1.859.000.000 euros. Os prejuízos da CGD
Um, dois, três... são dez números. São os necessários para escrever o valor dos prejuízos da CGD no último ano, período em que o banco estatal reconheceu perdas de três mil milhões com imparidades.
É oficial. A Caixa Geral de Depósitos (CGD) teve os piores resultados de sempre. O banco liderado por Paulo Macedo apresentou prejuízos de 1.859,5 milhões de euros, um valor explicado pelo elevado montante de imparidades reconhecidas no final do ano passado. A fatura ascendeu a três mil milhões de euros.
O banco estatal, que em 2015 tinha registado 171 milhões de prejuízos, fechou 2016 com um resultado negativo de 1.859,5 milhões de euros. Até ao final dos nove meses, a instituição à data liderada por António Domingues apresentava um prejuízo de 189,3 milhões, valor esse que disparou no quarto trimestre para uma soma que, para dar uma ideia da dimensão, dava para comprar a Sonae.
Este resultado negativo tem uma explicação: imparidades, muitas delas relacionadas com créditos. No âmbito do programa de recapitalização, o banco reconheceu perdas de 3.017 milhões de euros. O BCP, a título de exemplo, entre imparidades e provisões registou nas contas um valor de 1,6 mil milhões de euros, parte destas por causa da CGD.
“No âmbito do plano de recapitalização em curso, a CGD procedeu à avaliação do valor dos seus ativos e de potenciais contingências, nos termos acordados com a DGComp, o que resultou na constituição de um montante de 3.016,9 milhões de euros de imparidades e provisões no exercício de 2016. O montante de imparidade de crédito no exercício ascendeu a 2.396,4 milhões de euros”, diz a CGD.
Sem imparidade, resultados crescem
O prejuízo recorde da CGD reflete as elevadas imparidades reconhecidas pelo banco no ano passado, algo que já estava previsto no âmbito do programa de recapitalização. Mas sem este efeito, os resultados até subiram. “O resultado de exploração core (que soma da margem financeira com comissões deduzida dos custos operativos) em 2016 aumentou 68,7% para 368,1 milhões de euros, beneficiando do comportamento da margem financeira e dos custos operativos”, diz a CGD.
“Em 2016 a margem financeira cresceu 60,2 milhões de euros (+5,5%) face ao ano anterior para 1.144,9 milhões de euros. Esse crescimento ficou a dever-se à redução do custo de financiamento (-336,7 milhões de euros, -18,5%) superior à diminuição igualmente sentida nos juros de operações ativas (-276,5 milhões de euros, -9,5%)”, refere o banco. Já os custos evidenciaram em 2016 uma redução de 9,1%.
Estes desempenhos positivos contrastam com “a quebra das comissões líquidas apresentaram uma redução de 6,9% em termos anuais para 463,6 milhões de euros“, isto num ano em que o “produto bancário alcançou 1.547,2 milhões de euros em 2016, uma redução de 451,7 milhões de euros face ao ano anterior”.
Rácios sobem… com recapitalização
Após estes prejuízos recorde, os rácios phased-in Common Equity Tier 1 (CET 1) e Total, “eram de 7,0% e 8,1%, respetivamente, em dezembro de 2016”, mas subiram com a recapitalização. E vão aumentar ainda mais com a conclusão do plano de recapitalização atualmente em curso.
“Considerando o aumento de capital social de 2.500 milhões de euros em dinheiro pelo Estado, bem como a emissão, em mercado, de dívida com elevado grau de subordinação (AT1), no montante de 500 milhões de euros, “os valores proforma em 31 de dezembro de 2016 dos rácios Common Equity Tier 1 (CET 1) phased-in e fully implemented ascenderiam a 12,0% e 11,8%, respetivamente”.
A CGD acrescenta que os “rácios Tier 1 e Total phased-in da CGD deverão atingir, por seu turno, 13,0% e 14,1%, após a conclusão do plano de recapitalização“. “Estes rácios reforçam de forma decisiva a solidez da CGD”, nota o banco liderado por Paulo Macedo nas contas referentes a 2016.
(Notícia atualizada às 17h55 com mais informação)
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