Aumento do salário mínimo de 850 euros? “No imediato é um perfeito absurdo”, diz António Saraiva

O presidente da CIP defende que a política salarial deve ser definida de acordo com um conjunto de premissas: crescimento, inflação, produtividade e em sede própria.

A CGTP e o PCP deixaram uma mensagem clara no 1º de maio: querem o aumento do salário mínimo nacional para 850 euros. Mas não definiram um horizonte temporal para a negociação do mesmo. O presidente da Confederação Empresarial de Portugal é taxativo: “Se a reivindicação é no imediato é perfeitamente absurdo”.

Em declarações ao ECO, António Saraiva sublinha que “um aumento de 42% do salário mínimo é um absurdo, que não é possível considerar”. Mas como CGTP e PCP não fizeram qualquer referência em termos de tempo, o patrão dos patrões considera que tudo pode ser “razoável”, com “alguma calendarização do período”, à semelhança do que aconteceu com o aumento do salário mínimo de 600 euros ao longo da atual legislatura.

Um aumento de 42% do salário mínimo é um absurdo, que não é possível considerar.

António Saraiva

Presidente da CIP

António Saraiva defende que “a política salarial das empresas deve ser consentânea com o crescimento económico, com a inflação, com a produtividade e deve ser discutida em sede própria, quer seja no âmbito da concertação social ou através da negociação coletiva”. “É com este referencial que a política salarial deve ser discutida e tentar encontrar valores adequados”, acrescentou.

O presidente da CIP sublinha ainda o “irrealismo” da reivindicação da CGTP tendo em conta que “o Executivo acabou de rever em baixa as previsões de crescimento económico, de investimento e até já houve momentos em que os ganhos de produtividade foram negativos”.

De acordo com o Programa de Estabilidade, a economia nacional já não vai crescer 2,1% como inicialmente previsto, mas 1,9%. Ainda assim, esta meta é bastante mais otimista face às previsões das restantes instituições internacionais (Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia) e do próprio Banco de Portugal que apontam para um crescimento de 1,7%. Mais pessimista só mesmo o Concelho das Finanças Públicas que aponta para um crescimento de 1,6%.

Apesar de o Executivo ter vindo a valorizar os bons resultados dos primeiros meses do ano, num contexto de revisão em baixa do crescimento na zona euro, António Saraiva lembra que a situação não é idêntica para todas as empresas. “O turismo e reabilitação de edifícios e todas as atividades conexas como a restauração ou o comércio têm trazido uma lufada de recuperação dos anos de dificuldades. Mas isto não é verdade para todos os setores”, alerta.

O turismo e reabilitação de edifícios e todas as atividades conexas como a restauração ou o comércio têm trazido uma lufada de recuperação dos anos de dificuldades. Mas isto não é verdade para todos os setores.

António Saraiva

Presidente da CIP

“O crescimento da atividade é um sinal de confiança, um fator fundamental em qualquer economia, mas a confiança está a arrefecer“, sublinha o presidente da CIP. Na indústria transformadora, o indicador de confiança da diminuiu entre janeiro e abril, retomando o movimento descendente iniciado em janeiro de 2018, segundo o Instituto Nacional de Estatística.

Neste contexto e tendo em conta que “a carga fiscal para as empresas não baixou, nem houve melhoria das margens de lucro”, António Saraiva rejeita a proposta da CGTP que considera “demagógica” e que “não se baseia na realidade mas em pura ideologia política”.

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