Investimento em análise pela AICEP “continua a subir”
Presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal faz um balanço "positivo" do primeiro ano de mandato e sublinha que o investimento em análise "continua a subir".
Luís Filipe de Castro Henriques assumiu a presidência da AICEP em 17 de abril de 2017 e em entrevista à Lusa fez “um balanço muito positivo“, porque a agência conseguiu “lançar todas as iniciativas” que pretendia, no âmbito do Plano Estratégico 2017-2019.
Questionado sobre o valor avançado em março de 2.300 milhões de euros de projetos em ‘pipeline’, Luís Castro Henriques afirmou: “O ‘pipeline’ continua a subir, graças a Deus”. Ou seja, “temos um valor um bocadinho superior”, disse, sem adiantar montantes.
“Temos tido alguns desenvolvimentos positivos, mas é um ‘pipeline’ em crescimento”, acrescentou, salientando que existe um “acréscimo muito relevante em projetos de I&D [investigação e desenvolvimento]“, o que é “manifestamente uma tendência imensurável e muito positiva para o país”.
Em fevereiro, a AICEP tinha anunciado que estava a acompanhar cerca de 30 potenciais projetos de centros de serviços em Portugal, que se poderiam traduzir na criação de mais de 5.000 empregos.
É preciso trabalhar com o calendário das empresas, não é um trabalho de picos, é um esforço contínuo com estes investidores que escolhem Portugal ou que estão em vias de escolher Portugal.
“É óbvio que dentro deste ‘pipeline’ nem tudo é convertido, porque isto é um jogo altamente competitivo pelo mundo fora, não só a nível europeu”, disse, sublinhando que, das projeções que tinham para criação de postos de trabalho nos próximos 18 meses, já foi concretizado quase 20%. “Acredito que até ao final do ano continuaremos com esta tendência muito positiva”, considerou.
O tema dos centros de serviços, apontou, “representa manifestamente uma diversificação do ponto de vista de angariação de investimentos em relação” ao que existia anteriormente, como também demonstra que “sofisticação” dos mesmos “é cada vez maior”.
Atualmente, “não só já temos áreas ‘core’ [de centros de serviços], em que as empresas decidem localizá-las em Portugal”, como “acima de tudo” é uma “sofisticação cada vez maior à procura de gente mais qualificada”, afirmou.
Isto representa “uma mudança de paradigma que nos parece não só sustentável, mas acima de tudo uma tendência irreversível muito positiva também para o país. E noto que o fator é sempre o mesmo: talento, talento, talento”, salientou.
Sobre se é expectável ter anúncios em breve relativos a investimento, o presidente da AICEP afirmou: “É preciso trabalhar com o calendário das empresas, não é um trabalho de picos, é um esforço contínuo com estes investidores que escolhem Portugal ou que estão em vias de escolher Portugal”.
Por isso, “acredito que sim, com um ‘pipeline’ cada vez maior, mais novidades teremos. Esse é o nosso trabalho e esperemos que surjam notícias até final do ano”, disse.
O presidente da AICEP destacou os valores conseguidos “à volta do investimento” como “também a diversificação” do mesmo, que não assenta apenas na indústria, mas passa agora por centros de serviços, de engenharia e de ‘software’.
Comparando o Portugal 2020 com o QREN, “o montante do investimento afeto a centros de I&D, que são organizações sofisticadíssimas e que competem pelo mundo fora, duplicou, mas se consideramos os que fazem o centro I&D em parcerias com universidades portuguesas quadruplicou“, afirmou.
Esta tendência demonstra que “há um conjunto cada vez mais alargado de investidores a olhar para Portugal como destino do mais sofisticado que há no mundo, competir em centros de I&D é um jogo claramente de I Liga”, salientou Luís Castro Henriques.
O segundo aspeto, que considerou “muito relevante”, é o facto de as grandes empresas escolherem as instituições universitárias portuguesas para parcerias, o que demonstra o “valor” das universidades portuguesas.
“Porque estas empresas podem fazer parcerias com qualquer universidade do mundo, são elas que investem e que são normalmente o motor do desenvolvimento”, apontou, salientando o talento português, que afirmou ser o “primeiro isco” para atrair as empresas para Portugal.
“Estas grandes empresas não fariam centros de I&D” que criam produtos e desenvolvem conhecimento em Portugal “se não tivéssemos talento do melhor que há no mundo”, acrescentou.
Das 21 iniciativas globais do Plano Estratégico, 17 já estão em implementação.
Portugal já era competitivo para empresas sediadas no Reino Unido
“A agência não olha para o ‘Brexit’ só como uma oportunidade. Quer queiramos, quer não, tem várias implicações para Portugal” a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), afirmou Luís Castro Henriques, que está há um ano na presidência da AICEP.
“É preciso não esquecer que também é um mercado exportador muito relevante para o país”, acrescentou, salientando que a AICEP tem vindo a analisar a situação.
“A nossa análise, hoje em dia a meu ver, está mais do que consolidada” e indica que “antes do ‘Brexit’ Portugal já era competitivo para empresas sediadas no Reino Unido em determinados segmentos”, afirmou.
Como consequência da decisão da saída do Reino Unido da UE, o que Portugal fez foi “aumentar o número de contactos e a visibilidade” que o país poderia ter para essas empresas, continuou. “Porque algumas empresas inexoravelmente terão de ter uma escolha na Europa continental”, em primeiro lugar, disse.
“Segundo, algumas dessas empresas já o estavam a planear independentemente do ‘Brexit’”, apontou, pelo que “o ‘Brexit’ poderá eventualmente acelerar um pouco esse processo”.
Em terceiro lugar, “nós achávamos que, tendo em conta” o talento português, “algumas bolsas de investimento já faziam sentido no pré-‘Brexit’ e, portanto, já estávamos a trabalhar nisso”, salientou Luís Castro Henriques.
“Aliás, já temos resultados concretos disso, talvez o exemplo mais visível que posso dar é a [tecnológica] Claranet, que aumentou de forma relevante o seu investimento em Portugal” recentemente, apontou.
Questionado sobre para quando a abertura da delegação da AICEP em Dublin (Irlanda), o presidente da AICEP apontou para 2019.
“Nós, à medida que formos tendo disponibilidade orçamental, iremos implementar as medidas do Plano Estratégico: a abertura em Dublin e Cantão é uma delas. Portanto, assim que conseguirmos ter meios para o fazer, fá-lo-emos”, afirmou.
“A nossa previsão, neste momento, é que essas aberturas possam ocorrer no início de 2019”, avançou.
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