Candidato europeu ao FMI escolhido por voto amanhã
Os ministros das Finanças começam a votar pelas 07h00, devido à falta de consenso em torno de um candidato. Bruno Le Maire pediu votação para impedir que o processo se arraste. Centeno está na lista.
Os ministros das Finanças da União Europeia não conseguiram um consenso para escolher o candidato europeu ao Fundo Monetário Internacional e por isso vão avançar para uma votação esta sexta-feira pelas 07h00 para escolher quem irão propor para suceder a Christine Lagarde, apurou o ECO. O candidato tem de ser escolhido por maioria qualificada e pode haver várias votações até se chegar a um nome. Bruno Le Maire disse aos ministros das Finanças que a votação seria a melhor forma de impedir que o processo se arrastasse.
O ministro das Finanças de França, Bruno Le Maire, tem estado a coordenar o processo da escolha e depois de vários contactos com os ministros das Finanças europeus não conseguiu um consenso em torno de um dos cinco nomes que estão na shortlist, que inclui o ministro das Finanças português Mário Centeno.
Segundo fonte oficial do Ministério das Finanças de França, durante a manhã, Bruno Le Maire teve uma conversa telefónica com os ministros dos 28 Estados-membros, na qual apresentou os resultados das conversas tidas até ao momento, tendo estado em contacto mais próximo com o ministro das Finanças e vice-chanceler alemão, Olaf Scholz, e ainda com a presidência finlandesa da União Europeia, que também tem um candidato na corrida.
“Todos os ministros partilham do objetivo de chegar a um consenso sobre um candidato europeu único para diretor-geral do FMI. Os cinco candidatos exprimiram a sua intenção de manter as suas candidaturas, e Bruno Le Maire propôs a realização de uma votação. Todas as candidaturas foram consideradas legítimas e de excelente qualidade”, disse ao ECO fonte oficial do Ministério das Finanças francês.
Os ministros concordaram ainda dar a oportunidade ao Reino Unido de apresentar o seu próprio candidato para a votação de amanhã, permitindo uma candidatura de última hora devido à recente mudança de Governo.
“Os ministros dos 28 Estados Membros da União Europeia concordaram em proceder a várias rondas de votação, caso seja necessário, para escolher o candidato europeu”, disse ainda a mesma fonte
Por essa razão, os ministros vão avançar para uma votação esta sexta-feira. A votação começa pelas 07h00, e poderá ter várias rondas até que seja escolhido um candidato por maioria qualificada, ou seja, o escolhido terá de reunir o consenso de pelo menos 16 Estados-membros da União Europeia, que representem pelo menos 65% da população da União Europeia.
Para além de Mário Centeno, estão ainda na shortlist a búlgara Kristalina Georgieva, o holandês Jeroen Dijsselbloem, o finlandês Olli Rehn e a espanhola Nadia Calviño.
Bruno Le Maire tem-se desdobrado em contactos com as várias capitais europeias, mas nenhum dos nomes é consensual. França tem insistido no nome da búlgara Kristalina Georgieva, um nome que foi defendido no passado por Angela Merkel para diversos outros cargos, desde a liderança das Nações Unidas, à presidência do Conselho Europeu, falhando sempre o consenso.
No entanto, a escolha de Kristalina Georgieva obrigaria a uma mudança nos estatutos do FMI, já que Georgieva ultrapassa a idade máxima legal para ser eleita para o cargo de diretor-geral do Fundo e não tem sido primeira escolha para os ministros das Finanças.
Já os restantes candidatos reúnem apoios e também oposição firme. O caso mais óbvio é o de Jeroen Dijsselbloem, antecessor de Mário Centeno na presidência do Eurogrupo, e que gerou anticorpos entre os países do sul da Europa por vários comentários que fez sobre o estilo de vida das suas populações e ainda de comentários, como durante o resgate ao Chipre, que tiveram sérias consequências nas condições financeiras do país. Dijsselbloem tem o apoio dos países do Benelux, mas enfrenta a resistência dos países do sul e de Itália.
O finlandês Olli Rehn, agora governador do Banco da Finlândia, também enfrenta resistência devido ao seu desempenho enquanto comissário dos Assuntos Económicos durante a última Comissão Barroso, durante a qual foi a principal cara da defesa dos programas de austeridade aplicados aos países que pediram resgates durante a crise. Rehn tem o apoio dos países bálticos e de alguns países da Europa central e de leste.
A espanhola Nadia Calviño é a cara menos conhecida deste lote. A ministra das Finanças espanhola tem menos experiência, para além de ter criado anticorpos com alguns países do centro da Europa.
Na decisão que será tomada esta sexta-feira, será decisivo o sentido de voto de França e a Alemanha, que ainda não colocaram o seu peso na balança, apesar de algumas indicações de quem seria o seu preferido.
A escolha que será feita esta sexta-feira será apenas a do candidato europeu. O FMI deu até ao dia 6 de setembro para que avancem todos os candidatos. A escolha do futuro diretor-geral será feita depois até ao dia 4 de outubro. No entanto, a manter-se a tradição estabelecido pelo acordo de cavalheiros entre os Estados Unidos e a Europa, o candidato europeu será o escolhido para liderar o Fundo.
Muito dependerá da posição dos BRICS, que têm pedido maior representação no FMI e o fim do acordo informal que permite aos Estados Unidos escolher o presidente do Banco Mundial e à União Europeia o diretor-geral do FMI desde a fundação das duas instituições, que datam da década de 40.
(Artigo atualizado às 15h12 com mais informação)
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