A três horas do fim da campanha para as legislativas, DBRS sobe rating de Portugal para “BBB+”
A agência de notação tinha colocado o outlook em "positivo", em abril. Agora, na véspera das eleições, decidiu elevar a classificação que atribui à dívida nacional, afastando-a ainda mais de "lixo".
A DBRS subiu o rating de Portugal. Seis meses depois de ter “aberto” a porta à revisão em alta da notação da dívida do país, e na véspera das eleições legislativas, a agência canadiana elevou a classificação em um nível, colocando-a em “BBB (high)”. O Governo congratula-se com a decisão, vendo-a como uma “tradução da política de credibilização de Portugal”.
Foi a 5 de abril que a DBRS reafirmou a notação de “BBB”, mas melhorou o outlook, elevando-o de “estável” para “positivo”. Agora, concretizou essa melhoria de perspetiva, revendo a classificação em um nível — com uma perspetiva “estável” –, deixando a dívida pública portuguesa três níveis acima de “lixo” financeiro. O rating português está no nível mais elevado em oito anos, igualando o de Itália.
Esta revisão reflete a melhoria continuada e estrutural do desempenho da economia portuguesa.
“Esta revisão reflete a melhoria continuada e estrutural do desempenho da economia portuguesa”, diz o Ministério das Finanças, em reação à atualização em alta feita pela agência canadiana esta sexta-feira, 4 de outubro, o último dia da campanha para as eleições para a Assembleia da República que, consequentemente, irá eleger o próximo Governo.
“A dívida pública portuguesa beneficia hoje da classificação de investimento pelas quatro principais agências de rating internacionais, estando com perspetiva positiva nas outras três“, a Moody’s, Fitch e S&P, nota o ministério de Mário Centeno, destacando também a evolução dos juros da dívida nos mercados, nomeadamente a taxa das obrigações do Tesouro a 10 anos que está “abaixo de 0,2%, um valor sem paralelo histórico e o diferencial face a Espanha mantém-se praticamente nulo”.
Crescimento? Sim. Mas mais moderado
A DBRS destaca, nesta revisão em alta do rating, “o esforço continuado de consolidação orçamental estrutural, que se traduz no equilíbrio das contas públicas e na redução sustentada do rácio da dívida pública face ao PIB, no quadro de uma política que promove o investimento, o crescimento sustentável e a criação de emprego permanente”.
“Portugal está a tirar partido das condições favoráveis de mercado para melhorar o seu perfil de dívida e reduzir os encargos com juros. A maturidade da dívida tem vindo a ser alongada ativamente através de operações de troca e pagamentos antecipados ao FMI”, diz a DBRS, salientando que o Governo prevê reembolsar antecipadamente o FEEF. A perspetiva é de que reembolse dois mil milhões em novembro.
“Salienta também mudanças positivas na estrutura da economia portuguesa que favorecem a continuação do crescimento económico equilibrado”, referem as Finanças. “A diversificação e melhoria da qualidade das exportações, bem como o crescimento do investimento privado, são assinaladas como tendências que se revestem de crucial importância”, acrescentam.
O crescimento vai continuar, mas menos expressivo que no passado. A DBRS “antevê a continuação do crescimento equilibrado da economia portuguesa no futuro, apoiado por uma dinâmica positiva da procura interna associada ao crescimento do emprego, das remunerações e do investimento”, nota o comunicado das Finanças.
Contudo, a agência alerta que “o ritmo de crescimento deverá ser mais moderado do que no passado recente em virtude de uma desaceleração da procura externa“. “O consenso das previsões aponta para um crescimento entre 1,5% e 1,7% nos próximos anos, o que está em linha com a nossa expectativa”, diz a agência.
Risco da banca diminui. Malparado em queda
A DBRS explica a revisão em alta da notação do país também com a “diminuição dos riscos para a estabilidade financeira”. Para esta visão mais positiva da agência canadiana contribui “a diminuição do endividamento das empresas não financeiras; a redução muito significativa do rácio de crédito malparado; e a melhoria da rendibilidade dos bancos e o aumento dos seus rácios de capital”, refere o Ministério das Finanças.
Na primeira metade do ano, os bancos voltaram a encolher o stock de ativos problemáticos. O crédito malparado (os chamados non performing loans) encolheu em cerca de 2,5 mil milhões de euros, atirando o rácio de NPL para 8,3%, menos 1,1 pontos percentuais (p.p.) face a dezembro, revelou o Banco de Portugal.
Quanto aos rácios de capital, num contexto de melhoria ligeira da rentabilidade do setor, apesar das adversidades, verificou-se um reforço. Segundo o supervisor da banca nacional, no segundo trimestre de 2019, “o rácio de fundos próprios totais e o rácio de fundos próprios principais de nível 1 (CET 1) situaram-se em 16,1% e 13,9%, respetivamente, aumentando ligeiramente face ao trimestre anterior“.
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