Migrantes podem aumentar em 2% PIB per capita dos países que os recebem
Os países anfitriões podem ficar a ganhar se conseguirem integrar com sucesso os migrantes que receberam, diz o FMI
Um aumento de um ponto percentual da participação dos migrantes na população ativa do país recetor pode aumentar o Produto Interno Bruto (PIB) per capita em dois pontos percentuais no longo prazo, segundo um relatório divulgado hoje pelo FMI.
“A migração melhora o PIB per capita dos países anfitriões por impulsionar o investimento e por aumentar a produtividade laboral”, um aumento que pode chegar aos dois pontos percentuais de crescimento a mais por cada ponto percentual extra na participação dos migrantes na população ativa do país, conclui o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Num dos capítulos analíticos do World Economic Outlook (WEO), divulgados hoje, e que aborda os impactos da migração nas economias, o FMI defende que “os migrantes podem impulsionar a força de trabalho e ter um impacto positivo no crescimento e nas finanças públicas no médio prazo, especialmente nos países com populações envelhecidas”. No entanto, alerta a instituição liderada por Christine Lagarde, a migração – que, a nível internacional, é dominada (95%) por migrantes económicos, mas que inclui também refugiados (5%), apresenta desafios nos países de origem e de chegada.
Nos países de origem, a saída dos jovens e dos trabalhadores mais qualificados pode prejudicar o crescimento no longo prazo: “A perda de capital humano traduz-se em menos produtividade, menos qualificações e menos receitas fiscais”, alerta o FMI. Já nos países que recebem migrantes, as chegadas podem provocar “tensão social, preocupações de segurança e até repercussões políticas”, avisa o Fundo.
No entanto, o FMI sublinha que a migração “pode oferecer ganhos económicos, trazendo mais crescimento e produtividade”, bem como “oferecer algum alívio” aos países com população envelhecida, uma vez que há uma predominância dos migrantes em idade ativa. “Com o passar do tempo, dado o impacto na população ativa e na atividade económica, os migrantes podem gerar mais receita fiscal e contribuições socais”, refere o Fundo.
Para o FMI, a chave para alcançar estes objetivos é “uma integração rápida” dos migrantes no mercado de trabalho e, por isso, aponta que são necessárias “melhores políticas de trabalho, acesso à educação e apoio à iniciativa dos migrantes”. O Fundo deixa um aviso aos países que recebem refugiados: “A incerteza quanto à situação legal dos refugiados pode atrasar a entrada no mercado de trabalho, [uma vez que] enquanto as candidaturas de pedido de asilo estão a ser analisadas, os refugiados enfrentam barreiras legais ao emprego”.
“Mas a integração leva tempo, especialmente no caso dos refugiados, o que significa que haverá um atraso antes que comecem a contribuir para as contas públicas”, admite o FMI.
Ainda assim, “embora tenha algum custo no curto prazo, acrescentando pressão orçamental nos países anfitriões”, a instituição defende que estas políticas “podem ajudar os migrantes a conseguirem – e manterem – um trabalho, a contribuírem cada vez mais e, com mais e melhor integração social, para diminuir as tensões sociais”.
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