O ego é a razão do fracasso? No Web Summit, é difícil não pensar em Trump
No dia a seguir à noite eleitoral, todos os caminhos do Web Summit vão dar a um tópico. E não estamos a falar de tecnologia.
No palco, para falar sobre ego e sobre o facto de este poder ser “razão de fracasso para empresas”, é difícil acalmar os ânimos. Dave McClure, fundador da 500 Startups, não aceita o resultado das eleições desta noite. “Fomos roubados, fomos violados e vocês não estão chateados? O que se passa convosco?”, pergunta, de pé, em palco. Depois, já sentado, as pernas e os pés não param. A ansiedade e a insatisfação passa, volta e meia, para as palavras. “Como cidadãos, como empreendedores, temos de fazer alguma coisa. Tenho vergonha, estou triste, estou chateado”, diz.
“A margem de vitória não foi assim tão grande”, analisa. Mas é prova de que a maioria dos norte-americanos prefere Trump. “As pessoas que vivem onde eu nasci, votaram no Trump. Merecemos uma oportunidade de nos ouvirmos e ver o que se passa. Não consigo ter uma conversa calma com ninguém neste momento”, confessa. E o problema nem é uma questão de ego, garante, a propósito do tema da discussão que era suposto haver em palco. “Às vezes é demasiado fácil para as pessoas mais extrovertidas saltarem para funções de liderança. Precisamos de fazer com que diversos tipos de pessoas possam ser líderes, dar-lhes essa oportunidade”, garante.
"Fomos roubados, fomos violados e vocês não estão chateados? O que se passa convosco?”
Esta noite, Trump venceu Hillary nas eleições norte-americanas e é o novo Presidente dos Estados Unidos. No segundo dia de Web Summit, em Lisboa, há mais de 53.000 pessoas de 167 países do mundo e é mais difícil evitar falar do assunto.
“Julgamos os líderes dos países com escalas de valores, éticos… mas, muitos líderes de empresas têm maiores audiências do que os de alguns países”, sublinha Dave.
Eileen Burbidge, partner da Passion Capital, assegura que a tecnologia é uma forma de fazer com que a informação chegue a mais pessoas e contribua para um maior esclarecimento. Sinto-me triste pelo que aconteceu porque as tecnologias deviam ser mais inclusivas. Somos demasiado isolados, até insulares. A tecnologia deveria ser mais inclusiva e temos um papel nisso. Temos de ter um papel de impacto nas coisas que estamos a fazer”, garante a investidora.
Somos demasiado isolados, até insulares. A tecnologia deveria ser mais inclusiva e nós temos um papel nisso.
Por isso, para a investidora de capital de risco, o ego funciona de acordo com a definição que temos de falhanço e de sucesso. “O ego, na sua forma mais clássica de definição, não é uma coisa má. Faz parte do que és, é um bom driver, uma boa força. O ego é muito importante, ajuda-nos a encontrar o equilíbrio”, detalha.
Por isso, também para Justin Kan Partner, do acelerador de startups Y Combinator, o ego — e o ego de Trump — é uma questão de estilo “que funciona”. “Fomos nós que criámos estes instrumentos, as pessoas podem escolher a bolha de informação onde querem estar. O Facebook, o Twitter e todos os restantes social media onde passamos a maior parte do tempo, permitem-nos escolher apenas o que queremos ver”, diz.
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