Exclusivo CTT mudam administrador financeiro antes da reestruturação
André Gorjão Costa está de saída da administração dos CTT a dois anos de terminar o mandato e antes de apresentado o plano de reestruturação. Guy Pacheco vai ser o novo CFO da empresa.
O administrador financeiro dos CTT está de saída da empresa, sabe o ECO. André Gorjão Costa abandona o cargo de CFO (chief financial officer) dois anos antes do fim do mandato, num momento particularmente sensível para os Correios. Os CTT preparam-se para anunciar nas próximas horas um plano de reestruturação para os próximos três anos para travar a quebra dos resultados. Mas já há substituto: A escolha recaiu em Guy Pacheco, até há poucos meses CFO da PT Portugal.
André Gorjão Costa era CFO dos CTT CTT 2,65% desde 2012, tendo sido reeleito para um novo mandato nos CTT ainda este ano e que termina em 2019. A demissão corresponde, na prática, à primeira baixa na sequência os resultados e da reestruturação que aí vem. Oficialmente, ninguém comenta as razões da saída, mas haverá diferentes visões entre Lacerda e Gorjão Costa sobre a estratégia a seguir, que deverá, de resto, ser conhecida no plano de reestruturação.
Nos últimos resultados trimestrais, a administração liderada por Francisco Lacerda emitiu um profit warning para as contas de 2017, as quais deverão registar um forte rombo devido à quebra do negócio postal. Por causa disto, o dividendo que se esperava ser de 0,48 euros foi revisto em baixa para 0,38 euros, colocando os CTT no olho do furacão dos investidores. Para dar a volta à situação, foi anunciado um plano de reestruturação que deverá conhecer a luz do dia ainda hoje.
Para substituir Gorjão Costa, o ECO sabe que vai entrar Guy Pacheco, administrador financeiro da Altice/PT até ao passado mês de abril. Pacheco saiu do grupo de telecom em divergência com o plano defendido pela gestão da Altice para a PT Portugal.
O ECO confrontou a administração dos CTT sobre esta mudança de CFO, mas fonte oficial da companhia escusou-se a fazer quaisquer comentários. Entretanto, já depois de publicada esta noticia, os CTT comunicaram ao mercado esta mudança.
Sobre o plano de reestruturação, ainda nada foi oficializado, além do processo de rescisões amigáveis aberto há algumas semanas, para a saída de cerca de 300 trabalhadores, sobretudo aqueles que estão mais perto da reforma, para proceder a uma otimização dos custos operacionais face ao redimensionamento do atividade postal dos CTT: menos cartas para entregar, menos trabalhadores para as entregar.
Assim, enquanto Francisco Lacerda prepara um plano para dar confiança aos investidores, na Assembleia da República discutiu-se se a privatização dos CTT em 2013. O Bloco de Esquerda pediu a reversão da privatização que fez quatro anos agora em dezembro. Para já, o Governo criou um grupo de trabalho que vai avaliar o trabalho prestado pelos CTT no âmbito da concessão do serviço postal universal e “chegar a eventuais ações de melhoria”.
Insatisfeitos com a evolução do serviço, os trabalhadores dos CTT vão estar em greve nos próximos dias 21 e 22 de dezembro, um período crítico para a empresa por causa do aumento do volume de entregas no Natal.
Neste cenário, os CTT apresentam-se com um dos piores desempenhos bolsa de Lisboa em 2017. As ações perdem metade do valor este ano. Ainda assim, o dividendo é um dos mais atrativos no PSI-20. Os analistas esperam pelo plano de reestruturação para apurarem a sustentabilidade do negócio dos CTT.
(Notícia atualizada com comunicado da CMVM)
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