Sindicato recua no apelo ao não cumprimento dos serviços mínimos. Força requisição civil

Porta-voz dos motoristas de matérias perigosas, Pardal Henriques, acusou a Antram de ter subornado os primeiros motoristas que saíram de Aveiras de Cima

O porta-voz dos motoristas de matérias perigosas, Pardal Henriques, fez esta segunda-feira, nas primeiras horas de greve, um apelo para que os serviços mínimos não sejam cumpridos. Perante aquilo que considera ser uma atitude ilegal da Antram, Pardal Henriques disse que os trabalhadores não vão cumprir os serviços mínimos, pediu aos camiões que já estão na estrada para regressarem e admitiu que a requisição civil deve avançar. Mas, cerca de três horas mais tarde deu o dito por não dito.

Numa reviravolta da posição assumida até agora — os sindicatos tinham reiterado até ao momento que os serviços mínimos são para cumprir — Pedro Pardal Henriques extremou as posições. “As pessoas que aqui estão não vão cumprir nada, não vão sair daqui. O exército já chegou para cumprir os serviços mínimos. Então que cumpram”, disse em declarações à RTP3, em Aveiras de Cima de onde esta manhã já saíram 12 camiões desde as 6h00 da manhã (cinco para abastecer o aeroporto de Lisboa e os restantes para a rede de emergência).

Os que estão na estrada e forçados a trabalhar vão regressar e juntar-se a nós neste piquete de greve. E gostava que outros trabalhadores de Portugal que se revêem nesta luta também se juntassem a nós”, acrescentou sublinhando que “o que se está a passar “é uma vergonha” porque não está ser respeitado o direito à greve dos trabalhadores.

Os que estão na estrada e forçados a trabalhar vão regressar e juntar-se a nós neste piquete de greve. E gostava que outros trabalhadores de Portugal que se revêem nesta luta também se juntassem a nós.

Pedro Pardal Henriques

Porta-voz do Sindicato dos Motoristas de Matérias Perigosas

Confrontado, minutos mais tarde com estas declarações, Pardal Henrique reconheceu que está a forçar o Executivo a avançar com a requisição civil. “Sim, mas já avançaram com a requisição civil, porque as pessoas são pressionadas até à exaustão a trabalhar, é como se estivéssemos na escravatura não permitindo que exerçam o direito à greve”, disse em declarações à SIC Notícias.

O Executivo está preparado para avançar com esta figura a qualquer momento. “Temos previsto ter um Conselho de Ministros eletrónico, à hora que for necessário, para, assim que for constatada uma situação de incumprimento [dos serviços mínimos] ser decretada a requisição civil”, disse o primeiro-ministro, no domingo, no final da visita guiada à Entidade Nacional para o Setor Energético (ENSE). Marque Mendes no seu comentário semanal revelou que António Costa deu indicação aos seus ministros para estarem alerta a partir das seis da manhã de segunda-feira para eventualmente validar a requisição civil através de um conselho de ministro eletrónico.

A norte, nos piquetes de greve a indicação para desrespeitar os serviços mínimos ainda não tinha chegado e os camiões saiam com regularidade, apesar do incidente matinal, durante o qual, um camião foi bloqueado. “Parece que estão a fabricar motoristas”, desabafou um sindicalista aos microfones da SIC Notícias, frisando que “os serviços não são mínimos, mas máximos”.

Mas em mais um volte-face, Pardal Henriques tentou negar as declarações anteriores. “Só me estava a referir aos motoristas que não se encontram abrangidos pelas percentagens definidas pelo Governo”, disse o porta-voz do SNMMP. “Para já existem motoristas que continuam a trabalhar, a fazer os serviços mínimos e motoristas que não estavam escalados para os serviços mínimos que estão a trabalhar”, disse em declarações transmitidas pela SIC Notícias. O país, neste momento, está servido a 100%, não a 50, 75 e 100%”, como determinam os serviços mínimos decretados pelo Governo.

Sindicato acusa Antram de subornos para furar paralisação

Pardal Henriques acusou a Antram de ter subornado os primeiros motoristas que saíram de Aveiras de Cima para iniciarem funções no primeiro dia de greve. “Os primeiros que saíram foram pessoas subornadas”, disse. “Mais uma vez, a Antram não está a cumprir o que está combinado. Estão a subornar pessoas para quebrar os serviços mínimos”, afirmou Pardal Henriques aos jornalistas.

O sindicalista reiterou não ter tido acesso às escalas de motoristas que irão cumprir os serviços mínimos, referindo, no entanto, que vários motoristas acusam colegas de terem saído subornados para não fazerem greve. “As responsabilidades serão apuradas, estamos a reunir provas e daqui a pouco faremos o ponto da situação”, afirmou, sublinhando que a situação “prejudica, mais uma vez, os trabalhadores”.

Mais uma vez, a Antram não está a cumprir o que está combinado. Estão a subornar pessoas para quebrar os serviços mínimos.

Pedro Pardal Henriques

Porta-voz do Sindicato dos Motoristas de Matérias Perigosas

A Antram rejeita esta acusação. Esta é uma “acusação vil e baixa”, por parte de um sindicato que “se alimenta do conflito e da quezília”, disse o porta-voz da Associação, em declarações ao Observador. “Este sindicado [Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas] não respeita ninguém, não respeita o povo português e mente descaradamente quando acusa, sem qualquer respeito ou prova, empresas de suborno”, afirmou André Matias de Almeida à Lusa.

Segundo este representante da associação patronal, o sindicato “alimenta-se e vive do conflito”, única situação que considera justificar uma greve em 2019 “relativamente a reivindicações para 2021 e 2022”.

Sublinhando que a Antram está “refém dos sindicatos”, André Matias adiantou que “não pode ser exigido a quem assinou um acordo a 17 de maio, e que agora o vê ser rasgado quando o mesmo previa negociação em paz social até 31 de dezembro, que aceite esta espada na cabeça”.

(Notícia atualizada às 11h31 com novas declarações de Pardal Henriques)

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