Lucro do Banco Montepio afunda 77% no primeiro semestre

Banco Montepio obteve um lucro de 3,6 milhões de euros entre janeiro e junho, o que significa uma queda de 77% face ao mesmo período do ano passado. Finibanco Angola e impostos penalizam contas.

O Banco Montepio viu o lucro no primeiro semestre do ano afundar 77% para 3,6 milhões de euros, um resultado que foi penalizado sobretudo pelo mau desempenho do Finibanco Angola, por maiores encargos com impostos e pela deterioração do negócio em Portugal.

Este valor compara negativamente com o resultado líquido de 15,6 milhões registado no mesmo período de 2018, com o banco a justificar a queda acentuada dos lucros na primeira metade deste ano com o menor contributo do Finibanco Angola (-5 milhões de euros em relação ao período homólogo), a menor eficiência fiscal (+8,5 milhões de euros em impostos) e com a diminuição do produto bancário (-18,5 milhões de euros).

Relativamente à diminuição do produto bancário, que sinaliza uma deterioração do negócio, o Banco Montepio diz que a evolução negativa foi determinada pelo contributo desfavorável da margem financeira — que resulta da diferença entre os juros obtidos nos créditos e os juros pagos nos depósitos –, que caiu 10,5% para 120,1 milhões de euros. Já as comissões líquidas ascenderam a 57,7 milhões de euros, um aumento de 0,5%.

O Banco Montepio continua sem CEO efetivo, uma vez que Dulce Mota assumiu o cargo interinamente em fevereiro passado, depois de Carlos Tavares ter passado a exercer apenas funções de chairman. Mas tem crescido a pressão do Banco de Portugal para que a liderança do banco seja clarificada, segundo adiantou esta sexta-feira o Jornal Económico. E isto depois de no início do mês Luís Guimarães ter apresentado a demissão do banco, onde era administrador não executivo e presidente da comissão de auditoria e da comissão de risco. Por outro lado, na semana passada, a Autoridade da Concorrência anunciou uma coima de 13 milhões de euros a aplicar ao banco devido a práticas restritivas no mercado de crédito, num caso que envolveu mais 13 instituições. A decisão do regulador vai ser contestada em tribunal.

Pela positiva, o banco destaca a redução dos custos operacionais (-7,3 milhões de euros), sublinhando a queda nos custos com o pessoal em 6,4 milhões de euros (-7,6%) e a diminuição dos gastos gerais administrativos em 5,2 milhões de euros (-14,2%) — que ofuscaram a acréscimo de 35% na rubrica de depreciações e amortizações.

Outra nota positiva: a diminuição das dotações para imparidades e provisões (-12,4 milhões de euros), “incorporando os efeitos das medidas adotadas em sede de aprovação, concessão e controlo de crédito”. Aqui há a destacar a redução das imparidades para crédito (-3,8 milhões) e das imparidades para outros ativos (-6 milhões).

Olhando para o balanço, os recursos de clientes aumentaram 1,6% para 12.680 milhões de euros, enquanto a carteira de crédito a clientes contraiu mais de 7%, totalizando no final de junho os 11.660 milhões de euros. O banco justifica a queda no crédito com “uma exigente política de repricing e de gestão do risco na concessão de crédito”.

No que toca à qualidade dos ativos, o rácio de non performing exposure (NPE) atingiu 14,7% no final do primeiro semestre, “traduzindo o efeito favorável da redução de exposições não produtivas (-0,2 p.p.) e o efeito desfavorável induzido
pela diminuição da carteira de crédito (+0,6 p.p.) face ao rácio de final de 2018”.

Em termos de rácios, o Banco Montepio diz que se encontram acima dos níveis prudenciais exigidos pelo Banco de Portugal.

(Notícia atualizada às 17h47)

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