As frases mais marcantes de Belmiro de Azevedo: “Sou exigente para os mandriões”
Aos 79 anos, o líder da Sonae e um dos homens mais ricos do país, despede-se. Mas deixa declarações marcantes. Recorde algumas.
Belmiro de Azevedo morreu esta quarta-feira, aos 79 anos de idade, depois de uma vida dedicada à Sonae. Era um dos homens mais ricos do país mas não ficou conhecido só por isso. Belmiro de Azevedo também deixou frases marcantes, e muitas vezes controversas. Recorde algumas.
Sem “mão-de-obra barata não há emprego para ninguém”
“Diz-se que não se deve ter economias baseadas em mão-de-obra barata. Eu não sei porque não. Porque se não for a mão-de-obra barata não há emprego para ninguém. Portanto, de facto, é uma vantagem comparativa. Caso contrário, se a gente quer concorrer com potências que têm muito maior produtividade, é impossível pagar os salários de alta produtividade a trabalhadores com baixa produtividade.”
Estas declarações, citadas pela RTP, foram proferidas em março de 2013, na sessão do sétimo aniversário do Clube dos Pensadores, e geraram diversas reações. Uma delas foi do presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), que, pouco depois, avançava: “Espero que o senhor engenheiro Belmiro consiga descobrir algum modo de as pessoas poderem comprar na loja dele sem salário.”
“É tudo navegação à vista”
“Nós não temos instrumentos de estudo em Portugal como muitos países têm. É tudo navegação à vista. Faz, não dá certo, corrige porque não há informação”. Em setembro de 2012, Belmiro dizia, citado pela TSF, que Portugal não tem uma estrutura de avaliação das medidas que implementa e apontava para “navegação à vista”. Na altura, a descida da TSU para as empresas era o tema em destaque.
“Sou exigente para os mandriões”
“Às vezes dizem que sou exigente, mas só sou exigente para os mandriões. Se todos fizerem o que devem fazer não temos problemas”. Estas foram as palavras de Belmiro de Azevedo depois de receber o Prémio Inspiração, atribuído pelo Jornal de Negócios e a Caixa Geral de Depósitos, em março de 2014.
“Cavaco é um ditador”
Numa entrevista à revista Visão, em janeiro de 2010, Belmiro de Azevedo deixa várias frases marcantes. Uma delas diz respeito ao então Presidente da República: “Cavaco é um ditador. Mandou quatro amigos meus, dos melhores ministros, para a rua, assim, ‘com vermelho direto”.
“Destruir para recriar”
Em 2009, em entrevista à Rádio Renascença e ao jornal Público, Belmiro explica como começou o seu percurso na Sonae: “Destruir para recriar”. “O meu primeiro trabalho foi praticamente mandar para a sucata metade do equipamento que lá estava”, afirmou o empresário. Na mesma entrevista, o líder da Sonae disse que a “única lei” que “vale a pena aprender em economia” é a da “oferta e da procura”.
“Algumas empresas vão sucumbir”, mas isso “pode ser útil”
Recuando aos anos 90, Belmiro avisa, em entrevista à RTP: “Algumas empresas vão provavelmente sucumbir neste processo mas admito, à partida, que pode ser até uma certa limpeza do tecido empresarial português que é capaz de ser útil”. Respondia assim a uma questão de José Eduardo Moniz sobre o posicionamento das empresas portuguesas, para os anos 90, perante a constatação de que estavam mais viradas para o mercado interno, comparando com Espanha.
“Quem não tem dinheiro, não tem vícios”
“Não temos dinheiro para todos os grandes projetos previstos em Portugal e quem não tem dinheiro não tem vícios”. O alerta de Belmiro de Azevedo foi feito em dezembro de 2008, no Porto. Citado pela TSF, o empresário admitia que “gostaria” de ter o TGV, “mas quando o país tivesse dinheiro para isso e tráfego que o justificasse” — naquela altura, “oferecia os direitos de passagem aos espanhóis e eles faziam o TGV em Portugal”.
“O país está desgovernado”
Reagindo, em março de 2010, à descida do rating anunciada pela Fitch, Belmiro de Azevedo afirmou à agência Lusa que se nota cada vez mais que o país “está desgovernado”. “Vivemos agora numa situação em que cada vez se nota com mais evidência que o país está desgovernado”, vincou.
“Os portugueses estão asfixiados por impostos”
Em outubro de 2011, pouco depois da entrega da proposta de Lei do Orçamento do Estado para 2012, Belmiro de Azevedo deixa a crítica: “Os portugueses estão asfixiados por impostos”. O empresário acrescenta ainda que “o argumento invocado pelo Governo de que é mais fácil e eficiente cobrar mais impostos é calaceiro”. [i.e. mandrião]
“Os empresários não têm que pedir favores ao Estado”
Belmiro de Azevedo afirmou, em setembro de 2008, que “os empresários não têm de pedir favores ao Estado”. “Os governantes estão naquelas funções para facilitar e ajudar, e não para complicar”, referiu, durante a inauguração do TróiaResort, citado pela TSF. “É preciso muita paciência e fundos para esperar, porque enquanto nós esperámos os salários foram sempre pagos a tempo”, acrescentou ainda o empresário, recordando que foram precisos “oito anos e seis ministros da Economia para viabilizar o projeto”.
(notícia atualizada às 17:47)
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