reservas são referentes à realização da final da Liga dos Campeões na cidade do Porto.
O presidente da Turismo do Porto e Norte de Portugal já tinha avançado que a taxa de ocupação hoteleira ronda os 76% graças à final da Liga dos Campeões no Porto. O diretor geral do Crowne Plaza Porto, Vincent Poulingue, conta ao ECO que as reservas começaram a chegar dois dias antes do anúncio que o Porto foi a cidade eleita para receber a final da Liga dos Campeões. A maioria das reservas são, claro está, provenientes do Reino Unido.
O preço da noite deste sábado para domingo, para duas pessoas, ascende a 1.222 euros. “As reservas têm um preço médio acima da média dos últimos 12 meses. É um claro sinal de retoma, ainda que de forma tímida”, adianta o diretor geral do Crowne Plaza Porto. Para a unidade hoteleira, a Liga dos Campeões associada ao evento Presidência Portuguesa da União Europeia, “teve um grande impacto na cidade do Porto e tem-se traduzido como um excelente reinício da atividade do turismo na cidade”.
A final da Liga dos Campeões ou a Cimeira Social da União Europeia são muito importantes não só na dinamização do turismo da cidade, em toda a cadeia de valor, mas sobretudo para voltar a colocar o Porto na rota dos destinos internacionais mais seguros e recomendados no âmbito da retoma do turismo internacional.
O InterContinental Porto – Palácio das Cardosas, localizado na Avenida dos Aliados, também sentiu um “aumento das reservas para este fim de semana”. Na plataforma do Booking.com, o alojamento já não tem disponibilidade para este sábado. No entanto, na noite de sexta para sábado o preço de uma reserva rondava os 1.350 euros.
Para a diretora de vendas do InterContinental Porto, Ana Espregueira Mendes, a final da Liga dos Campeões “está a ser um ponto positivo para a cidade do Porto, especialmente para o setor do turismo (…) e isso deixa-nos com esperança para o futuro. Depois da fase complicada que vivemos, é muito bom voltar a ver turistas nas nossas ruas”, destaca.
Do outro lado da margem do Rio Douro, o cenário é semelhante. No emblemático hotel The Yeatman, de 5 estrelas, localizado em Vila Nova de Gaia, com umas vistas deslumbrantes para a cidade do Porto, já não há espaço de manobra para mais reservas. No Booking.com já não é possível fazer reservas para a noite que marca a final da Champions League.
Para o diretor geral do The Yeatman Hotel, Jan-Erik Ringertz, este é um evento que “volta a colocar o Porto na rota dos destinos internacionais mais seguros e recomendados no âmbito da retoma do turismo internacional.”
O Hotel Moov Porto Centro que tem preços muito mais acessíveis, cerca de 40 euros por pessoa, tem mais de 70 reservas e no Hotel Moov Porto Norte têm 65 reservas. André Ferreira, administrador do Grupo Endutex, conta ao ECO que nos dias que antecedem a final da Champions e nos dois dias seguintes houve uma “ligeira subida na taxa de ocupação”.
A Liga dos Campeões está a ser um ponto positivo para a cidade do Porto, especialmente para o setor do turismo (…) e isso deixa-nos com esperança para o futuro. Depois da fase complicada que vivemos, é muito bom voltar a ver turistas nas nossas rua.
À semelhança dos outros hotéis, o Hotel Moov Porto Centro e o Porto Norte começaram a receber mais pedidos de reservas a partir da noite em que foi anunciada a final da Champions League no Porto. Para o administrador do Grupo Endutex, este tipo de eventos tem sempre “impacto direto no setor da hotelaria e da restauração”.
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Ruas cheias, esplanadas a abarrotar e hotéis a 100% para a final da Champions
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