Gulbenkian prepara venda do negócio do petróleo a uma empresa chinesa
A Fundação Calouste Gulbenkian está a negociar a venda das suas participações no negócio dos petróleos aos chineses que compraram os seguros ao Montepio.
O negócio ainda não está ultimado, mas já estará em fase adiantada. Segundo um comunicado a Fundação Calouste Gulbenkian está a vender a posição que detém na Partex. De acordo com o jornal Expresso (acesso pago) os interessados são os chineses da CEFC China Energy, que tem sede em Xangai e que compraram os seguros ao Montepio. O semanário acrescenta ainda que o valor do encaixe financeiro será reinvestido noutros ativos.
“A Fundação Calouste Gulbenkian tem vindo a equacionar a alienação dos investimentos nos combustíveis fósseis (que representam cerca de 18% dos ativos em 2017), tendo em conta uma nova matriz energética e os seus objetivos em prol da sustentabilidade, na linha do movimento internacional seguido por outras fundações”, escreve a fundação em comunicado enviado às redações.
O interesse na posição que a fundação tem na Partex não é de agora. Segundo o mesmo comunicado, a Gulbenkian “tem recebido, ao longo dos anos, várias manifestações de interesse para a alienação da sua participação na Partex, traduzindo o reconhecimento internacional da qualidade da empresa”. Mas, segundo apurou o ECO, essas manifestações de interesse não estavam à altura da qualidade da Partex. Agora, os chineses da CEFC China Energy apresentaram uma proposta, confirmou também o ECO, que vale a pena considerar.
[A Fundação] recentemente, recebeu uma oferta de compra e encontra-se neste momento em processo de negociações com o grupo interessado.
Para já não há timings para a negociação, apenas conversas, que já se arrastam há alguns meses. O conhecimento destas negociações por parte de vários players do mercado levou a Fundação a avançar com o comunicado desta tarde. O documento confirma que a Fundação “recentemente, recebeu uma oferta de compra e encontra-se neste momento em processo de negociações com o grupo interessado”. “Findo o processo de análise de todas as condições, será tomada uma decisão de acordo com a defesa dos melhores interesses da Fundação”, acrescenta o mesmo press.
Recorde-se que em junho do ano passado, a Gulbenkian avançou que estava a avaliar a entrada de grupos internacionais, com interesses no Médio Oriente, na petrolífera Partex.
A Fundação Calouste Gulbenkian detém 100% do capital da Partex, que é liderada por António Costa Silva. A petrolífera foi fundada em 1938, por Calouste Gulbenkian, que até então “tinha sido o grande promotor da criação da Iraq Petroleum Company, uma empresa que reuniu os interesses das empresas que hoje se chamam BP, Shell, Total, Exxon Mobil, e onde ficou com 5%, passando a ser conhecido como o “Mister Five Per Cent”. Foi a Iraq Petroleum Company que iniciou toda a atividade da indústria petrolífera no Médio Oriente, juntando como parceiros o Iraque, Qatar, Abu Dhabi e Omã.
A Calouste Gulbenkian entrou na Iraq Petroleum Company em nome individual, mas depois criou a empresa Participations and Explorations, daí o nome Partex, que assinou em 1939 a primeira concessão com Abu Dhabi.
Com a nacionalização de 60% da concessão em 1971, surgiu a empresa nacional ADNOC em Abu Dhabi, diminuindo a participação de todos os acionistas, o que no caso da Partex representou uma redução de 5% para 2%. A ADNOC produz cerca de 1,5 milhões de barris de petróleo por dia, sendo a Partex titular de cerca de 30 mil barris de crude por dia.
A Gulbenkian garante que “em caso de acordo nas negociações” — que não é garantido –, “a recomposição do património da Fundação continuará, como no passado, a garantir a realização de todas as atividades filantrópicas da instituição que Calouste Gulbenkian quis ver como perpétua e destinada ao bem da humanidade”.
Em caso de acordo nas negociações a recomposição do património da Fundação continuará, como no passado, a garantir a realização de todas as atividades filantrópicas da instituição que Calouste Gulbenkian.
Isabel Mota, quando assumiu a presidência da Fundação Calouste Gulbenkian, em maio do ano passado, elegeu a ação social como uma das prioridades para o seu mandato à frente da instituição sem fins lucrativos com 60 anos.
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