BCP pode vender ações da Pharol apesar de suspensão da CMVM. Participação já vale menos de 10 milhões
O supervisor dos mercados suspendeu direitos de três acionistas da Pharol, mas um deles (a High Bridge) já não os tinha. Por execução de garantias de um empréstimos, direitos são imputados ao BCP.
Três acionistas da Pharol ficaram esta quinta-feira sem direitos sobre as ações por decisão da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Mas uma das sociedades em questão já não tinha esses direitos que foram, há duas semanas, imputados ao BCP. O banco é abrangido pela suspensão, mas não fica impedido de vender os títulos no mercado, como clarificou a CMVM ao ECO.
Após ter concluído a “falta de transparência da participação qualificada” imputada às empresas High Seas Capital Investments, High Bridge Unipessoal e Blackhill Holding Limited — todas elas tidas como ligadas ao empresário brasileiro Nelson Tanure –, a CMVM decidiu suspender o exercício do direito de voto e dos direitos de natureza patrimonial.
No caso da High Seas e da Blackhill Holding, as participações são inferiores a 2%, enquanto a participação da High Bridge é de quase 10%. Mas os direitos direitos relativos a esta última posição passaram a ser imputados ao BCP (apesar de as ações continuarem a ser detidas pela High Bridge).
O BCP passou, a 12 de agosto, a deter estes mesmos direitos de voto no capital da Pharol após a execução de uma dívida em incumprimento da High Bridge. Apesar de as ações em si mesmas continuarem a ser propriedade da sociedade (como detentor dos direitos) e de os direitos de voto estarem suspensos, o banco poder vender as ações (em nome do proprietário) para fazer face ao buraco do empréstimo.
Apesar da decisão da CMVM, o BCP pode realizar a alienação, sendo que a suspensão que o supervisor irá manter-se até a titularidade da participação qualificada seja considerada transparente. No entanto, esta posição está a perder valor em bolsa. Os direitos de voto equivalem a 89.551.746 ações e, desde que a posição passou para o BCP, já vale menos 23%.
Cada ação da Pharol negoceia a 10 cêntimos
Se o banco liderado por Miguel Maya vendesse estes títulos no mercado ao preço de fecho do dia em que passou a deter os direitos — 14 cêntimos por ação — conseguiria um encaixe superior a 12,5 milhões de euros. Agora, com as ações a valerem 10 cêntimos no PSI-20, a participação já só vale 9,6 milhões de euros.
Contactado pelo ECO, o BCP não comentou a suspensão, nem relevou será tem um timing definido para a operação e remeteu para as declarações que fez há duas semanas. “O Millennium BCP não tem intenção de deter ações da Pharol e, tendo direitos sobre as mesmas, o natural é vender”, disse então fonte oficial da empresa, em declarações ao ECO.
(Correção: Por lapso, a CMVM tinha prestado inicialmente informação contrária sobre a possibilidade de venda das ações. Aos leitores e aos visados, as nossas desculpas.)
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