AMOB: “fatos” à medida dos clientes metalúrgicos

Equipamentos produtivos com a mais alta tecnologia, incluindo centros de maquinação, tornos, fresadoras CNC, tecnologia de corte, curvatura... tudo para produzir à vontade do cliente, É assim a AMOB.

A AMOB, líder mundial no fabrico de equipamentos para a indústria metalomecânica, faz “fatos à medida do cliente”, não produz equipamentos em série. Tem uma gama de clientes que vão desde as maiores empresas do setor automóvel, energia, indústria naval entre outras, sendo que a maioria do que produz vai para fora. Exporta mais de 62% para todo o mundo.

Fundada em 1960 por António Martins Oliveira Barros, cujas iniciais dariam o nome da empresa, a AMOB é hoje liderada pela segunda geração, Luís e Manuel Barros, e assume-se como especialista de equipamentos para a indústria de curvatura de tubos e perfis a nível mundial.

Valter Xavier, diretor financeiro da AMOB, adianta ao ECO que “a força motriz da empresa é a grande capacidade tecnológica e a capacidade que temos de fazer e desenvolver máquinas customizadas, cada vez mais uma tendência de mercado“. Assim se explica que a AMOB tenha produzido em 2014 a maior máquina de arquear do mundo. “Não havia nada no mundo com as dimensões e com a natureza dessa máquina com capacidade para curvar perfis maciços de mil milímetros”.

Para Valter Xavier, a companhia “serve o mercado global com um nível excecional de equipamentos e ferramentas para a curvatura de tubo, perfis e conformação de extremos, dos mais simples equipamentos manuais aos mais complexos sistemas CNC totalmente elétricos”. E adianta: “temos capacidade para abraçar os mais diversos problemas e desafios tecnológicos”.

"A força motriz da empresa é a grande capacidade tecnológica e a capacidade que temos de fazer e desenvolver máquinas customizadas, cada vez mais uma tendência de mercado”

Valter Xavier

Diretor financeiro da AMOB

Com uma grande aposta na tecnologia e na inovação, a empresa de Louro, concelho de Famalicão, iniciou em 2012 uma parceria com a Faculdade de Engenharia do Porto com quem tem vindo a trabalhar em diversos projetos de investigação e desenvolvimento. O objetivo é sempre o mesmo: evoluir na cadeia de valor.

Para o diretor financeiro da AMOB, “no mundo das máquinas e ferramentas estamos a falar de abandonar a tecnologia hidráulica e convergir para a tecnologia elétrica”. É o primeiro pé da AMOB na indústria 4.0. “É mais fácil até porque este tipo de máquinas estão mais preparadas para poderem fazer este tipo de integrações”. Valter Xavier diz mesmo que “trabalhamos muitas destas máquinas para ser possível a sincronização com os robôs, nomeadamente para a indústria automóvel“.

 

Principal mercado? O mundo

Em 2016, a empresa atingiu os 16,3 milhões de euros de volume de negócios que compara com os 15,4 milhões de euros. A AMOB trabalha sobretudo para o mercado externo, para onde exportou em 2016, 61,34% do que produz, o dobro do que exportava em 2011. “Vendemos um pouco por todo o mundo”, mas a Europa assume-se como o principal mercado da AMOB, logo seguida pelo mercado americano (Estados Unidos, Canadá e México) e toda a América Latina.

A empresa, apesar de só ter produção em Portugal e não de não produzir nada em outsourcing, tem uma aposta comercial de proximidade. Assim, tem instalações comerciais na “Rússia, Brasil, Espanha, França, Bélgica e Luxemburgo”, além de uma rede de mais de 70 agentes e centros técnicos.

Até 2020, a empresa estima atingir um volume de faturação de 20 milhões de euros. De resto, para este ano, Valter Xavier diz que “temos uma carteira de encomendas muito positiva pelo que devemos chegar aos 17 milhões no final de este ano e em 2020 a nossa expectativa é de atingirmos os 20 milhões de euros”.

temos uma carteira de encomendas muito positiva pelo que devemos chegar aos 17 milhões no final de este ano e em 2020 a nossa expectativa é de atingirmos os 20 milhões de euros

Valter Xavier

Diretor financeiro da AMOB

Gigantes mundiais são os clientes

O mercado é o mundo. Mas quem são os clientes da AMOB? “Os nossos principais clientes são estaleiros navais, indústria automóvel, centrais energéticas, como temos, por exemplo, na Índia. Regra geral, empresas muito grandes que têm necessidade de fazer este tipo de projetos”, explica o diretor financeiro da metalúrgica.

Em Portugal a empresa não tem grande concorrência, já em termos internacionais a concorrência é oriunda da Alemanha, Áustria e Itália. Ainda assim Valter Xavier diz que “a nível mundial estamos nos quatro maiores players deste tipo de equipamentos”.

E o que espera do futuro? “A tendência natural da empresa é continuar a evoluir na cadeia de valor, naturalmente que acredito que a indústria é fundamental para um país que quer ser equilibrado e quer ter alguma estabilidade em termos de criação de valor”.

Nesse sentido, prossegue Valter Xavier, “quando digo que a empresa se está a posicionar em termos de cadeia de valor, quando vendemos para mais de 40 países, em todos os continentes, com mais de 12 mil máquinas instaladas pelo mundo — é importante não esquecer que estamos a falar de uma empresa de customização, não há uma máquina igual à outra, não há o efeito escala –, quando apresentamos crescimentos sustentados ao longo dos últimos anos, só podemos olhar para o futuro com otimismo”. Isto apesar de sustos no passado recente, mas também do risco constante: Portugal.

 

Crise passou. Portugal ainda é um problema

Valter Xavier recorda que a empresa, a exemplo do país, atravessou também ela uma crise em 2012. “Foi um ano muito crítico para as empresas. Na AMOB estávamos a expandir a nossa fábrica, tendo passado dos sete mil metros quadrados para os 30 mil metros quadrados de área coberta. A par disso tínhamos um investimento no âmbito do QREN para aquisição de equipamentos no valor de dez milhões de euros. E Portugal estava numa crise profunda”, recorda.

A AMOB também não foi capaz de fazer o trabalho de casa. “Não tínhamos um problema económico na medida em que tínhamos um pacote de encomendas enorme, mas éramos o reflexo do que era o país daí que tenhamos levado a cabo um processo de reorganização financeira e de restruturação”. Apesar dessa restruturação, e devido às encomendas, a AMOB não foi obrigada a despedir ninguém. Hoje a companhia emprega 130 pessoas, mas o país continua a ser um risco para o negócio. “O país é o nosso maior problema”. A explicação tem a ver com… o sistema financeiro.

"O país é sempre um problema porque sempre que temos instabilidade política ou económica, temos mais dificuldades para vender.”

Valter Xavier

Diretor financeiro da AMOB

Apesar da dívida bancária se situar abaixo dos quatro milhões de euros, de ter um EBITDA superior a cinco milhões, “o país é sempre um problema porque sempre que temos instabilidade política ou económica, temos mais dificuldades para vender”. E exemplifica: “Ainda antes das convulsões da CGD, precisei de apresentar garantias bancárias para receber um pagamento de 1,5 milhões de euros de um cliente em Taiwan. Sugeri a CGD, mas o meu cliente disse que não aceitava garantias bancárias daquele banco por causa do “rating” da Caixa. A solução que me foi apresentada, por via da CGD, era a de fazer a triangulação com outro banco, o HSBC. Além de nos ficar mais caro, o processo ia demorar mais tempo. O que fizemos foi contratar de um dia para o outro garantias emitidas por um banco espanhol“.

Mas este não é o único exemplo a envolver os bancos nacionais. “Quando caiu o BES, tínhamos um milhão de euros para receber resultante da venda de uma máquina para uma empresa pública indiana. O cliente já tinha aceitado as garantias emitidas pela CGD. Entretanto caiu o BES e os senhores dizem-me muito educadamente que havia um problema com as garantias. Neste caso tinha a ver com o risco do próprio país. Voltámos a contornar o problema, mas o dinheiro que devia ter recebido em agosto, recebi em dezembro”, conta.

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