Banco de Itália: Reação dos mercados à crise política é “grave mas injustificada”
O governador do Banco de Itália, Ignazio Visco, defendeu hoje que a reação dos mercados financeiros à situação política em Itália é "grave, mas injustificada".
Numa intervenção anual sobre a economia italiana, o governador do banco central italiano afirmou que “é importante que a voz de Itália seja determinante em contextos onde o futuro da União Europeia é decidido”, numa referência às decisões de curto prazo sobre a governação do bloco, orçamentos para vários anos e a revisão das regras financeiras.
A intervenção de Visco sobre a economia italiana ocorre no dia em que o país está à espera da formação do Governo que deverá ser proposto por Carlo Cottarelli, encarnação da austeridade orçamental escolhido pelo Presidente Sergio Mattarella, depois de ter vetado o Governo da coligação entre o Movimento 5 Estrelas e a Liga do Norte, vencedores das últimas eleições de março.
Cottarelli é um dos economistas mais críticos das propostas económicas do programa de Governo acordado entre a Liga Norte e o Movimento 5 Estrelas.
Entretanto, Cottarelli não tem praticamente qualquer hipótese de obter a confiança do Parlamento dominado pelos eurocéticos Movimento 5 Estrelas e Liga do Norte e, portanto, deverá ficar incumbido da gestão de assuntos correntes antes da realização de novas eleições em setembro ou outubro deste ano.
Os mercados temem que nestas novas eleições haja um reforço das formações eurocéticas Movimento 5 Estrelas e Liga do Norte.
A diferença entre as taxas das dívidas soberanas italiana e alemã ultrapassou esta terça-feira a barreira dos 300 pontos para o nível mais alto desde novembro de 2013, testemunhando a inquietação dos mercados face à situação política em Itália.
Além do ‘spread’ entre os juros da dívida italiana a dez anos e os da alemã no mesmo prazo – que subiu bruscamente, em menos de 15 minutos, de 235 pontos base na abertura para 301 pontos base a meio da manhã –, o principal índice da bolsa de Milão cedia 2,76% a meio da sessão para 21.324 pontos, depois de ter estado a cair mais de 3,3%, arrastado pela desvalorização das ações da banca.
A nível cambial, o euro, que abriu em alta, a 1,1631 dólares, no mercado de divisas de Frankfurt, descia cerca das 11:00 para 1,1542 dólares, um mínimo desde agosto de 2017.
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