Como os locais: Dubai como destino
O estado dos Emirados Árabes Unidos é um hub de voos e de culturas. Os portugueses também marcam presença no país.
“Mas o que é que eu estou aqui a fazer?”, questionou Nuno Ribeiro, 34 anos, 10 anos antes, à chegada ao aeroporto do Dubai. O economista português mudava-se, nessa altura, de armas e bagagens para a cidade e emirado dos Emirados Árabes Unidos. A oportunidade de se mudar para o país surgia meses antes, em setembro de 2007, altura em que foi trabalhar para um promotor imobiliário espanhol, em Barcelona, que se preparava para abrir escritório no Dubai. “Em fevereiro de 2008 pedi que me transferissem. Na altura foi tudo sem pensar mas a verdade é que aceitaram e aí comeca esta história”, conta.
“A forma como a cidade estava a crescer e como havia oportunidades era espetacular. Isso contrastava bastante com a realidade europeia”, recorda, como uma das características que mais o marcaram, à chegada. Outra foi a parte cosmopolita da cidade: “todas as religiões e culturas num só lugar”. “Era algo que eu nunca antes tinha visto e com a qual me identificava imenso”, assinala.
Desse primeiro dia, 13 de fevereiro de 2008, Nuno recorda essa sensação. Assim como Sara Beato, 28 anos, recorda outra. O calor.
Há cinco anos, Sara Beato decidiu mudar de vida. Licenciada em Comunicação e Jornalismo, mudou-se, aos 23 anos, para o Dubai. A oportunidade surgiu através de um amigo, que lhe falou no processo de recrutamento de uma companhia aérea. “A ideia de um dia morar fora nunca me tinha passado pela cabeça”, conta. “Só quando terminei as entrevistas no dia do recrutamento é que percebi que poderia ir viver para o Dubai. ‘No que me fui meter’, pensei!”
Viajar pelo mundo foi uma das razões que levaram a portuguesa a candidatar-se ao lugar de assistente de bordo e, nesse sentido, o Dubai funcionou como hub perfeito para a ambição. “Sim! 10 vezes sim! Hoje posso dizer que já estive em quase todos os continentes e viajei mais países que a maioria das pessoas, e repetidamente. Sabe bem e é uma vontade que não acaba”, confessa.
Dois anos depois, o Dubai passou a ser “casa”. E até o Ramadão se tornou “habitual”.
“O termo sentir em casa é algo muito difícil para mim de definir”, discorda a engenheira Maria Inês Maurício, 35, há três anos e meio no Dubai. “Nunca pensei num sítio em que queira ficar para sempre ou nunca pensei a longo prazo. Se definir em quanto tempo demorou para encontrar as minhas rotinas, os espaços de que gosto, as pessoas de que sei que um dia vou ter saudades, diria talvez um ano. O Dubai é como um aeroporto, as pessoas estão sempre a chegar e a partir, o que torna não tão fácil criar a chamada estabilidade nos termos em que geralmente se define. Não é um sitio em que as pessoas façam planos a longo prazo, vão ficando enquanto o mercado proporciona e enquanto se sentem bem e faz sentido. E depois em vez de dois anos passam quatro, depois seis…”
É a ver o tempo passar que a brand manager conta que, na altura da mudança, “estava muito focada em ir para o estrangeiro trabalhar”. “Queria continuar a ter experiência internacional, depois de ter estudado no Brasil e ter feito um estágio na Suécia. Vi a oportunidade e candidatei-me. Na altura não sabia que empresa era nem para onde era, mas a descrição satisfazia-me. Já tinha estado no Dubai a visitar um amigo e, na altura, lembro-me de pensar: ‘Acho que viveria aqui uns anos'”, conta. Em pouco tempo mudou-se. E percebeu que a “experiência de recomeçar” de que gostava podia renovar-se, todos os dias, noutro ponto do globo. “A zona de desconforto tem algum conforto para mim”, diz.
Desligados
É nessa história de recomeços — partilhada entre ela e o próprio Dubai — que Maria se revê. “Acho que o Dubai conta essa historia de começar tudo do zero, em praticamente duas décadas. Sim, o espírito do Dubai fez o click ideal, de que tudo é possível, de que tudo está a acontecer”, uma espécie de, como lhe disse uma amiga um dia, “uma Disneyland dos adultos onde parece estares sempre de férias, ainda que se trabalhe muito”.
“Admiro a capacidade que eles têm de aceitar a diferença e a forma “desligada” de como vivem com isso. As mulheres locais vestem-se de acordo com os seus princípios, tapadas. Mas, se eu estiver a jantar ao lado deles de vestido ou calções, não julgam nem comentam nada. Acho que pensam mais ‘ok, não me julgues porque eu também não te julgo’. Eles não se relacionam muito com os estrangeiros. São um povo muito de comunidade porque se entendem entre os hábitos deles. Estão numa fase crítica geracional: querem começar a criar os seus negócios e a ser empreendedores, estudam fora, e os estrangeiros trouxeram-lhes novas formas de ver o mundo”, analisa Maria Inês.
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