Resseguradoras crescem com cobertura para animais de estimação
O investimento nestas startups oferece às resseguradoras a oportunidade de se diversificarem sem invadir o negócio das grandes empresas de seguros que são suas clientes.
Quando Micah Carr-Hill quis fazer um seguro para Chief, o labrador que ajuda o tratamento do seu filho autista, encontrou uma aliada na Munich Re, a maior resseguradora do mundo.
A empresa alemã tinha acabado de concluir uma parceria com uma startup britânica do ramo, que opera online para fornecer seguros para animais de estimação, com a cobertura abrangente que Carr-Hill precisava. O investimento da Munich Re na Bought By Many, uma empresa com sede em Londres que ajuda seus clientes a encontrarem coberturas para tudo, de buldogues a aparelhos Kindle, é um exemplo de como as resseguradoras estão a despejar dinheiro em fornecedores de tecnologia financeira, que operam em nichos de mercado para impulsionar os lucros — que estão em queda.
“Entre milhares de startups existentes surgirão algumas realmente boas”, disse Torsten Jeworrek, membro do conselho de administração da Munich Re, em entrevista à Bloomberg. “Queremos estar na vanguarda”, acrescentou.
A Munich Re apoia mais de meia dúzia de fornecedores de tecnologia financeira, incluindo a seguradora de telefones celulares So-Sure, com sede em Londres, e a seguradora doméstica norte-americana Lemonade. De uma forma geral, as grandes empresas estão a envolver-se mais. Em 2012, as seguradoras ou resseguradoras realizaram apenas um investimento estratégico numa empresa de tecnologia de capital fechado, segundo a empresa de pesquisa de capital de risco CB-Insights. No ano passado, fecharam 100 negócios deste tipo.
O investimento nestas startups oferece às resseguradoras a oportunidade de se diversificarem sem invadir o negócio das grandes empresas de seguros que são suas clientes. Isso também pode mitigar os efeitos das taxas de juros em valores historicamente baixos e das indemnizações por catástrofes abaixo da média, que estão a reduzir a procura pelos seus serviços.
A Swiss Re lançou, o ano passado, um programa para orientar startups de seguros “inovadoras”, enquanto a Allianz SE, Axa SA e XL Group lançaram fundos de capital de risco dedicados a investir no setor de tecnologia financeira. A Hannover Re investiu na FinLeap, que desenvolve empresas de tecnologia com sede em Berlim, apesar de o seu diretor financeiro ter dito que a terceira maior resseguradora continua cautelosa em relação ao setor.
“No caso das empresas de tecnologia financeira, o capital de resseguro é uma ótima alternativa para ajudá-las a financiar o crescimento”, disse o diretor-financeiro da Hannover Re, Roland Vogel. “Mas estamos a abordar o espaço das startups com muita cautela. É possível queimar facilmente um monte de dinheiro.”
Queda nos lucros
O novo CEO da Munich Re, Joachim Wenning, disse, esta semana, que procura novas formas de aumentar os ganhos num momento em que a sua empresa se dirige para o quarto ano consecutivo com quebra nos lucros. Rivais como a Swiss Re e a Berkshire Hathaway também viram os seus lucros afetados pelos custos relacionados com desastres naturais e anos de queda das taxas de resseguro, enquanto a Hannover Re fez um alerta para uma perspetiva de mercado “desafiadora”.
A Munich Re investiu e ofereceu subscrição à seguradora on demand Trov e à seguradora de comércio eletrónico Simplesurance, que tem sede em Berlim. No ano passado, a empresa investiu na Slice Labs, que oferece seguros aos motoristas da Uber Technologies, e na Next Insurance, que visa oferecer uma cobertura mais personalizada para fotógrafos comerciais.
“Atualmente, estamos a gerir prémios de alguns milhões de euros com as startups”, disse Jeworrek, da Munich Re. “Os riscos são muito mais limitados em áreas como a de seguro de animais de estimação do que na de cobertura contra furacões. Somos, talvez, um pouco mais ousados do que as outras resseguradoras.”
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