Beira Litoral, a região que transforma negócio em fileira
Estrutura produtiva diversificada e virada para o mercado internacional coexiste com áreas de especialização tradicionais, atividades económicas mais recentes e assentes em tecnologia e conhecimento.
Em janeiro de 2016, a PT Inovação passou a Altice Labs, e passou a coordenar a partir de Aveiro centros em Israel e França num total de 1000 engenheiros, 650 dos quais em Portugal. Como referia então a Altice, empresa de origem francesa que comprara a PT-Meo, “Portugal foi o primeiro país no mundo a ter uma rede telefónica completamente automatizada, fruto da capacidade de inovação da PT Inovação, a qual teve um papel charneira na introdução de uma solução de comutação automática que substituiu as tradicionais telefonistas”. E que há 22 anos inventou um conceito que veio revolucionar o setor das telecomunicações e que mudou para sempre a forma como comunicamos: o pré-pago, hoje utilizado por 3,7 mil milhões de pessoas em todo o mundo.
Um ano depois, a Altice referia que a maioria das implementações da rede de fibra ótica da Altice nos Estados Unidos, França, na Índia recorre a tecnologia e sistemas de Informação OSS/BSS da Altice Labs, desenvolvidos e produzidos em Portugal. Nessa mesma altura, a Altice Labs assinava um memorando com a Ericsson Telecomunicações para a aceleração do 5G.
A Altice Labs é hoje parte ativa do ecossistema de inovação, atuando em parceria com universidades de todo o mundo, instituições de I&D, fornecedores, fabricantes e clientes. As atividades de inovação exploratória giram em torno de temas estratégicos, nomeadamente tecnologias Cloud (computação e rede), Smart Living, Internet das Coisas, Big Data, Segurança & Privacidade, Serviços Digitais & Plataformas, 5G e Redes do Futuro, incluindo o quadro de evolução ótica.
No outro polo da região, em Viseu, corria o ano de 1980 quando dois irmãos engenheiros, nascidos na freguesia viseense de Santos Evos, mas licenciados por universidades sul-africanas, criaram em Viseu uma empresa de serviços de engenharia de redes, incluindo construção, instalação, gestão e manutenção. Nascia a Visabeira.
Aproveitando a liberalização das telecomunicações e os investimentos públicos na expansão nas redes de eletricidade e na instalação de redes de televisão de e do gás, que se deu a partir de meados do anos 80 do século passado, o grupo Visabeira cresceu não só em Portugal como em Espanha, França, Bélgica, Marrocos, Argélia, Angola e Moçambique, entre outros.
Muitos anos depois, em 2008, no Instituto Pedro Nunes, uma aceleradora de startups da Universidade de Coimbra, nascia a Feedzai, especializada no processamento de dados em tempo real. Fundada por Nuno Sebastião, Paulo Marques e Pedro Bizarro, através do software Fraud Prevention That Learns faz a análise que grandes massas de dados, o chamado big data, para a deteção e prevenção de fraude na banca e comércio eletrónico. Em 2016 e 2017, a Feedzai integrou a lista da Tech Tour Growth 50, ranking que destaca as empresas de maior potencial e crescimento na Europa. Por isso, como diz Nuno Sebastião, “a Feedzai é, com orgulho, uma empresa portuguesa que conta com grandes clientes em todos os continentes, entre eles alguns dos maiores bancos em todo o mundo. Acreditamos que estamos no caminho certo e que os próximos anos serão de crescimento e sucesso contínuo”.
Estes três exemplos mostram uma característica comum na Beira Litoral que é a de transformar um negócio numa fileira, seja na indústria de cerâmica, automóvel ou telecomunicações.
Nestes cerca de 100 quilómetros entre Aveiro e Viseu pela A25, por exemplo, multiplicam-se os projetos empresariais, a capacidade de inovação, atravessam-se variadas paisagens portuguesas, desde as praias e planícies da Beira Litoral ao agreste planalto beirão e a Espanha, por terrenos dos distritos de Aveiro, Viseu e Guarda. O percurso abrange a Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro, constituída pelos municípios de Águeda, Albergaria-a-Velha, Anadia, Aveiro, Estarreja, Ílhavo, Murtosa, Oliveira do Bairro, Ovar, Sever do Vouga e Vagos, a Comunidade Intermunicipal Viseu-Dão-Lafões, com os municípios Aguiar da Beira, Carregal do Sal, Castro Daire, Mangualde, Nelas, Oliveira de Frades, Penalva do Castelo, Santa Comba Dão, São Pedro do Sul, Sátão, Tondela, Vila Nova de Paiva, Viseu e Vouzela e ainda com a Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, composta por Cantanhede, Coimbra, Condeixa-a-Nova, Figueira da Foz, Mira, Montemor-o-Velho, Penacova, Soure, Arganil, Góis, Lousã, Miranda do Corvo, Oliveira do Hospital, Pampilhosa da Serra, Penela, Tábua, Vila Nova de Poiares, Mortágua e Mealhada. A região de Coimbra sem os concelhos mais interiores como Arganil, Góis, Lousã, Miranda do Corvo, Oliveira do Hospital, Pampilhosa da Serra, Penela, Tábua, Vila Nova de Poiares, Mortágua e Mealhada. Esta é considerada a região com maior PIB per capita da zona centro e acima da média nacional, segundo dados do INE de 2015.
A rede de conectividade
A Beira Litoral tem tido uma variação demográfica positiva, embora alguns dos seus municípios tenham registado perda de população. A estrutura etária da população da região apresenta características semelhantes às registadas para o nível regional e nacional, com o processo de envelhecimento da população mas com uma intensidade menor, isto é, uma população menos envelhecida.
As cidades como Aveiro, Coimbra e Viseu têm dominância na prestação de serviços públicos da região com a especialização do emprego no setor da educação, saúde e apoio social excede os 30% da média nacional. Estas cidades geram fortes dinâmicas sócio económicas. Em Dão Lafões, centram-se em Viseu, estruturante de todo o território da sub-região e uma das maiores cidades médias portuguesas. A centralidade de Coimbra criou um processo de conurbação que se exprime no eixo Coimbra – Figueira da Foz, que grande densidade populacional, ao mesmo tempo que os concelhos do interior se caracterizam como territórios de baixa densidade populacional. A cidade de Aveiro encabeça um subsistema com uma forte vocação industrial no eixo Aveiro-Ílhavo-Estarreja-Águeda-Ovar, desenvolvendo intensas relações com a Área Metropolitana do Porto, com a região de Dão Lafões e com a região de Coimbra.
A A25 corresponde ao antigo Itinerário Principal n.º5 (IP 5), que era conhecida pela sua sinistralidade rodoviária. É uma das principais autoestradas de Portugal, sendo a principal porta rodoviária do país para o resto da Europa. Por ela circulam diariamente milhares de veículos ligeiros e pesados com destino ao estrangeiro. Cruza-se com a A 1, A 17, A 23, A 24, A 29, A 35, IP 2, IP 3. Assim, a Beira Litoral dispõe atualmente de um stock de infraestruturas de transporte terrestre capazes de assegurar níveis de conectividade externa tanto com Lisboa ou Porto como com Espanha. Os Itinerários Principais longitudinais e transversais (Aveiro-Viseu-Guarda) conferem elevadas acessibilidades aos principais centros urbanos da Região Centro nas direções Norte-Sul e Este-Oeste, que complementados com as ligações capilares, compõem vastas zonas de acesso às respetivas capitais de distrito em menos de 20 ou 40 minutos.
Em termos ferroviários, a região de Aveiro e Coimbra é atravessada pela linha do Norte, tendo serviços urbanos no trecho entre Aveiro e Porto, e pela Linha do Vouga. A estas infraestrutura acrescem ainda o Porto de Aveiro e a Plataforma logística de Aveiro e do porto da Figueira da Foz, as quais desempenham um papel relevante no apoio aos processos de exportação e de importação das principais empresas localizadas nos respetivos hinterlands. A Comunidade Intermunicipal de Viseu, Dão e Lafões situa-se numa confluência de vias, podendo-se chegar aqui pelas estradas A25, A24 ou IP3, bem como pela principal linha internacional de caminhos-de-ferro, a linha da Beira Alta, com as estações de Mangualde, Nelas e Santa Comba Dão. Recentemente Helena Freitas, coordenadora da Unidade de Missão para a Valorização do Interior, referiu necessidade de reforçar “as estruturas de conectividade do país tanto física como digital e que permitem por exemplo trabalhar o big data e reforçar a agenda digital”, as estradas do futuro.
A rede empresarial intensa
No Baixo Vouga, em Estarreja, localiza‑se a segunda mais importante plataforma de química pesada do país, a seguir à de Sines, nascida nos anos 1950 a partir do Amoníaco Português como base da indústria química mineral e adubeira. Este núcleo industrial atravessou tempos difíceis e as mudanças estruturais da economia nacional e internacional. Esteve em crise, resistiu e hoje é um importante polo industrial. Está centrada nas resinas e plásticos, e na química mineral dos sódicos e clorados, mantendo relações estreitas de abastecimento em derivados aromáticos com o complexo petroquímico da Petrogal, em Matosinhos.
É constituída por empresas como a Uniteca, produtora de ácido clorídrico, cloro líquido, hipoclorito de sódio e soda cáustica e está associada a empresas de fornecimento de produtos químicos para tratamento de águas e efluentes e para a indústria do papel, detergentes e decapantes para fins industriais e institucionais, a CUF ‑ Químicos Industriais que é a produtora de anilina (principal fornecedora da Dow Portugal), de ácido sulfanílico e acionista maioritária da Uniteca e da Renoeste.
A Dow Portugal fabricante de plásticos para isolamento térmico na construção onde está desde 1978 e a Cires – Companhia Industrial de Resinas Sintéticas– produtora de PVC (desde 1960) e que foi a primeira joint venture japonesa na Europa, e associada a utilizadores como a Previnil. É pioneira no fabrico de polímeros em Portugal. A Air Liquide, que pertence a um grupo francês especializado em gases industriais, gases medicinais e serviços associados, está em Portugal desde 1923. Escoa grande parte da sua produção de óxido de carbono e de hidrogénio para a Dow e CUF, respetivamente, posicionando‑se como outro dos elementos-chave deste intrincado cluster químico. Em articulação com este complexo, existem ainda empresas como a Bresfor – Indústria do Formol, empresa criada em 1973, que produz formol e resinas de ureia (formaldeído) e se localiza na Gafanha da Nazaré, e a Mistolin, empresa de Vagos produtora de desengordurantes e detergentes para uso profissional.
Este é um exemplo da capacidade de resiliência de uma região que nunca se desindustrializou e que, com exceção de Coimbra, registou nos últimos 30 anos do século XX uma erosão industrial.
No que diz respeito à atividade económica, o tecido produtivo da região de Aveiro apresenta elevado grau de especialização na indústria transformadora, nomeadamente nos setores dos produtos químicos, minerais e metalúrgicos. Denota-se também alguma especialização em torno da fabricação de mobiliário e colchões ou da madeira (nos municípios do interior), cortiça e papel ou do setor dos produtos alimentares, restauração, alojamento, restauração e bebidas (nos municípios do litoral). A densidade de empresas na região (22,6 empresas/ Km2) é superior à registada para a região Centro (8,6), sendo especialmente elevada nos concelhos de Aveiro (46,2), Ílhavo (52,1), e Ovar (36,7).
No que concerne às zonas industriais, estas estruturam-se numa orientação Norte-Sul em torno dos principais eixos viários, com uma concentração particular em Anadia, Oliveira do Bairro, Aveiro e ílhavo a Sul, e Ovar a Norte. As áreas comerciais têm um padrão de concentração ainda maior, estando localizadas sobretudo em Aveiro e Ílhavo e, em menor grau, Ovar e Águeda. Ovar e Aveiro são também os únicos municípios que têm centros comerciais. Nos demais municípios ocorre uma concentração das poucas unidades comerciais de peso nas sedes do município.
Numa análise SWOT, feita em 2014, admitia-se que esta região de Aveiro era marcada pela forte cultura de empreendedorismo, dinamismo industrial e capacidade exportadora em setores sustentados por um perfil de diferenciação de produto e com valor acrescentado, com um desempenho acima da média nacional no que toca ao saldo entre empresas dissolvidas e novas empresas constituídas, uma forte especialização da região em torno da indústria transformadora com níveis de qualificação mais elevados do que a média nacional, propensão exportadora e um papel estratégico no reforço do seu potencial como polo de internacionalização do país, dinamismo e internacionalização da investigação científica e tecnológica em setores relevantes para a região e em setores emergentes a nível global e existência de centros de I&DT adequados às especializações produtivas sub-regionais. Mantinham-se algumas pontos fracos como baixos níveis de formação da mão-de-obra e dos empregadores em alguns setores, falta de oferta de serviços e infraestruturas nas áreas de localização empresarial insuficiente para as novas necessidades das empresas, como por exemplo serviços avançados de telecomunicações, gestão, estratégia de marketing, lacunas no sistema logístico da sub-região e na articulação entre a rede regional de mobilidade e rede nacional.
Na região de Viseu, Dão e Lafões caracterizam-se pelas atividades metalomecânicas: fornecedores de componentes e equipamentos industriais especializados, produção de madeiras, mobiliário e habitat e de soluções bioquímicas para as indústrias agroalimentares, mas em que há a presença de um “fosso” muito visível entre as estratégias empresariais mais qualificadas da região (representadas por um número reduzido de empresas de média e grande dimensão, fortemente internacionalizadas) e um grande número de atividades de muito pequena dimensão, de dimensão familiar e baixa capacidade de absorção de incentivos mais avançados à inovação. Apesar da capacidade de empreendimento privado instalada na região, os níveis de criação de novas empresas e estratégias empresariais qualificadas é ainda limitado.
Por sua vez a Região de Coimbra detém amplos recursos agrícolas, hídricos e florestais, sustentando na região um conjunto de atividades económicas gradualmente organizadas numa lógica de fileira – com destaque para a horticultura, fruticultura, cereais, pesca/aquicultura e indústria do pescado, produção florestal e de papel – e levadas a cabo por um tecido empresarial que combina uma malha relativamente atomizada e fragmentada de pequenas empresas (característica transversal do setor primário no país) com um conjunto limitado de empresas de transformação e distribuição de maior dimensão e com uma capacidade de inserção no mercados internacionais que marca indubitavelmente o perfil de exportação da região. Tem tradição e know how industrial nas indústrias agroalimentar, de pasta e papel, de material de construção e metalúrgicas têm uma presença dispersa na região e que, não obstante o menor grau de clusterização e internacionalização da indústria da região em comparação com a realidade de territórios vizinhos ao longo do litoral, garantem um nível de especialização e de produtividade do setor globalmente mais elevado que o padrão nacional.
A potência universitária
Existe um ecossistema regional de inovação em que pontificam duas Universidades como a de Coimbra, a mais antiga de Portugal, e de Aveiro, uma das mais recentes, e vários Institutos Politécnicos em Coimbra e Viseu, bem como as Escolas Politécnicas da Universidade de Aveiro, com cerca de 40 mil alunos, j+a com algum peso de alunos internacionais. Esta rede contribui para o surgimento de novas atividades de base tecnológica e para a modernização de atividades ditas tradicionais.
Desenvolveram mega clusters de competências distintivas tanto nas Ciências Básicas (Aveiro e Coimbra) como nas Tecnologias da Informação e Eletrónica – TICE (Aveiro e Coimbra), Ciências e Tecnologias da Saúde (Coimbra), Ciências e Tecnologias dos Materiais (Aveiro e Coimbra), Ciências do Ambiente e do Mar (Aveiro) ou Ciências Sociais e Humanas (Coimbra).
Para além dos centros ligados às universidades destacam-se um conjunto de centros de apoio e desenvolvimento tecnológico em domínios vários (cerâmica e vidro, moldes e ferramentas especiais, têxteis e vestuário, telecomunicações, biomassa para a energia, computação gráfica, entre outras). De entre as entidades desta natureza ligadas à universidade destaca-se, pela sua natureza e expressão, o Instituto Pedro Nunes.
O conjunto de infraestruturas de inovação abarca múltiplos domínios da ciência e da tecnologia: a saúde, as ciências da vida, as ciências farmacêuticas, a biotecnologia, a informática e as telecomunicações, o setor agroalimentar, a floresta, as indústrias criativas, os materiais, etc.
Ambiente e turismo
O Mar e a Ria, mais do que marcas identitárias da região de Aveiro, são recursos incontornáveis para a sua estratégia turística e que têm uma capacidade de atração elevada. Em Dão Lafões concentra-se, ainda, um grande número de estâncias termais como o Carvalhal, Caldas da Felgueira, Cavaca, São Pedro do Sul, Sangemil e Alcafache. A região de Coimbra contém, como se escreve em Estratégia Integrada de Desenvolvimento Territorial da região, “um mosaico de recursos turísticos com uma área de influência territorial e uma capacidade de captação de fluxos de procura ainda relativamente limitada mas cuja preservação e notoriedade no mercado nacional lhes confere um forte potencial de valorização ainda por explorar”.
Contam-se os tradicionais sol e praia entre a Figueira da Foz e Mira, provavelmente as praias mais próximas da Espanha central, as condições naturais para prática de desportos radicais e de aventura, as termas do Buçaco, as tradições gastronómicas e de artesanato e as aldeias do xisto, mas também o Centro de Alto Rendimento de Montemor-o-Velho, o Centro de Convenções e Espaço Cultural do Convento S. Francisco e o Parque Biológico da Serra da Lousã. O território encerra importantes recursos no âmbito do Turismo do Centro, nomeadamente a capacidade instalada na área termal, rico e diversificado património histórico, arqueológico e cultural, o potencial enoturístico por via da Rota do Dão, projeto da iniciativa da CVR Dão que conta com o apoio da própria CIM Viseu Dão Lafões, bem como a proximidade a outros roteiros e a importantes polos de atividade turística, como a Serra da Estrela, Geoparque, Aveiro, Aldeias Históricas, Aldeias de Xisto, etc.
A região possui áreas de extraordinária importância ambiental: Reserva Natural das Dunas de São Jacinto, ZPE da Ria de Aveiro, Barrinha de Esmoriz, Rio Vouga, Pateira de Fermentelos e Dunas de Mira, Gândara e Gafanhas.
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