O que separa motoristas e patrões ao sétimo dia de greve. Trabalhadores reúnem em plenário este domingo

Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas convocou trabalhadores para este domingo. Antram reafirma "a mediação está aceite assim que desconvoquem a greve".

A greve dos motoristas de matérias perigosas entra este domingo no sétimo dia, numa altura em que trabalhadores e patrões se encontram divididos por apenas 50 euros. Com o Sindicato Nacional das Matérias Perigosas (SNMMP) disposto a deixar cair a exigência de progressões salariais para 2021 e 2022, a discussão centra-se agora na condição de ver aumentado o subsídio de operações em 40%. Uma exigência que a Antram garante ser incomportável para as empresas.

As atenções vão estar centradas no plenário de trabalhadores convocado para as 16H00, em Aveiras de Cima, e que poderá decidir sobre a continuidade da paralisação, num momento em que os stocks de combustíveis estão no nível mais elevado desde o início da greve e que o recurso a militares para garantir os abastecimentos é cada vez menor, pelo aumento do número de trabalhadores que se têm apresentado para cumprir os serviços mínimos e a requisição civil.

O plenário decorre acontece um dia depois de ter falhado um acordo mediado pelo Governo numa reunião — que aconteceu depois do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) ter admitido suspender a greve — que durou cerca de 10 horas e que terminou na madrugada de sábado.

Já depois disso, a associação das empresas de transportes de mercadorias (Antram) disponibilizou-se para integrar o processo de mediação pedido pelos motoristas à Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho, afirmando ser convicção da “associação que um processo de mediação, realizado em clima de paz, poderá conduzir à solução do problema”. Ao ECO, André Matias, porta-voz da associação patronal reafirma: “A mediação está aceite assim que desconvoquem a greve”.

Em resposta, Pedro Pardal Henriques, porta-voz do SNMMP, manifestou o seu agrado pela disponibilidade da Antram em integrar um processo de mediação, mas ressalvou ser necessário que a base de entendimento debatida na reunião com o Executivo seja respeitada. Dizendo que é “preciso demonstrar que há realmente vontade [de negociar]e que não é apenas uma farsa”, o advogado lembrou que no final de uma maratona negocial que entrou na madrugada de sábado “a resposta da Antram foi clara: não quer negociar, não quer mediar”.

Ainda assim, o SNMMP divulgou um comunicado apelando à Antram que aceite a proposta de compromisso que o Governo articulou com os representantes dos trabalhadores, abrindo “caminho para a paz duradoura”. O sindicato pede ao Governo que utilize “as ferramentas que ainda tem ao seu dispor para chamar à razão a Antram”, fazendo “chegar uma proposta que cumpra mínimos de dignidade, por forma a ser apresentada aos motoristas de matérias perigosas” no plenário deste domingo.

A greve começou na segunda-feira, 12 de agosto, por tempo indeterminado, para reivindicar junto da Antram o cumprimento do acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial. As exigências dos motoristas de matérias perigosas, que ficaram de fora dos acordos entretanto assinados pela Fectrans e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM) com a Antram, evoluíram para deixar cair a progressão salarial em 2021 e 2022.

As reivindicações centram-se agora num aumento do subsídio de operações, que foi fixado no acordo coletivo nos 125 euros no caso das matérias perigosas, reclamando um aumento de 40%, o equivalente a cerca de 50 euros por mês. Mas a Antram já veio dizer que não é possível atender às exigências dos trabalhadores. “O aumento que o sindicato quer, além de incomportável, é discriminatório face aos colegas associados da Fectrans e do SIMM”, afirmou André Matias.

A paralisação foi inicialmente convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo SIMM, mas este último desconvocou o protesto na quinta-feira à noite, após um encontro com a Antram sob mediação do Governo.

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