Membro do BCE: “A última coisa que o mundo precisa é uma guerra cambial”
Está em curso uma guerra pela desvalorização da moeda? Se não está, parece. E isso é a "última coisa que o mundo precisa", disse esta sexta-feira um membro do BCE. Euro continua a valorizar.
Se não está em curso uma guerra cambial, parece. E isso é a última coisa que o mundo precisa, alertou esta sexta-feira o membro do conselho do Banco Central Europeu (BCE) Benoit Coeuré, depois de Donald Trump, Mario Draghi e Steven Mnuchin terem avolumado nos últimos dias a polémica em torno da desvalorização do dólar para reforçar a competitividade da economia norte-americana.
“A última coisa que o mundo precisa hoje é uma guerra cambial”, afirmou Coeuré durante um painel no Fórum Económico Mundial, que termina hoje em Davos, na Suíça, citado pela agência Reuters. “Vivemos num mundo de taxas de câmbio flutuantes, vivemos num mundo onde as taxas de câmbio não devem ser direcionadas para fins competitivos”, acrescentou o responsável.
O euro está em máximos de três anos contra a divisa norte-americana. Aprecia esta sexta-feira 0,44% para 1,2447 dólares, depois de uma guerra de palavras que parece não ter fim à vista. Como começou?
Primeiro foi o secretário de Estado do Tesouro norte-americano, Steve Mnuchin, dizer que os EUA veem com bons olhos uma desvalorização da nota verde porque isso ajuda a fortalecer as exportações das empresas dos país. Estas declarações levaram a moeda única a protagonizar um rally interessante nas últimas semanas até atingir um nível que causa já apreensão em Frankfurt.
No BCE, a autoridade monetária do euro, os membros do Conselho de Governadores manifestaram receios em relação à excessiva valorização da moeda comunitária na última reunião. Foi Mario Draghi, presidente do BCE, quem revelou esse desconforto esta quinta-feira, aproveitando a conferência de imprensa para se atirar a Mnuchin.
Euro continua a impressionar
Fonte: Reuters
“Nós vamos abster-nos de desvalorizações competitivas e não vamos direcionar as nossas taxas de câmbio para fins competitivos. Reafirmamos o nosso empenho em comunicar claramente as posições políticas, evitar políticas orientadas para o exterior e preservar a estabilidade financeira global”, disse Draghi, lembrando aquilo que foi acordado com o Fundo Monetário Internacional (FMI) em outubro sobre políticas cambiais.
Draghi frisou ainda que parte da valorização da moeda única é natural pois evidencia a recuperação da região. Mas outra parte da recente volatilidade do euro foi causada “por outra pessoa que utilizou linguagem… que não reflete os termos de referência que tinha sido acordados”.
Já depois de Draghi ter abordado o assunto, também o Presidente norte-americano, Donald Trump, voltou ao tema. Fê-lo a partir de Davos e disse que Mnuchin foi mal interpretado. Para Trump, “o dólar vai ficar cada vez mais forte”. “Eu quero ver um dólar forte. A nossa economia está a tornar-se forte de novo e forte de outras maneiras”, disse.
"Nós vamos abster-nos de desvalorizações competitivas e não vamos direcionar as nossas taxas de câmbio para fins competitivos. Reafirmamos o nosso empenho em comunicar claramente as posições políticas, evitar políticas orientadas para o exterior e preservar a estabilidade financeira global.”
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