S&P mantém rating de Portugal
Agência norte-americana não mexe no rating nem no outlook da dívida portuguesa. Mantém confiança no governo de António Costa quanto ao compromisso de consolidação, mas reviu em baixa crescimento.
A agência Standard & Poor’s reafirmou esta sexta-feira o rating “não solicitado” de Portugal em ‘BB+’, mantendo a dívida nacional num nível de investimento considerado especulativo. A decisão foi justificada com a crença de que o Governo vai continuar o caminho da consolidação orçamental nos próximos dois anos.
“A recuperação económica portuguesa irá desacelerar em 2016, devido sobretudo à desaceleração das exportações e do investimento, mas refletindo também os desafios da banca portuguesa”, referiu a agência norte-americana em comunicado. Ainda assim, “esperamos que o Governo mantenha o compromisso em relação às políticas que sustentam a consolidação orçamental”, adiantaram os analistas da S&P.
A agência deixou também inalterada a perspetiva de evolução do rating de Portugal, que continua a ser ‘estável‘, o que significa que não prevê qualquer mudança na notação portuguesa nos próximos seis meses a dois anos.
O drama do crescimento e o teste ao Governo
A maior preocupação da S&P é com a falta de crescimento da economia portuguesa. Para 2016, os peritos da agência de notação esperam que o PIB cresça 1,2%, um valor abaixo dos 1,5% registados em 2015 e longe da meta do Governo, de 1,8%.
Esta desilusão do PIB empurrará o rácio do défice orçamental para 2,8%, em vez dos 2,2% projetados pelo Executivo, ou mesmo dos 2,6% estimados em julho pela Comissão Europeia.
Por enquanto, a S&P não duvida do compromisso do Governo para com as metas de consolidação orçamental, mas avisa que a estabilidade política do Executivo não pode ser dada como adquirida: “Acreditamos que a estabilidade de longo prazo do Governo será provavelmente testada no caso de um crescimento económico abaixo do previsto”.
Acreditamos que a estabilidade de longo prazo do Governo será provavelmente testada no caso de um crescimento económico abaixo do previsto
A explicar o fraco desempenho da atividade económica, que continuará a crescer pouco em 2017 (a S&P prevê 1,2%) está a má performance das exportações – provocada pelo abrandamento da procura por parte dos mercados extracomunitários – e do investimento. Os empresários não investem em Portugal porque a banca está fragilizada e há demasiada instabilidade nas políticas, argumenta a S&P.
Mas o investimento poderá ficar ainda mais prejudicado se o Governo “falhar” na implementação de reformas estruturais no mercado de trabalho, de produto e de serviços, avisa.
As perspetivas para o mercado de trabalho não são, por isso, animadoras. A agência reconhece as melhorias registadas desde o final de 2014, com a descida da taxa de desemprego dos anteriores 13,9% para os 11,1% de julho de 2016. Contudo, antevê, na melhor das hipóteses, um abrandamento destes ganhos.
“Novos aumentos substanciais do salário mínimo podem comprometer as perspetivas do emprego” e medidas que reduzam a flexibilidade no mercado de trabalho “vão provavelmente travar, ou até reverter a melhoria no desemprego”, alerta a S&P.
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