Fitch melhora perspetiva de Angola com subida do petróleo e apoio do FMI
A perspetiva estável no rating de Angola justifica-se pelas reformas do Governo, a subida do preço do petróleo e ao programa de assistência do FMI.
A Fitch manteve esta quarta-feira o rating da dívida soberana de Angola no nível ‘B’, abaixo da escala de investimento, ou ‘lixo’, melhorando a perspetiva de “Negativa” para “Estável”, face à subida da cotação do petróleo e apoio do FMI.
Na avaliação hoje divulgada pela Fitch, a agência refere que esta melhoria na perspetiva sobre Angola, na notação do risco da dívida externa de longo prazo, “reflete melhorias na gestão do regime cambial”, bem como a adoção pelo Governo de “uma agenda de reformas ambiciosa”. Incluindo ajustamentos monetários, fiscais e estruturais, “que irão diminuir a vulnerabilidade externa e melhorar as finanças públicas”, lê-se no documento, a que a Lusa teve acesso.
A “materialização” de um programa de assistência pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) sem envelope financeiro associado, que Angola já solicitou, servirá “como um fator positivo adicional”, aponta a agência de rating.
A Fitch acrescenta que as perspetivas de recuperação económica de Angola “melhoraram significativamente” em consequência da subida do preço do petróleo, mas também com “os ajustamentos monetários e fiscais” em curso por parte do Governo liderado pelo Presidente João Lourenço.
O ajuste cambial iniciado pelo Banco Nacional de Angola (BNA) em janeiro de 2018 — que já levou a uma desvalorização do kwanza face ao euro de quase 32%, com a taxa de câmbio formada a partir de leilões de divisas — é considerado pela Fitch como o “desenvolvimento mais importante” preconizado pela nova governação.
Contudo, a manutenção do rating da dívida pública em nível de lixo — interna e externa, longo e curto prazos — reflete, segundo a Fitch, a “alta dependência” do país da exportação de petróleo, o peso elevado da dívida pública e o nível reduzido das reservas internacionais angolanas.
O Governo angolano anunciou a 18 de abril ter solicitado um programa de apoio ao FMI, para coordenação de políticas económicas, mas sem qualquer envelope financeiro associado. Em comunicado enviado à Lusa, em Luanda, pelo Ministério das Finanças, é esclarecido que o programa em causa é um Instrumento de Coordenação de Políticas (PCI, na sigla em inglês).
“Que é um programa não financiado, que o [Governo angolano] auxiliará na implementação das medidas contidas no seu Programa de Estabilização Macroeconómica, iniciado em janeiro do corrente ano, assim como servirá para o crescente aumento da credibilidade externa do nosso país com efeitos positivos na captação de Investimento Direto Estrangeiro”, lê-se no comunicado.
O FMI já disse que as condições do programa económico de apoio a Angola são iguais às de um programa de assistência financeira, “exigindo-se o mesmo padrão às políticas”. “Embora não envolva o uso de recursos do FMI, exige-se que as políticas apoiadas no âmbito do Instrumento de Coordenação de Políticas (PCI) atinjam o mesmo padrão que se impõe às políticas no âmbito de um acordo de empréstimo do Fundo“, escreveu o subdiretor-geral do FMI, Tao Zhang, elogiando o novo executivo angolano pelas medidas já aprovadas.
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