Marcelo fala às 20h. Um ano depois, que é feito dos desejos do Presidente para 2017?

  • Marta Santos Silva
  • 1 Janeiro 2018

Fomentar o investimento, reduzir a dívida pública e cumprir os compromissos externos eram algumas das esperanças de Marcelo para Portugal em 2017. Cumpriram-se?

É dia 1 de janeiro e, como é hábito, o Presidente da República vai esta noite dirigir-se ao país, pela primeira vez a partir de sua casa, para partilhar uma reflexão sobre o ano que passou e o que se avizinha. No ano passado, Marcelo Rebelo de Sousa deixou alguns recados na sua mensagem presidencial de ano novo, com desejos para 2017 na área económica. Um ano depois, o ECO procurou saber se o Presidente da República teve aquilo que pediu.

“Crescer muito mais”

No ano passado, Marcelo afirmou que “muito ficou por fazer” em 2016, incluindo um pormenor: “O crescimento da nossa economia foi tardio e insuficiente“, afirmou. Adiante, apelou a que o país conseguisse “crescer muito mais”. Em 2016, é certo, até António Costa admitiu que o crescimento trimestral de menos de 1% era “poucochinho”.

No entanto, 2017 surpreendeu. Chegando a crescer 3% em termos homólogos, no terceiro trimestre a economia portuguesa cresceu 2,5%.

Dívida pública

“A dívida pública permanece muito elevada”, criticou Marcelo Rebelo de Sousa no final de 2016. Mas este mês de dezembro já se mostrava muito mais otimista.

Após a apresentação de um relatório negativo do Tribunal de Contas, o Presidente da República afirmou com confiança: “A dívida pública vai reduzir substancialmente daqui até ao fim do ano, tem vindo a reduzir”, e acrescentou: “Eu penso que esse é um dado novo que, porventura, não está presente em relatórios feitos já há algum tempo. É um dado novo e positivo do final de 2017”.

Compromissos externos

Na mensagem de Ano Novo de 2017, Marcelo Rebelo de Sousa pediu a continuidade do “rigor financeiro, cumprimento de compromissos externos”, e certamente que 2017 o surpreendeu positivamente.

Desde logo, Portugal saiu do Procedimento por Défice Excessivo em que se encontrava desde 2009, por recomendação da Comissão Europeia. A justificar a decisão estava o facto de Portugal ter reduzido o défice para 2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016, abaixo da meta dos 3% inscrita no PEC. Ao mesmo tempo, as previsões do Governo apontam para que o défice se mantenha abaixo desse valor de referência em 2017 e em 2018, confirmando-se uma trajetória sustentável do défice.

“Esta decisão é um momento de viragem na medida em que expressa a avaliação da União Europeia de que o défice orçamental excessivo de Portugal foi corrigido de forma sustentável e duradoura”, disse então Mário Centeno.

Sistema bancário

Marcelo Rebelo de Sousa tem sempre visto como uma grande prioridade para Portugal “completar a consolidação do sistema bancário”, como apelou no ano passado. Este ano, a venda do Novo Banco ao fundo Lone Star foi um passos mais significativos do processo, como afirmou ao ECO a vice-governadora do Banco de Portugal, Elisa Ferreira.

Elisa Ferreira, que é também a voz portuguesa no Mecanismo Único de Supervisão, considerou que o Novo Banco ainda tem “fragilidades”, mas que a venda ao fundo Lone Star representou “o fim de uma primeira etapa” da “consolidação progressiva da banca portuguesa“.

Incentivar investimento

António Costa falou este ano num “momento de viragem” para a economia portuguesa no que toca ao investimento e à confiança dos agentes económicos. O investimento deverá, assim, ter crescido em 2017, como Marcelo Rebelo de Sousa pediu na sua mensagem de Ano Novo do ano passado.

No entanto, como o ECO já explicou, pode ser muito cedo para comemorar este crescimento. O valor total da formação bruta de capital fixo — o chamado investimento — que, em 2016, terá ficado em 27,4 mil milhões de euros, continua muito aquém dos anos pré-crise. Em 2008, a formação bruta de capital fixo estava nos 40,8 mil milhões de euros. O investimento total deverá aumentar 6% este ano, depois de já ter aumentado 5% no ano passado.

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