Constâncio rejeita “teia urdida” no BCP. “Não houve segredos, nem atuei sozinho”

Filipe Pinhal disse há uma semana que Vitor Constâncio fez parte de uma "teia urdida" que esteve no assalto ao BCP em 2007. O antigo governador disse que "não houve segredos" na sua atuação.

Vítor Constâncio é ouvido perante a II COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO À RECAPITALIZAÇÃO DA CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS E À GESTÃO DO BANCO - 28MAR19
Constâncio foi à comissão de inquérito no dia 28 de maio. E voltou ao Parlamento agora.Hugo Amaral/ECO

Vítor Constâncio rejeitou esta terça-feira a tese de Filipe Pinhal de que faria parte de uma “teia urdida”, juntamente com o ex-primeiro-ministro José Sócrates e ex-ministro das Finanças Teixeira dos Santos, no assalto ao BCP, em 2007. “Não houve segredos e nem atuei sozinho”, frisou o antigo governador do Banco de Portugal.

Há uma semana, o antigo administrador e presidente do BCP acusou Constâncio, Sócrates e Teixeira dos Santos de comporem o “triunvirato” que deu a “bênção” à guerra entre acionistas no banco. “O Banco de Portugal não tomou partido em nada na disputa de acionistas”, contrapõe Constâncio na audição da comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos (CGD).

“É uma construção dele. A teoria pode ser vista do outro lado, porque havia outro grupo de acionistas. E é legítimo haver dois grupos de acionistas”, considerou o ex-governador do Banco de Portugal. “Não decidimos nada contra a lei, por muito que nos custe muito as consequências a posteriori“, disse.

Sobre as duas reuniões que teve com acionistas do banco, nos dias 20 e 21 de dezembro de 2007, Constâncio contou que foram convocados os principais acionistas por causa das notícias sobre as sociedades offshore que compraram ações do BCP entre 1999 e 2004.

Constâncio explicou-se agora: “Vários acionistas queriam saber [junto do BdP] se as notícias eram verdade e queriam saber o que poderia acontecer ao banco. Para não privilegiar ninguém decidimos – mais uma vez repito, não fui eu – decidimos que era melhor convocar um grupo de acionistas, de acordo com a percentagem de capital. E o objetivo era dizer-lhes duas ou quatro coisas“.

“Primeiro que se confirmavam coisas graves no BCP, depois que não poderia dizer nada sobre os processos enquanto eles estivessem a decorrer, depois que ninguém estava nem seria inibido [de tomar decisões no BCP] e que deveriam tomar as suas decisões e estabilizar o banco”, prosseguiu o antigo governador do Banco de Portugal.

Constâncio rejeitou que tenha havido “ingerência” da parte do Banco de Portugal no BCP. E disse que, naquelas reuniões, o supervisor deixou aos acionistas “um apelo e a pressão sobre eles para que estabilizassem a situação no banco” no âmbito da supervisão macroprudencial. E sem discriminações entre acionistas ou grupos de acionistas, ressalvou.

Constâncio lembrou ainda que o que resultou dessas reuniões foi tornado público. “Não podíamos revelar nomes de quem ia ter processos. Depois informamos o público de que não inibimos nem inibiríamos ninguém para se candidatar ao BCP“, recordou. Constâncio já tinha reagido às declarações de Filipe Pinhal, admitindo processá-lo.

Ou seja, “não houve segredos” na atuação do Banco de Portugal, uma organização onde “nada se faz sozinho”, defendeu Constâncio.

(Notícia atualizada às 14h50)

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