CTT estão em crise mas já dão melhor dividendo da bolsa
Ações dos Correios já perderam metade do valor este ano, mas apresentam já o melhor dividend yield da bolsa portuguesa. Boas notícias? Tenha cuidado com sustentabilidade do dividendo, dizem analistas.
Em crise na bolsa, os CTT CTT 0,00% escondem uma oportunidade única para os caçadores de dividendos. As ações dos Correios perdem metade do seu valor desde o início do ano, mas apresentam-se com a maior rentabilidade do dividendo da praça lisboeta. Mas atenção com a sustentabilidade da remuneração, alertam os analistas ouvidos pelo ECO.
Sob pressão desde que anunciou um corte de 20% do dividendo, a cotada liderada por Francisco Lacerda passa por momentos de profunda transformação do seu negócio. A atividade de entrega de cartas está em declínio por força da digitalização e os passos mais recentes da empresa vão no sentido de reforçar a aposta no segmento de “Expresso e Encomendas”, onde as receitas estão a crescer mais de 9% este ano. Isto enquanto o banco postal ainda não traz os resultados pretendidos. Pelo contrário, continua a agravar prejuízos.
Os CTT têm o título com o pior desempenho da bolsa nacional em 2017. Cedem 49% desde o início do ano, embora a desvalorização se tenha acentuado em novembro, depois de a cotada ter apresentado uma queda de 57% dos lucros nos nove primeiros meses do ano, o que obrigou Francisco Lacerda a rever em baixa a política de remuneração dos acionistas — baixou o dividendo dos 48 cêntimos para os 38 cêntimos. Além disso, a ação tem sido alvo preferido de investidores especulativos que apostam na desvalorização da cotação.
O enquadramento não é favorável para quem investe nos CTT, dado que o preço da ação pode cair ainda mais. Ainda assim, há uma oportunidade que mais nenhuma ação do PSI-20 oferece. Com o título a transacionar nos 3,22 euros, o dividendo de 38 cêntimos prometido pela administração apresenta-se com uma taxa de rentabilidade de 13%. É o maior dividend yield na bolsa de Lisboa.
CTT têm o maior dividend yield do PSI-20
Fonte: Bloomberg
O dividend yield trata-se um rácio financeiro muito utilizado pelos investidores para avaliarem a atratividade do dividendo. Compara o valor do dividendo que será distribuído pela empresa com o preço da ação. Quanto mais elevada for esta taxa, mais atrativo é o dividendo. Mas atenção: uma taxa de retorno de dividendo não reflete as condições financeiras de uma empresa, podendo esconder algumas surpresas desagradáveis.
É o que lembram Albino Oliveira, gestor da Patris Investimentos, e a equipa de research do BiG ao ECO.
“É verdade que o dividend yield dos CTT é elevado. Contudo, o recente corte anunciado no dividendo e a revisão em baixa da meta para o EBITDA de 2017 representaram um forte choque negativo em termos da confiança dos investidores no título. A forte queda da cotação poderá também traduzir os riscos de novas reduções no dividendo“, alerta o Albino Oliveira.
Os analistas do banco de investimento sublinham que os investidores têm que ter em conta que o dividend yield só por si não é um bom indicador de futuros retornos. “É importante acima de tudo ter em conta qual será a sustentabilidade do dividendo que está a ser distribuído aos acionistas. No caso dos CTT, o corte de dividendos anunciado pela equipa de gestão veio salientar esta questão sensível”.
"É importante acima de tudo ter em conta qual será a sustentabilidade do dividendo que está a ser distribuído aos acionistas. No caso dos CTT, o corte de dividendos anunciado pela equipa de gestão veio salientar esta questão sensível.”
Reestruturação será a carta decisiva
Os analistas sublinham que o plano de reestruturação já anunciado pela administração liderada por Francisco Lacerda e que visa baixar os custos de operação será uma carta decisiva no suporte da ação. Em cima da mesa estará a saída de 300 trabalhadores, mas as mudanças não deverão ficar por aqui.
Em conferência com os analistas, foi aberta a possibilidade de a gestão de alguns balcões dos CTT passar para terceiros, isto depois de na apresentação dos resultados a empresa ter anunciado que vai proceder a “uma reestruturação considerável dos custos, para ajustar a escala de operações às atuais necessidades, está a ser preparada, para ser apresentada antes do final do ano”.
“Agora, a ação está bastante dependente do plano de reestruturação que deverá ser anunciado até ao final do ano”, argumenta o BiG. Albino Oliveira concorda, enfatizando a importância de a gestão enviar sinais aos investidores de que tem a situação sob controlo.
“A atenção está agora no esperado plano de reestruturação (corte de custos) e no impacto que terá em termos da confiança dos investidores face ao título, no que se refere a aumentar a visibilidade e transmitir sinais em como a gestão conseguirá lidar com os vários desafios que o negócio enfrenta, nomeadamente a aceleração na queda do tráfego do correio endereçado”, diz o gestor da Patris.
"A atenção está agora no esperado plano de reestruturação (corte de custos) e no impacto que terá em termos da confiança dos investidores face ao título, no que se refere a aumentar a visibilidade e transmitir sinais em como a gestão conseguirá lidar com os vários desafios que o negócio enfrenta, nomeadamente a aceleração na queda do tráfego do correio endereçado.”
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