Prefere um voo barato ou… um voo pontual?
Quem compra viagens em companhias lowcost sabe que não pode esperar qualquer luxo. Mas às vezes, isso também vem acompanhado de voos com atrasos.
Comprar voos em companhias aéreas faz os clientes, à partida, não esperarem qualquer luxo depois da compra. Mas, nos últimos meses, viajar em companhias aéreas de grandes descontos, como a Spirit e a Allegiant, nos EUA, frequentemente foi também sinónimo de voos atrasados ou cancelados, porque estas empresas têm tido dificuldades em executar as suas operações de forma confiável.
Cada uma delas precisa de ter em conta problemas específicos, como a crise da Spirit Airlines com seus pilotos e o esforço integral da Allegiant Travel para melhorar as políticas e práticas de manutenção dos aviões. A Allegiant também substituiu alguns funcionários em vários aeroportos no segundo trimestre com “novas caras e sangue novo”, disse Scott Sheldon, diretor operacional interino da companhia aérea.
As tarifas baixas enchem aviões e as três aéreas lowcost EUA continuam a ser lucrativas. Mas o fator problema tem sido tão real para os passageiros quanto as contas de combustível de avião para as companhias aéreas.
“Pedimos sinceras desculpas aos nossos clientes que foram afetados por problemas nos voos durante o trimestre”, disse Bob Fornaro, presidente e CEO da Spirit, num comunicado divulgado na quinta-feira e que acompanhou o anúncio dos últimos resultados da companhia. O presidente da Allegiant Travel, John Redmond, disse aos analistas na quarta-feira: “Olhando para as nossas operações [no segundo trimestre], não cumprimos as nossas expectativas e certamente não cumprimos as dos nossos clientes”.
Uma aérea de custo ultrabaixo nunca tentará ser tão pontual quanto uma grande companhia tradicional. Ser pontual sempre ou na maioria das vezes custa caro. A Delta Air Lines, por exemplo, gastou enormes quantias nos últimos anos para liderar o grupo do setor que tenta acabar com os atrasos. As companhias de custo lowcost não podem fazer isso sem colocar em risco o seu modelo comercial. A maioria tenta manter a operação num lugar de meio-termo — não tão pontual a ponto de aumentar os custos e não tão propensa a atrasos a ponto de ganhar má fama e despertar a ira dos clientes a longo prazo.
Os 1.500 pilotos de Airbus da Spirit ganham cerca de 60% do salário de seus colegas de outras companhias aéreas, de acordo com seu sindicato, Air Line Pilots Association. A empresa e os pilotos continuam a ter reuniões com mediadores federais. Mas, em abril, a discussão começou a afetar os clientes, quando, segundo a companhia, os pilotos começaram a se recusar a fazer viagens em uma tentativa de pressionar para conseguir um novo contrato de trabalho.
Na Allegiant, muitos dos problemas decorrem dos procedimentos de manutenção e das dificuldades de trocar uma frota de aeronaves McDonnell Douglas MD-80 envelhecidas por jatos Airbus mais novos. A Allegiant estabeleceu uma “base de recuperação avançada” em Cincinnati, nos EUA, para ajudar a diminuir o número de aviões que ficam fora de serviço, com uma equipa especial de técnicos disponíveis para serem enviados rapidamente para 18 aeroportos do Nordeste dos EUA quando um avião avariar.
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